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Procedimento de campo para avaliação do Involvision em caso real

SUMÁRIO

8. Caso 3 – Avaliação do Involvision em caso real de desenvolvimento de produto

8.1 Procedimento de campo para avaliação do Involvision em caso real

A avaliação do Involvision em caso real de desenvolvimento de produto se deu com a aplicação do método em uma empresa de pequeno porte que cria e desenvolve produtos envolvendo tecnologias de processamento digital de imagens, computação gráfica e visão computacional.

O projeto escolhido para a aplicação do Involvision foi o desenvolvimento de uma solução de BI (business intelligence), com indicadores de desempenho, para apoiar a tomada de decisão de funcionários de diferentes níveis organizacionais de uma empresa qualquer.

A equipe formada pelos profissionais de empresa contou com 3 integrantes que possuíam o seguinte perfil: 1 doutor em física e especialista em processamento digital de imagens, 1 mestre em ciências da computação e especialista em visão computacional e 1 graduando em ciências da computação. Além da equipe formada pela empresa houve também a presença do pesquisador em todas as reuniões e a presença esporádica de mais dois especialistas em desenvolvimento de produtos e Lean Manufacturing para colaborar com as discussões. A empresa aplica algumas práticas propostas pelo PMI na gestão de seus projetos e todos os participantes da equipe conheciam o padrão (PMBOK).

A aplicação do Involvision ocorreu em 5 reuniões com freqüência média quinzenal e duração média de 2,5 horas cada. Ao todo as reuniões perfizeram um total de 12,5 horas. Em linhas gerais os passos do Involvision foram desenvolvidos durante as reuniões realizadas entre equipe, pesquisador e especialistas.

A primeira reunião contou com a presença da equipe de projeto da empresa, especialistas, e pesquisador. Esta reunião teve o intuito de familiarizar os participantes (especialmente especialistas e pesquisador) com o projeto do produto a ser desenvolvido. Nesta reunião houve também uma discussão onde se levantou informações gerais na qual o produto deveria tratar (conter) e quais seriam seus principais clientes/usuários do produto. Decidiu-se adotar o Google

Groups26 como ferramenta de apoio para discussão e disponibilização dos documentos gerados durante a aplicação.

Na segunda reunião o pesquisador apresentou o Involvision passo a passo para a equipe de projeto da empresa. Houve discussão acerca do método e dos conceitos envolvidos. Ao final da reunião os membros da equipe de projeto iniciariam a utilização do Involvision com o preenchimento do TAP (Termo de Abertura do Projeto) que em seguida foi disponibilizado no Google Groups. Durante o período que antecedeu a terceira reunião a equipe de projeto reformulou o TAP e explorou o problema do projeto levantando possibilidades de soluções, com busca por patentes, análise de concorrentes e geração de ideias.

A terceira reunião teve duração de aproximadamente 3 horas. A equipe de projeto em conjunto com o pesquisador e um especialista geraram algumas cenas (casos de uso). Após isso a equipe gerou 4 pré-concepções com base nas cenas criadas e nas informações levantadas no período que antecedeu a terceira reunião. Como o perfil dos participantes era técnico observou-se que as pré-concepções criadas tratavam mais de aspectos específicos sobre a tecnologia a ser envolvida. Aspectos como, por exemplo, tipos de apresentação de informações na tela não foram contemplados nas pré-concepções da equipe.

Ao todo a equipe de projeto criou 4 pré-concepções. Como o perfil da equipe era técnico optou-se por representar as pré-concepções empregando-se diagramas. Entretanto, a equipe não foi fiel a nenhum diagrama ou padrão específico de representação. Durante as discussões as pré- concepções eram desenhadas em um quadro branco e o entendimento mútuo era priorizado acima de discussões sobre a forma ou meio certo (no caso de emprego de diagramas) de determinada representação.

Na quarta reunião a equipe de projeto decidiu envolver potenciais clientes realizando entrevistas com profissionais de empresa que poderiam ser possíveis usuários do produto que estava sendo desenvolvido. De modo a conduzir as entrevistas o pesquisador elaborou um roteiro de entrevista aberta baseado na lista inicial de potenciais clientes/usuários do produto e informações que o sistema deveria apresentar a esses usuários.

O tipo de envolvimento realizado no caso 3 pode ser considerado design for de acordo com a classificação de Kaulio (1998). Este tipo de envolvimento foi empregado, pois a empresa

em questão não contava com recursos que permitissem o envolvimento mais próximo e de uma maior quantida de clientes durante a criação da visão.

Foram entrevistados 3 profissionais de empresas diferentes e pertencentes ao ramo de bens de consumo. Cada profissional entrevistado possuía no mínimo 10 anos de experiência em sua área. As funções dos profissionais entrevistados dentro das empresas eram: gerente de produção, gerente de qualidade e gerente de planejamento de operações e vendas (S&OP). Cada entrevista durou cerca de 1 hora e objetivou levantar os seguintes aspectos relacionados aos indicadores de desempenho: tipos de indicadores usados no dia a dia, atuais facilidades e dificuldades com os indicadores (pontos positivos e negativos), principais necessidades, sugestões de apresentação desses indicadores.

O pesquisador criou 3 pré-concepções (uma para cada área entrevistada) baseadas nas informações dos clientes. Em seguida elas foram disponibilizadas no Google Groups para o restante da equipe acessar e opinar. Como as pré-concepções criadas pela equipe abordavam aspectos mais técnicos optou-se criar pré-concepções advindas das informações dos clientes com elementos ainda não explorados com, por exemplo, formas de apresentação dos indicadores.

Na quinta e última reunião houve discussões acerca das pré-concepções geradas pela equipe e pelas informações dos clientes. Com isso a equipe pôde refinar as pré-concepções geradas anteriormente e incorporar as ideias que vieram dos clientes. Dessa maneira, optou-se por uma pré-concepção que em seguida foi mais detalhada com o preenchimento da Matriz Item- entrega. A Figura 19 apresenta a Matriz Item-Entrega gerada na última reunião.

Figura 19 – Matriz Item-Entrega preenchida pela equipe de projeto

Ao final de todo o processo de criação da visão do produto com o Involvison coletou-se informações via questionário para verificar as percepções dos usuários e consequentemente avaliar o método utilizado. O questionário empregado foi o mesmo do caso 2, entretanto a análise dos dados foi diferente. A diferença da análise dos dados se deu, pois a equipe constituída neste caso era pequena (3 participantes da empresa) e não haveria sentido calcular o Índice de Concordância para um número pequeno de respostas. Optou-se então avaliar a aplicação do Involvision no caso 3 por meio de análise qualitativa dos dados dos questionários e das observações feitas pelo pesquisador durante o emprego do método na empresa.