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3.2 Base de dados históricos

3.2.3 Procedimentos e análises de dados

Em cada ano, foi determinado um biofix, ou seja, uma data fixa (aqui considerada como sendo o primeiro dia de junho), para iniciar o cálculo de acúmulo térmico necessário ao início da liberação de ascósporos do fungo V.

inaequalis. Considerando o ciclo do patógeno, de maneira geral, o biofix deve

anteceder o desenvolvimento de pseudotécios contendo os primeiros ascos com ascósporos maduros. Segundo MacHardy (1996) ele ocorre no final do outono e início do inverno. Assim, a data correspondente ao biofix foi determinada em função: da data de queda de folhas na região, que ocorre entre abril e junho; da variação das datas de início da liberação de ascósporos, a cada ano, que oscilou entre 26/06 e 27/08 (Tabela 2); com base no biofix usado em outros trabalhos, como por Rossi et al. (2009), Giosuè et al. (2000) e Meszka et al. (2008).

Para cada ano, foi determinada, em dias, a duração do período de liberação (DPL) de ascósporos de V. inaequalis pela diferença entre as datas de início e fim. Para as datas de início e fim e para o número de dias de liberação dos ascósporos foram determinados: data média, desvio padrão (DP) e coeficiente de variação (CV).

A variação dos parâmetros relacionados à doença foi relacionada com variáveis meteorológicas. Para tanto, os dados meteorológicos disponíveis foram analisados, a partir dos seguintes parâmetros:

 Temperatura do ar máxima, mínima e média (ºC) – média, coeficiente de variação (CV, %) e desvio padrão (DP, ºC);

 Umidade relativa do ar (%) – média, coeficiente de variação (CV, %) e desvio padrão (DP, ºC);

 Número de dias com umidade relativa do ar acima de 90 % (NDUR>90) e porcentagem de dias com umidade relativa acima de 90 % (%NDUR>90);

 Precipitação acumulada (mm) - número de dias com precipitação (NDP) e porcentagem de dias com precipitação (%NDP).

Estes parâmetros foram calculados em base mensal, de abril a dezembro e para diferentes períodos, assim distribuídos:

De 1º de junho ao início da liberação dos ascósporos (Biofix - ILA);

 Do início ao fim da liberação dos ascósporos (ILA-FLA), ou seja, duração do período de liberação (DPL);

 De 1º de junho ao fim da liberação dos ascósporos (Biofix-FLA);

 De setembro a dezembro;

 De 15 de setembro a novembro;

 De 1º a 15 de dezembro;

 45 dias antes de início da brotação (45DAIB);

 45 dias depois do início da brotação (45DDIB).

De acordo com resultados obtidos por Cardoso (2011), o dia 19 de setembro foi considerado como data média do início da brotação, para macieiras „Fuji Suprema‟ e „Royal Gala‟, na região de Vacaria.

Para cada período, foi contabilizado o acúmulo de graus-dia (GD), tendo como temperatura base 0ºC, para os períodos: Biofix-ILA, DPL e Biofix-FLA. Este parâmetro foi calculado através das três equações descritas a seguir:

n 1 i

T

méd

GD

(1)

sendo i=1 (biofix) o dia 1º de junho, n a data final, Tméd a temperatura do ar média diária (ºC).

Também foi determinado o acúmulo de graus-dia somente para dias com precipitação igual ou superior a 0,2 mm ou déficit de pressão de vapor igual ou inferior a 4hPa (GDDPV<4, Equação 2). O acúmulo de GDDPV<4 foi calculado segundo metodologia descrita por Rossi et al. (2009). Esta metodologia que considera os limiares de precipitação e/ou DPV garantem contabilização do acúmulo térmico somente em dias com maior duração do molhamento, ou seja, com um mínimo próximo a 8 h de molhamento.

 

n 1 i méd 4 DPV

T

;DPV

4

GD

(2)

sendo i=1 (biofix) o dia 1º de junho, n a data final; DPV o déficit de pressão de vapor do ar, médio diário (hPa), Tméd a temperatura média diária (ºC),

contabilizada somente em dias com precipitação igual ou superior a 0,2 mm e/ou DPV igual ou inferior a 4hPa (DPV<4).

Ainda, o acúmulo de GDDPV<4 foi calculado excluindo-se os dias com temperatura mínima negativa ou temperatura máxima superior a 24ºC (GDDPV<4SE), de acordo com a seguinte equação:

      n 1 i méd mín máx SE 4 DPV T ;DPV 4;T 0;T 24 GD (3)

sendo i=1 (biofix) o dia 1º de junho, n a data final; DPV o déficit de pressão de vapor do ar, médio diário, (hPa), Tméd a temperatura média diária (ºC), contabilizada somente em dias com precipitação igual ou superior a 0,2mm ou DPV igual ou inferior a 4hPa (DPV<4), excluídos os dias com temperaturas mínima (Tmín) negativa ou máxima (Tmáx) superior a 24ºC.

O déficit de pressão de vapor (DPV) foi calculado pela seguinte equação, segundo Buck (1981):                  238,9 Tméd méd T 4 , 17 11 , 6 100 UR 1 DPV (4)

sendo UR a umidade relativa do ar média diária (%), Tméd a temperatura do ar média diária (ºC), DPV o déficit de pressão de vapor do ar, médio diário, (hPa).

Para todos os valores de graus-dia calculados foram efetuadas análises, determinando-se para os anos: média, desvio padrão (ºC), coeficiente de variação e variabilidade. Essas determinações foram realizadas para os diferentes períodos em que foi contabilizado o acumulo térmico: de 1º de junho ao início da liberação (Biofix-ILA), para duração do período de liberação (DPL) e de 1º de junho ao fim da liberação de ascósporos (Biofix-FLA) de V. inaequalis.

Para analisar o grau de associação entre as variáveis meteorológicas e da doença, foi calculado o coeficiente de correlação de Pearson (r) para diferentes combinações, que serão descritas a seguir.

Entre os aspectos relacionados à doença, abrangendo início, fim, duração em dias (N) da liberação, número de ascósporos liberados e incidência de sarna da macieira em folhas e frutos, foram feitas correlações entre as variáveis:

 Duração do período de liberação (DPL), em dias e início da liberação (ILA);

 Início e fim da liberação de ascósporos (ILA e FLA);

 Duração do período de liberação (DPL) e fim da liberação de ascósporos (FLA);

 Início da liberação e incidência em folhas e em frutos;

 Duração do período de liberação (DPL) e incidência em folhas e em frutos;

 Fim da liberação (FLA) e incidência em folhas e em frutos;

 Número de ascósporos liberados e incidência em folhas e em frutos;

 Número de ascósporos liberados e início da liberação;

 Número de ascósporos liberados e duração do período de liberação (DPL).

O dia do início da liberação de ascósporos de Venturia inaequalis foi correlacionado a variáveis meteorológicas, conforme a Tabela 3.

TABELA 3. Correlações entre o início da liberação de ascósporos de Venturia

inaequalis em macieiras „Gala‟ e variáveis meteorológicas em

diferentes períodos. Vacaria-RS.

Início da liberação dos ascósporos com

Variáveis Períodos

- Média das temperaturas máxima, mínima e média (C) e respectivos CV1 (%) - Maio - Junho - Julho - Agosto - 1 de junho ao início da liberação dos ascósporos - 45 dias antes do início da brotação (45DAIB)

- Umidade relativa (UR) do ar média (%) e respectivo CV (%)

- Número de dias com UR  90 % (NDUR>90) - Porcentagem de dias com

UR  90 % (%NDUR>90) - Precipitação acumulada (mm)

- Número de dias com precipitação (NDP) - Porcentagem de dias com

precipitação (%NDP). - Graus-dia (GD)

- GDDPV<42 - 1 de junho ao início da

liberação dos ascósporos

- GDDPV<4SE3

1

CV - coeficiente de variação; 2 VPD<4 - GD contabilizado em dias com déficit de pressão de vapor igual ou inferior a 4hPa ou precipitação igual ou superior a 0,2 mm; 3 VPD<4SE – VPD inferior a 4 hPa, excluídos dias com temperatura mínima negativa ou maior que 24C.

A duração, em dias, do período de liberação (DPL) de ascósporos de

Venturia inaequalis foi correlacionada às variáveis meteorológicas conforme

TABELA 4. Correlações entre o número de dias (N) da liberação de ascósporos de Venturia inaequalis em macieiras „Gala‟ e variáveis

meteorológicas em diferentes períodos. Vacaria-RS.

Número de dias da liberação dos ascósporos com

Variáveis Períodos

- Média das temperaturas máxima, mínima e média (C) e respectivos CV (%) - junho - julho - agosto - setembro - outubro

- 1 de junho ao início da liberação dos ascósporos

- início ao fim da liberação dos ascósporos

-1 de junho ao fim da liberação dos ascósporos

- 45 dias antes do início da brotação (45DAIB)

- 45 dias depois do início da brotação (45AIB)

- Umidade relativa (UR) do ar média (%) e respectivo CV (%)

- Número de dias com UR  90 % (NDUR>90)

- Porcentagem de dias com UR  90 % (%NDUR>90) - Precipitação acumulada (mm)

- Número de dias com precipitação (NDP) - Porcentagem de dias com

precipitação (%NDP). - Graus-dia (GD)

- 1 de junho ao início da liberação dos ascósporos

- GDDPV<41 - Do início ao fim da liberação dos

ascósporos - GDDPV<4SE2 - 1 de junho ao fim da liberação dos ascósporos 1

CV - coeficiente de variação; 2 VPD<4 - GD contabilizado em dias com déficit de pressão de vapor igual ou inferior a 4hPa ou precipitação igual ou superior a 0,2 mm; 3 VPD<4SE - VPD inferior a 4hPa excluídos os dias com temperatura mínima negativa ou maior que 24C.

O fim da liberação de ascósporos de Venturia inaequalis foi correlacionado as variáveis meteorológicas conforme a Tabela 5.

TABELA 5. Correlações entre o fim da liberação de ascósporos de Venturia

inaequalis em macieiras „Gala‟ e variáveis meteorológicas em

diferentes períodos. Vacaria-RS.

Fim da liberação dos ascósporos com

Variáveis Períodos

- Média das temperaturas máxima, mínima

e média (C) e respectivos CV (%) - setembro - outubro - novembro

- 1 de junho ao início da liberação dos ascósporos - Do início ao fim da liberação dos ascósporos -1 de junho ao fim da liberação dos ascósporos - 45 dias depois do início da brotação (45AIB) - Umidade relativa (UR) do ar média (%)

e seu respectivo CV (%)

- Número de dias com UR  90 % (NDUR>90) - Porcentagem do número de dias com

UR  90 % (%NDUR>90) - Precipitação acumulada (mm)

- Número de dias com precipitação (NDP) - Porcentagem do número de dias com precipitação (%NDP). - Graus-dia (GD) - 1 de junho ao início da liberação dos ascósporos - GDDPV<41 - Do início ao fim da

liberação dos ascósporos - GDDPV<4SE2 - 1 de junho ao fim da liberação dos ascósporos 1

CV - o coeficiente de variação; 2 VPD<4 - GD contabilizado em dias com déficit de pressão de vapor  4hPa ou precipitação  0,2 mm; 3

VPD<4SE - VPD<4 excluídos os dias com temperatura mínima negativa e maior que 24C.

Para as melhores correlações foram feitas análises de tendência entre as variáveis através de análises de regressão linear simples, cuja significância foi testada pelo teste t (Student), ao nível de 5% de probabilidade de erro.