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SUMÁRIO

4. Modelo conceitual de Visão do Produto

4.2 Propriedades da visão do produto

As propriedades da visão do produto foram identificadas com o emprego da metodologia apresentada no capítulo 1.

O critério utilizado para a classificação como propriedade seguiu a definição proposta, ou seja, apresentar uma qualidade geral de um ou mais tipo de elementos. As propriedades são listadas na Tabela 12.

Tabela 12 - Propriedades da visão do produto

Propriedades da visão Descrição Principais fontes

Clara A clareza da visão normalmente é associada à capacidade em representar visualmente o conhecimento tácito crítico sobre conceitos de produtos complexos e ideias, que facilita a tomada de decisões e influencia positivamente no resultado do projeto.

Lynn e Akgün (2001); Highsmith (2004); Pichler (2009); Lange e Hehl-Lange (2010); Yap, Ngwenyama, Osei- bryson, (2003)

Concisa A concisão está relacionada à capacidade de comunicar e sintetizar as informações essenciais do projeto em uma base única.

Idem anterior.

Priorizadora A visão apresenta ideias e princípios de soluções para o problema do projeto e consequentemente atendimento das necessidades dos clientes. Neste sentido verifica-se que a priorização é útil na eliminação de conflitos entre atributos desejáveis do produto.

Pichler (2010).

Alinhada com

estratégia20 O alinhamento da visão com a estratégia da empresa proporciona um estreitamento de relacionamento entre

a alta administração e os membros da equipe de projeto fazendo com que cada grupo possa compreender melhor a perspectiva do outro.

Laitinen et al. (2008).

Metafórica A utilização de metáforas na visão proporciona a ampliação das perspectivas dos envolvidos e consequentemente fomenta a produção criativa. Além disso, a metáfora torna intuitiva, por meio de símbolos a compreensão de pessoas com níveis de entendimento distintos.

Kensing e Madsen (1991); Nonaka, Takeuchi (1995).

Análoga A relação de semelhança entre objetos distintos (analogia) pode ajudar a converter o conhecimento tácito em explícito. O entendimento é facilitado pela utilização de metáforas que em seguida são analisadas por analogias (aspectos contraditórios) que resultam em um modelo real que terá como conteúdo o conhecimento explícito a ser difundido na organização.

Nonaka, Takeuchi (1995), Säde (1999).

Acessível O acesso à visão deve ser facilitado de modo que possa existir um espaço (físico ou virtual) de troca de informações para aumentar o envolvimento entre todos os que serão afetados. A acessibilidade ajuda também na criação de ambiente que estimula sugestões e ao mesmo faz com que todos os envolvidos estejam cientes da visão.

Lange e Hehl-Lange (2010); Haine (2008).

Flexível A flexibilidade está associada à possibilidade de atualização e correção da visão (com auxílio dos clientes) proporcionada pelas iterações do projeto. Projetos com alto grau de inovação, que são permeados por incertezas tecnológicas e de mercado requerem a capacidade de adaptação proporcionada pela flexibilidade.

Highsmith (2004); Lynnm, Akgün (2001); Thomke e Reinertsen (1998).

Fonte – adaptado de Benassi, Ferreira Junior e Amaral (2011)

20 Após a consecução dos casos observou-se a necessidade de substituição do termo “alinhada com a

A Tabela 12 é uma adaptação do trabalho de Benassi, Ferreira Junior e Amaral (2011). A versão inicial contava com mais duas propriedades: comunicadora e antecipadora.

Essas propriedades foram suprimidas porque se entende que elas podem ser consideradas redundantes. A propriedade comunicadora é o resultado da soma das outras propriedades. Ou seja, uma visão comunicadora deve necessariamente conter propriedades como clareza, concisão etc. Por outro lado a propriedade “desafiadora” pode fazer correspondência às propriedades “metafórica” e “análoga”, pois a utilização e presença dessas propriedades acabam por desafiar a equipe de projeto a buscar soluções que ainda não são conhecidas.

Entende-se também que a Tabela 12 é o conjunto união de propriedades encontradas nas definições. A importância e impacto de cada uma das propriedades são distintos. Enquanto há propriedades como “flexível” e “acessível”, verificadas em estudos de campo, como em Lynn e Akgün (2001) e Lange e Hehl-Lange (2010), com indícios de que podem aumentar as chances de sucesso do projeto, não se nota a mesma frequência de citação ou estudos sobre propriedades como “priorizadora” e “antecipadora”.

Observa-se também que há uma forte relação entre algumas dessas propriedades. Clara e concisa não são sinônimos do ponto de vista semântico, mas é fato que a concisão auxilia na propriedade de ser clara. Uma visão do produto continuamente atualizada e flexível precisa estar acessível. E uma visão alinhada com a estratégia, em tese, deve priorizar objetivos estratégicos (“priorizadora”).

Analogias e metáforas são figuras de linguagem normalmente citadas como fundamentais para uma visão, pois podem desafiar a equipe. O emprego de metáforas expande a gama de possibilidades de resolução do problema de projeto e normalmente são empregadas para esboçar problemas nos estágios iniciais do design enquanto que o emprego de analogias auxilia a equipe focar em soluções e gerar concepções (HEY et. al, 2008).

Dessa maneira, as propriedades podem atuar com uma espécie de checklist para verificação da visão do produto. Ou seja, depois da criação da visão do produto os membros da equipe podem se questionar se os artefatos gerados durante o processo possuem as propriedades listadas. Caso a resposta seja positiva há indícios de que a visão é robusta, ou seja, entendida por todos e capaz de nortear as próximas ações a serem executadas no projeto. Sendo assim, este é modo empregado para se avaliar a visão do produto neste trabalho. O capítulo 6 apresenta o método que detalha este tipo de avaliação.

Por fim, o levantament propriedades) ajudam sobrem características desejáveis e em

A próxima seção apresent criada a partir da compilação d 4.3 Combinando elementos Os componentes da visã conceito uma vez que mostram (propriedades).

Para a criação da definição 4.1 e 4.2. Fez-se então uma rótulo. A descrição dos grupos Tabela 13 – Correlaçã Agrupamen Concisa Desafiadora Coletivamen Alinhada co Reunindo-se os eleme visão do produto que são apres

Figura

Os componentes identi mais robusta de visão do pro

ento e compilação dos componentes da visão do p remaneira a definir o conceito uma vez que

m partes sabidamente úteis para a obtenção de um nta a definição de visão do produto proposta pel o dos componentes descritos.

tos e propriedades

são apresentados nas seções 4.1 e 4.2 ajudam ram as formas procedurais (elementos) e as qual

ção de visão do produto optou-se por simplificar a categorização, reunindo propriedades similar os está na Tabela 13

ação entre termos da definição e as propriedades da visão do

ento Propriedades

Clara/concisa ora Metafórica/analógica

ente Acessível/flexível

com a estratégia Alinhada com estratégia/priorizadora

entos e propriedades pode-se obter o conjunto resentados em sua forma completa na Figura 7.

ura 7 - Componentes expandidos da visão do produto

ntificados nas seções 4.1 e 4.2 permitem a criaçã produto quando comparada às que foram encon

produto (elementos e ue eles representam uma visão robusta. pelo presente trabalho

am operacionalizar o alidades dos artefatos

ar as listas das seções lares sob um mesmo

do produto

to de componentes da

ção de uma definição ontradas pela revisão

bibliográfica. Ajudam ainda a criar e delimitar um modelo conceitual que permite a adoção de uma definição comum de visão para usuários e praticantes do conceito em diferentes áreas. Com os componentes e uma definição comum existe, portanto a possibilidade de se avaliar mais precisamente uma visão uma vez que ela parte de uma perspectiva comum. Em tese, profissionais aplicando a visão em áreas diferentes como GP e design, por exemplo, poderiam avaliar as respectivas visões sob a mesma ótica valendo-se das propriedades e elementos da visão.

Define-se, portanto, visão do produto como um conjunto de artefatos que descrevem o resultado esperado de um projeto de produto, por meio de elementos visuais e textuais, que devem ser elaborados de maneira concisa, coletiva (por membros da equipe de projeto e do cliente), alinhados com a estratégia apoiada pelo projeto e capaz de desafiar a equipe em busca de soluções inovadoras.

Uma simples comparação entre a definição proposta e a Tabela 13 nota-se a correlação entre as propriedades e a definição da visão do produto. Ou seja, a definição abrange direta ou indiretamente todas as propriedades da visão do produto pesquisadas.

A exceção fica por conta da propriedade “priorizadora”. Isso acontece, pois parte-se do princípio de que a empresa já deve considerar o projeto alinhado com a estratégia e devidamente priorizado, visto que, o mesmo já passou pela fase de portfólio quando parte-se para a criação da visão do produto. Caso contrário, este aspecto deve ser também considerado.

O relacionamento entre a definição, os elementos e propriedades é representado esquematicamente na Figura 8. Os grupos de elementos (visuais e textuais) são as formas procedurais para a criação do artefato que transmite a visão em si, no centro da figura, sugerindo a ideia de que a visão é obtida da união desses elementos. O círculo com as propriedades reforça a ideia de que, para tal, esses elementos devem juntos atender ao conjunto das oito propriedades enunciadas. A sobreposição dos círculos na Figura 8 significa que as propriedades são dependentes dos elementos.

Fig

O modelo conceitual d geral de referência. Isto é, a es do tipo de projeto, natureza t produtos manufaturados com por desenhos. Produtos como conforme citado no modelo co Cabe às equipes de p escolha dos elementos em si. cruciais para que uma visão d que os elementos precisam sat uma visão do produto criada p

Uma decorrência natu como algo que é gerado no i produto resulta no projeto do responsável por criar um proce

Figura 8 – Modelo conceitual de visão do produto

l de visão do produto expresso na Figura 8 pos escolha pelo emprego de um ou mais elementos a tecnológica do produto e conhecimento da equ m tecnologia mecânica e poucos componentes p

o software por meio de diagramas. Ambos são conceitual, que não especifica exatamente as duas projeto ou profissionais envolvidos com a con

si. O modelo conceitual sugere apenas um conj o do produto seja construída e um conjunto míni

satisfazer. Com isso pode-se identificar o resultad pela equipe.

tural do modelo conceitual é que ele identifica o início do projeto e que irá desaparecer, à med do produto. Implicitamente, significa que o gere ocesso capaz de construir esta visão coletiva e ma

possui caráter de lista s específicos depende quipe. Por exemplos, podem ser expressos ão elementos visuais, as possibilidades. onstrução da visão a onjunto de elementos, ínimo de propriedades tado final como sendo

a a visão do produto edida que a visão do rente de projeto seria antê-la até o seu fim.

Propõe-se que, para que isso ocorra o gerenciamento da visão do produto. Este gerenciamento seria caracterizado pelo conjunto de atividades necessárias para se elaborar uma visão do produto (com os elementos citados) e mantê-la atualizada ao longo do projeto, até se transformar nas especificações finais do produto.

Esta evolução da visão durante as fases do PDP e gestão de projetos são mais detalhados nas seções seguintes.