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4 PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: A BUSCA POR NOVOS POSSÍVEIS POR MEIO DA PESQUISA-AÇÃO COLABORATIVO-CRÍTICA

4.2 OS PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELO PESQUISADOR PARA A INVESTIGAÇÃO COM A ESCOLA

Para a realização da pesquisa, recorremos a procedimentos metodológicos que contribuíram com a constituição dos dados. Como afirma Tripp (2005, p. 446), em pesquisa ação, “[...] planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudança para a melhora de sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a respeito da prática quanto da própria investigação”. Diante dessa assertiva,

apresentamos o esquema adotado pelo pesquisador que auxiliou na organização das fases do estudo com a escola.

Imagem 01 - As fases da pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Nota: EI: Educação Infantil; EE: Educação Especial.

O primeiro passo trilhado foi solicitar autorização à municipalidade de Serra/ES. Foi elaborado um ofício e uma carta de apresentação sobre a intenção inicial da pesquisa e endereçados à Secretaria Municipal de Educação – em nome do atual secretário da pasta – para autorização da investigação. Trouxemos uma intenção de pesquisa porque a problemática e os caminhos da investigação se amadureceriam com os sujeitos participantes na/da pesquisa. Logo após, demos o segundo passo, agendando uma reunião com os(as) professores(as) e demais servidores do Centro Municipal de Educação Infantil escolhido para o desenvolvimento da pesquisa.

O pedido de autorização à escola aconteceu por meio de uma reunião realizada com todos os docentes, pedagogas e equipe de apoio. Este último grupo representado por auxiliares de secretaria, creche, serviços gerais, merendeiras e vigilantes. Optamos por envolver todos por entendermos que as relações estabelecidas entre o cuidar, o brincar e o educar na Educação Infantil transcendem a atuação dos professores(as), refletindo, diretamente, na ação de todos os profissionais da unidade de ensino. Nesse momento, foi discutido o interesse de o pesquisador realizar a pesquisa com o grupo

Autorização com o município Autorização com a escola Levantamento de documentos sobre a Educação, da EI e EE da Serra Escuta da escola e sistematização do currículo formativo Realização dos processos formativos Processos processuais de avaliação da formação 1 2 3 4 5 6

e amadurecendo a temática e problemática, definindo quem participaria, respeitando os princípios éticos e democráticos para se delinear a investigação.

Com a validação da Secretaria de Educação – Sedu/Serra – e dos profissionais da instituição, constituímos o terceiro passo da investigação. Procuramos realizar um levantamento de documentos sobre a Educação no município de Serra/ES, com destaque para a Educação Infantil e a Educação Especial, na tentativa de desvelar informações sobre a etapa de ensino e a modalidade, ou seja, concepções sobre criança, infância, currículo, formação docente, atendimento educacional especializado, além de dados quantitativos sobre número de escolas, estudantes, profissionais da Educação, dentre outros. Trouxemos como meta a análise dos seguintes documentos:

Quadro 02 - Documentos analisados no período de produção dos dados DOCUMENTOS ANALISADOS

Documento / Resolução / Decreto Esfera Governamental

Ano de publicação

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Federal 1998 Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da

Educação Inclusiva

Federal 2008 Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil Federal 2009

Base Nacional Comum Curricular Federal 2017

Regimento Referência para as Unidades de Ensino da Rede Municipal da Serra/ES

Municipal 2012

Termo de Ajuste e Conduta Municipal 2014

Diretrizes para a Educação Especial da Rede Municipal de Ensino da Serra/ES

Municipal 2015 Regimento referência para as unidades de ensino da rede

municipal da Serra/ES

Municipal 2019 Documentação de orientação aos Centros Municipais

Educação Infantil para fins de teletrabalho

Municipal 2020 Fonte: Elaborado pelo pesquisador (2020).

Tratam-se de normativas que objetivam a organização do trabalho educacional nas instituições escolares do município investigado.

Somando esforços aos procedimentos adotados, a quarta etapa se deu por meio da escuta sensível (BARBIER, 2004) sobre o cotidiano escolar, para identificar possíveis desafios, fragilidades, potencialidades, iniciativas, dentre outras questões que atravessavam o trato com os currículos escolares na interface entre Educação Infantil e Educação Especial. Promovemos encontros com os professores, os pedagogos e os demais servidores para que eles pudessem destacar questões necessárias à

inclusão de crianças público-alvo matriculadas na Educação Infantil, tensionando os currículos escolares, mas também levantando temas, estratégias e modos de se organizar a formação continuada na escola. Entrevistamos também profissionais em atuação na Sedu-Serra para melhor compreensão da política de Educação Infantil, da Educação Especial e da formação continuada de professores.

Como parte desta etapa da pesquisa, a partir das demandas apontadas pelos profissionais envolvidos na investigação, sistematizamos, coletivamente, a matriz curricular de um processo formativo, buscando contemplar temas que desafiam o trabalho na escola, adotando como premissa o currículo da Educação Infantil na interface com a Educação Especial, consequentemente, a busca pela constituição de práticas pedagógicas mais inclusivas. Assim, foi constituído o cronograma da formação com a organização dos dias, dos temas e dos mediadores, facilitando o desenvolvimento da formação em contexto.

Dessa forma, com o coletivo da escola, decidiu-se a carga horária, o cronograma, os temas e subtemas, além da definição dos próprios professores/pedagogos da escola como mediares. Ficou estabelecido: a) cada tema seria ministrado por uma dupla de profissionais; b) a formação se realizaria às quintas-feiras, ou seja, nos momentos de planejamento coletivo (matutino das 11h00min às 12h00min e vespertino das 17h00min às 18h00min); c) os temas seriam apresentados dentro de um tempo de 30 minutos, sendo o restante destinado a discussões coletivas. Além disso, utilizaram-se os três dias de atividades extracurriculares previstos no calendário escolar, neste caso, os encontros tiveram cinco horas de duração.

A quinta etapa é representada pela execução dos processos formativos. Neles foram explorados os temas considerados como relevantes pelos profissionais envolvidos na pesquisa. Eles aconteceram na sala de estudos com dinâmicas diversificadas adotadas pelos mediadores visando, assim, abordar os diferentes temas, como representados no Quadro 03, que apresentaremos a seguir:

Quadro 03 – Itinerário formativo com os dias de estudos, temas, mediadores, e quantitativo de participantes

ITINERÁRIO FORMATIVO – 2019

Mês/Dias Temas Mediadores

Quantitativo de Participantes Primeiro eixo formativo: o currículo e a Educação Infantil na perspectiva da inclusão escolar

Fevereiro 07, 14, 21 e

28

SALLES, F.; FARIA, V. Currículo na

Educação Infantil: diálogo com os demais

elementos da proposta pedagógica””. São Paulo: Ática, 2011, p. 78-167. Diretor Escolar Pedagogas Matutino e Vespertino 37 Março 07, 14 e 21

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes

Curriculares Nacionais para Educação Infantil. 2009. p. 06-36.

Contribuições para a construção do itinerário do processo de formação continuada de professores na escola. Diretor Escolar Pedagogas Matutino e Vespertino 37

Segundo eixo formativo: a formação continuada de professores (as) da Educação Infantil na interface com a Educação Especial

Março 28 e 29 Atividade Extraclasse

Filme: “O menino que descobriu o vento”. A formação continuada de professores na escola e suas contribuições para desenvolvimento de práticas docentes mais inclusivas na Educação Infantil.

Diretor Escolar Pedagogas Matutino e Vespertino 37

Terceiro eixo formativo: a história da Educação Especial na legislação brasileira

Abril 23 Atividade Extraclasse

Filme: “A família Belier”.

KASSAR, M. de C. M; REBELO, A. S. O

“Especial” na Educação, o Atendimento Especializado e a Educação Especial. IV

Seminário Nacional de Pesquisa em Educação Especial: Práticas Pedagógicas na Educação Especial: multiplicidade do atendimento educacional especializado. UFES, UFRGS, UFSCar, Serra, 2011. Diretor Escolar Pedagogas Matutino e Vespertino 37

Quarto eixo formativo: Os componentes curriculares que atravessam a prática docente na Educação Infantil

Abril 04, 11 e 18

TIRIBA, L. Crianças da Natureza. Anais do I Seminário Nacional: currículo em movimento. Perspectivas Atuais: Belo Horizonte, novembro de 2010. p. 1-20. Matutino Auxiliares de creche dos grupos II e III Vespertino Estagiárias 37 Abril 25 Maio 02 e 09

MICARELLO, H. Avaliação e transições na

Educação Infantil. Anais do I Seminário

Nacional: currículo em movimento. Perspectivas Atuais: Belo Horizonte, novembro de 2010, p. 1-14.

Matutino Professoras dos Grupos III

Vespertino Professora do Grupo V 37 Maio 16, 23 e 30 KISHIMOTO, T. M. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. Anais do

I Seminário Nacional: currículo em movimento. Perspectivas Atuais: Belo Horizonte, novembro de 2010, p. 1-20. Matutino Professoras dos Grupos V Vespertino Professoras áreas 37

específicas (EF e Arte) Junho 06 e 27 Julho 04

BAPTISTA, M. C. A linguagem escrita e o

direito à educação na primeira infância.

Anais do I Seminário Nacional: currículo em movimento. Perspectivas Atuais: Belo Horizonte, novembro de 2010, p. 1-17. Matutino Professoras Grupos IV Vespertino Professoras Grupos III 37 Agosto 01, 08 e 15 MONTEIRO, P. As crianças e o conhecimento matemático: experiências de exploração e ampliação de conceitos e relações matemáticos. Anais do I Seminário

Nacional: currículo em movimento. Perspectivas Atuais: Belo Horizonte, novembro de 2010, p. 1-17. Matutino e Vespertino Professoras da Educação Especial 37 Agosto 22 e 29 Setembro 05

BARBOSA, M. C. Especificidades da ação

pedagógica com bebês. Anais do I Seminário

Nacional: currículo em movimento. Perspectivas Atuais: Belo Horizonte, novembro de 2010, p. 1-17. Matutino Professoras Grupos II Vespertino Professoras Grupos V 37 Setembro 12, 19 e 26

GOBBI. M. Múltiplas linguagens de meninos

e meninas da educação infantil. Anais do I

Seminário Nacional: currículo em movimento. Perspectivas Atuais: Belo Horizonte, novembro de 2010, p. 1-17. Matutino Professores áreas específicas (EF e Arte) Vespertino Professoras Grupos IV 37

Fonte: Elaborado pelo pesquisador (2019).

No capítulo de análise de dados, a constituição dos processos de formação será detalhada, assim como as contribuições para a articulação entre currículo, Educação Infantil e Educação Especial, além de discussões sobre a formação continuada em contexto.

A última etapa, a sexta, deu-se por meio de processos de avaliação crítica dos momentos de formação. No decorrer da pesquisa, sentimos a necessidade de lançar uma escuta crítico-avaliativa sobre o processo de formação continuada desenvolvido com a escola. Os processos avaliativos se constituíram transversais à formação e outros semestrais, registrados em formulário próprio para autoavaliação e para avaliação do colegiado constituído por membros do próprio grupo, garantindo a paridade.

4.3 O CAMPO DE PESQUISA: CARACTERIZAÇÃO DO CENTRO MUNICIPAL DE