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5. MÉTODO

5.3 Procedimento

Esta pesquisa foi realizada em 18 instituições públicas ou filantrópicas situadas nas cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. No caso das instituições filantrópicas, foi realizado um contato com o setor responsável por pesquisas, a fim de esclarecer sobre os objetivos do estudo e solicitar a realização deste em suas dependências. Para cada instituição, foram entregues ou apresentados os seguintes documentos: cópia do projeto de pesquisa; cópia da declaração de aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo; declaração de que a pesquisadora era aluna regularmente matriculada no curso de Doutorado dessa instituição; Carta de Apresentação e Autorização (APÊNDICE G); carteira de aluno da Universidade de São Paulo, com fotografia da pesquisadora. Uma associação de reabilitação da cidade do Rio de Janeiro não autorizou a realização da pesquisa, informando que esta não era de interesse da instituição.

No caso das instituições públicas, foram seguidos primeiramente todos os procedimentos determinados pela Prefeitura Municipal para a realização de pesquisas em suas unidades. Desse modo, a pesquisadora recebeu autorização da Secretaria Municipal de Educação e da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC) da Prefeitura do Rio de Janeiro, bem como da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Niterói. Segundo as normas da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro, a Coordenadoria de Educação de cada região autorizou a pesquisadora a realizar o contato com as escolas de sua autarquia, redigindo uma Carta de Apresentação do Pesquisador. Em seguida, os diretores ou coordenadores das instituições foram contatados e informados quanto aos objetivos e procedimentos do estudo, sendo-lhes entregues os mesmos documentos listados acima. Apenas uma das escolas contatadas negou a autorização para a realização da pesquisa, alegando falta de estrutura física e de recursos humanos para receber a pesquisadora.

Após a autorização dos diretores das demais unidades, seus profissionais (diretor, coordenador pedagógico, chefe de equipe ou terapeuta) forneceram uma listagem com os nomes das crianças que se enquadravam no Grupo A ou no Grupo B, bem como os horários em que estas frequentavam o serviço, visando à seleção

das crianças elegíveis para o estudo. O contato com os responsáveis foi realizado de acordo com as normas de cada instituição: alguns foram contatados pessoalmente pela pesquisadora, de maneira individual (no horário em que levavam ou buscavam as crianças na instituição) ou durante a reunião de pais; outros receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) juntamente com o Caderno de Recados enviado pelo professor. Os responsáveis pelas crianças pré- selecionadas receberam duas cópias do TCLE; aqueles que autorizaram a participação das crianças devolveram para a pesquisadora uma das cópias assinada, permanecendo com a outra cópia em seu poder.

As crianças autorizadas a participarem do estudo foram avaliadas na própria instituição, nos horários em que costumavam frequentá-la. As crianças das escolas eram retiradas da sala de aula nos momentos indicados pelo professor, evitando-se prejuízos quanto aos conteúdos acadêmicos. No caso das crianças que frequentavam os serviços de reabilitação, as avaliações eram realizadas antes ou após o término da sessão de terapia, conforme a escolha dos seus responsáveis.

A pesquisadora, então, conduzia a criança ao local indicado pela coordenação. As instituições foram informadas previamente de que não seria permitida a presença de outras pessoas, mas que seria garantida a visualização da criança pelos profissionais; assim sendo, a porta era deixada entreaberta, de modo que em nenhum momento a criança permanecia sozinha com a pesquisadora, sem que pudesse ser vista pelos profissionais da instituição. Devido à ausência de espaço físico adequado, na maioria das escolas a avaliação foi realizada em locais que não possibilitavam a restrição do acesso dos profissionais, tais como sala de professores, pátio, refeitório ou sala da direção. Desse modo, em muitos momentos ocorreu a circulação de diferentes profissionais pelo local da avaliação. Não houve, contudo, nenhum caso em que o próprio professor, responsável ou terapeuta da criança tenha assistido a sua avaliação. Após o término da aplicação do teste, a criança era imediatamente levada, pela pesquisadora, à sala de aula ou ao encontro dos pais.

A aplicação da segunda avaliação era realizada um mês após a primeira. Considerando-se que os mesmos conceitos eram avaliados quatro vezes e que os primeiros testes poderiam possibilitar a aprendizagem e, consequentemente, uma resposta correta nos demais, optou-se por alternar a ordem de apresentação dos testes. Assim, na primeira avaliação, metade das crianças respondeu aos dois testes

em formato tradicional e, depois de um mês, respondeu aos dois instrumentos em formato de histórias infantis; a outra metade das crianças respondeu aos testes ou instrumentos na ordem inversa. A sequência de apresentação também foi alternada entre os testes em formato tradicional (Boehm 3 - Pré-escolar e BBCS - 3:R) e entre os instrumentos em formato de histórias infantis (Feliz Aniversário e A Casa dos Bichos).

Foram, portanto, planejadas quatro condições de testagem:

Ani - primeira avaliação: Feliz Aniversário e A Casa dos Bichos; segunda avaliação: Boehm 3 - Pré-escolar e BBCS - 3:R.

Boe - primeira avaliação: Boehm 3 - Pré-escolar e BBCS - 3:R; segunda avaliação: Feliz Aniversário e A Casa dos Bichos.

Zoo - primeira avaliação: A Casa dos Bichos e Feliz Aniversário; segunda avaliação: BBCS - 3:R e Boehm 3 - Pré-escolar.

Bra - primeira avaliação: BBCS - 3:R e Boehm 3 - Pré-escolar; segunda avaliação: A Casa dos Bichos e Feliz Aniversário.

Para garantir a alternância das avaliações, as folhas de respostas foram impressas e organizadas em uma pasta, de modo a revezar entre as quatro condições de testagem. Dessa forma, a cada nova avaliação, era retirada da pasta uma das folhas de respostas e a criança respondia aos testes na ordem correspondente. Para a segunda avaliação, era utilizada a mesma folha de respostas, garantindo que os testes fossem apresentados na ordem correta para cada sujeito. Todas as crianças foram avaliadas por meio das folhas de respostas organizadas na mesma pasta, ou seja, para o estabelecimento da ordem de apresentação das avaliações todas as crianças foram consideradas como um único grupo. Um exemplo das folhas de respostas, conforme a primeira condição de avaliação, é apresentado no APÊNDICE H.

Quando uma criança que se enquadrava inicialmente no perfil da pesquisa não respondia à avaliação, a sua folha de respostas era descartada e a próxima criança era avaliada por meio da folha de respostas seguinte. Caso tal procedimento não fosse adotado, a ocorrência seguida de crianças que não respondessem à avaliação faria com que todas fossem avaliadas pelo mesmo teste inicial, o que geraria dúvidas, já que um teste poderia ser mais facilmente respondido pelas crianças do que os outros.

A própria pesquisadora realizou todas as avaliações, as quais ocorreram de forma individual. Durante a aplicação dos testes, a pesquisadora sentava-se ao lado da criança e procedia à apresentação dos desenhos e à leitura das histórias e/ou questões previamente elaboradas. Ao apresentar uma figura, o texto padronizado era disposto na parte de trás da folha anterior; desse modo, a pesquisadora lia as questões sem que a criança visualizasse o texto, sendo-lhes apresentadas apenas as figuras dos testes. Na leitura de cada questão, a pesquisadora enfatizava a palavra correspondente ao conceito a ser avaliado. Quando a criança não respondia prontamente, a questão era repetida.

Inicialmente eram apresentadas as questões de instrução, que serviam para orientar a criança quanto à maneira de responder ao teste; no caso desta pesquisa, essas questões também foram utilizadas como critério de exclusão. Visto que em uma mesma avaliação eram apresentados dois testes, que incluíam quatro questões de instrução cada, esperava-se que a criança acertasse oito dessas questões em um mesmo dia. Para verificar se a criança havia compreendido os procedimentos e tinha condições de responder aos testes, tomou-se como critério a primeira avaliação (os dois testes aplicados no primeiro contato com a criança), considerando-se elegíveis para participar da pesquisa as crianças que respondessem corretamente a, no mínimo, cinco das oito questões de instrução.

Os desenhos correspondentes a cada questão apresentavam quatro opções de resposta, sendo solicitado que a criança indicasse aquela que, segundo sua opinião, representava o conceito envolvido na pergunta. As crianças podiam responder às questões apontando para a figura escolhida, indicando verbalmente ou sinalizando por meio do olhar.

No momento da aplicação dos testes, as crianças não eram informadas quanto à correção de suas respostas. Quando a criança apontava para todas as opções de respostas, a pesquisadora dizia: "Você apontou para todos os desenhos, mas só pode escolher um deles"; em seguida, a pergunta era repetida. Caso a criança apontasse novamente para todas as figuras, esta resposta era registrada, seguindo-se para a próxima questão. Quando a criança apontava para uma opção e, em seguida, mudava sua resposta, era considerada apenas a sua última escolha. As respostas das crianças, bem como outras observações pertinentes, eram registradas pela pesquisadora nas folhas de respostas.

Após a avaliação, as respostas das crianças foram transcritas para uma tabela, sendo registrado o valor “1” quando a resposta era correta e “0” quando a resposta era incorreta. As respostas de cada criança foram dispostas em uma mesma linha, sendo possível, por meio da soma dos acertos, verificar seu desempenho nas avaliações. Cada coluna da tabela indicava, para uma mesma questão, todas as respostas das crianças, sendo possível verificar os conceitos mais e menos dominados pelos sujeitos.

Durante as avaliações, a criança com deficiência era acomodada de modo a possibilitar uma postura sentada adequada e facilitar a visualização das cartelas ou folhas dos testes; tal posicionamento era feito de acordo com a orientação dos profissionais de cada instituição, visto que a pesquisadora não conhecia previamente as crianças participantes. Esses profissionais também foram consultados a respeito de dois aspectos da criança: a forma de comunicação, para que a pesquisadora pudesse adequar o procedimento de resposta às questões; as habilidades motoras, visando classificá-la de acordo com o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS).

Antes do término da aplicação dos testes a todas as crianças de uma mesma instituição, nenhum profissional recebeu qualquer tipo de informação quanto aos conceitos avaliados, nem quanto às respostas das crianças, evitando-se interferências nos resultados. Também não foram apresentados dados individuais das crianças, pois o Boehm 3 - Pré-escolar e a BBCS - 3:R não foram padronizados para o uso na língua portuguesa. Assim, a apresentação de dados individuais poderia sugerir erroneamente um atraso na formação de conceitos, o que poderia acarretar atitudes preconceituosas ou encaminhamentos inadequados.

Contudo, após o término das avaliações, os profissionais receberam uma listagem contendo as respostas gerais de seu grupo de crianças. A apresentação desses dados gerais teve por objetivo dar conhecimento aos profissionais a respeito dos conceitos que eram ou não dominados pelas crianças, para que o desenvolvimento dos conceitos pouco conhecidos pudesse ser estimulado. O APÊNDICE I apresenta um modelo de como os resultados gerais de uma escola ou instituição eram apresentados.