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A análise dos dados quantitativos deu-se pela utilização da estatística descritiva para agrupamento dos dados contidos nos documentos e processos pesquisados e pelas entrevistas, possibilitando que cada variável fosse estudada isolada e contextualizadamente, relacionando-as entre si, para melhor apreensão dos sentidos a elas atribuídos.

Para a sua análise utilizou-se o método de Análise de Conteúdo de Bardin (1977), o qual proporciona um conjunto de técnicas para a análise das comunicações dos sujeitos entrevistados, através da categorização de alguns conceitos, que sistematicamente apresentados, possibilitam a apreensão do conteúdo das mensagens.

Assim, pela definição dos temas da pesquisa, foi possibilitada a seleção e os cortes de segmentos extraídos das entrevistas semiestruturadas, que foram definidos como categorias, as quais forneceram informações quantitativas e qualitativas para a análise deste estudo, como ressalta Bardin (1977, p. 153), de que a análise por categorias funciona por operações de desmembramento do texto em unidades, em categorias segundo reagrupamentos analógicos.

Em conformidade com Minayo (2009, p. 84), pela análise de conteúdo pode-se descobrir o que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado, portanto, esta análise torna possível um olhar multifacetado sobre a totalidade dos dados recolhidos no período de sua coleta, permitindo ainda, ampliar a compreensão dos sentidos que estes produzem de forma qualitativa e quantitativamente.

Resumindo, o processo proposto por Bardin (1977) volta-se à descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto na comunicação, visando obter a descrição do conteúdo das mensagens que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção dessas mensagens. A organização da análise dar-se-á em torno de três pólos cronológicos: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados.

Designa-se sob o termo de análise do discurso: um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (BARDIN, 1977, p. 42). As fases para a análise de conteúdo neste trabalho compreendem a exploração do material de pesquisa, que foi realizado, inicialmente, com as leituras flutuantes, nas quais foi possibilitada a aproximação com os textos iniciais a serem analisados no contexto da pesquisa. Em seguida, pela seleção das unidades de análise de significados, ou seja, foi necessário a aplicação de recortes, tanto deste material pesquisado quanto das entrevistas semiestruturadas, realizadas junto aos magistrados e promotores que atuam no combate à violência doméstica e/ou intrafamiliar.

Dessa forma, permite a identificação das principais linhas argumentativas descritas nos conflitos suscitados de competência entre a oitava vara criminal, o primeiro juizado criminal e a vara especializada da mulher, bem como, a verificação do posicionamento do Tribunal de Justiça do Maranhão, na apreciação dos casos envolvendo violência doméstica ou intrafamiliar contra a mulher idosa na Comarca de São Luís.

6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLHIDOS EM CAMPO

Neste capítulo são apresentados os dados colhidos em campo acerca da proteção à mulher idosa violentada domestica ou intrafamiliar em São Luís. Os dados em questão caracterizam a atuação do judiciário maranhense na aplicação da Lei Maria da Penha frente ao grupo de mulheres considerado. Eles foram colhidos na Oitava Vara Criminal, no Primeiro Juizado Especial, na Vara Especializada da Mulher e nas promotorias do idoso e da mulher. São apresentados, também, o posicionamento das Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Maranhão em relação aos conflitos de competência nos processos envolvendo violência doméstica ou intrafamiliar contra a mulher idosa.

Para a melhor compreensão desta pesquisa, este capítulo foi subdividido em 4 (quatro) subitens, a saber: Primeiramente, apresentam-se algumas considerações acerca da violência contra a mulher em São Luís, a qual se apropriou dos dados colhidos junto ao setor de análise criminal e estatística da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, relacionando-os com a pesquisa realizada pelo estudioso Waiselfisz, intitulada Mapa da Violência: Homicídio de Mulheres (2015), que traça um comparativo dos índices de violência nos Estados da Federação.

Em seguida, a pesquisa documental, realizada junto à plataforma jurisconsult, considerando o período de 2011 a 2015, que focou o posicionamento jurídico por intermédio da atuação das Câmaras Criminais, na apreciação dos conflitos de competência envolvendo mulheres idosas vítimas de violência doméstica e ou intrafamiliar na Comarca de São Luís.

No subitem seguinte, os dados relativos às entrevistas são apresentados, consoante os procedimentos de análise de conteúdo, expostos por Bardin (1977), e, neste relacionados, através das seguintes categorias temáticas: percepção dos operadores do direito com relação à violência doméstica e ou intrafamiliar contra a mulher idosa; conflito de competência; capacitação profissional; vulnerabilidade da mulher idosa; avanços com a Lei Maria da Penha e ideologia patriarcal.

Complementarmente são apresentados os dados referentes aos processos envolvendo mulheres idosas, vítimas de violência doméstica e ou intrafamiliar, na Vara Especializada da Mulher, na 8ª Vara Criminal e no 1º Juizado Especial Criminal, obtidos com o manejo de processos físicos ou pela consulta pública na plataforma jurisconsult do TJMA, considerando os dados relativos a vítima e ao agressor; a tipificação e a situação processual.

E, por fim, foram apontadas convergências e divergência entre os dados apresentados na pesquisa, considerando a análise da situação processual, as respostas dos

sujeitos entrevistados e o posicionamento do Tribunal de Justiça do Maranhão frente aos conflitos de competência que explicitam a gravidade de se atentar para a dupla vulnerabilidade senil e de gênero que acomete a mulher idosa violentada doméstica ou intra familiarmente, para a efetiva aplicação da Lei Maria da Penha.

6.1 Dados colhidos junto ao setor de análise criminal e estatística da Secretaria de