• Nenhum resultado encontrado

Procedimento para constituição de reservas de recrutamento em órgão ou serviço

No documento Direito do trabalho em funções públicas (páginas 79-85)

DIREITO DO TRABALHO EM FUNÇÕES PÚBLICAS

3. Procedimento para constituição de reservas de recrutamento em órgão ou serviço

Conforme já se sublinhou, o regime do procedimento comum é igualmente aplicável, com as necessárias adaptações, ao procedimento de constituição de reserva de recrutamento por parte do órgão ou serviço (artigo 32.º, n.º 1, que determina a aplicabilidade dos Capítulos II e III, não se percebendo a menção expressa ao artigo 30.º, porquanto este integra o Capítulo III). 4. Procedimento de recrutamento centralizado

Esta nova modalidade de recrutamento, agora criada, dispõe de um quadro regulatório autónomo, cujos traços gerais agora se discriminam, sem prejuízo de uma ulterior dissecação, mais profícua após a sua efetiva aplicação prática.

Tal modalidade é conduzida pela Direção Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas (INA), como entidade centralizadora do recrutamento (artigo 33.º), sendo o procedimento aberto por despacho do membro do governo responsável pelas finanças e pela Administração Pública, a publicar na II Série do Diário da República (artigo 34.º, n.ºs 1 e 2). Os mesmos membros do Governo podem aprovar uma tabela fixando os valores a cobrar pela realização do recrutamento centralizado e o seu modo de pagamento (artigo 34.º, n.º 6). A definição do contingente do recrutamento deverá constar do despacho ministerial de abertura ou, se tal não acontecer, será fixado em função das necessidades de recursos humanos identificadas e aprovadas no mapa anual global consolidado de recrutamentos autorizados (artigo 35.º, n.º 1).

O procedimento decorre na BEP, dispondo os interessados de um prazo de apresentação de candidatura a fixar entre um 10 e 15 dias úteis, contados da data da publicação na BEP do aviso de abertura (artigo 37.º, n.ºs 1 e 2).

DIREITO DO TRABALHO EM FUNÇÕES PÚBLICAS

2. A Portaria n.º125-A/2019, de 30 de abril: o âmbito de aplicação, as modalidades do procedimento concursal, os métodos de seleção e negociação de posições remuneratórias No entanto, refere-se que este procedimento será “realizado por meios eletrónicos, incluindo as respetivas notificações” (artigo 37.º, n.º 1), aparentando a imposição de apresentação da candidatura por via eletrónica.

Os métodos de seleção a aplicar para constituição de reservas são a prova de conhecimentos e a avaliação psicológica, com ponderação de 70% e 30%, respetivamente (artigos 38.º, n.º 1 e 39.º, n.º 1).

A reserva de recrutamento constitui-se com a primeira homologação da lista de ordenação final da reserva, de acordo com a referência definida no aviso de abertura, com uma validade de 24 meses, contados a partir da data da realização da prova de conhecimentos (artigo 41.º, n.º 1).

Uma vez constituída a reserva, o INA publicita a oferta na BEP, indicando, designadamente (artigo 42.º, n.º 4, alíneas a) a e)) a referência, o órgão ou serviço e respetivos postos de trabalho, o local de trabalho, a indicação de que os parâmetros de avaliação da entrevista profissional de seleção, a grelha classificativa e o sistema de valoração final, são facultadas aos candidatos sempre que solicitadas e, por fim, a composição do júri para cada referência e órgão ou serviço.

O método de seleção a aplicar no procedimento de oferta de colocação é a entrevista profissional de seleção, com um peso de 70%, enquanto a classificação obtida na lista de ordenação final da reserva tem um peso de 30 % (artigo 42.º, n.ºs 3 e 8).

Pela nossa parte, consideramos excessivo o peso atribuído à entrevista profissional de seleção, considerando o seu caráter mais subjetivo face à prova de conhecimento e à avaliação psicológica, pese embora este método de seleção apenas condicionar a seleção da concreta entidade pública onde o trabalhador será colocado (e não a própria constituição da reserva de recrutamento).

Por fim, poderão ainda ter lugar algumas diligências adicionais, tais como:

a) Abertura de nova oferta de colocação para a mesma referência, de acordo com as necessidades manifestadas pelos órgãos ou serviços nos despachos de abertura do procedimento para constituição de reserva, enquanto existirem candidatos aprovados na lista de reserva, durante o respetivo prazo de validade, incluindo os postos de trabalho que não tenham sido preenchidos em procedimento de oferta de colocação anterior (artigo 43.º, n.ºs 1 e 2); ou

b) Aplicação da avaliação psicológica a novo conjunto de candidatos, sempre que não existam candidatos na reserva válida em número suficiente para as necessidades manifestadas pelos órgãos ou serviços que se encontrem incluídas nos despachos de abertura do procedimento para constituição de reserva, na proporção do triplo dos candidatos em face destas necessidades (artigo 44.º, n.º 1).

DIREITO DO TRABALHO EM FUNÇÕES PÚBLICAS

2. A Portaria n.º125-A/2019, de 30 de abril: o âmbito de aplicação, as modalidades do procedimento concursal, os métodos de seleção e negociação de posições remuneratórias 5. Articulação entre os procedimentos de recrutamento

Cotejando o atual regime e confrontando-o com o anterior, regista-se a eliminação de uma norma de teor análogo ao artigo 4.º, n.º 1, da Portaria n.º 83-A/2009 (com a epígrafe “Eliminação da articulação entre os procedimentos concursais”), que assim rezava:

“Identificada a necessidade de recrutamento que não possa ser satisfeita por recurso à reserva constituída no próprio órgão ou serviço, o seu dirigente máximo consulta a entidade centralizada para constituição de reservas de recrutamento (ECCRC) no sentido de confirmar a existência ou não de candidatos, em reserva, que permita satisfazer as características dos postos de trabalho a ocupar, tal como definidas no mapa de pessoal.”.

Porém, de tal omissão não resulta uma total ausência, na atual Portaria, de normas de conjugação entre as diversas modalidades de procedimento, designadamente as seguintes:

a) Em caso de, no final de um procedimento concursal comum, a lista de ordenação final conter um número de candidatos aprovados superior ao dos postos de trabalho a ocupar, é constituída uma reserva de recrutamento interna, a utilizar no prazo máximo de 18 meses contados da data da homologação da lista de ordenação final, sempre que haja necessidade de ocupação de idênticos postos de trabalho e, embora nesse prazo seja possível iniciar um novo procedimento concursal, não pode efetuar-se a colocação sem esgotar previamente a reserva de recrutamento interna válida (artigo 30.º, n.ºs 3 a 5); e

b) A utilização da reserva resultante do procedimento concursal para constituição de reserva de recrutamento de um empregador público depende da inexistência de candidatos em reserva constituída em procedimento concursal comum (artigo 32.º, n.º 2).

DIREITO DO TRABALHO EM FUNÇÕES PÚBLICAS

2. A Portaria n.º125-A/2019, de 30 de abril: o âmbito de aplicação, as modalidades do procedimento concursal, os métodos de seleção e negociação de posições remuneratórias Vídeo da apresentação 1

https://educast.fccn.pt/vod/clips/1nrwopu0da/streaming.html?locale=pt

Vídeo da apresentação 2

https://educast.fccn.pt/vod/clips/14ad96y7ck/streaming.html?locale=pt

DIREITO DO TRABALHO EM FUNÇÕES PÚBLICAS

No documento Direito do trabalho em funções públicas (páginas 79-85)