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PROCEDIMENTOS, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

1 TRAJETÓRIA DA GESTÃO ESCOLAR DAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS

2.4 PROCEDIMENTOS, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Conforme Bardin (2016), a análise de conteúdo deve ser realizada seguindo certos procedimentos. Esses foram, pela autora, sistematizados no mapa conceitual que podemos visualizar na figura seguinte, no qual estão descritas as fases de pré-análise, exploração do material, tratamento dos dados e interpretações.

61 A Lei n. 16.795, de 16 de dezembro de 2015, dispõe sobre a transformação das Secretarias de Estado de

Desenvolvimento Regional em Agências de Desenvolvimento Regional, extingue cargos e estabelece outras providências.

62 Conforme o Decreto n. 1.503, de 21 de fevereiro de 2018, a ADR São Miguel do Oeste incorporou as ADRs

de Dionísio Cerqueira e Itapiranga. Assim, a partir de março de 2018, passou a abranger os seguintes municípios: Anchieta, Bandeirante, Barra Bonita, Belmonte, Descanso, Dionísio Cerqueira, Guaraciaba, Guarujá do Sul, Iporã do Oeste, Itapiranga, Palma Sola, Paraíso, Princesa, Santa Helena, São João do Oeste, São José do Cedro, São Miguel do Oeste, Tunápolis.

63 SANTA CATARINA. Casa Civil. Disponível em: http://www.scc.sc.gov.br/index.php/noticias/644-decreto-

do-governador-eduardo-pinho-moreira-extingue-cargos-das-agencias-e-secretarias-desativadas. Acesso em: 28 ago. 2018.

64 Em 2019, a 1ª Gerência Regional de Educação de Educação (GERED) de São Miguel do Oeste passou a ser

denominada Supervisão Regional de Educação de São Miguel do Oeste. No entanto, como nossa pesquisa ocorreu no período anterior à mudança utilizaremos a denominação GERED.

Figura 6 – Desenvolvimento de uma análise

Fonte: Bardin (2016, p. 132).

Em relação ao processo da análise de conteúdo, Moraes (1999, p. 15) esclarece que é constituído de cinco etapas: primeiramente a “preparação das informações”; seguida da “unitarização ou transformação do conteúdo em unidades”; posteriormente, acontecem a “categorização ou classificação das unidades em categorias”, a “descrição” e, por último, a “interpretação”.

É com base nas técnicas de análise de conteúdo proposta pelos autores que descreveremos como procedemos a análise dos documentos. Ressaltamos que, na fase da pré- análise, realizamos a coleta dos documentos que se relacionavam à nova forma de escolha do

gestor e de gestão proposta pelos Planos de Gestão de Santa Catarina. Também selecionamos PGEs que compõem a amostra, conforme descrito na seção anterior. Em relação ao conjunto de documentos que foram caracterizados como centrais em nossa investigação, destacamos que outros documentos foram lidos, relacionados às questões, objetivos de pesquisa, período temporal proposto, tendo sido selecionados os que mais se aproximavam de nossa investigação e que poderiam contribuir com ela.

Ressaltamos que a leitura e a análise exaustiva dos documentos que influenciaram e orientaram a adoção dos Planos de Gestão Escolar em Santa Catarina foi tarefa necessária para que pudéssemos fazer o cerco epistemológico ao objeto de estudo e compreender como se deu o processo de conformação desse “novo” modelo.

Devido à relevância do conjunto dos documentos que influenciaram e orientaram a adoção dos PGEs e o processo de escolha dos planos 2016 a 2019, os quais denominamos “documentos centrais da pesquisa”, optamos por mantê-los e destacá-los na metodologia e na pesquisa, sendo que mantêm um profundo diálogo durante todo o trabalho entre o material bibliográfico e os PGEs analisados, e são essenciais para a compreensão do objeto de estudo. Concomitantemente ao processo de coleta de documentos, realizamos a leitura e a seleção de materiais bibliográficos que tratavam da temática e abordavam a gestão educacional e escolar nos âmbitos internacional, nacional e local. Selecionamos um conjunto de estudos atuais sobre a temática no âmbito da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e artigos publicados pela Revista Brasileira de Política e Administração da Educação (RBPAE) no período de 2013 a 2017. Esses estudos e suas contribuições constituem um capítulo da presente investigação.

Passamos, então, a tratar o material. Segundo Bardin (2016, p. 133), “tratar o material é codificá-lo”. Cada documento foi identificado por um código formado por letras e números, como já evidenciamos na seção anterior. Em relação ao local do documento do qual serão extraídos os recortes, utilizamos como critério a página do documento (exemplo: trecho extraído do PGE1, p. 05). Finalizado o tratamento do material, passamos à categorização; nessa fase, já acontece a exploração do material. Segundo Bardin (2016, p. 147), “A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, em seguida, por reagrupamento, segundo o gênero (analogia), com critérios previamente definidos”.

Nessa perspectiva, em relação ao conjunto de documentos centrais à discussão e PGEs selecionados, efetuamos uma leitura flutuante de todos os documentos, relacionando-os às

questões e aos objetivos de pesquisa, aos materiais selecionados e à metodologia proposta. Iniciamos um processo de síntese e identificação de elementos comuns entre eles para, então, elegermos as categorias de análise. “Classificar elementos em categorias impõe a investigação do que cada um tem em comum com os outros. O que vai permitir o seu agrupamento é a parte comum entre eles” (BARDIN, 2016, p. 148).

Nesse sentido, queremos destacar a composição dos Planos de Gestão submetidos à análise, como pode ser observado no quadro a seguir.

Quadro 9 – Composição dos Planos de Gestão Escolar analisados

Plano de Gestão Páginas que compõem o documento

PGE1 01 a 07 PGE2 01 a 06 PGE3 01 a 11 PGE4 01 a 09 PGE5 01 a 09 PGE6 01 a 09 PGE7 01 a 07 PGE8 01 a 08 PGE9 01 a 08 PGE10 01 a 09 Total 83 páginas

Fonte: elaboração da autora (2019) a partir dos PGEs selecionados.

Todos os planos foram lidos e analisados de forma exaustiva, para que, a partir deles, pudéssemos proceder a formulação das categorias de análise. Como afirma Moraes (1999, p. 19), essa é, “sem dúvida, uma das etapas mais criativas da análise de conteúdo”. Sua escolha pode se dar a priori, ou as categorias podem emergir a partir da leitura dos dados; e deve obedecer às exigências e regras da análise de conteúdo propostas por Moraes (1999), ou seja, as categorias devem ser válidas, exaustivas e homogêneas.

As categorias da presente dissertação emergiram a partir da análise. Identificamos categorias iniciais a partir dos elementos comuns evidenciados nos documentos; elas foram reagrupadas dando origem às categorias finais, que agrupam elementos com características comuns. Tais categorias estão pautadas nos objetivos de nossa investigação, em seu

referencial teórico, aporte documental e material empírico que constitui o corpus da pesquisa. A partir de então, procedemos ao tratamento dos dados e interpretações. Os procedimentos podem ser visualizados na figura que segue.

Figura 7 – Procedimentos realizados

Fonte: elaboração da autora (2019) a partir de Bardin (2016) e Moraes (1999).

A primeira categoria que inferimos foi Educação e escola no contexto da globalização e da economia de conhecimento. Por meio dela, é possível percebermos como os documentos que influenciaram e nortearam a implementação do “novo” modelo, bem como os textos dos PGEs em Santa Catarina concebem a educação e a escola.

Já a segunda categoria apresentada é Concepções de gestão: implicações para a organização e gestão escolar. Traz os conceitos de “gestão escolar” presentes nos documentos centrais e nos PGEs. Apresenta a concepção de gestão democrática evidenciada nos documentos. Busca indícios da gestão democrática nos documentos centrais à discussão, nas metas e ações propostas pelos PGEs. A categoria traz os elementos que compõem a gestão gerencial, incorporada ao cenário da gestão educacional e escolar a partir dos anos 1990, que se aproximam da gestão de empresas. Da mesma forma, busca, por meio dos documentos centrais à discussão, nas metas e ações dos PGEs, indícios que apontam para essa perspectiva

de gestão. Apresenta, por meio de quadros-síntese e imagens, as implicações desses modelos para a organização e a gestão escolar.

A categoria Participação na escola: sentidos e disputas apresenta uma das principais questões discutidas ao longo deste trabalho: a participação, bem como conceitos de “autonomia” e “descentralização” a ela associados. Evidencia como a participação na escola, um importante elemento da gestão, está sendo ressignificada e está presente nos modelos de gestão. Apresenta como a participação na escola é concebida nos PGEs; destaca os mecanismos e as formas de participação previstos nos documentos.

É importante ressaltar que a análise das categorias não foi realizada em capítulo específico, mas de forma integrada a partir do capítulo 4, embora muitos elementos que deram origem às categorias sínteses estejam presentes desde o início da pesquisa.

Descrito escolhas, opções e caminhos percorridos, daremos início ao capítulo 3, que traz um conjunto de estudos atuais sobre a temática da gestão educacional e escolar, e importantes contribuições para a pesquisa.

3 ESTUDOS ATUAIS SOBRE A TEMÁTICA

Pesquiso para constatar, constatando intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 2016, p. 31).

Para um maior embasamento teórico da pesquisa Planos de Gestão Escolar em Santa Catarina: a gestão democrática em questão, exploramos artigos, dissertações e teses que trabalham a temática no campo educacional brasileiro no contexto atual. Nesse sentido, este capítulo tem como propósito conhecer essas pesquisas e o estado do conhecimento em relação à gestão escolar, pois, como afirma Freire (2016), é preciso pesquisar para “conhecer o que ainda não conheço”, bem como para aprofundar os conhecimentos prévios. Para isso, realizamos a busca de trabalhos em dois importantes e reconhecidos sites de busca: o banco de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e os artigos publicados pela Revista Brasileira de Política e Administração da Educação (RBPAE), periódico científico editado pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE), utilizando como recorte temporal os anos de 2013 a 2017. Em seguida, procedemos à análise dos trabalhos selecionados, com o objetivo de perceber como o objeto de estudo está sendo abordado pelo mundo acadêmico e científico na contemporaneidade, relacionando os artigos, as dissertações e teses, e seus achados aos objetivos da pesquisa.