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3 METODOLOGIA

3.4 Procedimentos para coleta de dados

O Projeto de Pesquisa foi submetido à Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa da Universidade de Taubaté (UNITAU) em março de dois mil e quinze, sob o número 41068014.6.0000.5501.

Para essa pesquisa, no 1º momento foram realizados o levantamento e análise documental da legislação brasileira dos últimos 30 anos sobre a inclusão e ensino para o negro e a história de afrodescendentes no Brasil.

No 2º momento foram realizadas oito Entrevistas de História Oral Temática (MEIHY; RIBEIRO, 2011), com o objetivo de obter informações do coletivo escolar sobre a inclusão do negro através de Orientadoras e Orientadores Pedagógico (dentre esses um gestor), e seus conhecimentos da legislação e as práticas docente – por eles estimuladas – específicas para a inclusão desse segmento.

O diretor geral e outros três Orientadores Pedagógicos entrevistados foram apontados pela Secretária de Educação Municipal ao autorizar com aparente satisfação a presente pesquisa. Os próprios entrevistados também indicavam algum OP conhecido que desenvolvia um trabalho a respeito do assunto. Ou também indicavam aqueles que sabiam que gostariam de colaborar com a pesquisa.

Portanto, o processo da coleta de dados teve como abordagem um grupo de profissionais que à priori exercem um papel de liderança e de implantação das bases legais: um Gestor e sete Orientadores Pedagógicos concursados que atuam junto à Secretaria Municipal de Educação de Barra Mansa/RJ.

A Entrevista semiestruturada foi realizada com o consentimento dos entrevistados e das entrevistadas das escolas apontadas pela Secretária Municipal de Educação. E também os próprios entrevistados indicavam algum colega que desenvolviam projetos com referência às ações afirmativas de inclusão diante da diversidade sociocultural no Ensino Fundamental II da Educação Básica.

Inicialmente, os entrevistados foram contatados em suas escolas, pessoalmente ou via telefone em que se constataram cinco negativas apontando diversos motivos para a não participação, causando desânimo à pesquisadora a cada recusa recebida. Posteriormente foram

contatados pessoalmente por indicação da Secretária de Educação ou por algum entrevistado. Após o aceite as entrevistas foram realizadas com dias e horários agendados.

Vale ressaltar que os profissionais indicados pela Secretária de educação aceitaram prontamente colaborar com a pesquisa, principalmente o diretor geral que se mostrou aberto ao contato sendo o primeiro a conceder a entrevista dando um novo ânimo à pesquisadora. Foram pretendidas inicialmente dez entrevistas com os profissionais que atuam junto à equipe gestora – os orientadores pedagógicos; mas devido a alguns entraves finalizamos a coleta de dados com o total de oito colaboradores. Utilizamos um roteiro para as entrevistas. Importante notar que esses roteiros foram aplicados deixando um espaço livre para a organização da fala dos entrevistados. Isto permitiu que os argumentos selecionados por eles aparecessem e pudessem ser agora analisados pela pesquisa. Pensamos que assim a entrevista produzida possui uma maior amplitude de dados e que a pesquisa, pode, portanto, ser mais profunda.

Na condução das entrevistas, deve-se dizer que a pesquisadora se posicionou de forma a ouvir os argumentos dos entrevistados e não questionar ou se colocar durante o discurso. Entendemos que a liberdade da construção narrativa é fundamental neste momento, que é um momento do outro (RIBEIRO, 2011).

Em especial, também destacamos que esta prática de escuta atenta (BOURDIEU, 1997) trouxe relevantes informações, mas também trouxe uma possibilidade de análise mais estruturada do discurso desses profissionais da educação, posto que as perguntas foram sendo respondidas em blocos, que na atual fase deste trabalho estão sendo analisadas de forma comparativa.

Realizada as entrevistas gravadas em áudio foi feita a transcrição, que compreendeu a passagem literal do oral para a escrita, incluindo as repetições, vícios de linguagem, expressões regionais e marcadores conversacionais que caracterizaram a oralidade.

Após a transcrição foi realizada a edição textual da entrevista, que foi o trabalho de conferir à entrevista um caráter de texto, de leitura agradável e fluida, inserindo perguntas e respostas em uma narrativa direta e reduzindo o excesso de marcadores conversacionais e possíveis gírias que pudessem prejudicar a compreensão e clareza do texto.

Também foi realizada a conferência, momento em que, a pesquisadora apresentou o texto editado ao colaborador (a).

No momento da entrevista o colaborador recebeu uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, com informações de dados sobre a pesquisa, autorizando oficialmente o uso da entrevista mediante a assinatura do TCLE, conforme modelo anexo. Nessa etapa, o colaborador teve total liberdade de sugerir inclusões, exclusões e/ou modificações na entrevista, pois a partir dela chegamos à versão final do texto. Na realização das entrevistas combinamos o envio dessa etapa via e-mail.

Dos nove entrevistados (considerando que a décima entrevista foi cancelada na data agendada), dois não fizeram a devolutiva combinada previamente, e duas colaboradoras não autorizaram o uso da transcrição e participação na pesquisa (embora já tivessem assinado o TCLE). Após maiores informações e troca de e-mails, a colaboradora Tais autorizou a participação e a Mariana manteve a sua decisão de não participar da pesquisa.

Concluída essa etapa de construção do corpus documental foi estabelecida uma nova fase, agora não mais empírica, mas analítica, de reflexões teóricas sobre o material construído e de possível diálogo com a legislação e aporte teórico pesquisado.

Não é objetivo de esse trabalho contrapor o discurso dos entrevistados aos documentos escritos que remontam a história, com o propósito de encontrar “a verdade” ou conferir, por exemplo, as datas de acontecimentos importantes. O que importa para o presente estudo são as experiências de ordem objetiva e subjetiva, expressas por meio das narrativas dos sujeitos da pesquisa – os Orientadores Pedagógicos - responsáveis pelo processo de ensino- aprendizagem da U.E, assim como a responsabilidade de promover as ações que contribuam para a implementação da Diretriz Curricular, das políticas educacionais da SME e das Diretrizes Curriculares Nacionais. Nesse estudo, direcionado à Lei 10.639/2003 e as ações Afirmativas para a inclusão do negro no ambiente escolar.