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PROCEDIMENTO LICITATÓRIO AUTOTUTELA ATO DISCRICIONÁRIO LEGALIDADE DA REVOGAÇÃO ART.

49 DA LEI Nº 8.666/1993. CONTRADITÓRIO PRÉVIO. DESNECESSIDADE. INEXISTÊNCIA DE ADJUDICAÇÃO DO OBJETO E HOMOLOGAÇÃO DO CERTAME. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO. PRECEDENTES DO STJ. NOVO EDITAL LICITATÓRIO. CHAMAMENTO PÚBLICO. REGULARIDADE. PERMISSÃO DE PARTICIPAÇÃO DE TODOS OS LICITANTES ANTERIORES. 1. O ato de cancelamento do procedimento licitatório revela-se legítimo, pois é permitido à Administração Pública desfazer seus próprios atos, por razões de conveniência e oportunidade. 2. A revogação do processo licitatório antes da homologação do certame e da adjudicação do objeto não confere prévia manifestação aos concorrentes, ou seja, inexiste direito adquirido a ser protegido pelos princípios do contraditório e da ampla defesa. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJPR - 5ª C.Cível - 0039291-93.2017.8.16.0000 - Pontal do Paraná - Rel.: Desembargador Nilson Mizuta - J. 10.07.2018) (TJ-PR - AI: 00392919320178160000 PR 0039291-93.2017.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Desembargador Nilson Mizuta, Data de Julgamento: 10/07/2018, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 12/07/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. PREGÃO PRESENCIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA. MUNICÍPIO DE GUAÍBA. REVOGAÇÃO POR INTERESSE PÚBLICO. ABERTURA DE NOVO CERTAME NA MODALIDADE ELETRÔNICA. POSSIBILIDADE. 1. A Prefeitura Municipal de Guaíba, por meio do Pregão Presencial n. 024/2017, menor valor global mensal, objetivou a contratação de empresa capacitada à prestação de serviços gerais de limpeza, com material de consumo, saneantes e equipamentos, totalizando cem postos de trabalho, estimando o valor global mensal máximo para a contratação em R$ 393.000,00. No caso, o Prefeito Municipal, no dia 23/10/2017, adotando como razões de decidir o parecer jurídico n. 108/2017, determinou a revogação da licitação por questões de interesse público, determinando a abertura de novo certame na modalidade

eletrônica, uma vez que, na forma eletrônica, o pregão propiciaria maior competitividade e, consequentemente, maior vantagem econômica ao Município. 2. No exercício do seu poder discricionário, a Administração Pública pode revogar o procedimento licitatório, por razões de interesse público, cabendo ao Poder Judiciário, por sua vez, avaliar a legalidade do ato, sendo vedado adentrar no âmbito de sua discricionariedade, fazendo juízo a respeito da conveniência e... oportunidade, bem como acerca da efetiva existência de interesse público. No caso concreto, o Prefeito Municipal, no âmbito do seu poder discricionário, revogou o certame n. 024/2017, compreendendo pela existência de ofensa à competitividade e ao interesse público, à medida que, no formato eletrônico, existiria maior competitividade e, consequentemente, maior vantagem econômica ao ente público municipal. A revogação do procedimento licitatório é considerado ato administrativo, pelo que é necessária a devida fundamentação e motivação (justo motivo para o seu desfazimento), além do cumprimento das disposições contidas na legislação. Nessa perspectiva, o art. 49 da Lei de Licitações possibilita a revogação do certame, em caso de interesse público, restando reafirmada tal disposição pelo art. 18, caput, do Decreto n. 3.555/2000, que regulamenta a modalidade de licitação chamada de pregão. Inteligência da Súmula n. 473 do Supremo Tribunal Federal. 3. Na espécie, o Prefeito Municipal revogou o Pregão Presencial, de maneira fundamentada e com supedâneo em dispositivos legais e em parecer do Assessor Jurídico Municipal, ratificado pelo Procurador- Geral do Município, entendendo pela ausência de competitividade, fazendo constar expressamente que a realização de Pregão Eletrônico... propiciaria maior competitividade e, por consequência, maior vantagem econômica ao ente municipal. Nesse contexto, de acordo com a prova carreada aos autos, considerando que uma das finalidades da licitação é a obtenção da melhor proposta, com mais vantagens e prestações menos onerosas para a Administração Pública, de maneira que deve ser garantida a participação do maior número de competidores possíveis, não se há falar na ilegalidade do ato revogatório 4. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses de revogação da licitação, antes de sua homologação, faz ressalvas à aplicação do disposto no art. 49, § 3º, da Lei n. 8.666/1993, compreendendo que o contraditório e a ampla defesa somente são exigíveis quando o procedimento licitatório houver sido concluído, o que, todavia, ainda não havia ocorrido na hipótese dos autos. Por tudo isso, inexiste violação ao devido processo legal, justamente porque só há contraditório antecedente à revogação quando existente o direito adquirido (conclusão do procedimento licitatório, com homologação e adjudicação do serviço licitado), não dispondo o mero titular de expectativa de direito da garantia ao contraditório. NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº 70075958777, Segunda... Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laura Louzada Jaccottet, Julgado em 28/03/2018).

(TJ-RS - AI: 70075958777 RS, Relator: Laura Louzada Jaccottet, Data de Julgamento: 28/03/2018, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 05/04/2018)

E mais:

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 24.196 - DF (2018/0077987-3)

RELATOR: MINISTRO BENEDITO GONÇALVES

IMPETRANTE: FUNDACAO EDUCATIVA MANOEL VIEIRA DA MOTA ADVOGADOS: MIGUEL EYER NOGUEIRA BARBOSA - MG108011 FERNANDA SENE VIEIRA - DF037191 EDIO HENRIQUE DE ALMEIDA JOSE E AZEVEDO - DF034272 IMPETRADO: MINISTRO DA CIENCIA TECNOLOGIA

INOVAÇÃO E COMUNICAÇÕES INTERES.: UNIÃO

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.

LICITAÇÃO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO. OMISSÃO NA CONTINUIDADE DO CERTAME PARA A EFETIVAÇÃO DA OUTORGA. REVOGAÇÃO DO CERTAME. CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE. ART. 53 DA LEI 9784/99. ART. 49, DA LEI 8.666/93. AUSÊNCIA DE DIREITO SUBJETIVO. DECISÃO Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado pela Fundação Educativa Manoel Vieira da Mota contra o Despacho n. 1813/2017 (fl. 310) do Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que

revogou parcialmente o Aviso de Habilitação nº 4/2012. A impetrante conta que participou do Aviso de Habilitação n. 4/2012, para a seleção de entidade apta a executar o serviço de radiodifusão sonora em frequência modulada (FM), com fins exclusivamente educativos, em diversas localidades, dentre as quais Caucaia/CE. Alega que o Despacho nº 1813/2017 (fl. 310) revogou parcialmente o Aviso de Habilitação n. 4/2012, retirando do certame apenas o Município de Caucaia/CE. Defende que a exclusão do Município de Caucaia/CE é ilegal. Relata que foi declarada vencedora pelo Edital 70/2013, mas, após, o Ministério emitiu a Nota Técnica 1663/2013, tornando sem efeito atos anteriores, por entender que deveriam expressar que a documentação a ser complementada referia-se àquela exigida pelo Anexo II da Portaria 355/2012, não à Portaria 420/2011. Contudo, posteriormente, foi emitida a Nota Técnica 8283/2014, que concluiu que nenhuma das proponentes atendia aos requisitos editalícios de habilitação; de modo que foi publicado o Edital 25/2014, que tornou sem efeito diversos atos e concedeu às proponentes novo prazo para indicação da documentação especificada. Com isso, das 3 proponentes então habilitadas, a impetrante foi classificada em 1º lugar, publicando-se o Edital 29/2015, que tornava público tal resultado. Não obstante, por equívoco, o Edital 29/2015 tornava sem efeito o Edital 25/2014 (que anteriormente procurara corrigir o procedimento). Ainda, a subsequente Nota Técnica 14418/2015 identificou novos 'equívocos' que levaram ao indeferimento da proposta de uma das proponentes e influenciaram no resultado final. A Conjur, então, pelo Parecer 1214/2016, manifestou-se no sentido de que o certame fosse anulado a partir do Edital 25/2014. No entender da impetrante, tal parecer foi equivocado. Além disso, o Parecer 188/2017/CONJUR foi no sentido da possibilidade de revogação do certamente em relação a Caucaia/CE, sendo tal Parecer adotado pelo ato apontado como coator. Requer, liminarmente, a sustação dos efeitos do Despacho 1813/2017, garantindo-se que, ao final, o canal 297E, em Caucaia/CE, esteja livre para que seja consignado à impetrante. Ao final, pede a cassação do Despacho 1813/2017 e a determinação de que a autoridade impetrada "tome as providências legais cabíveis a fim de concluir o certame para seleção de entidade que virá a executar o serviço de radiodifusão sonora em frequência modulada, em caráter exclusivamente educativo, no município de Caucaia, CE, instaurado no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações por intermédio do Aviso de Habilitação n. 4/2012". Deixou-se para apreciar o requerimento liminar após a vinda das informações (fl. 331). A União manifestou interesse no feito à fl. 335. As informações foram prestadas às fls. 341/662. Sustenta, em síntese, que verificou irregularidades na condução do certame, daí decorrente a necessidade de revogação parcial da licitação; que a publicação de novo Edital garantirá que todos os interessados possam concorrer de forma isonômica, sem os vícios que se fizeram presentes no certame; e que o fato de a impetrante haver sido declarada vencedora não lhe confere direito adquirido à concessão da outorga, pois não houve homologação do certame pela autoridade competente nem assinatura de contrato de concessão pelo Ministério. A Nota Informativa nº 1044/2018 (fls. 349 e ss.), que acompanhou as informações, esclarece que a dúvida primária era se seria aplicável ao certame o procedimento da Portaria 420/2011 (caso em que todas as proponentes seriam inabilitadas) ou o da Portaria 355/2012 (que permitia a complementação da documentação). Esclarece, ademais, que a Nota Técnica 12438/2016 considerou que os documentos apresentados pelos postulantes já estavam vencidos e que não era mais possível prosseguir-se com o certame, com a anulação e retorno de fase, sem violação da isonomia, uma vez que "todas as proponentes teriam novas chances de complementação de documentos, de modo que entidades que negligenciaram a complementação em outra oportunidade agora poderiam lograr habilitação, de modo que a entidade impetrante poderia vir a sequer ser a vencedora desse certame" (fl. 354). O Ministério Público Federal manifestou-se (fls. 667/676) pela denegação da ordem, ao entendimento de que a impetrante, ainda que na condição de vencedora do processo licitatório, não tem direito subjetivo à concessão da outorga perseguida, uma vez que a adjudicação confere mera expectativa da direito de contratar, submetida à conveniência e oportunidade da Administração Pública. Acrescenta que restaria à impetrante postular, nas vias ordinárias, eventual indenização. É o relatório. Trata-se de examinar mandado de segurança em que se alega a ilegalidade do Despacho n. 1813/2017 (fl. 310) do Ministro de Estado da Ciência,

Tecnologia, Inovações e Comunicações, que adotou como fundamentos aqueles constantes do Parecer n. 188/2017/CONJUR (fls. 299/305), do qual destaco os fundamentos centrais para a revogação do certame no que diz respeito a Caucaia/PE (fl. 304): 31. Sobre esse especialíssimo aspecto, a Secretaria de Radiodifusão afirma peremptoriamente que "a revogação desse processo se mostra, na prática, como solução mais razoável para o caso, visando ao atendimento do interesse público, não ocorrendo, com a garantia da não extinção do canal em comento, a violação da equidade ou da expectativa de direito conferida às interessadas na referida outorga", entendimento este lastreado nos óbices e dificuldades que se apresentam na hipótese de anulação de apenas fases da seleção, inequivocamente apresentadas no seguinte excerto da Nota Técnica n. 32083/2016/SEI-MCTICN, repita-se: "5. Esta orientação pela anulação com retorno de fase ensejaria uma série de novos questionamentos à Consultoria Jurídica, cuja exemplificação seria a seguinte: como proceder a análise sendo que praticamente todos os documentos à época exigidos já se encontram vencidos? Como proceder em relação aos instrumentos jurídicos com instituições de ensino firmados que não possuem mais validade pelo decurso do tempo? Como proceder diante da ocorrência de que entidades que não apresentaram documentos à tempo na época da primeira análise poderão agora apresentar, prejudicando-se assim entidades que se mantiveram diligentes na apresentação tempestiva do exigido? De quais entidades solicitar novos documentos? Como lidar com as descobertas de falhas em documentos, que só foram obtidos em virtude da apresentação de recursos posteriores ao Edital nº 25; tais informaç.es devem ser consideradas na nova análise? Enfim, demandas para as quais não se visualiza soluções de pronto a fim de se evitar a violação das normas procedimentais de radiodifusão educativa ou de princípios constitucionais. O processo estaria fadado a se prolongar por nova e longa sucessão temporal". 32. Posta, assim, a realidade processual, tem-se que a Administração se vê, em razão das circunstâncias acima apresentadas, diante de absoluta impossibilidade fática de dar prosseguimento e conclusão escorreita ao certame, a partir da anulação de fases do processo, em face das múltiplas razões apresentadas. Neste sentido, quer se me parecer que aqui não mais se trata de eleição da melhor solução possível para o deslinde do caso concreto e sim de imposição circunstancial de solução única que se apresenta viável à defesa do interesse público e das entidades participantes, de modo a não ser eternizada a inconclusão do feito. O Parecer adotado pela autoridade impetrada chegou a tal conclusão a partir da ocorrência de equívoco na publicação do Edital 29/2015, que trazia o resultado (ainda sujeito a recurso) do certame. Tal equívoco consistiu no seguinte: o Edital 29/2015 tornava sem efeito o Edital 25/2014 (que anteriormente procurara corrigir o procedimento). Embora não houvesse motivo para tornar sem efeito o Edital 25/2014 (que anteriormente procurara corrigir o procedimento, conferindo prazo para as proponentes complementarem documentação), o fato é que foi publicado tal ato oficial que tornava tal Edital 25/2014 sem efeito. Com isso, gerou-se um imbróglio que levou a equipe jurídica vinculada ao Ministério a entender que não havia solução jurídica possível diversa da revogação do certame no que dizia respeito ao Município de Caucaia/CE. Com efeito, como considerou o parecer adotado pela autoridade impetrada, não bastava retornar-se ao estágio processual equivalente à retomada a partir do Edital n. 25/2014, pois isso importaria violação à isonomia entre as concorrentes, pois postulantes que não haviam apresentado documentos bastantes poderiam receber uma nova (e indevida) oportunidade e poderiam, inclusive, sagrar-se vencedoras do certame. É verdade que se poderia sustentar, como pretende a impetrante, que a parte do Edital 29/2015 que tornava sem efeito o Edital 25/2014 era mero erro material, que pudesse ser corrigido. Não obstante, é também sustentável a posição da Consultoria Jurídica do Ministério, no sentido de que o direito brasileiro não admitiria a repristinação do Edital 25/2014, aplicando- se analogicamente o disposto no art. 1º, § 3º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Dado o imbróglio jurídico, a autoridade impetrada houve por bem "revogar" o Aviso de Habilitação nº 4/2012, "com base no princípio discricionário da Administração Pública" (fl. 309). Ou seja, o fundamento para a revogação não foi a ilegalidade (que conduziria à "anulação"), mas a discricionariedade Administrativa, considerada a dificuldade em dar-se prosseguimento ao certame sem prejuízo à isonomia. O fundamento legal do ato apontado como coator é o art. 53 da Lei 9784/99, que tem a seguinte

redação: Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Assim sendo, incumbe verificar se a impetrante tinha direito adquirido à outorga ou à continuidade do certame, como pretende nestes autos. No ponto, como acentuado no parecer ministerial, esta Corte tem a firme orientação no sentido de que não há direito adquirido à assinatura de negócio jurídico com o Poder Público, podendo-se revogar o procedimento licitatório antes da assinatura, em defesa do interesse público. Neste sentido: ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE RADIOJORNALISMO. OMISSÃO NA ASSINATURA DO CONTRATO ADMINISTRATIVO. POSTERIOR REVOGAÇÃO DO CERTAME. ESVAZIAMENTO DO OBJETO. 1. Mandado de segurança impetrado com objetivo de exigir assinatura de contrato administrativo decorrente de pregão em que a impetrante restou vencedora. 2. O art. 49 da Lei n. 8.666/93 estabelece que o procedimento licitatório poderá ser desfeito em virtude da existência de vício no procedimento ou por razões de conveniência e oportunidade da Administração Pública 3. Por demandar dilação probatória, descabe o debate na via mandamental sobre a razoabilidade da motivação apresentada pela autoridade coatora para justificar a não assinatura do contrato administrativo. 2. A posterior revogação do procedimento licitatório esvazia o objeto do mandamus. 3. Segurança denegada. (MS 21.173/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/05/2015, DJe 03/11/2015) PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE

SEGURANÇA. LICITAÇÃO. PREGÃO. REVOGAÇÃO.

CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE. ART. 49, DA LEI 8.666/93. CONSUMAÇÃO DO CERTAME. SUPERVENIENTE CARÊNCIA DO INTERESSE DE AGIR. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. 1. A conclusão de procedimento licitatório no iter procedimental de Mandado de Segurança, por não lograr êxito a tentativa paralisá-lo via deferimento de pleito liminar, enseja a extinção do writ por falta de interesse de agir superveniente (art. 267, VI, do CPC). Precedentes do STJ: RMS 23.208/PA, DJ 01.10.2007 e AgRg no REsp 726031/MG, DJ 05.10.2006. 2. In casu, a Administração Pública do Estado do Rio Grande do Sul realizou Licitação, sob a forma de Pregão Presencial n.º 005732-24.06/06/8, para fins de contratação de serviços de telefonia de longa distância nacional e de longa distância internacional, no qual sagrou-se vencedora a empresa Brasil Telecom, por ter ofertado o melhor preço, tendo sido adjudicado o objeto do certame, consoante se infere dos autos da MC 11.055/RS. 3. Ad argumentandum tantum, a pretensão veiculada no Mandado de Segurança ab origine, qual seja, suspensão dos efeitos do Pregão 047/SEREG/2005, com a consequente restauração e manutenção do Termo de Registro de Preços 066/2005, firmado entre a EMBRATEL e a Administração Pública do Estado do Rio Grande do Sul, não revela liquidez e certeza amparáveis na via mandamental. 4. A exegese do art. 49, da Lei 8.666/93, denota que a adjudicação do objeto da licitação ao vencedor confere mera expectativa de direito de contratar, sendo certo, ainda, que eventual celebração do negócio jurídico subsume-se ao juízo de conveniência e oportunidade da Administração Pública. Precedentes: RMS 23.402/PR, SEGUNDA TURMA, DJ 02.04.2008; MS 12.047/DF, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ 16.04.2007 e MC 11.055/RS, PRIMEIRA TURMA, DJ 08.06.2006. 5. In casu, a revogação do Pregão nº 001/SEREG/2005, no qual a empresa, ora Recorrente, se sagrara vencedora, decorreu da prevalência do interesse público, ante a constatação, após a realização do certame, de que o preço oferecido pela vencedora era superior ao praticado no mercado. 6. Recurso ordinário desprovido. (RMS 22.447/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 18/02/2009) ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. LICITAÇÃO. OFENSA AO ART. 1.022 DO CPC/2015 NÃO CONFIGURADA. REVOGAÇÃO DO CERTAME. POSSIBILIDADE. OFENSA AO CONTRADITÓRIO. INEXISTÊNCIA. REVOGAÇÃO POR INTERESSE PÚBLICO. REVISÃO DO JULGADO COMBATIDO. IMPOSSIBILIDADE. NECESSÁRIO REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO- PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. 1. Constata-se que não se configura a ofensa ao art. 1.022 do CPC/2015, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, em conformidade com o que lhe foi

apresentado. 2. "O procedimento licitatório pode ser revogado após a homologação, antes da assinatura do contrato, em defesa do interesse público. O vencedor do processo licitatório não é titular de nenhum direito antes da assinatura do contrato. Tem mera expectativa de direito, não se podendo falar em ofensa ao contraditório e à ampla defesa, previstos no § 3º do artigo 49 da Lei nº 8.666/93" (RMS 30.481/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19/11/2009, DJe 02/12/2009). 3. No mais, o Tribunal de origem, com base no contexto fático-probatório dos autos, concluiu que ficou configurado o interesse público na revogação do certame em comento, ao considerar a necessidade de se garantir tratamento isonômico às partes, facultando aos licitantes a apresentação de novas propostas. É inviável, portanto, analisar a tese defendida no Recurso Especial, pois inarredável a revisão do conjunto probatório dos autos para afastar as premissas fáticas estabelecidas pelo acórdão recorrido. Aplica-se o óbice da Súmula 7/STJ. 4. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. (REsp 1731246/SE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/06/2018, DJe 26/11/2018) Por tais razões, não havendo direito líquido e certo do impetrante ao reconhecimento de ilegalidade ou abuso de poder, denego a segurança (artigo 214, parágrafo único, RI/STJ). Custas pelo impetrante. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios (art. 25 da Lei 12.016/2009). Publique-se e intimem-se. Brasília (DF), 22 de maio de 2019. MINISTRO BENEDITO GONÇALVES Relator (STJ - MS: 24196 DF 2018/0077987-3, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data de Publicação: DJ 29/05/2019)

Logo, o procedimento licitatório, da mesma forma, está sujeito a autotutela, podendo ser revogado ou anulado de acordo com o interesse público. O artigo 49 da Lei Federal n. º 8.666/93 confirma esse princípio:

Art. 49. A autoridade competente para aprovação do procedimento somente poderá revogar licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.

Conforme jurisprudência acima, o artigo 49 da Lei 8666/93 e a súmula 473 do STF autorizam a revogação do certame, não necessitando oportunizar contraditório e ampla defesa aos licitantes, pois não fora sequer homologado e/ou adjudicado.

Por fim, recomenda a revogação do Procedimento Licitatório em comento, ante a ausência de empresas aptas e interessadas no quantitativo do item 01 do Termo de Referência, o qual resta demonstrado o fato superveniente, não podendo dar continuidade no procedimento licitatório, nos termos do artigo 49 da Lei nº 8.666/93.

É importante destacar que a presente justificativa não vincula a decisão superior acerca da conveniência e oportunidade do ato de revogação da licitação, apenas faz uma contextualização fática e