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3. MÉTODO

3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cujo objetivo é “apreender um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 2004, p. 21).

Para que pudéssemos responder aos objetivos de nossa pesquisa, pensamos que a fala de trabalhadores de saúde, mais especificamente de gerentes de dois equipamentos distintos, obtida por meio de entrevista semi-estruturada fosse material valioso. Todas as entrevistas foram transcritas com literalidade e lidas repetidas vezes para que pudéssemos proceder a uma análise cuidadosa.

Os dados foram submetidos à técnica de análise de conteúdo, entendida como “... um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos da descrição de conteúdos de mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimento relativo às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens” (BARDIN, 1977, p.42). A análise de conteúdo, em sua operacionalização, relaciona estruturas semânticas com estruturas sociológicas, ou seja, articula o texto com os fatores que determinam suas características – psicossociais, culturais e processuais de produção da mensagem (MINAYO, 2004).

Dentre diversas modalidades de análise de conteúdo, optou-se pela análise temática, uma das formas que melhor se adequam a investigação qualitativa em saúde, segundo MINAYO (2004). A análise temática propõe a descoberta de “núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou freqüência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado” (MINAYO, 2004, p.209), que se desdobram em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. A primeira etapa subdivide-se em leitura flutuante do material colhido, organização do material de acordo com algumas normas como

exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência e formulação de hipóteses e objetivos. Em relação ao último ponto, recomenda-se que se estabeleçam hipóteses iniciais, anteriores à coleta dos dados, considerando que essas devem ser flexíveis e permitirem a emergência de outras a partir da exploração do material.

Desta forma, no presente estudo, algumas hipóteses iniciais sobre as articulações existentes entre CAPSi e ESF voltadas às ações em saúde mental foram consideradas, sabendo-se que essas poderiam ser modificadas ou acrescidas a partir das entrevistas. Ademais, algumas categorias prévias foram pensadas e citadas no quadro a seguir. Posteriormente à coleta do material, as categorias foram re- elaboradas e delimitadas no contexto da compreensão.

Quadro 3: Variáveis e categorias prévias de análise.

Nas questões que se referem às impressões dos gerentes sobre as articulações existentes, seus facilitadores e obstáculos, optou-se por não subdividi-las em categorias prévias por terem sido consideradas questões mais complexas que poderiam abarcar uma grande variedade de respostas, difíceis de serem imaginadas antes da coleta dos dados.

A apresentação e discussão dos dados procederá em duas etapas, considerando os objetivos da pesquisa. Na primeira (capítulo 4) descreveremos as articulações entre CAPSi e ESF em cada uma das cinco regiões pesquisadas separadamente, uma vez que investigação ocorreu em diferentes locais da cidade de

Variável Categorias

Tipo apoio matricial, parceria, trabalho conjunto,

encaminhamento.

Frequência regular, ocasional, pontual.

Meios de contato telefone, pessoalmente, relatório.

Atores envolvidos todos os profissionais da unidade, equipe específica.

Objetivos co-responsabilização, ampliar resolutividade.

Estratégias reuniões conjuntas, capacitação, visita domiciliar conjunta,

intervenção na comunidade. Outros apoios

recebidos pela ESF

NASF, equipes volantes da Atenção Básica, profissionais de SM da UBS.

São Paulo. Tendo em vista o número reduzido de entrevistas realizadas em cada região e com o intuito de garantir o anonimato dos participantes, optamos por identificá-las por letras (Região A, B, C, D e E). No início de cada sessão (4.1 a 4.5), apresentamos um quadro-resumo dos principais aspectos envolvidos na articulação daquela região, em relação ao tipo, frequência, meio de contato, atores envolvidos, estratégias, objetivos, facilitadores, obstáculos, expectativa e outros apoios recebidos pelas equipes da ESF. Em seguida, procedemos uma apresentação mais detalhada dos diferentes aspectos envolvidos na articulação, ilustrando com falas dos entrevistados. Selecionamos a(s) fala(s) que pudessem ser mais representativas do assunto abordado.

Ao fim de cada trecho de fala transcrita, colocamos entre parênteses o local onde o profissional trabalha (CAPS ou UBS) acompanhado de uma letra e/ou um número. Para os CAPS usamos a mesma letra da região onde ele se localiza, ou seja, para Região A, utilizamos CAPS A e assim sucessivamente. Para as UBS, como existem duas ou três unidades por região, acrescentamos à letra um algarismo - 1, 2 ou 3, para que seja possível a identificação das falas de uma mesma pessoa. Desta forma, teremos, por exemplo, UBS A1, UBS A2, UBS A3, UBS B1, UBS B2 e assim por diante.

Na segunda etapa de análise e discussão dos dados (capítulo 5), levamos em conta o material como um todo e o organizamos por eixos temáticos, tendo em vista os temas que se mostraram de maior relevância nas entrevistas. São eles:

 Encaminhamento: passar a responsabilidade ou compartilhá-la?;  Matriciamento – a palavra da vez;

 O CAPSi e seu papel na rede;  Trabalho em rede e no território;

 Processos de trabalho e integralidade do cuidado.

Nesse capítulo, os temas serão discutidos teoricamente e relacionados com o material coletado. Incluiremos, mais uma vez, trechos das entrevistas realizadas.

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