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Conforme já observado, a pesquisa qualitativa contém especificidades associadas à participação do pesquisador no seu desenvolvimento. A respeito desta questão, Creswell (2010, p.211) observa que ―a pesquisa qualitativa é uma pesquisa interpretativa, com o investigador tipicamente envolvido em uma experiência sustentada e intensiva com os participantes‖. Neste sentido, também Denzin e Lincoln (2006, p.17) observam que ―os pesquisadores desta área utilizam uma ampla variedade de práticas interpretativas interligadas, na esperança de sempre conseguirem compreender melhor o assunto que está ao seu alcance‖. Assim, também no que se refere ao procedimento de análise tal aspecto deve ser destacado.

Tais características são associados também à realização de uma pesquisa historiográfica, pois, conforme Pieranti (2008, p.3) destaca, ―a perspectiva do observador ou do pesquisador afirma-se como a base do processo de investigação, anterior mesmo à análise propriamente dita [...]‖. Outra questão que se apresenta relevante refere-se à noção de que ―o indivíduo está no cerne da análise das estruturas: é ele quem, entrevistado, reconta a história, de acordo com sua perspectiva; é ele quem investiga e estuda‖ (PIERANTI, 2008, p.5).

Relacionado a tais aspectos, destaco as características particulares deste estudo. Estas se configuram pela associação de uma pesquisa histórica, apoiada sobre uma interpretação que prioriza o contexto social na construção de sentido conceitual (e

léxico), reunidos sob uma perspectiva crítica da ideologia, que pressupõe, portanto, ações de grupos de indivíduos para dominação e manipulação do restante da sociedade. A necessidade de atender a específicos pressupostos ontológicos e epistemológicos demandou a proposição e o desenvolvimento de um novo método analítico: a Análise Conceitual Discursiva Sócio-historicamente Contextualizada (ACDSC).

No sentido de um ―quebra-cabeças conceitual‖, tal prática analítica é constituída a partir da combinação de elementos da História dos Conceitos, de Koselleck (1992; 2006; 2012), da concepção conceitual crítica quanto ao conceito de ideologia e das possibilidades de Análise Crítica do Discurso, propostas por Van Dijk (1990; 2006). O detalhamento quanto às contribuições de cada uma destas perspectivas será realizado na sequência.

No que se refere às inspirações decorrentes da História dos Conceitos (KOSELLECK, 1992; 2006; 2012), a ACDSC objetiva possibilitar uma análise conceitual diacrônica, uma vez que se dedica à realização de análises sincrônicas deste mesmo conceito. Outra inspiração relaciona-se à utilização de documentos públicos (jornais, livros, cartas, panfletos, entre outros). Entretanto, de forma diversa à História dos Conceitos, a ACDSC apoia-se necessariamente (ainda que não exclusivamente) em documentos compartilhados socialmente, com destaque especial para documentos que representem grupos da sociedade como meios de comunicação, manifestos, sentenças judiciais, representação de classe, entre outros. Documentos oficiais também estão incluídos na seleção para análise, ainda que a orientação analítica esteja apoiada na concepção da história nova. A finalidade associada a tais preceitos decorre do fundamental compromisso com uma ampla e detalhada elaboração do contexto a que se relaciona o conceito em análise. De tal objetivo emerge a relevância do caráter pragmático na construção semântica do referido conceito.

Não foi identificado, entretanto, aprofundamento sistemático quanto à análise sincrônica da história dos conceitos. Desta forma, coloca-se a necessidade de apresentar um modelo sistematizado para objetivando tal prática analítica, priorizando, como destacado por Koselleck (2012), o papel do contexto na construção deste significado. Decorrente destas questões, também a lente ontológica e epistemológica do pesquisador colocam-se presentes, influenciando a interpretação sobre a constituição, funcionamento e modificação de tal contexto sócio-histórico. Neste sentido, destaco a noção fundamental de que diversas relações sociais inseridas na sociedade contemporânea (ao menos) apresentar-se-iam orientadas a partir de ideologias. Assim, a possibilidade de

interpretação associada a determinado conceito atravessaria também o entendimento relativo à ideologia preponderante na época. No que se refere a esta questão, identifiquei em Van Dijk (2006) uma proposta sistematizada de assimilação dos ditames ideológicos em determinado contexto social. Tal proposta coloca-se também como inspiração para elaboração da ACDSC.

No que se refere às influências das proposições de Van Dijk (2006) destaco, primeiramente, a possibilidade de realização de uma análise discursiva sincrônica, suportada por uma perspectiva teórica que pressupõe a influência ideológica nas interpretações, comportamentos e expectativas individuais e coletivas. Tal perspectiva associa-se ao que, mais recentemente, Van Dijk (2012, p.9) propõe chamar de ―Estudos Críticos do Discurso (ECD), como um movimento científico especificamente interessado na formação de teoria e na análise crítica da reprodução discursiva do abuso de poder‖. Assim, no que se refere à face metodológica da ECD, Van Dijk (2012, p.13) destaca que ―os métodos dos ECD concentram-se de forma específica nas complexas relações entre a estrutura social e a estrutura discursiva, bem como no modo como as estruturas discursivas podem variar ou ser influenciadas pela estrutura social‖. Decorrente destas questões, apresenta-se também em Van Dijk (2006; 2012) a inspiração para elaboração das ferramentas analíticas que compõe a ACDSC. Entretanto, para melhor entendimento quanto ao que diferencia tais métodos, destaco ser necessário maior detalhamento de alguns aspectos que podem ser próprios da ACDSC.

Primeiramente, ressalto que, diferente da premissa básica da análise do discurso proposta por Van Dijk (2006), a ACDSC detém seu foco sobre a interpretação de um conceito específico, em determinado contexto sócio-histórico. Como consequência a esta questão, a ACDSC não se restringe a analisar uma única prática discursiva, associada a específico agente de uma sociedade. Assim, um dos aspectos fundamentais da ACDSC se reflete na multiplicidade de discursos presentes na análise, desde que relacionados ao conceito pesquisado. Tal condição se apresenta necessária para a

construção do cenário contextual, que vem a ser uma ampla análise do contexto

associado ao conceito, delimitado a partir de premissas associadas ao momento histórico em análise. Assim, na medida em que um discurso representaria a compreensão de determinado grupo ou indivíduo a respeito de um tema, é por meio da multiplicidade dos discursos em análise se que pretende construir uma elaboração conjunta das concepções que influenciaram a constituição simbólica de um conceito.

Desta forma, apresenta-se viável, inclusive, realizar uma análise das diferentes ideologias em disputa, no âmbito de uma sociedade, em um dado momento histórico.

No que se refere à multiplicidade de discursos presentes na análise, destaco o procedimento adotado para o desenvolvimento deste trabalho. A respeito desta questão, compreendo por aspecto crucial isolar a análise discursiva cronologicamente em um primeiro momento. A importância de tal recorte decorre do compartilhamento do contexto histórico entre os agentes discursivos, questão fundamental para o procedimento analítico proposto. Identifico também a possibilidade de subdivisão do recorte temporal em análise. Tal decisão pode ser tomada em relação a ocorrências históricas com amplo impacto social, ocorrência temporal ou associadas a disputa e interferência de diferentes grupos sociais ao longo do tempo. A decisão pelo desmembramento da análise temporalmente oportuniza, também, a elaboração de transformações associadas ao conceito em destaque, assim como os interesses envolvidos às mudanças discursivas.

Ainda relativo à multiplicidade dos discursos, o passo seguinte apresenta-se por proceder a análise por agente discursivo identificado no corpus em questão. Apresento, desta forma, as premissas associadas a tal concepção: (i) análise discursiva inicialmente restrita a um ator ou grupo social específico possibilitaria elaboração da perspectiva representativa do indivíduo ou grupo na referência a determinado conceito, em compartilhado contexto histórico; (ii) confronto das perspectivas apresentadas, no sentido de propor aproximações e diferenças; (iii) concepção dos interesses subjacentes às construções discursivas apresentadas pelos diferentes agentes discursivos no período em análise, sob a perspectiva de indicar caráter ideológico relacionado ao conceito em questão, e; (iv) analisar as diferentes interpretações e transformações do conceito em análise ao longo da ocorrência histórica escolhida.

Um segundo aspecto relativo a ACDSC a ser destacado refere-se às delimitações temporais sobre as quais se apoiarão a análise discursiva. Por se tratar de um método analítico subordinado a uma estratégia de pesquisa historiográfica, a forma como serão consideradas tais delimitações apresenta-se fundamental. A respeito desta questão, e levando em conta a grande relevância da contextualização sócio-histórica para ação junto ao método, duas premissas se destacam: (a) a delimitação temporal relativa ao fato histórico estudado (sendo necessário levar em consideração as relações entre os discursos analisados e o fato histórico central); e (b) na ausência de um fato histórico específico, atuar na delimitação temporal a partir do próprio contexto em análise

(considerando, por exemplo, o intervalo entre dois eventos marcantes para a sociedade em análise).

O terceiro aspecto a ser considerado relaciona-se à escolha das fontes que darão sustentação à análise discursiva proposta. Levando em consideração o caráter iminente documental na constituição do corpus de pesquisa com esta finalidade analítica (a depender do período histórico em análise), este talvez seja o ponto mais crítico da constituição da ACDSC. Tal percepção associa-se à dimensão de que a depender do período histórico sobre o qual se apoia a análise, pode não haver disponibilidade de documentos em volume e diversidade, para realização do cenário contextual, assim como pode ser extremamente complexo estabelecer as fontes discursivas mais relevantes, quando identificado um excesso de fontes documentais. Pode ser ainda impossível estabelecer, objetivamente, a clara distinção sobre a popularidade entre os documentos disponíveis para a análise. As possíveis ações para solução destas questões passam por: (1) alternativas ou limitações de acesso aos documentos; (2) classificação dos documentos em análise; (3) identificação da relevância, penetração e audiência quanto aos documentos escolhidos.

Especificamente quanto ao primeiro ponto, a possibilidade de acesso aos documentos pode determinar os caminhos para realização da pesquisa. Neste sentido, a escolha pela pesquisa a partir de um mesmo arquivo ou acervo, ou pela diversidade de locais de acervo não se apresenta, inicialmente como uma questão problemática. O principal aspecto associado a tal escolha se configura na possibilidade de acesso à diversidade e quantitativo de documentos que proporcione maior profundidade na análise. Como já observado, entretanto, a acessibilidade ou mesmo disponibilidade de quantidade menor de acervos e documentos não se apresentaria, em si, uma limitação à realização da ACDSC.

Outra ação para construção do corpus na ACDSC se configura na classificação dos documentos relacionados à análise. Esta classificação, sempre reportando ao fato histórico referencial, pode ser constituída pelo ano de publicação do documento, pela fonte acessada (exemplo: imprensa, atas oficiais, obras literárias, imagens, entre outras possibilidades) ou mesmo por ambas. Assim, torna-se possível também a confrontação de diferentes discursos, em variadas instâncias. Associado à escolha documental encontra-se a necessidade de determinar aspectos da relevância, penetração e audiência. Neste sentido, por relevância me refiro a fontes documentais utilizadas na representação de grupos sociais (como representantes do Estado, empresas, órgãos de classe,

sindicatos, associações, entre outros) sendo, portanto, consideradas declarações oficiais de determinado grupo ou organização. Já no que se refere à noção de penetração pretendo destacar a amplitude de disseminação associada a determinado documento, ressaltando sua acessibilidade a diversos grupos sociais e, portanto, diversas audiências. Um aspecto relevante quanto à noção de penetração refere-se também à possibilidade de exclusividade de determinado emissor discursivo à específicas audiências, podendo ocasionar, assim, a relevância do documento para análise. Por fim, por audiência pretendo aprofundar detalhamento relativo à produção e consumo de determinado documento (enquanto representação de um discurso). Parte-se do pressuposto que documentos atrelados à maior audiência possuam, inicialmente, maior possibilidade de representação social. Isto não significa dizer, entretanto, que busca-se pela generalização de uma concepção conceitual. Ao contrário, como já observado, um dos aspectos associados à ACDSC refere-se à possibilidade de oposições discursivas concomitantemente. No entanto, a partir da perspectiva de cognição na constituição ideológica, pode existir conexão entre o nível de consumo discursivo (representado por um documento) e as construções simbólicas pessoais. Ressalto ainda que documentos relacionados a maior audiência não devem restringir o acesso a outros documentos na realização da análise, direcionando seu destaque no sentido da representatividade.

Especificamente no que se refere à realização desta pesquisa, que possui caráter temporal limitado, optei por uma fonte discursiva naturalmente diversificada, chancelada nas fontes bibliográficas utilizadas, no que tange seu valor historiográfico, disponível em sua versão original e sem edições, com alto grau de representatividade do contexto social da época, assim como de destacada audiência e penetração. Para não ser repetitivo, não pretendo retomar discussão sobre a escolhe documento para composição do corpus, aspecto que recebeu maior detalhamento na seção 3.2.

O quarto e último aspecto relacionado à execução da ACDSC refere-se também a aspectos característicos da pesquisa qualitativa: o caráter interpretativo da análise e da unicidade do fenômeno, desconectados da finalidade de generalização dos achados a outros fatos históricos, além de interpretações pretensamente definitivas (ainda que as conclusões obtidas estejam disponíveis ao debate e ao questionamento). A respeito destas características, a ACDSC não deve propor interpretações encerradas a respeito do conceito em análise, mas caberia ao indivíduo analista o objetivo de contribuir com a construção do conhecimento de forma ampliada, contrapondo, complementando ou inovando análises discursivas anteriormente realizadas. Assim, a partir da metáfora de

um ―quebra-cabeças conceitual‖, a proposta analítica aqui apresentada parte da perspectiva de que os diferentes olhares sobre determinado fenômeno, ainda que divergentes, apresentar-se-iam complementares na composição do cenário contextual a respeito da interpretação de determinado conceito em específico período histórico.

No que se refere aos procedimentos analíticos da ACDSC, observo que não existe, a princípio, impossibilidade de realizar tal análise a partir dos procedimentos comumente utilizados para os ECD. No entanto, ao menos no que se refere a esta pesquisa e considerando as características destacadas da ACDSC, parecem melhor se adequar ao método analítico proposto os seguintes estudos a respeito do significado do discurso: a variação dos elementos léxicos relacionados ao conceito (análise lexical) (VAN DIJK, 2006).

Assim, quanto à variação dos elementos léxicos, Van Dijk (2006) destaca a necessidade de compreensão das representações mentais (ou modelos mentais) compartilhadas socialmente, associadas às especificidades de um contexto, na construção interpretativa de um discurso. No que se refere a esta questão Van Dijk (2006, p.259) destaca que, ―sendo que estes modelos incluem opiniões, que por sua vez podem ter uma base ideológica, também os significados que derivam dos modelos ‗ideológicos‘ (distorcidos, etc.) podem incluir aspectos ideológicos‖35. A questão central relacionada é que ―muitas destas opiniões podem tornar-se convencionais e codificar-se no léxico (...)‖ (VAN DIJK, 2006, p.259). Assim, a análise lexical apresenta-se como ―o componente mais óbvio (e também frutífero) da análise do discurso ideológico. Basta explicar todas as implicações das palavras usadas em um discurso e contexto específicos geralmente fornece um amplo conjunto de significados ideológicos‖36 (VAN DIJK, 2006, p.259). Desta forma, Van Dijk (2006, p.259) conclui que

teoricamente, isso significa que a variação dos elementos léxicos (ou seja, o estilo lexical) é um meio importante de expressão ideológica no discurso. Dependendo de qualquer fator contextual (idade, gênero, "raça", classe, posição, status, poder, relação social, etc.), os usuários de idiomas podem escolher palavras diferentes para falar sobre coisas,

35 Tradução livre de: Puesto que los modelos incluyen opiniones, las que a su vez pueden tener uma base

ideológica, también los significados que derivan de esos modelos ―ideológicos‖ (distorcionando, etc.) pueden incluir aspectos ideológicos.

36 Tradução livre de: el componente más óbvio (y también fructífero) del análisis ideológico del discurso.

El simple hecho de explicar todas las implicaciones de las palavras utilizadas en un discurso y contexto específicos provee, a menudo, un amplio conjunto de significados ideológicos.

pessoas, ações ou Eventos. As visões pessoais ou grupais dos participantes, isto é, as atitudes e as ideologias, são uma importante restrição contextual e, consequentemente, uma fonte principal de variação lexical37.

Inseridas no âmbito da análise lexical, Van Dijk (2006) destaca a sustentação argumentativa a partir de fatores de proposição, coerência (local e global) e relações proposicionais. No que se refere ao papel da proposição na análise léxica, o autor enfatiza as influências decorrentes do contexto social e dos modelos mentais compartilhados na estrutura gramatical do discurso. Em outras palavras,

las proporciones que representan el significado de las cláusulas y oraciones, tienen uma estrutura interna, de la cual, por ejamplo, los variados roles semânticos (Agente, Paciente, Objeto, etc.) pueden exhibir las formas en que los participantes están asociados con un acontecimiento, activa o pasivamente, responsablemente, o como experimentadores de los acontecimientos y acciones (VAN DIJK, 2006, p.260, grifo do autor).

Entretanto, uma vez que ACDSC refere-se ao esforço analítico para interpretação associada a um conceito, ainda que ocorra variação em seu papel semântico nas diferentes orações do corpus, existe grande relevância na compreensão dos componentes associados. Isso não significa que se deve desprezar tal análise. Ao contrário, destaco a observação de Van Dijk (2006, p.260), de que

essas representações semânticas são, é claro, uma função de como os eventos são representados e avaliados (em um modelo) e, portanto, podem ser controlados ideologicamente, dependendo da participação do grupo, da posição ou da perspectiva dos participantes no evento comunicativo. Quem é considerado o herói ou vilão, vitimador ou vítima, quais papéis devem ser enfatizados ou escondidos, são questões que organizam muitas atitudes ideológicas, e essas percepções podem ser projetadas diretamente em estruturas proposicionais e suas formulações sintáticas variáveis (ativas, passivas, nominais, etc.)38.

37 Tradução livre de: teoricamente, esto significa que la variación de elementos léxicos (esto es, el estilo

léxico) es un importante medio de expresión ideológica en el discurso. Dependiendo de cualquier factor contextual (edad, género, "raza", clase, posición, estatus, poder, relácion social, etc.) los usuarios de la lengua pueden escoger diferentes palabras para hablar sobre las cosas, las personas, las acciones o los acontecimentos. Las opiniones personales o de grupo de los participantes, esto es, las actitudes e ideologías, son una restricción contextual importante y, em consecuencia, una fuente principal de variación léxica.

38 Tradução livre de: esas representaciones semánticas son, obviamente, una función de cómo se

representam y evalúan los acontecimientos (en un modelo), y pueden, por lo tanto, estar ideológicamente controladas, según la pertenencia al grupo, la posición o la perspectiva de los participantes em el evento

Entretanto, uma vez que a proposta metodológica aqui apresentada direciona o foco para interpretação de um conceito específico, ressalto maior relevância na análise dos complementos associados ao conceito na oração. Desta forma, é por meio da adjetivação, dos complementos, da estrutura da oração entre outros aspectos sintáticos que será possível aprofundamento da concepção conceitual em destaque.

Na proposta analítica elaborada por Van Dijk (2006), atrelado à investigação das proposições decorre a possibilidade de associação da coerência local e global. Relativo a estas, o autor destaca maior devotamento ao aspecto interpretativo a partir dos modelos mentais compartilhados socialmente e, desta forma, inseridos (e influenciados) por uma ideologia. Em outras palavras, Van Dijk (2006, p.261) observa ―que os usuários da língua vejam um acontecimento social como a causa ou não de outro acontecimento social, pode ter, em consequência, um efeito sobre a coerência de seu discurso‖39. Também no que se refere à coerência global (ou macroestrutura semântica) do discurso, a possibilidade de interpretação quanto ao direcionamento ideológico pode ser verificada por meio da identificação e detalhamento quanto ao argumento central do discurso. Permeia tal embasamento analítico apresenta-se o absoluto suporte na detalhada descrição do contexto.

No que se refere à ACDSC, a apreciação relativa à coerência textual apresenta grande relevância para interpretação associada a um conceito. Tal investigação pode se dar tanto no âmbito de sua compreensão semântica (análise conceitual propriamente

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