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Os dados da entrevista aplicada nos participantes foram analisados de acordo com análise de conteúdo, proposta por Bardin. A análise de conteúdo utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.

A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não). (NEVES, 2012)

Por sua vez, os dados do ITRA foram avaliados e mensurados mediante o critério estabelecido pelo próprio instrumento. Foram considerados os valores de média e desvio padrão para cada fator avaliado, destacando-se os itens que mais e que menos apresentaram risco à saúde.

4 – Resultados e Discussão

A amostra constituída por 10 trabalhadores de uma agência bancária no Distrito Federal. Desses, 11,6% são do sexo masculino e 88,4% do feminino. A média de idade foi de 35,49 anos (DP= 7,84 com mínimo de 25 anos e máximo de 54 anos). No que se refere ao estado civil, 64,3% são casados ou morando com o companheiro, 18,6% são solteiros, 14,3% são separados ou divorciados e 2,9% são viúvos. Estes se definem em 57,7% como brancos, 36,6% como pardos e 5,6% como negros.

Quanto à escolaridade, 72,9% são especialistas, 18,6% cursaram o ensino superior e 4,3% não concluíram o ensino superior. Dos participantes, 50,7% não tiveram nenhum afastamento do trabalho no último ano, 33,8% tiverem entre 1 e 3 afastamentos. Os demais 15,5% estiveram mais de 3 vezes afastados do trabalho.

4.1 - Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho – EACT

Na escala EACT, no fator Organização do trabalho, o item que mais apresentou risco à saúde foi “As tarefas executadas sofrem descontinuidade” com (M=3,96) e desvio padrão de 1,08. E o item que apresentou menor risco foi “Os resultados esperados estão fora da realidade” com (M=2,80) e desvio padrão de 1,06.

Seguem abaixo, as tabelas contendo todas as médias e desvio padrão da Escala EACT.

Quadro 1. 1ª Categoria: EACT – Organização do Trabalho

ITEM MÉDIA DP Avaliação

As tarefas executadas sofrem descontinuidade 3,96 1,08 Grave

O ritmo de trabalho é excessivo 3,64 0,88

Crítico

Existe forte cobrança por resultados 3,55 1,09

Falta tempo para realizar pausas de descanso no trabalho 3,52 1,22

As tarefas são cumpridas sob pressão de prazos 3,47 0,93

O número de pessoas é insuficiente para realizar as tarefas 3,33 1,16

Existe fiscalização do desempenho 3,21 1,05

As tarefas são repetitivas 3,16 1,07

Existe divisão entre quem planeja e quem executa 3,10 1,28

As normas para execução das tarefas são rígidas 3,04 0,92

Os resultados esperados estão fora da realidade 2,80 1,06

Das falas obtidas pelos trabalhadores, podem ser exemplificadas para ilustramos a organização do trabalho, a recorrência de sentimentos de a tarefa ser exaustiva e inalcançável em seus objetivos tais como: “A todo momento tenho de parar um atendimento para ir resolver outras questões da agência” (Sujeito 1) ; “Várias vezes os cliente não entendem que para que eu possa abrir uma conta eu tenho que prestar muita atenção no sistema, mas mesmo assim eles ficam vindo até a minha mesa e interrompendo o atendimento atual” (Sujeito 2); “O mobiliário que eu tenho que usar aqui dentro não me atende. Por eu ter sobrepeso a minha mesa é muito baixa, e várias vezes já estive de atestado por ter dores nas mãos por conta de esforço repetitivo todos os dias. Isso acaba com agente...” (Sujeito 3).

Quando vemos em Dejours (2009), a exemplificação do que é o real dentro da organização de trabalho, temos a realidade como ela é, fora do prescrito. E é nesta realidade que o sujeito tende a operar o prescrito para chegar até o objetivo proposto pela organização.

Quando a fala do trabalhador traz o que ele enfrenta no contexto todos os dias ou na maior parte deles, ele acaba por contrastar o esperado pela organização com aquilo que ele realmente lida para se afirmar enquanto sujeito produtivo.

No fator Condições de trabalho o item que mais apresentou risco à saúde foi “Existe muito barulho no ambiente de trabalho” com (M=3,99) e desvio padrão de 1,07. E o item que apresentou menor risco foi “As condições de trabalho oferecem risco a segurança das pessoas” com (M=2,83) e desvio padrão de 1,26.

Quadro 2. 2ª categoria: EACT – Condições de trabalho

ITEM Média DP Avaliação

Existe muito barulho no ambiente de trabalho 3,99 1,07

Grave O mobiliário existe no local de trabalho é inadequado 3,54 1,22

O ambiente físico é desconfortável 3,52 1,27 O material de consumo é insuficiente 3,45 1,04 Os equipamentos necessários para a realização das tarefas

são precárias

3,40 1,11 Os instrumentos de trabalho são insuficientes para realizar

as tarefas

3,39 1,12 O espaço físico para realizar o trabalho é inadequado 3,36 1,20 As condições de trabalho são precárias 3,34 1,24 O posto/estação de trabalho é inadequado para realização

das tarefas

3,10 1,10

Crítico As condições de trabalho oferecem risco a segurança das

pessoas

2,83 1,26

A precarização do ambiente de trabalho dentro de uma organização torna a execução dos procedimentos muito mais onerosa e desgastante para o sujeito implicado na tarefa. Em Dejours (2009, p.51), temos a concepção da ideia de que “...trabalhar é fracassar, trabalhar é sofrer. E a solução é um produto direto do sofrimento no trabalho”.

Quando a avaliação dos sujeitos explicita uma situação considerada grave pelo instrumento ITRA, ela reforça a constante de que conforme a ideia do autor, a formação de habilidades perante o sofrimento é o que o move a uma busca de soluções, o permitindo assim se perceber dentro da condição deste trabalho, e aplicar a realidade formas de enfrentamento para ainda assim desempenhar a tarefa.

Na fala destes trabalhadores, encontramos recorrentemente o sentimento de ausência de condições melhores de operar o trabalho, mesmo com uma possibilidade de a instituição poder vir a oferecer possíveis melhorias: “Quando eu tenho de me adaptar a esta cadeira que me dá dores nas costas eu fico pensando no quanto o banco não lucra e poderia nos oferecer uma cadeira melhor que esta,

que da que a há alguns anos, me trará algum dano na coluna” (Sujeito 5) ; “Cada vez que eu entrei de atestado pela minha tendinite nunca vieram me questionar o por quê? Talvez seja porque eles sabem o motivo, “né”? Daí nem perguntam...” (Sujeito 4).

Os dados quantitativos revelam que na escala EACT os itens que apresentam maior risco para a saúde dos profissionais investigados estão no item “Existe muito barulho no ambiente de trabalho” e “O ambiente físico é desconfortável”.

Com base na teoria da Psicodinâmica do Trabalho e levando em consideração que o trabalhador deve ter um espaço laboral em que devem ser oferecidas as mínimas condições físicas para que consiga desenvolver suas tarefas, isto é, tenha condições de produzir, estes indivíduos avaliados estão muito comprometidos quanto a esta questão.

Estes trabalhadores podem estar em um ambiente físico desfavorável a um bom desempenho de suas atividades, que podem estar sofrendo interferências e barulhos, causando contínuo desconforto e assim desestabilizando a zona de conforto ao qual este trabalhador necessitaria para produzir.

Quando o sujeito se implica na tarefa e no ambiente, ele constrói suas relações sociais e profissionais, afinal lida com aquilo todos os dias de sua jornada profissional e muitas das vezes, leva as relações para fora do ambiente de trabalho.

Antloga e Mendes, (2009, p.257), trazem que

“Coletivo de trabalho é a denominação de uma situação existente, independentemente da vontade da empresa, caracterizada pelo relacionamento saudável entre os trabalhadores. Essa situação é construída de acordo com regras técnicas e de comportamento, pautadas em uma dimensão ética que reflete valores, julgamento de estética e qualidade do trabalho”.

No fator Relações socioprofissionais o item que mais apresentou risco à saúde foi “Falta integração no ambiente de trabalho” com (M=3,06) e desvio padrão de 1,02. E o item que apresentou menor risco foi “As informações que preciso para executar minhas tarefas são de difícil acesso” com (M=2,07) e desvio padrão de 1,04.

Quadro 3. 3ª Categoria: EACT – Relações socioprofissionais

ITEM Média DP Avaliação

Falta integração no ambiente de trabalho 3,06 1,02

Crítico A comunicação entre funcionários é insatisfatória 2,86 0,99

Existem disputas profissionais no local de trabalho 2,62 1,07 Os funcionários são excluídos das decisões 2,59 1,22 Existem dificuldades na comunicação entre chefia

e subordinados

2,58 1,02 As tarefas não estão claramente definidas 2,54 1,14

A autonomia é inexistente 2,41 1,16

Falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento profissional

2,38 1,00 A distribuição das tarefas é injusta 2,37 1,14 As informações que preciso para executar minhas

tarefas são de difícil acesso.

2,27 1,04 Satisfatório

Conforme verificado através dos resultados do quadro acima, no fator de relações socioprofissionais, o ambiente muitas das vezes caracteriza uma ideia nociva de relação. A competitividade que se verifica como sentimento recorrente na fala do trabalhador, nos traz a vivência de um ambiente laboral em que o coletivo não existe.

Existe a valorização e mensuração diária, semanal e mensal dos números de vendas dentro da instituição. “Aqui se você não vender acaba sendo mal visto. A sua gerente rapidinho dará um jeito de te transferir de agência.” (Sujeito 6); “Cada vez que você atende alguém e não vende nada você vai ficando angustiado porque sabe que no fim do dia virão até você cobrar os resultados do dia, contando com a sua meta.” (Sujeito 7); “Já vi gente chorando por ser cobrado por metas que a pessoa não conseguia cumprir. É desesperador você achar e ter certeza de que pode ser mandado embora a todo momento porque você não está batendo metas. Isso é uma rotina para todo mundo.” (Sujeito 8).

Em comparativo ao estudo desenvolvido por Mendes e Antloga (2009, p.258), vemos na narrativa dos colaboradores, a categoria de ressentimentos, quando percebe-se a indignação implícita na fala do trabalhador daquela condição ao qual ele acaba por se submeter a fim de garantir a sua permanência na instituição. A categoria pressão no trabalho, se evidencia por meio dos relatos de exigências de

cumprimento estrito de metas, as quais se não forem cumpridas, tornam este sujeito vulnerável a constantes cobranças diretas, como se simplesmente cumprir os seus procedimentos burocráticos não fossem suficientes para esta instituição. Acima de tudo ele tem de comercializar, senão não há produtividade e nunca haverá o reconhecimento a este trabalhador como Dejours (2009) também o propôs na análise das instituições.

Dejours (2009), nos traz a reflexão sobre as formas de trabalho dentro das organizações, onde o reconhecimento sobretudo institucional, contribui ou não para formas sadias de trabalho.As relações individuais e coletivas segundo o autor permeiam os campos de saúde e bem estar, bem como os da patologia dentro das instituições. Segundo o autor “As tarefa define o objetivo a ser atingido, assim como o caminho a ser percorrido, ou seja, o modo operatório. A tarefa é aquilo que é prescrito pela organização do trabalho.” (DEJOURS, 2009, p.50). Quando analisamos dentro das instituições bancárias, as formas de distribuição da tarefa e sobretudo o modo de execução das mesmas por vezes não contemplam a subjetividade do trabalhador. Dentro do ambiente, o espaço para que o modo operatório proposto por Dejours se evidencie muitas vezes é cercado de contradições: possuem-se limitações do espaço, com ausência de tranquilidade mental, bem como uma intensa interrupção do serviço e da tarefa por vários motivos decorrentes da jornada de trabalho. Isto acaba por clarear os resultados mencionados anteriormente da escalas avaliada.

4.2 - Escala de Custo Humano no Trabalho – ECHT

Na escala ECHT, no fator Custo físico, o item que mais apresentou risco à saúde foi “Usar as mãos de forma repetida” com (M=3,93) e desvio padrão de 1,27. E o item que apresentou menor risco foi “Subir e descer escadas” com (M=1,93) e desvio padrão de 1,32.

Quadro 4. 1ª Categoria: ECHT – Custo físico

ITEM Média DP Avaliação

Usar as mãos de forma repetida 3,93 1,27

Grave

Ser obrigado a ficar em pé 3,82 1,20

Usar os braços de forma contínua 3,80 1,26

Caminhar 3,55 1,32

Crítico Usar as pernas de forma contínua 3,46 1,34

Ficar em posição curvada 3,07 1,47

Fazer esforço físico 2,81 1,34

Usar a força física 2,51 1,34

Ter que manusear objetos pesados 2,38 1,29

Subir e descer escadas 1,93 1,32 Satisfatório

Mendes e Antloga (2009), trazem a categoria do cansaço, evidenciando em seu estudo como a presença do fator físico não pode ser desconsiderado dentro da avaliação do contexto de trabalho. No resultado desta categoria, neste estudo dos bancários, temos como grave principalmente o esforço repetido das mãos e do levantar a todo momento, para atender, tirar cópias, levar documentos entre um setor e outro, tais como evidenciados pelas falas dos sujeitos: “Muitas vezes tive de vir com tala no meu pulso para evitar dar mais um atestado no mesmo mês porque eu precisava bater minhas metas. Não adiantaria eu ficar em casa sentindo dor do mesmo jeito, mas não ter a minha comissão do mês. Eu ficaria muito apertada...” (Sujeito 9); “Nossa, já presenciei muitas pessoas com problemas e atestados, afastamentos por motivos de saúde, lesão de esforço repetitivo e outras doenças. A gente acaba se acostumando com isso, porque faz parte do cotidiano, mesmo que não deveria fazer...” (Sujeito 10).

Quando o trabalhador naturaliza a constante condição de afastar-se ou sofrer no e do trabalho, vemos o quanto a degradação de valorização do quesito saúde implica-se neste ambiente, caracterizando-se por ser favorecedor de adoecimento e pouco promovedor de bem-estar. Implicar-se na tarefa meramente por obrigação, mesmo que isto cause custos significativos e danos físicos, é um poderoso evidenciador de relações adoecidas, em que não se tem um objetivo de acompanhamento e enfrentamento das adversidades promovedoras dos dados verificados a estes trabalhadores recorrentemente.

Por sua vez, se o trabalho é de atendimento e procedimentos, não estamos restritos ao físico dos trabalhadores. Abarcamos também uma leitura do cognitivo implicado na tarefa.

No fator Custo cognitivo o item que mais apresentou risco à saúde foi “Usar a criatividade” com (M=4,51) e desvio padrão de 0,71. E o item que apresentou menor risco foi “Desenvolver macetes” com (M=2,41) e desvio padrão de 1,40.

Quadro 5. 2ª Categoria: ECHT – Custo cognitivo

ITEM Média DP Avaliação

Usar a criatividade 4,51 0,71

Grave

Ter concentração mental 4,11 0,92

Usar a memória 4,07 1,03

Ser obrigado a lidar com imprevistos 4,00 1,04

Ter que resolver problemas 3,99 1,01

Fazer esforço mental 3,92 1,13

Usar a visão de forma contínua 3,81 1,20

Ter desafios intelectuais 3,73 1,18

Fazer previsão de acontecimentos 3,65 1,15

Crítico

Desenvolver macetes 2,41 1,40

Através dos resultados obtidos, conforme evidenciado pelo quadro acima, a constante repetição do esforço mental e cognitivo dos sujeitos, está também em um aspecto avaliado como grave pelo ITRA. Mendes, Vieira e Morrone (2009, p. 157), trazem que no atendimento, “Relações socioprofissionais com os clientes, mesmo de caráter ambivalente, fonte de prazer e de sofrimento, são propiciadoras do aparecimento de sintomas psicológicos relacionados ao trabalho. Paralelamente, a rígida estrutura de trabalho, a pressão por resultados quantitativos e qualitativos, a sobrecarga de trabalho, a realização de tarefas repetitivas e o monitoramento constante, associados à falta de reconhecimento do trabalho ou a um reconhecimento contraditório originado na interrelação atendente-cliente favorecem o adoecimento”.

Em análise, podemos assim, verificar que se implicar na tarefa do atendimento bancário é implicar-se por inteiro na relação com o cliente atendido e com a instituição pertencente, afinal, são nestas duas correlações que o trabalhador implica sua tarefa e depende dos mesmos para atingir os seus objetivos, sejam eles profissionais (como quando através do atendimento do cliente ele comercializa produtos para atingir as metas, ou quando ele vê na instituição banco uma fonte de realização pessoal).

Na fala de um trabalhador isso se explicitou bem, com a categorização de sentimento de lidar com o cognitivo requerido: “Me sinto bem quando em um

atendimento eu posso atender e vender de uma forma que eu me sinta bem, usando o meu jeito de vender e de atender, e não um padrão próprio que o banco ou a gerente quer. Isso me dá mais liberdade e até fica mais natural, por que é muito desgastante quando eu tenho que agir do jeito que os outros esperam. Não me dá resultados e me deixa muito restrito àquilo ali.” (Sujeito 5).

No fator Custo afetivo o item que mais apresentou risco à saúde foi “Ter controle das emoções” com (M=4,11) e desvio padrão de 0,88. E o item que apresentou menor risco foi “Ser submetido a constrangimentos” com (M=1,99) e desvio padrão de 1,13.

Quadro 6. 3ª Categoria: ECHT – Custo afetivo

ITEM Média DP Avaliação

Ter controle das emoções 4,11 0,88

Grave Ser obrigado a lidar com a agressividade dos

outros

4,07 1,11

Disfarçar os sentimentos 3,70 1,37

Ter custo emocional 3,57 1,23

Ter que lidar com ordens contraditórias 3,16 1,14 Ser obrigado a ter bom humor 3,08 1,50 Ser obrigado a cuidar da aparência física 2,69 1,42 Ser obrigado a elogiar as pessoas 2,48 1,32

Ser bonzinho com os outros 2,44 1,30

Crítico

Ser obrigado a sorrir 2,17 1,39

Transgredir valores éticos 2,14 1,42

Ser submetido a constrangimentos 1,99 1,13 Satisfatório

Os dados quantitativos revelam que na escala ECHT os itens que apresentam maior risco para a saúde dos profissionais investigados estão no item “Usar a criatividade ” e “Ser obrigado a lidar com a agressividade dos outros ”. Ferreira e Mendes (2001, p. 96), levantam a concepção de que “...o sofrimento é capaz de desestabilizar a identidade e a personalidade, conduzindo a problemas mentais; mas ao mesmo tempo, é elemento para a normalidade, quando existe um compromisso entre o sofrimento e a luta individual e coletiva contra ele, sendo o saudável não uma adaptação, mas o enfrentamento das imposições e pressões do trabalho que causam a desestabilidade psicológica...”.

Utilizando os estudos da teoria da Psicodinâmica do Trabalho, poderíamos realizar uma análise de que estes trabalhadores provavelmente não estabelecem

relações significativas com suas atividades (que podem estar exaustivas, exigindo soluções criativas além do que estes indivíduos podem oferecer naquele ambiente), e suas relações pessoais com colegas e chefias podem estar baseados em relações de hostilidade e fatores que não propiciem um clima agradável para que as atividades de trabalho ocorram. Isto acaba por comprometer o desempenho destes profissionais.

4.4 - Escala de Indicadores de Prazer-Sofrimento no Trabalho – EIPST Na escala EIPST, no fator Realização profissional o item que mais apresentou risco à saúde foi “Reconhecimento” com (M=2,88) e desvio padrão de 2,06. E o item que apresentou menor risco foi “Orgulho pelo que faço” com (M=4,58) e desvio padrão de 1,83.

Quadro 7. 1ª categoria: EIPST – Realização profissional

ITEM Média DP Avaliação

Orgulho pelo que faço 4,58 1,83

Satisfatório Identificação com as minhas tarefas 4,34 1,89

Gratificação pessoal com as minhas atividades 3,90 1,81

Crítico Bem estar 3,80 1,83 Realização profissional 3,77 2,01 Satisfação 3,75 1,84 Motivação 3,56 1,88 Valorização 2,93 2,00 Reconhecimento 2,88 2,06

Falas dos colaboradores ouvidos nos relatam a dúbia relação entre o gostar e o não gostar do trabalho, tais como: “Tem dias que não tenho vontade de vir trabalhar.” (Sujeito 2); “Eu gosto do ambiente quando ele me dá a sensação de dever cumprido.” (Sujeito 6). Outros sentimentos puderam ser verificados quanto a ocorrências das falas, na pesquisa, tal recorrência se deu em: sentimento de motivar-se: 6 dos 10 entrevistados em algum momento apresentaram este sentimento nas falas; sentimento de desistência: 5 dos 10 entrevistados apresentaram este sentimento em suas falas; sentimento de superação: 4 dos 10 entrevistados trouxeram seus relatos tal exemplificação.

Estar implicado em um ambiente tão complexo para execução de tarefas, nos leva a avaliar a liberdade de execução dos procedimentos em atendimento, nas

vendas e nas relações profissionais dentro da instituição. Por meio do instrumento ITRA, através do quadro abaixo podemos ter um levantamento de tal categoria.

No fator Liberdade de expressão o item que mais apresentou risco à saúde foi “Liberdade para usar a minha criatividade” com (M=3,38) e desvio padrão de 1,89. E o item que apresentou menor risco foi “Liberdade com a chefia para negociar o que precisa” com (M=4,86) e desvio padrão de 1,56.

Quadro 8. 2ª categoria: EIPST – Liberdade de expressão

ITEM Média DP Avaliação

Liberdade para usar a minha criatividade 4,86 1,56

Satisfatório Solidariedade entre os colegas 4,82 1,49

Liberdade para falar sobre o meu trabalho com os colegas

4,71 1,75 Liberdade para expressar as minhas opiniões no

local de trabalho

4,52 1,65

Cooperação entre os colegas 4,40 1,56

Confiança entre os colegas 4,27 1,63

Liberdade para falar sobre o meu trabalho com as chefias

4,11 2,14 Liberdade com a chefia para negociar o que

precisa

3,38 1,89 Crítico

Quando na fala de um funcionário em nível gerencial (Sujeito 3), temos a seguinte conotação de que, “Muitas das vezes se dar bem no banco é deixar de lado o que você queria fazer para se adequar à forma que eles querem que você faça. É duro você pensar que tem que seguir o que é pedido para que você tenha o sucesso, senão você está fora.” Tal relato nos mostra que quando, logo acima, o quadro nos traz o item mais crítico como “Liberdade com a chefia para negociar o que precisa”, talvez tal modelo de gestão implicado na agência considerada, pode não ser um modelo próprio deste profissional.

Este indicador caracteriza-se como um padrão de execução do cargo acatado para cumprir com o que a instituição deseja e exige. Isto torna o vínculo entre o trabalhador e o gestor mais distante, reduzindo a possibilidade de enfrentamento e por sua vez, pode vir a restringir ou não parcerias colaborativas dentro do ambiente de trabalho, que poderiam vir a ser utilizadas como estratégias de diminuição do

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