• Nenhum resultado encontrado

Até agora foi apresentada de forma detalha a situação atual da empresa, sendo que, são vários os problemas que afetam diretamente o sequenciamento da produção.

A procura pelo desenvolvimento de novos produtos tem vindo a crescer, aumentando, desta forma, a diversidade do portefólio da UN Revestimentos. Contudo, a capacidade produtiva interna da Amorim Revestimentos, S.A. tem sofrido um decréscimo face aos valores disponíveis no passado. Uma vez que as linhas de produção existentes atualmente no chão de fábrica não foram concebidas para o fabrico dos novos produtos, estas têm que ser frequentemente modificadas de modo a que se adaptem às novas alterações. A adaptação dos colaboradores ao processo produtivo dos novos produtos também não acontece no imediato, sendo necessária a existência de formação nos trabalhos mais especializados, como é o caso da preparação das máquinas. Tudo isto origina um aumento do número de paragens nas linhas de produção, nomeadamente paragens devido a avarias e setups frequentes. Para além disso, as paragens tendem a ser muito demoradas e tais problemas são refletidos nos baixos valores de OEE das linhas de produção. A existência de processos produtivos diferentes entre famílias de produtos, como também dentro das próprias famílias, faz com que o processo produtivo seja complexo e a tarefa de sequenciar ainda mais difícil. A sequência de operações depende das características do produto, havendo assim uma mistura entre job shop (entre artigos de fabrico com características diferentes) e flow shop (entre artigos de fabrico com as mesmas características). No entanto, existem outros fatores que afetam o sequenciamento e consequentemente, a capacidade produtiva da empresa.

O layout não racionalizado de forma a que o fluxo dos materiais seja contínuo contribui para a baixa rentabilidade produtiva da empresa. Desta forma, a transferência de lotes entre linhas de produção muitas vezes é manual e o tempo de espera depende das rotas dos empilhadores que não se encontram normalizadas. Para além disso, não existe espaço suficiente no chão de fábrica para a criação de buffers suficientemente capazes de alimentar continuamente as linhas, uma vez que estas não se encontram balanceadas. O aumento da produção em avanço é também restringido pela falta de espaço em armazém.

Relativamente às atividades de planeamento, atualmente existem constantes alterações nos planos semanais que obrigam a novos sequenciamentos. A entrada de novas encomendas no sistema acontece continuamente ao longo do tempo, sendo que o plano raramente é fechado com duas semanas de avanço. A unidade de Componentes, um dos principais fornecedores de Acabamentos Finais, muitas vezes não está alinhada com as necessidades correntes da produção de produtos acabados, uma vez que existem muitas paragens nas linhas de início de processo por falta de material.

As paragens são um dos principais fatores que tornam o sequenciamento da produção uma tarefa complexa. Estas, quer sejam planeadas ou programadas, não são registadas

atempadamente em nenhuma ferramenta de suporte, sendo que, geralmente não são tidas em consideração na altura de sequenciar, originando posteriores re-sequenciamentos.

A capacidade produtiva da empresa é também afetada com o facto de não existir formação suficiente aos operários de fábrica e a falta de treino cruzado. Num processo produtivo que obriga à existência de trabalho especializado, torna-se fulcral a formação dada aos colaboradores.

Por último, o controlo de produção diário e a visualização da concretização dos planos por dia e por turno, é uma tarefa difícil. Atualmente a empresa não consegue visualizar em “tempo real” o que está a ser feito no chão-de-fábrica através de um suporte informático. Os registos de produção por ordem de fabrico são feitos apenas em papel, sendo que o sistema utilizado (o Baan) apenas regista ordens de fabrico genéricas. Tudo isto dificulta o controlo fabril e a previsão dos tempos de entrega das encomendas e respetivos atrasos, caso existam. É necessário um esforço adicional, através do cruzamento dos dados presentes nas folhas de registo em papel e os dados presentes no Baan, para que estas previsões sejam realizadas, ainda que com baixo rigor.

4 Uma Abordagem aos Métodos de Sequenciamento da Produção

Após o estudo e análise da situação atual da empresa, percebe-se que ainda existem diversas oportunidades de melhoria por desenvolver e implementar, apesar de toda a complexidade inerente ao processo produtivo.

A solução proposta que visa o melhoramento do sequenciamento da produção e que pretende ir de encontro aos objetivos propostos, baseia-se no desenvolvimento de um procedimento que combina heurísticas construtivas. Dada a existência de diversos eventos que põem em causa a sequência proposta, como é o caso das inúmeras paragens não programadas que acontecem nas linhas de produção, sacrificou-se a obtenção de soluções obtidas através de heurísticas mais complexas e com elevado esforço computacional, com a adoção de heurísticas mais abrangentes.

Atendendo a todas as restrições envolventes no sequenciamento da produção e na sua complexidade, a metodologia desenvolvida foca-se nos gargalos da produção. Os objetivos passam pela melhoria das taxas de cumprimento do plano e da rentabilidade das máquinas. Para este último ponto, nem todas as paragens serão analisadas dado o tempo disponível para o desenvolvimento do projeto. O grande foco será a diminuição dos tempos de setup.

A análise do impacto do sequenciamento da produção nos outputs da fábrica é um ponto fulcral em qualquer organização. Assim, com o procedimento desenvolvido torna-se possível fazer uma previsão à performance das linhas de produção através das taxas de atividade e utilização, bem como aos dias de entrega de cada ordem de fabrico, sabendo-se quais serão, à partida, os atrasos da semana.

O presente capítulo pretende, desta forma, descrever a metodologia desenvolvida, bem como analisar os resultados obtidos e fazer uma análise comparativa com a situação atual da empresa.

Documentos relacionados