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Capítulo 3 – ELEMENTOS DA PESQUISA

3.1 Objetivos

3.3.4 Procedimento de análise das informações

Os dados da primeira etapa, referentes às entrevistas do estudo exploratório, foram organizados através da transcrição literal dos áudios. A transcrição literal aconteceu com a escuta inicial de todo o áudio e a seleção das imagens da videogravação, assistindo-a novamente. Para a transcrição literal, utilizamos um glossário de normas com as seguintes referências: alongamento da vogal - ::: , comentário - (( )), incompreensão ( ), entonação enfática – maiúscula, silêncio ou pausa - ..., fala direta – “ ”, hipótese (hipótese) e simultaneidade de voz [ (Queiroz, Zanelato & Oliveira, 2008).

O processo de transcrição aconteceu com o retorno às falas, escutando constantemente trechos, principalmente os de difícil compreensão, para transcrevê-los fielmente, conforme o interlocutor disse. Depois disso, o texto transcrito foi escutado mais uma vez para identificar se foi omitido ou acrescentado algum trecho, palavra, ou mesmo entonação e silêncio para serem ajustados, caso fosse identificado. As informações das transcrições foram inseridas no texto com trechos, em partes das entrevistas individuais e extratos relacionados às partes das videogravações, com a sequência numérica das tensões identificadas com os números primário e secundário (Exemplo: 1.1). A sequência dos números é reiniciada a cada análise de um novo participante. Também são inseridas três identificações com aspas: (1) nos textos longos, com aspas duplas e reticências; (2) em expressões ou breve frase, com aspas simples, sem reticências, ou (3) nas palavras repetidas ou destacadas pelo uso específico de algum participante, com aspas duplas e em negrito.

Após as transcrições, organizamos em tabelas, os temas e subtemas, relacionados aos significados que circularam das entrevistas narrativas dos participantes (ver Figura 2). A exemplo dos significados de ambivalência professor/artista, de Silvio e Gilberto, e o de atuação social, com Talia e Leila, que circularam em suas narrativas.

Também construímos mapas semióticos individuais, a partir dos significados relacionados aos temas e subtemas identificados na entrevistas narrativas de cada um. Essa construção foi feita através do software XMind6, com o qual articulamos os significados que vinculavam temas e subtemas, através de vetores (setas vermelhas), e atravessamentos, através de setas cinzas, em uma articulação semiótica complexa e dinâmica com sentidos produzidos nas narrativas dos participantes, como os de empatia, interação, reflexão, para citar alguns.

Além dos mapas semióticos individuais, construímos um mapa semiótico coletivo (ver Anexo 1), com placas de isopor, coberto de tnt, no qual identificamos conexões com fios e tachinhas coloridas, bem como os processos semióticos que mediam a constituição identitária docente dos licenciandos como estética de si em relação aos seus posicionamentos de si como professores. As cores seguiram uma legenda no canto esquerdo do mapa, cada uma delas representando um tipo de interação, com destaque para as interações entre professor e aluno, entre licenciando e outros professores, licenciando e colegas, entre os temas e subtemas identificados nas narrativas dos participantes. A legenda referente às cores dos fios é: vermelha relacionada às ligações sobre a interação professor-aluno; a amarela, aos temas comuns entre os participantes; e a verde aos significados que circulam entre os participantes.

No caso das videogravações, assistimos aos vídeos completos sem pausa. Em seguida, para a análise da videogravação, utilizamos o software Movie Maker. Através desse software foram extraídos frames que correspondem aos temas extraídos das narrativas dos participantes e que foram organizados nas tabelas, com recortes de trinta em trinta segundos para cada cena, e identificação da temática da cena, mesmo com a repetição da mesma temática em outra cena.

Em continuidade, realizamos a análise dialógico-temática da conversação sobre as transcrições. A análise das informações teve início com (2) dois procedimentos de leitura:

A. Uma prévia leitura geral do texto transcrito, a fim de termos uma visão panorâmica do áudio em texto escrito.

B. Uma segunda leitura, que buscou destacar os elementos caracterizadores da análise escolhida, que são:

a) Os turnos da fala no texto e as enunciações, unidade de análise (Silva & Borges, 2017).

b) Os posicionamentos de si nas narrativas dos participantes.

c) Os temas identificados nas interações que foram organizadas com destaque nas transcrições e em tabelas.

Para fins desta pesquisa, entendemos o tema como a exaustão semântica, com o fim do enunciado diante de outros enunciados (Bakhtin, 1979/2011, 1929/2014), o sentido da enunciação concluída, que expressa uma situação concreta (Silva & Borges, 2017), o que indicou os significados presentes na narrativa da história de vida do interlocutor. Quanto aos turnos, identificamos que são a fala do início ao fim. Acerca dos posicionamentos de si, identificamos que são dotados de vozes e participam de uma dinâmica dialógica com a construção do significado na ação (Valsiner, 2006, 2019a). O enunciado é nossa unidade de análise, com sua forma na palavra como signo ideológico, com a significação produzida em um contexto específico da interação dialógica.

Ao analisarmos os posicionamentos de si na conversação entre os participantes, com destaque para as duas entrevistas coletivas no estudo exploratório, e para as duas entrevistas coletivas de autoconfrontação com a filmagem da dramatização, foram consideradas em uma perspectiva para além da limitação de identificar apenas a alternância entre os turnos da fala, mas, sobretudo, de priorizar os valores e ideologias que emergem dos posicionamentos de si

que os indivíduos assumem no processo conversacional. Em tal processo, os indivíduos desenvolvem uma atuação, em um gênero discursivo específico do contexto de uma comunidade (Belli, Aceros & Harré, 2015). A análise da conversação considera a fala como forma de interação e processo (Flick, 2009).

III - RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

Como resultado das informações elaboramos 181’33’’ de entrevistas narrativas individuais, 4:13’33’’ de videogravações e 458 páginas de transcrição (Times New Roman, tamanho 12, espaçamento duplo). Também elaboramos (8) oito tabelas individuais de temas e subtemas, (1) uma tabela do processo de dramatização dos alunos e da dinâmica dos posicionamentos nas videogravações, (8) oito mapas semióticos individuais e (1) mapa semiótico coletivo dos participantes.

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