Procedimentos de análise dos dados

A análise dos dados obtidos, a partir da pesquisa documental e dos questionários, foi realizada por meio da técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2011) e por Franco (2005). De acordo com Bardin (2011, p. 44), a Análise de Conteúdo tem como objetivo realizar a “inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não)”. Desse modo, o que se pretende realizar vai além da mera descrição das características das comunicações, pois não se pretende apenas evidenciar o conteúdo das mesmas, mas também compreender porque este conteúdo se repete.

Para a Bardin (2011), a Análise de Conteúdo está organizada em três etapas: a pré- análise; a exploração do material; e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.

Na etapa da pré-análise, realiza-se a organização do material para a análise. Bardin (2011) explica que, para isso, é necessária a realização de três missões: a definição de quais os documentos a analisar, a formulação de hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores. Nesta pesquisa, os documentos selecionados para análise foram os Projetos Pedagógicos, as Matrizes Curriculares dos Cursos de Pedagogia das instituições participantes, e as respostas obtidas por meio dos questionários aplicados a coordenadores, professores e alunos dos cursos de Pedagogia das IES participantes. O objetivo foi identificar como os currículos dos cursos de Pedagogia estão estruturados a fim de atenderem à formação no âmbito da dimensão da Gestão Educacional e qual a concepção e expectativa em relação à formação do gestor educacional manifestada pelos coordenadores, professores e alunos do curso de Pedagogia. Como o processo de análise dos documentos já foi descrito na seção, 2.2.1 Pesquisa documental, nesta procurou-se detalhar a análise dos dados obtidos por meio dos questionários.

Ainda na pré-análise, os indicadores foram elaborados a partir das respostas obtidas por meio do questionário, das quais foram construídas tabelas para as questões fechadas e quadros para as questões abertas, que foram transcritas na íntegra, seguindo o roteiro proposto para elaboração das questões, conforme já mencionado.

Na segunda etapa, Exploração do Material, Bardin (2011) propõe que sejam realizadas operações de codificação, decomposição ou enumeração que visam ao tratamento do material levantado na pré-análise. Na codificação, ocorre o processo de transformação dos dados brutos em representações que permitam “uma descrição exata das características pertinentes

do conteúdo”, por meio dos procedimentos de “recorte: escolha das unidades; enumeração: escolha das regras de contagem; classificação e agregação: escolha das categorias” (BARDIN, 2011, p. 133).

No procedimento de recorte, conforme Bardin (2011), as unidades a serem selecionadas para análise são chamadas de Unidades de Registro (que podem ser a palavra, o tema, os personagens ou o item) ou de Unidades de Contexto (que procuram esclarecer as “contingências contextuais em foram produzidas”) (BARDIN, 2011, p. 44).

A Unidade de Registro, selecionada nessa investigação, foi o tema que permitiu identificar “os núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja presença, ou frequência, de aparição pode significar alguma coisa para o objetivo analítico” (BARDIN, 2011, p. 135). Nessa investigação, o tema é A formação inicial do gestor educacional no curso de Pedagogia, portanto, não é um recorte do texto, mas um enunciado que servirá de base para analisar o sentido da comunicação, neste caso, as respostas dos sujeitos aos questionários propostos.

As Unidades de Contexto, conforme Franco (2005, p. 43), “podem ser obtidas mediante o recurso a dados que explicitem a caracterização dos informantes; suas condições de subsidência; a especificidade de suas inserções em grupos sociais [...]”. Para esta investigação, a caracterização dos sujeitos da pesquisa e sua inserção no contexto de formação de profissionais para a Educação Básica constituem critérios para o alcance da Unidade de Registro.

Outro procedimento importante na operação de codificação é a enumeração, ou seja, como contar as Unidades de Registro. Bardin (2011) explica que é possível utilizar diversos tipos de enumerações: a presença ou ausência de certos elementos, a frequência de aparição, a ordem de aparição, entre outros. Nesta investigação, adotou-se, como regra de enumeração, a presença, ausência e a frequência de certos elementos nos enunciados das comunicações, de modo que, recorrendo aos pressupostos teóricos que embasam essa pesquisa, fosse realizada uma leitura da realidade acerca da formação inicial do gestor educacional no curso de Pedagogia.

E, concluindo a operação de codificação da etapa da Exploração do Material, realizou- se a categorização, que consiste numa “operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segundo o gênero (analogias), com os critérios previamente definidos (BARDIN, 2011, p. 147). Franco (2005) explica que as categorias podem ser criadas a priori, ou seja, construídas pelo investigador antes do levantamento dos dados, levando-se em conta o seu referencial teórico, ou podem ser

elaboradas a posteriori, emergindo do enunciado. Para análise dos questionários, definiu-se a criação de categorias a posteriori, emergindo, portanto, dos indicadores obtidos a partir das respostas dos participantes que foram agrupadas, levando-se em conta o tema principal, a formação inicial do gestor educacional no curso de Pedagogia, e quatro subtemas específicos, conforme descritos anteriormente.

Na última etapa da Análise de Conteúdo, o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação, Bardin (2011, p. 131) explica que os resultados brutos devem ser “tratados de maneira a serem significativos e válidos”. É o momento de produzir inferências, processo no qual se realiza “a comparação dos dados obtidos mediante discursos e símbolos, com os pressupostos teóricos de diferentes concepções de mundo, de indivíduo e de sociedade” (FRANCO, 2005, p. 27-28). Assim, os dados obtidos por meio dos questionários foram descritos em conjunto por grupos de sujeitos (alunos, coordenadores e professores) e, quando pertinente, foram realizadas ponderações a respeito de dados mais específicos de cada instituição a fim de realizar aproximações e distanciamentos entre os enunciados dos participantes para que suas vozes auxiliem na discussão a respeito da formação de gestores educacionais.

3 A FORMAÇÃO DO GESTOR EDUCACIONAL: DO PLANEJAMENTO À