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4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÂO

4.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL VOLTADA PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

4.2.1 Procedimento do licenciamento ambiental

O processo de licenciamento ambiental, pelo qual os empreendimentos e atividades com efetivo e potencial poluidor devem submeter-se ao procedimento administrativo para obtenção das licenças: prévia, de Instalação e operação para assim obter a Licença Ambiental. A licença pode ser emitida pelos órgãos: federal (IBAMA), estaduais e do Distrito Federal e os órgãos municipais de meio ambiente.

Este procedimento administrativo aplica a base legal para o Licenciamento Ambiental dos empreendimentos e atividades que serão licenciados e estes só podem ser licenciados por um único nível de competência. As licenças ambientais poderão ser expedidas isoladas ou sucessivamente, conforme as características e fase do empreendimento ou atividade (BRASIL, 2007).

No procedimento, o empreendimento ou atividade será avaliado por sua viabilidade e compatibilidade, ou seja, no que se propõe em relação aos aspectos socioambientais, alternativas tecnológicas e localização, considerando-se os impactos positivos e negativos, assim como também os mitigáveis e não mitigáveis decorrentes da implantação do projeto (PROGRAMA NACIONAL..., 2009).

Segundo a Resolução nº 237/1997, no art. 9º, o CONAMA definirá, quando necessário, licenças ambientais específicas, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento. O procedimento de licenciamento ambiental, segundo a resolução, deverá ter as etapas:

I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;

II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade;

III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias;

IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;

VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer

jurídico;

VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.

O processo se constitui por etapas (licença prévia, licença de instalação e licença de operação) que orientam a ação do gestor em fazer o passo a passo do processo, conforme a fase em que o processo do pedido se encontra. No processo de licenciamento ambiental se realiza os estudos ambientais e a apresentação de documentação necessária para a ação e o cumprimento dos prazos do processo administrativo. As fases fazem da parte de um único processo administrativo para obtenção da licença ambiental (FARIAS, 2007).

Na primeira fase, para a obtenção da licença prévia (LP), corresponde a aprovação da localização, a concepção da atividade e o atesto de viabilidade ambiental em que se estabelecem condicionantes para a serem atendidos na fase da sua implantação. Oliveira (apud FARIAS, 2007) destaca que a primeira fase é aquela em que se realiza o estudo prévio para avaliação do projeto (avaliação das consequências da implantação e da operação do empreendimento). Farias (2007) destaca a realização de audiências públicas e sugere que esta fase seja de maior importância dentro do processo.

No início deste processo se estabelece, muitas vezes, os conflitos e superposições que, por vezes, acabam sendo resolvidos no litígio ou sendo acordados entre os entes. Observa-se que existem situações em que os questionamentos sobre o ente licenciador do processo ocorrem com o processo em

fase final. É recorrente um ente se sentir responsável pelo processo e buscar na justiça seu reconhecimento. Neste caso, se tem o embargo de obras, no caso de construção. Trennepohl (2008) entende que este embaraço processual tem caráter político e/ou econômico, este último com objetivo de captação de investimentos e empreendimentos que passam se resultar em emprego e renda para o ente, em geral para o município embargado. Estes conflitos entre entes, gerados pela disputa econômica, onde os entes disputam para atrair investimentos são, também, enfatizados por Pereira F. (2010) na guerra fiscal.

As atividades da fase anterior se interligam à seguinte fase, a licença de instalação (LI) representada pela elaboração do projeto executivo (detalhamento) que mostra a compatibilização da instalação do empreendimento com a proteção ambiental e o uso de medidas técnicas adequadas. Nesta fase, se obtém a licença de instalação que contém as especificações legais e técnicas e se autoriza a implantação da atividade. A partir desta licença, não se pode fazer alterações sem comunicar o órgão licenciador.

A terceira fase, definida como a fase de operação (LO), autoriza o empreendedor a operar, todavia depois de verificar o cumprimento dos requisitos das fases anteriores que envolvem medidas de controle ambiental e de condições para a operação. É a ultima fase do processo de licenciamento. Depois desta fase o empreendimento passa a ser monitorado e fiscalizado pelos gestores dos órgãos públicos (federal, estadual e municipal) que, de forma concorrente, podem e devem realizar.

Com relação à distribuição de competências no processo de licenciamento existem dúvidas. Neste sentido, existe um projeto de lei complementar que fixa as normas de cooperação e a competência comum prevista pelo art.23, II, VI e VII, da Constituição Federal (PLP388/2997), em que, basicamente, são transcritos os critérios já estabelecidos pela Resolução nº 237 do CONAMA (BELTRÃO, 2009). Para Trennepohl (2008), no licenciamento os conflitos se dão pela indefinição do ente federado causado pela falta de lei de ordenamento de competências. A falta da lei complementar referente ao art. 23 da Constituição, para a definição de competência para licenciamento ambiental, faz com que diversas correntes doutrinárias se manifestem. Assim, na tentativa de estabelecer critérios para a definição de autoridade, para executar a ação, já que as próprias normas são conflituosas e adotam diversos critérios para a definição de competência.