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CAPÍTULO 3 – O DESENHO DA PESQUISA

3.1 Metodologia

3.1.6 Procedimento para coleta de dados

O termo dados refere-se a todo material bruto que os investigadores coletam do universo pesquisado, formando a base da análise. Podem ser incluídos nos dados os materiais que os pesquisadores registram em entrevistas, trabalhos de campo e também aquilo que os outros criaram e que o investigador os encontra, tais como diários, fotografias, documentos oficiais, artigos de jornais, entre outros (BOGDAN; BIKLEN, 1994).

O processo de coleta de dados resume-se em verdadeiro processo de “garimpagem”, pois, se as categorias de análise dependem dos documentos, eles precisam ser encontrados, “extraídos” das prateleiras, dos arquivos, para receber um tratamento orientado pelo objeto da pesquisa (PIMENTEL, 2001).

Ao utilizar amostras qualitativas, torna-se fundamental que o investigador busque, em seu universo, a maior diversidade possível de perfis, de forma a abranger as diferentes perspectivas do problema, saturando adequadamente os dados (VICTORA; KNAUTH; HASSEN, 2000). Em razão da metodologia empregada, a validade e a significância das informações geradas têm maior relação com a quantidade e riqueza de informações dos casos pesquisados, capacidade de observação e de análise do pesquisador, do que com o tamanho da amostra (PATTON, 1990).

Nesse sentido, com vistas a atingir os objetivos propostos, em resumo, a execução do projeto foi realizada da seguinte maneira:

1. Pesquisa nos arquivos dos Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente dos Municípios de Assis, Paraguaçu Paulista e Borá, para levantamento da normatização e dos demais documentos pertinentes ao objeto de estudo;

2. Observação participante de reuniões dos Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente dos Municípios de Assis, Paraguaçu Paulista e Borá, almejando verificar a dinâmica de atuação e a participação dos Conselheiros, nas discussões e deliberações do Órgão, suas concepções, suas falas, as representações sociais;

3. Aplicação de questionário aos Conselheiros, de sorte a analisar suas representações acerca da Natureza (Concepção, Estrutura e Finalidade) dos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente.

3.1. Os questionários foram aplicados aos Membros dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente de Assis, Borá e Paraguaçu Paulista, sendo 13 (treze) Conselheiros em Assis, 07 (sete) Conselheiros no Borá, e 07 (sete) Conselheiros em Paraguaçu Paulista.

Para o desenvolvimento da pesquisa, primeiramente, estabeleceu-se contato com os Presidentes dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente de Assis, Borá e Paraguaçu Paulista, aos quais foram entregues os documentos oficiais, informando- lhes os detalhes da pesquisa.

Os Presidentes dos CDMCAs, após os esclarecimentos sobre a pesquisa, foram favoráveis à realização da mesma, colocando-se à disposição para a coleta dos dados, reconhecendo a relevância do tema e assinando a autorização formal para a realização da pesquisa em seus respectivos Colegiados (Assis32, Borá33 e Paraguaçu Paulista34).

A fase de coleta de dados teve início com a análise detalhada das normatizações municipais que contêm os aspectos voltados à Concepção, Composição e Fins dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, os quais, examinados conjuntamente, caracterizam a Natureza dos mesmos, conforme consta do Capítulo 2, itens 2.7.1, 2.7.2 e 2.7.3.

De posse das autorizações dos Presidentes dos CMDCAs Visitados, a presente pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética do Hospital Regional de Assis35, como consta do Capítulo 3, item 3.1.

Cumpridas as etapas formais (autorizações dos Presidentes e Comitê de Ética), para a realização da pesquisa, iniciou-se a fase de coleta de dados, com a Observação das Reuniões dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e, posteriormente, com o processo de análise dos dados.

A Observação das Reuniões ocorreu durante o ano de 2010, iniciando-se no mês de março, após a submissão da pesquisa ao Comitê de Ética, passando-se, após a Observação das Reuniões, à análise dos dados coletados.

Na fase inicial do manuseio dos documentos e na observação das reuniões, verificou-se que o CMDCA de Assis não dispõe de um sistema de arquivos organizado, ao menos do cadastro e registro das entidades e instituições que são beneficiadas com verbas do FMDCA. Constatou-se que, até a gestão pesquisada, todos os documentos referentes ao CMDCA eram “guardados” nas residências dos respectivos presidentes, os quais, ao final de suas gestões, levavam os mesmos para suas casas.

32 Anexo B. 33 Anexo B. 34 Anexo B. 35 Anexo A.

Da mesma forma acontece no CMDCA de Borá, que não possui um arquivo organizado e sistematizado.

Já o CMDCA de Paraguaçu Paulista possui uma secretaria organizada, encarregada de sistematizar e arquivar os documentos do referido Conselho e, ainda, secretariar as reuniões e acompanhar o(a) Presidente, prestando-lhe as informações necessárias, bem como aos demais Conselheiros.

Em relação à aplicação do questionário, após a exposição e esclarecimentos, pelo pesquisador, sobre a pesquisa e seus objetivos, os sujeitos receberam os questionários e as instruções e orientações necessárias para respondê-los.

Como se verá no próximo capítulo, a ausência de um sistema organizado e articulado do arquivo dos CMDCAs de Assis e do Borá dificultou a coleta de dados, demonstrando a “pessoalidade” e, com isso, a ausência de continuidade e de políticas públicas duradoras.

Note-se que, em Assis, não há ao menos cadastro e registro atualizado de todas as entidades e/ou instituições do Sistema de Garantias de Direitos da Criança e do Adolescente, nem mesmo o CDMCA tem o controle de quais entidades/instituições existem no município e, tampouco, as atividades que realiza.

Após a organização e sistematização das informações e dos dados mais relevantes para os objetivos da pesquisa, começou-se o processo de decodificação, interpretação e inferências sobre as informações obtidas, o que representa o conteúdo do próximo capítulo.