CAPÍTULO IV NUTRIENTES MINERAIS NA ÁGUA E NA
2.1. Procedência dos Frutos e Material Vegetal Utilizado
Para a instalação deste experimento utilizou-se a água das mesmas cultivares de coqueiro Anão, já citadas e oriundas da mesma área experimental e das mesmas condições de cultivo do primeiro experimento. Para acompanhamento da qualidade da água os frutos foram colhidos nos estádios de maturação, logo que começou a acumulou água nos frutos nas todas as cultivares, ou seja, 60, 90, 120, 135, 150, 165, 180, 195 e 210 dias. As análises de qualidade da água foram realizadas no Laboratório de Fisiologia e Tecnologia Pós-colheita da Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza no Ceará.
2.2. Análises Realizadas
2.2.1. Sólidos Solúveis Totais (SST)
Foram determinados em refratômetro digital, modelo PR-100 Pallete (Atago Co., Japão), com compensação automática de temperatura (AOAC, 1992). Os resultados foram expressos em percentagem.
2.2.2. Acidez Titulável (AT) e pH
Determinada em duplicata, utilizando-se 1,0 g da amostra de água de coco a qual adicionou-se 50 mL de água destilada. Em seguida, realizou-se a titulação com solução de
NaOH 0,1 N, previamente padronizada. Os resultados foram expressos em percentagem (%) de ácido málico. O pH foi determinado em potenciômetro digital
2.2.3. Relação Sólidos Solúveis Totais e Acidez Titulável (SST/AT)
Obtido pelo quociente entre os sólidos solúveis totais e acidez total titulável.
2.3.4. Determinação de Açúcar Redutor (AR)
A partir da diluição 500 µL de água de coco para 100 mL, de água destilada usada para o açúcar total, retirou-se alíquotas de 1,5 mL aos quais foi adicionado 1 mL da solução de ácido dinitrosalicílico (DNS), seguido da homogeneização, conforme metodologia preconizada por (MILLER (1959). Os resultados foram expressos em porcentagem de açúcar em 100 mL de água de coco.
2.2.5. Determinação dos Açúcares Solúveis Totais (AST)
Determinados a partir de 500 µL de água de coco diluída em 100 mL de água destilada. A partir dessa diluição utilizou-se 100 µL para o doseamento pelo método de antrona, conforme (YEMN e WILLS (1954). Os resultados foram expressos em percentagem de açúcar em 100 mL de água de coco.
2.2.6. Turbidez
A quantidade de luz refletida pela amostra foi utilizada para avaliar a turbidez, dando uma idéia dos sólidos solúveis em suspensão contidos na amostra. A turbidez foi determinada através de turbidímetro MS Technopon TB 1000 versão 3.9, que expressa os resultados em unidades nefelométrica (NTU).
2.2.7. Avaliação Sensorial da Água Quanto a Aceitação, Doçura e Sabor
A análise sensorial da água de coco das cultivares foi realizada aos 135, 150, 165, 180, 195 e 210 dias de desenvolvimento do fruto. Um conjunto formado por 30 pessoas não treinadas participou desta avaliação em todos os estágios acima citados.
Em primeira etapa (manhã), selecionou-se aleatoriamente, três cultivares, às quais foram submetidas á análise. Na etapa seguinte (tarde), as cultivares foram avaliadas e finalizando-se a análise sensorial no mesmo dia. A aceitação ou rejeição da água de coco foi avaliada com a utilização de uma escala hedônica de 9 pontos, variando de gostei muitíssimo a desgostei muitíssimo. O procedimento preconizado por (MORALES, 1993) foi realizado em cabines individuais, no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Agroindústria Tropical, onde os provadores receberam as amostras de água de coco (aproximadamente 25 mL) servido gelada e em taças codificadas.
Cada provador foi orientado a realizar a lavagem bucal (com água potável) após cada amostra provada com a finalidade de não interferir nos resultados. Simultaneamente, cada provador respondeu ao questionário que consta na (Tabela 7). Os resultados foram analisados segundo modelos lineares generalizados de acordo com (SCHABENBERGER e PERCE, 2002).
2.3. Delineamento Experimental e Análise Estatística
O experimento seguiu o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 6 x 9, cultivares de coqueiro: (Amarelo de Gramame, Vermelho de Gramame, Amarelo da Malásia, Vermelho de Camarões, Vermelho da Malásia e Anão Verde do Jiqui) e idade do fruto: (60, 90, 120, 135, 150, 165, 180, 195 e 210 dias, após a antese). Com três repetições compostas de cinco frutos por parcela.
A análise de variância das características avaliadas foi realizada através do programa operacional SISVAR 3.01. Constado interação significativa procedeu-se a regressão polinomial através do programa computacional Table Curve (JANDEL SCIENTIFIC, 1991). Três critérios foram adotados para a escolha da equação mais adequada: o valor do R2 ajustado, a significância da estatística F e a significância dos parâmetros da equação testados pelo teste t.
Tabela 7. Ficha de Análise Sensorial de Água de Coco
Nome:___________________________________ Data:___/___/___
Você está recebendo amostras de água de coco recém extraída. Prove as amostras da esquerda para direita e marque com um X, nas escalas abaixo, o que você achou de cada amostra. Lave a boca com água natural entre cada amostra provada.
Amostra:____________
Aceitação Turbidez Doçura Sabor
9-Gostei muitíssimo 0 Translúcido 0 Nenhum 0 Nenhum
8-Gostei muito 1 1 1
7-Gostei regularmente 2 Pouco turvo 2 Fraco 2 Fraco
6-Gostei ligeiramente 3 3 3
5-Nem gostei, nem
desgostei 4 Moderadamente turvo 4 Moderado 4 Moderado
4-Desgostei ligeiramente 5 5 5
3-Desgostei regularmente 6Turvo 6 Forte 6 Forte
2-Desgostei muito 7 7 7
1-Desgostei muitíssimo 8Muito turvo 8 Muito forte 8 Muito forte
Amostra:____________
Aceitação Turbidez Doçura Sabor
9-Gostei muitíssimo 0 Translúcido 0 Nenhum 0 Nenhum
8-Gostei muito 1 1 1
7-Gostei regularmente 2 Pouco turvo 2 Fraco 2 Fraco
6-Gostei ligeiramente 3 3 3
5-Nem gostei, nem
desgostei 4 Moderadamente turvo 4 Moderado 4 Moderado
4-Desgostei ligeiramente 5 5 5
3-Desgostei regularmente 6Turvo 6 Forte 6 Forte
2-Desgostei muito 7 7 7
1-Desgostei muitíssimo 8Muito turvo 8 Muito forte 8 Muito forte
Amostra:____________
Aceitação Turbidez Doçura Sabor
9-Gostei muitíssimo 0 Translúcido 0 Nenhum 0 Nenhum
8-Gostei muito 1 1 1
7-Gostei regularmente 2 Pouco turvo 2 Fraco 2 Fraco
6-Gostei ligeiramente 3 3 3
5-Nem gostei, nem
desgostei 4 Moderadamente turvo 4 Moderado 4 Moderado
4-Desgostei ligeiramente 5 5 5
3-Desgostei regularmente 6Turvo 6 Forte 6 Forte
2-Desgostei muito 7 7 7
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Sólidos Solúveis Totais
O conteúdo dos sólidos solúveis totais na água de coco foi significativa (p<0,01) para a interação entre cultivares e o estádio de maturação do fruto. Verificaram-se progressivamente, aumentos no teor dos sólidos solúveis com o avanço da idade do fruto (Figura 15). 60 85 110 135 160 185 210 Tempo (dias) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 SS T ( % )
AVG AAG AAM AVC AVM AVeJ
Y(AVG) = 4,991941787 - 0,080419686X + 0,001054582X2 + 0,00000303**X3 R2 = 0,93 Y(AAG) = 7,082786893 - 0,13930498X + 0,001628227X2 - 0,000004684**X3 R2 = 0,90 Y(AAM) = 9,04574294 - 0,200279888X + 0,002081093X2 - 0,000005676**X3 R2 = 0,93 Y(AVC) = 6,462334068 - 0,11859933X + 0,001367823X2 - 0,000003856**X3 R2 = 0,97 Y(AVM) = 8,214450966 - 0,169460133X + 0,001820050X2 - 0,000005041**X3 R2 = 0,96 Y(AVEJ) = 1,892490949 -0,024302541X + 0,000764008X2 - 0,000002564**X3 R2 = 0,97
Figura 15. Sólidos solúveis totais da água de coco de cultivares de coqueiro Anãodos 60 aos 210 dias de desenvolvimento.
Os sólidos solúveis totais da água de coco aumentaram com o período de desenvolvimento do fruto, para em seguida diminuir (JAYALAKSMY et al,. 1986; SREBERNICH, 1998; AROUCHA, 2000; SOUZA et al., 2002; ARAÚJO, 2003 e JACKSON et al., 2004). Segundo Isepon et al. (2002) o conteúdo de sólidos solúveis da água de coco começou a diminuir a partir de 240 dias e, permaneceu diminuindo até o fim de 330 dias de
desenvolvimento do fruto e, consequentemente a água tornou-se com qualidade cada vez mais baixa. Estas mesmas cultivares foram estudadas por Tavares et al. (1998) em diferentes estágios de maturação e, observou-se que os mais altos valores dos sólidos solúveis foram alcançados entre 180 e 240 dias de desenvolvimento do fruto.
Quando se detectou água no fruto, ou seja, aos 60 dias, o valor inicial dos sólidos solúveis registrado foi de 3,5% para as cultivares Amarelo de Gramame e Vermelho da Malásia. Á medida que avançou o desenvolvimento do fruto, especialmente, o Verde do Jiqui e Amarelo de Gramame sobressaíram-se entre as demais cultivares e, atingiram os mais altos valores estimados em 7,3 e 7,4%, respectivamente, aos 189 e 181 dias. De forma satisfatória, quando estas cultivares se encontravam com os volumes de água máximos, já estavam também os valores mais elevados de sólidos solúveis, o que implicou em uma melhor qualidade da água.
Considerando-se a relação entre os sólidos solúveis totais e o teor de açúcar total e, consequentemente a manifestação do sabor e a doçura da água, uma vez que, em grande percentagem é representada pelos açúcares, existindo por tanto, uma forte correlação dessa característica com a qualidade final da água entre as diferentes cultivares. Diante disso, Jackson et al. (2004) recomendam que essa característica pode ser utilizada como indicador da doçura na água de coco.
Não existe definido ainda, no mercado consumidor, um limite mínimo de sólidos solúveis para a aceitação da água de coco e nem mesmo para essas cultivares. No entanto, alguns autores apontam como entre 5,0 e 6,0% (JACKSON et al., 2004); 6,0 e 7,0% (ARAÚJO, 2003); 5,2 e 9,2% (ARAGÃO, 2002); 7,37 e 7,58% (ISEPON et al., 2002) e 5,84 e 6,71% (AROUCHA, 2000) como sendo ideais por ocasião da colheita para a grande maioria das cultivares de coqueiro Anão.
3.2. Acidez Titulável e pH
Além de exercer importante papel no amadurecimento e na germinação do fruto, a água, varia consideravelmente na sua composição durante o processo de crescimento e amadurecimento, isto faz com que á água de coco apresente diferentes qualidades conforme essa variação.
Houve interação significativa entre cultivares e estádio de maturação para o comportamento do pH e da acidez total titulável (p<0,01) da água de coco. O pH diminuiu até aos 90 dias e depois aumentou com o avanço da maturidade do fruto (Figura 16).
60 85 110 135 160 185 210 Tempo (dias) 4 4,25 4,5 4,75 5 5,25 5,5 5,75 6 pH d a ág ua
AVG AAG AAM AVC AVM AVeJ
Y(AVG) = 7,663842656 - 0,076915233X + 0,00058886X2 - 0,000001304**X3 R2 = 0,82 Y(AAG) = 9,951420283 - 0,137775664X + 0,001079868X2 - 0,000002537**X3 R2 = 0,84 Y(AAM) = 8,876735602 - 0,105237142X + 0,000796156X2 - 0,00000178**X3 R2 = 0,87 Y(AVC) = 9,163579938 - 0,121488753X + 0,0009903X2 - 0,000002378**X3 R2 = 0,80 Y(AVM) = 9,09734648 - 0,119709133X + 0,000985768X2 - 0,000002424**X3 R2 = 0,71 Y(AVEJ) = 9,450674174 - 0,119710708X + 0,000912945X2 - 0,00000206**X3 R2 = 0,75
Figura 16. Potencial hidrogeniônico da água do fruto de cultivares de coqueiro Anão dos 60 aos 210 dias de desenvolvimento.
Para todas as cultivares, a acidez total tendeu a diminuir no período compreendido entre 120 e 180 dias de desenvolvimento (Figura 17), tendendo aumentar posteriormente. Segundo Isepon et al. (2002) a acidez só fez aumentar a partir de 180 dias de desenvolvimento. Predominantemente, a água das cultivares amarelas apresentou maiores proporções de ácidos málico com médias de 0,0858 e 0,0870 g para Amarelo de Gramame e Amarelo da Malásia, respectivamente, concordando com valores de pH mais baixos. Tavares et al. (1998) reportam que o pH na água de coco dessas mesmas cultivares foi aumentando, enquanto a acidez decresceu proporcionalmente com o amadurecimento dos frutos.
60 85 110 135 160 185 210 Tempo (dias) 0 0,03 0,06 0,09 0,12 0,15 A T ( ác . m ál ic o. 10 0 m L-1 d e ág ua
) AVG AAG AAM AVC AVM AVeJ
Y(AVG) = Não ajustado R2 < 0,7
Y(AAG) = Não ajustado R2 < 0,7
Y(AAM) = Não ajustado R2 < 0,7
Y(AVC) = Não ajustado R2 < 0,7
Y(AVM) = Não ajustado R2 < 0,7
Y(AVEJ) = Não ajustado R2 < 0,7
Figura 17. Acidez titulável da água de coco de cultivares de coqueiro Anão dos 60 aos 210 dias de desenvolvimento.
Pelos resultados da acidez e do pH encontrados neste trabalho pode-se afirmar que estas características não são boas indicadoras para auxiliar na determinação do ponto de colheita do coco, dada ás baixas proporções de ácidos presentes na água e à estreita faixa de variação de pH dessas cultivares. Santos Filha et al. (2005) relatam que a acidez dessas cultivares não foi diferente quando os frutos estavam com 180 e 210 dias de idade.
Entre 180 e 195 dias de desenvolvimento o pH variou na faixa de 5,27 a 5,55, valores estes muito próximo do encontrado por Araújo (2003) ou seja, 5,63 aos 182 dias de desenvolvimento, que é a faixa, onde normalmente, o sabor doce e a adstringência para a água de coco são desejáveis.
3.3. Relação Sólidos Solúveis e Acidez Titulável (SST/AT)
A relação SST/ATT é um parâmetro importante porque está diretamente relacionado com o aroma e o sabor da água de coco. Houve aumento da relação SST/ATT das cultivares Verde do Jiqui, Vermelho da Malásia e Amarelo da Malásia, à medida que avançou o desenvolvimento do fruto, (Figura 18). A relação entre os sólidos solúveis e acidez total variou de 39 a 124, considerando-se o momento em que começou acumular água no fruto até
o final do desenvolvimento. Isepon et al. (2002) reportam um faixa de 49 a 219, a partir do 6º até o 11º mês do desenvolvimento. 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 Tempo (dias) 0 25 50 75 100 125 Rel aç ão S S/ A T
AVG AAG AAM AVC AVM AVeJ
Y(AVG) = Não ajustado R2 < 0,7
Y(AAG) = Não ajustado R2 < 0,7
Y(AAM) = 313,17695 - 7,400303X + 0,063767X2 - 0,000164**X3 R2 = 0,70
Y(AVC) = Não ajustado R2 < 0,7
Y(AVM) = 197,923643 - 4,959179X + 0,04845X2 -0,000133**X3 R2 = 0,74
Y(AVEJ) = 296,091485 - 7,491328X + 0,067315X2 - 0,000175**X3 R2 = 0,81
Figura 18. Relação entre os sólidos solúveis totais e acidez titulável da água de coco de cultivares de coqueiro Anão dos 60 aos 210 dias de desenvolvimento.
3.4.Açúcar Redutor
A interação entre cultivares e estádio de maturação do fruto teve efeito significativo (p<0,01) no conteúdo do açúcar redutor da água de coco das cultivares estudadas. Nos estádios iniciais ocorreram aumentos progressivos no teor de açúcar (frutose + glicose) até 175 dias de desenvolvimento, sendo a única exceção para a cultivar Vermelho de Camarões que aumentou até 160 dias. Em seguida, começou a diminuir entre 185 e 195 dias de desenvolvimento e, subseqüentemente nos demais, indistintamente para todas as cultivares (Figura 19).
60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 Tempo (dias) 0 1 2 3 4 5 6 A çú ca r re du to r (% )
AVG AAG AAM AVC AVM AVeJ
Y(AVG) = 0,5901589048 - 0,0164977859X + 0,0006051449X2 - 0,000021489**X3 R2 = 0,76 Y(AAG) = 1,691958713 - 0,058817754X + 0,001037105X2 - 0,000003338**X3 R2 = 0,89 Y(AAM) = 6,926508984 - 0,204400857X + 0,002145909X2 - 0,000005912**X3 R2 = 0,88 Y(AVC) = - 3,18502054 + 0,095964572X - 0,00029995**X2 R2 = 0,90 Y(AVM) = 4,452191257 - 0,116870049X + 0,001394905X2 - 0,00004037**X3R2 = 0,85 Y(AVEJ) = 0,8934750967 - 0,0470215457X + 0,0009592845X2- 0,000003245**X3 R2 = 0,94
Figura 19. Açúcar redutor da água de coco de cultivares coqueiro Anão dos 60 aos 210 dias de desenvolvimento.
Para esta característica, por ordem crescente, se destacaram as cultivares Amarelo da Malásia, Amarelo de Gramame, e Verde do Jiqui, com teores de 5,19; 5,27; e 5,30 g.100 mL-1
de água, correspondendo cerca de 88, 87 e 91%, do açúcar total, nesta mesma ordem. Tavares et al. (1998) encontraram maior quantidade de açúcar redutor (6,4 g.100 mL-1 de água) para a cultivar Vermelho de Gramame aos 240 dias e para Amarelo de Gramame (5,9 g.100 mL-1 de água) aos 210 dias.
O teor de açúcar redutor na água de coco diminui com o estádio de maturação do fruto (JAYALAKSMY et al., 1986; SANTOSO et al., 1996 e SREBERNICH, 1998). Nos estádios iniciais, os açúcares redutores constituem quase totalmente os açúcares totais, ou seja, mais de 75%, para depois ocorrer predominância do açúcar não redutor (sacarose) (JACKSON et al., 2004).
O comportamento dos açúcares redutores na cultivar Verde do Jiqui é semelhante aos encontrado por (ARAUJO, 2003) para essa mesma cultivar e (SOUZA et al., 2002) para uma cultivar de coqueiro Anão, porém, um pouco acima do encontrado por (MAGALHÂES, 1999) nas cultivares Híbrida, Anão Verde, Anão Vermelho e Amarelo.
O conhecimento do conteúdo desses açúcares na água de coco em relação á idade do fruto é de fundamental importância como método auxiliar para a determinação da melhor
época em que o fruto deve ser colhido e consequentemente, para a obtenção de frutos com alta qualidade.
No caso do coco verde, este atributo é ainda mais importante, uma vez que, afeta diretamente o sabor e a doçura da água das diferentes cultivares e, portanto, a qualidade. Aragão et al. (2001) afirmam que os frutos com 180 dias de desenvolvimento foram de melhor qualidade por apresentar elevados valores, principalmente, frutose e glicose, componentes estes importantes que devem ser levados em consideração na determinação do ponto de colheita dessas cultivares.
3.5. Açúcares Solúveis Totais
O teor de açúcares solúveis totais da água de coco foi dependente da interação entre a cultivar e estádio de maturação do fruto (p<0,01). Ocorreu aumento no teor de açúcares totais entre 60 até 191 dias de desenvolvimento (Figura 20). Nos últimos dias do desenvolvimento os teores de açúcares das cultivares, praticamente se mantiveram inalterados, embora, pequenas modificações com tendência de diminuição tivessem sido observadas. O teor de açúcar total na água de coco aumenta com o estádio de maturação do fruto (JAYALAKSMY et al., 1986; SANTOSO et al., 1996, SREBERNICH, 1998; AROUCHA, 2000 e JACKSON et al., 2004). 60 85 110 135 160 185 210 Tempo (dias) 0 1 2 3 4 5 6 7 A ST (% )
AVG AAG AAM AVC AVM AVeJ
Y(AVG) = 3,0363422181 - 0,050714529X + 0,000728252X2 - 0,000002086**X3 R2 = 0,82 Y(AAG) = 4,736166022 - 0,12083167X + 0,001436951X2 - 0,000004042**X3 R2 = 0,94 Y(AAM) = 7,392818146 - 0,19783433X + 0,002033372X2 - 0,000005435**X3 R2 = 0,88 Y(AVC) = - 2,000724 + 0,07601717X - 0,00019855**X2 R2 = 0,94 Y(AVM) = 6,39553332 - 0,0154398592X + 0,001624605X2 - 0,000004365**X3 R2 = 0,91 Y(AVEJ) = 1,161414378 - 0,035166585X + 0,000777755X2 - 0,000002444**X3 R2 = 0,92
Figura 20. Açúcares solúveis totais da água de coco de cultivares de coqueiro Anão dos 60 aos 210 dias de desenvolvimento.
Os teores de açúcares solúveis totais das cultivares Amarelo de Gramame e Amarelo da Malásia aumentaram até os 182 e 183 dias, respectivamente. Para o Vermelho da Malásia e Verde do Jiqui aumentaram até 184 e 186 dias, nesta mesma ordem e, nas outras cultivares foi igual ou superior aos 190 dias de desenvolvimento. Araújo (2003) reporta teores de açúcares totais da cultivar Verde do Jiqui de 5,94% aumentando até aos 203 dias. Essas diferenças na síntese e no teor de açúcares podem ser explicadas pelas diferenças no metabolismo fisiológico das cultivares.
Inicialmente o teor de açúcares totais das cultivares não superou 2,5% e com o avanço da maturidade, quatro cultivares se destacaram com os maiores percentuais de açúcar: Amarelo de Gramame e Amarelo da Malásia com 6,0 % cada, o Verde do Jiqui e o Vermelho da Malásia com 5,8% de açúcar total para ambas. O teor de açúcares solúveis totais, para todas as cultivares correspondeu, em média, acima de 70% do conteúdo de sólidos solúveis totais.
Embora as cultivares Vermelho de Camarões e Vermelho de Gramame tenham-se destacado quanto aos volumes de água produzidos, estas foram as que apresentaram os menores valores de açúcares totais a partir dos 150 dias até os estágios finais de desenvolvimento. Por outro lado, mesmo com modestos volumes de água, as cultivares Amarelo de Gramame, Verde do Jiqui e Vermelho da Malásia apresentaram os maiores percentuais de açúcares totais presentes na água.
A cultivar Amarelo da Malásia, que teve o menor volume de água produzido se destacou por ser a segunda cultivar com o maior teor de açúcar total presente na água. Foram verificados aumentos de 4,39 e 3,58 vezes em relação aos valores iniciais no teor de açúcar total das cultivares Verde de Jiqui e Amarelo da Malásia, respectivamente.
A aceitabilidade da água de coco pelos consumidores se dá por ser uma bebida natural de sabor doce e agradável. A doçura da água é uma característica que varia principalmente, com a quantidade e o tipo de açúcar nela presente, uma vez que, diferentes açúcares conduzem a diferentes graus de doçura, muito embora, outros constituintes possam também influenciar nesta importante característica. Portanto, a qualidade da água é um dos principais atributos para a aceitação ou rejeição pelos consumidores, que por sua vez é influenciada diretamente pelo teor de açúcar.
3.6. Turbidez
A turbidez da água de coco aumentou com o estádio de maturação do fruto (Figura 21). Observou-se que a turbidez aos 90 dias de desenvolvimento foi inferior a 10 NTU, passando para 85,7 NTU aos 210 dias, correspondendo a um aumento de oito vezes.
A turbidez está relacionada com a transparência da água, ou seja, a presença de impurezas que a torna turva (SANTOS, 2003). Em termos práticos é a redução da transparência do líquido límpido devido à matéria em suspensão que, no caso de frutos de coqueiro, normalmente ocorre com a água durante o processo de maturação do fruto e caracteriza a mesma (ARAÚJO, 2003). Esse mesmo autor detectou que a turbidez atingiu o máximo em água de frutos com idade 210 e 225 dias de desenvolvimento.
90 105 120 135 150 165 180 195 210 Tempo (dias) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 T ur bi de z (N T U ) Y = -4,096784 + 0,00014055X2,5 R2 = 0,84
Figura 21. Turbidez da água de coco de cultivares de coqueiro Anão dos 90 aos 210 dias de desenvolvimento.
Não houve diferença na turbidez da água de coco das diferentes cultivares de coqueiro Anão (Figura 22). A turbidez média variou na faixa de 32 a 42 NTU, bem superior ao encontrado por (SILVA et al., 2004) na cultivar Anã Verde quando cultivado em sistema de produção orgânico e convencional.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
AVG AAG AAM AVC AVM AVej
Variedades T ur bi de z (N T U ))
Figura 22. Turbidez da água de coco de cultivares de coqueiro Anão aos 210 dias. *Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
3.7. Avaliação da Aceitação, Doçura e Sabor da Água de Coco
De acordo com o teste 2 (qui-quadrado) constatou-se diferença significativa para
cultivar e para a interação entre cultivar e estádio de maturação do fruto de todas as características analisadas. Os resultados da análise de variância e da regressão para a aceitação, doçura e sabor encontram-se nas (Tabelas 8 e 9), respectivamente.
Tabela 8. Resultado da análise de variância para as características da análise sensorial da água de coco.
Características
ACEITAÇÃO DOÇURA SABOR
FV GL 2 Prob. 2 Prob. 2 Prob.
Cultivar (V) 5 40,83 < 0,0001 25,19 < 0,0001 27,87 0,0239 Estádio (E) 5 192,54 < 0,0001 245,19 < 0,0001 127,93 < 0,0001 V x E 25 40,76 0,0244 95,94 < 0,0001 41,97 0,0181 a a a a a a
Tabela 9. Resultado da análise de regressão para as características da análise sensorial da água de coco.
Características
ACEITAÇÃO DOÇURA SABOR
FV GL 2 Prob. 2 Prob. 2 Prob.
Linear/V 6 37,97 < 0,0001 33,44 < 0,0001 44,44 < 0,0001 Quadrático/V 6 160,05 < 0,0001 226,01 < 0,0001 113,39 < 0,0001
A distribuição das probabilidades estimadas de notas, segundo a escolha dos provadores para a aceitabilidade da água de coco ao longo do período de maturação do fruto, é mostrada na (Figura 23). Observou-se que a água das cultivares não estava com qualidade desejável para ser consumida aos 135 dias, período em que foi realizada a primeira avaliação. Porém, o grau de aceitabilidade da água aumentou com o desenvolvimento do fruto. Isto foi verificado por ocorrer as maiores probabilidades de notas altas, supondo-se que a água estava aceitável quando recebeu no mínimo nota igual ou superior a 6 (gostou ligeiramente) valor este adotado como referência no trabalho realizado por Araújo (2003). A partir de 165 dias, as probabilidades obtidas pelas maiores notas, ou seja, 6, 7, 8 e 9 foram sempre superiores às demais, em todas as cultivares, confirmando que os provadores optaram por gostar ligeiramente, gostar regularmente, gostar muito ou gostar muitíssimo da água a partir desse período.
Maiores probabilidades das notas 7, 8 e 9 foram registradas para as cultivares Amarelo de Gramame, Vermelho de Camarões e Anão Verde do Jiqui (Figuras 23 B; 23 D e 23 F), respectivamente, enquanto, a cultivar Vermelho de Gramame foi a menos preferida ao longo de todas as avaliações, (Figura 23-A). Embora havendo diferenças entre as cultivares, pelos resultados apresentados, evidencia-se que a água dessas cultivares apresentou-se com qualidade aceitável para o consumo a partir de 180 dias de desenvolvimento contados a partir