• Nenhum resultado encontrado

O problema de roteirização de veículos (ou Vehicle Routing Pro- blem  VRP) foi discutido inicialmente por Dantzig e Ramser (1959),

os autores estudaram o problema da construção de um roteiro ótimo para caminhões de entrega de gasolina. Na concepção inicial do pro- blema, os veículos tinham limitação de capacidade e transportavam o combustível de um único terminal para múltiplos postos. O objetivo era reduzir a frota e a distância percorrida para atender a demanda de todos os postos.

Este pode ser denido por um caminho de um grafo não direci- onado onde cada nó é visitado uma única vez. No caso de problemas onde o início e o m do roteiro devam dar-se no mesmo nó, fala-se de ciclo hamiltoniano. Esses conceitos são importantes por representar formalmente uma notação para a construção de uma rota num grafo. A formalização pode ser realizada como se segue, onde, dada uma rede G = [N, A, C], onde: N é o conjunto de nós, A é o conjunto de arcos e C é a matriz de custos (CHRISTOFIDES, 1975). Cada elemento cij

da matriz de custos corresponde a algum tipo de impedância (tempo, custo, diculdade, etc.) a ser vencida para o deslocamento no arco (aij), que vai do nó i para o nó j. De modo análogo, a matriz de

solução X contém as variáveis de decisão do problema denotadas por xij.

O VRP é estudado por matemáticos desde 1930, e diferentes apli- cações e adaptações já têm sido realizadas (BODIN et al., 1983;BERTSI- MAS, 1988). Seu objetivo é encontrar o ciclo hamiltoniano que tenha

o menor custo. Logo, para percorrer todos os vértices de um grafo G, sem repetir a visita de um vértice, é preciso denir a matriz de decisão X = (xij)onde exatamente 1 (um) arco (i, j) emana de cada nó i, ai, e

também exatamente 1 (um) arco incide em cada vértice j, bj. O TSP

pode ser denido matematicamente da seguinte maneira:

M inimizar n X i=1 n X j=1 cijxij (3.1) sujeito a n X i=1 xij = bj= 1 ∀j ∈ N (3.2) n X j=1 xij = ai= 1 ∀i ∈ N (3.3) X = (xij) ∈ S (3.4) xij = 0 ou 1 ∀i, j ∈ N (3.5)

formação de subroteiros (BODIN et al., 1983).

A partir desta denição inicial  realizado por Dantzig e Ram- ser (1959) como uma generalização do TSP  o VRP pode ser denido como um problema de criação de rotas sobre o grafo G para m veícu- los idênticos, onde estes iniciam e terminam o roteiro em um depósito (comumente utiliza-se v0 como vértice inicial). Desta maneira, todos

os n clientes têm de ser visitados exatamente uma única vez, enquanto que o custo global de atendimento destes clientes é reduzido (PILLAC et al., 2013). Algumas extensões deste modelo propuseram restrições

adicionais a m de analisar problemas mais concretos, como: capaci- dade limitada dos veículos, utilização de frota heterogênea, restrições temporais para a realização das visitas (podendo ser rígidas ou exí- veis), relações de precedência entre visitas, múltiplas viagens para cada veículo da frota, existência de múltiplos depósitos, demanda incerta, etc.

Acerca da limitação de capacidade dos veículos, em geral aplica- se para cargas pesadas (e.g. grãos, cerâmicas, etc.) ou volumosas (e.g. algodão, cigarros, canos, etc.), pode ser expressa pelo vetor W = {w1, w2, . . . , wv}. Em geral, dois tipos de restrições são frequente-

mente encontradas na literatura: de peso, associadas a produtos mais densos, como minérios, grãos, etc.; e, de volume, relacionada geral- mente a produtos de baixa densidade, ou que tenham restrições especí- cas quanto ao transporte dentro do veículo, como algodão in natura, líquidos, materiais explosivos, produtos de alto valor agregado, cargas vivas, produtos refrigerados, etc. Ao restringir a quantidade de produ- tos transportados em cada veículo, um número maior de roteiros tende a ser gerado.

Em casos onde são utilizados veículos de diferentes capacidades, característicos de empresas PSL especializadas no transporte de car- gas, a utilização de caminhões e carretas de diferentes tipos permitem uma melhor adequação da frota à demanda por serviços de transportes. Observando a compatibilidade entre cada um dos p tipos de produtos (P = {p1, p2, . . . , pp}) e cada veículo disponível (V ), pode-se criar uma

matriz de compatibilidade CP (Equação 3.6), de modo que necessita- se conhecer a quantidade de um produto ppque pode ser transportada

por um veículo vv.

CP = [cppv] ∀p ∈ P e ∀v ∈ V (3.6)

trens, navios, balsas, dutos, etc., o modelo deve ainda lidar com a compatibilidade dos modos com os tipos de carga. Cada modo possui características especícas de custos, envolvendo: transbordo, desloca- mento da carga, exibilidade do agendamento dos veículos, necessidade de terminais especícos, etc.

O problema de VRP clássico tem apenas um ponto de partida e de chegada na rede. Este é o local que representa os depósitos onde os veículos iniciam e nalizam suas operações. Para situações onde não exista a restrição de mesmo local para início e m da rota, pode- se visualizar o problema com a existência de d locais de depósitos (D = {d1, d2, . . . , dd}). Assim, é necessário rever algumas restrições

que vericam a contagem do número de arcos que chegam e que dei- xam os nós. Uma questão importante nesse tipo de problema é o fato de que os veículos que iniciam em um nó podem nalizar sua operação em outro nó. Isto pode acarretar, ao nal do roteiro, em um excesso de veículos em alguns depósitos e na falta destes em outros.

Outra variação do VRP contempla a utilização de janelas de tempo para a realização das visitas, sendo conhecido como problema de roteirização de veículos com janelas de tempo (ou Vehicle Routing Problem with Time Windows  VRPTW). Este problema é compu- tacionalmente ainda mais complexo que o VRP, pois decorre do fato de que o veículo não pode realizar a visita a qualquer instante, mas sim a um nó i durante o intervalo de tempo [t0i, t1i]. Schönberger e

Kopfer (2007) desenvolveram um sistema onde os problemas de janelas de tempo podem ser exibilizados (denominado de soft time windows), através de uma penalização crescente para entregas que se distanciam da janela de tempo prevista.

Ao observar a natureza das tarefas realizadas, uma variedade de estudos abordam situações de coletas, entregas ou coletas e entregas. No problema de coletas, os veículos envolvidos na roteirização realizam a coleta de produtos em cada visita realizada. Assim, o veículo parte do depósito vazio e vai adquirindo carga no decorrer do roteiro. Em contrapartida, no problema de entrega o veículo parte do depósito cheio e vai distribuindo a carga no decorrer do percurso. Neste caso, a ordem de carregamento das cargas deve ser realizada de acordo com a sequên- cia de visita do roteiro, reduzindo assim o tempo de serviço para des- carga das cargas. Entregas não realizadas geram um impacto negativo, principalmente para as empresas que aguardam por essas mercadorias, pois não poderão contar com essas para suas operações. Por sua vez, no problema em que coletas e entregas são realizadas simultaneamente os veículos precisam montar seu roteiro de cargas e descargas com o

cuidado de garantir que a capacidade máxima de carga do veículo seja respeitada. Esta capacidade normalmente é representada por peso, vo- lume, ou mesmo ambos. Vale ressaltar outra restrição de capacidade, que diz respeito ao valor da carga: por questões de segurança, muitas seguradoras impõe um valor máximo que pode ser transportado por cada tipo de veículo.

Para nalizar a discussão acerca dos principais tipos de pro- blemas relacionados com a roteirização dinâmica de veículos, cita-se o problema de roteirização estocástica de veículos (Stochastic Vehi- cle Routing Problem  SVRP). Este reporta-se a uma adaptação do VRP onde variáveis estocásticas são levadas em consideração dentro do modelo. Exemplos de variáveis que podem ser deste tipo, são: deman- das de clientes, quebras, velocidades esperadas, etc. O objetivo destes problemas é a minimização do valor esperado de alguma medida do roteiro, como: tempo, distância, custo, etc.

Neste trabalho, será realizada uma aplicação utilizando o pro- blema de coleta. Neste caso, os veículos necessitam partir do depósito e retornar a este ao nal da operação, formando assim um roteiro fe- chado. Para encontrar a rota de vários veículos, utilizou-se de uma técnica do tipo cluster-rst-route-second (BODIN et al., 1983). Dessa maneira, primeiramente são criados distritos de atendimento (a técnica utilizada foi descrita na seção 5.3.5), e em seguida, é gerada a rota para o atendimento dos clientes em cada distrito.