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Procedimentos Adicionais Que Fomentam a Manutenção dos Sócios no GHFC

CORPO TEÓRICO

5. Breve Estudo de Caso: o Gainesville Health & Fitness Center (GHFC)

5.2 Procedimentos Adicionais Que Fomentam a Manutenção dos Sócios no GHFC

Esta organização é muito flexível e capaz de se adaptar a novas exigências. Por isso, as situações mais rigorosas em termos de políticas e procedimentos estão relacionadas com a missão, as rochas e o serviço aos clientes. No entanto, ao nível da retenção procuram ainda algumas acções adicionais (sabendo que é no dia a dia que fomentam a manutenção dos sócios). Têm por isso cuidado especial com os sócios que estão a 6 meses de renovar o seu contrato (que habitualmente é de 2 anos) e com os sócios que vieram menos de 4 vezes durante um mês. Efectuam portanto acções de prevenção a que podemos mesmo chamar de “prevenção de recaída”. Aliás, os vários procedimentos dos funcionários baseiam-se muito mais na prevenção do que na resolução de problemas e emergências. Os sócios que visitam mais do que 10 vezes num mês o clube também são alvo de uma abordagem especial. Junto destes se procura saber se gostariam de experimentar alguma aula ou serviço diferente e faz-se uma oferta. Solicita-se também a estes sócios que tenham a amabilidade de referir alguns amigos para serem contactados no sentido de virem a ser sócios. “Prevenção de

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recaída”, apoio social, afixação de sinais que mostram ideias positivas sobre o exercício físico, um sistema interno de televisão, conhecer o melhor possível o sócio, não deixar cair a emoção dos sócios, seminários educativos sobre saúde e estilo de vida, aulas diversificadas que incluem várias ofertas para as populações especiais (hipertensos, obesos, artríticos, etc), um percurso inicial do sócio acompanhado de perto pelo chamado consultor de fitness, são estratégias que ajudam a manter os sócios durante vários anos.

Resumindo, uma coerência de actuação prática cheia de atitudes preventivas e educativas num ambiente familiar e livre de intimidação onde os sócios são tratados pelo seu nome e reconhecidos como individualidades numa população enorme (24 mil sócios). A visão é clara e flui através de todos os funcionários do clube que a colocam em prática com muita dedicação. Isto vem reforçar ideias como as de Rittner (2005), que refere que os clientes de um ginásio reconhecem atributos como consistência, competência, honestidade, justiça, responsabilidade, prestatividade e boa vontade dos serviços prestados através do profissionalismo, idoneidade, assiduidade, seriedade e educação demonstrados pelos funcionários junto dos alunos. O ponto que se destaca e premeia é a confiança e a relação pessoal. O relacionamento não pode ser efectuado de forma mecânica. Necessita da presença do elemento humano verdadeiramente interessado e comprometido com o cliente.

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1. Introdução

O sedentarismo é um dos problemas mais importantes da sociedade actual. Os governos têm promovido políticas que pretendem prevenir a falta de exercício na população, para as quais elaboraram programas que procuram implementar ao longo de todo o ciclo vital (Muévete Botogá na Colômbia, Agita São Paulo no Brasil, etc...). Foi demonstrado que o exercício físico realizado de forma regular e com a intensidade apropriada, proporciona benefícios físicos, psicológicos e sociais (OMS, 2006). A maior parte da população é consciente disso, no entanto, são poucas as pessoas que incorporam o exercício regular na sua vida diária.

Nos últimos tempos, o leque de possibilidades para realizar exercício físico aumentou consideravelmente. O aparecimento da indústria do fitness marcou um acontecimento sem precedentes, com uma oferta ampla de actividades num ambiente agradável e controlado (health clubs, ginásios ou fitness centers). Segundo a International Health Racquet & Sportsclub Association, IHRSA (2006) a indústria do fitness move aproximadamente 5% da população da Península Ibérica, com uma facturação estimada em 450 milhões de euros. No entanto, o interesse científico por este tipo de actividades não recebeu atenção até muito recentemente (Lagrosen e Lagrosen, 2007). A maior parte dos trabalhos centraram-se na relação qualidade- satisfação dos utilizadores (Lam, Zhang, e Jensen, 2005), os motivos para praticar actividades físicas nos ginásios (Moutão, 2004) e a dualidade adesão-abandono (Dishman e Buckworth, 1996). Este último aspecto é preocupante, tanto para a indústria (por causar perdas económicas volumosas), como para o próprio praticante, pois o abandono da actividade não permite obter os benefícios que esta proporciona à sua saúde. A adesão-abandono do exercício são problemas que têm estado presentes entre os profissionais do exercício e os responsáveis pela saúde pública durante décadas, mas apenas começaram a ser estudados de forma sistemática nos últimos 20 anos. (William e Klein, 2004). A taxa de abandono de um programa de exercício mantém-se elevada até aos 12 meses, com uma média de abandono de 50% (Comoss,

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1988; Song e Lee, 2001). Uma das peculiaridades da maioria dos ginásios é a quantidade de pessoas que iniciam um programa de treino e não são capazes de o manter (Sassatelli, 1999). Esta circunstância pode explicar o facto do número de ex- sócios ser mais elevado do que o dos sócios activos nos centros de fitness (IHRSA, 1998).

A percepção do ambiente do ginásio pode ser determinante no momento de iniciar, manter ou abandonar uma actividade física. Neste sentido, Lindgren e Fridlund (2000), estudaram as percepções de um grupo de mulheres sedentárias sobre os health clubs, tendo como resultado que, a maioria era da opinião que, nestes centros existe uma cultura excessivamente centrada em pessoas bem treinadas, na beleza física e em corpos magros.

A participação em actividades físicas também está condicionada por factores ambientais (Humpel, Owen, e Leslie, 2002). Os modelos ecológicos defendem que o ambiente social e físico, assim como os factores individuais, têm um papel fundamental no processo de mudança para comportamentos saudáveis (McNeill, Wyrwich, Brownson, Clark, e Kreuter, 2006). Stahl, Rutten, Nutbeam, Bauman, Abel, e Luschen (2001) reforçam essa situação, ao afirmar que parecem existir relações entre os aspectos do ambiente social-físico e a participação na actividade física.

Weinberg e Gould (2007), dividem os factores associados à participação no exercício físico em: demográficos, cognitivos/personalidade, comportamentos, ambiente social, ambiente físico e características da actividade. Consideram que, entre estes factores, existem uma série de determinantes que fomentam positivamente a participação na actividade física: a educação, o género masculino, os rendimentos económicos, o prazer com o exercício físico, esperar benefícios de saúde, a intenção de fazer exercício físico, a percepção da saúde, a auto-eficácia para o exercício, a auto-motivação, a coesão de grupo, influências familiares no passado, apoio social, acesso real e acesso percebido às instalações, programa de grupo e qualidades do líder do exercício.

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As razões sociais parecem ser um factor chave para que os sócios se mantenham nos ginásios, nas quais influem aspectos concretos como: a gestão do ginásio, os funcionários em geral, os outros sócios, os professores, os programas de treino (Thompson e Wankel, 1980), as aulas (Glaros e Janelle, 2001), os serviços, o preço (Della Vigna e Malmendier, 2006), o apoio social (Kendler, 2001), a valorização do exercício (Annesi, 2004), a luminosidade dos ginásios, os equipamentos, a temperatura, os espaços, a limpeza, a falta de tempo (Tahara et al, 2003; Brownson et al. 2001), o acesso e localização, o estacionamento, a recepção ou as experiências anteriores positivas ou negativas dos indivíduos (Sena, 2006).

Relativamente ao abandono, os motivos que geralmente se apontam para desistir da prática de actividades físicas, são: individuais (personalidade, características psicológicas, cognitivas e biológicas); culturais (hábitos de pensamento, crenças pessoais, etc.); sociais (afectivos); motivos ambientais (ambiente físico, características da actividade, programas, etc.) (Dosil, 2004; IHRSA, 1998).

A perspectiva que se defende neste trabalho é a de William e Klein (2004), segundo a qual, é necessário conhecer as características dos utilizadores para ajudar a compreender como intervir desde que se inicia um programa de exercício físico de um ginásio e, desta forma, fomentar a adesão e reduzir as taxas de abandono. Para isso, é apresentado o processo de elaboração de um Questionário que pretende medir a percepção que os utilizadores têm dos ginásios, com a finalidade de que, os resultados permitam prever, de certa forma, a probabilidade do utilizador (sócio) se manter, ou abandonar a actividade a curto, médio e longo prazo.

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2. Metodologia