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PRIMÁRIO

4.2 Procedimentos da pesquisa de campo

4.2.1 Escolha da área e as pesquisas de campo

Os terraços fluviais, nos quais são encontrados depósitos de areia e cascalhos, assim como as coberturas superficiais em relevo do tipo tabular, onde ocorrem camadas de massará e seixos (materiais usados amplamente na construção civil em Teresina e suas adjacências), foram as áreas escolhidas para realização desta pesquisa, devido aos impactos da atividade mineral realizada de forma desordenada e predatória nesses locais, e pela possibilidade e facilidade de coleta das amostras em frentes de exploração ativas ou desativadas, na atualidade.

As pesquisas de campo foram iniciadas em julho de 2004, quando da idealização de um projeto de pesquisa para seleção no Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, objetivando um estudo sobre impactos socioambientais da mineração de materiais para construção civil na Zona Norte de Teresina-PI. Vale ressaltar que o enfoque ambiental da referida pesquisa, com destaque para os impactos da mineração, suscitou a continuidade do estudo dessa problemática a partir de um trabalho de doutorado voltado para compreensão dos aspectos físicos, químicos e mineralógicos referentes às áreas de coberturas superficiais com presença de massará da capital, estudos incipientes até o momento.

As pesquisas de campo voltadas para produção da tese tiveram início, assim, no mês de outubro de 2009, com visita in loco, à frente de lavra extinta com presença de massará, na Zona Sul de Teresina. Essa visita foi realizada com a presença da orientadora, visando à escolha do local para a coleta das amostras representativas para o estudo na cidade de Teresina e em seu entorno.

Foram realizadas outras visitas de campo nos meses de fevereiro, outubro e dezembro de 2010, maio e junho de 2011, assim como em janeiro e maio de 2012, e em março de 2013, para observação da evolução da atividade mineral e seus

impactos em áreas ativas e outras desativadas, com o registro fotográfico das mesmas. Nessas visitas, foram aplicados questionários (formulários de campo) com perguntas abertas e de múltipla escolha (Apêndices A e B) e realizadas entrevistas não-estruturadas com uma amostra intencional de 35 moradores que vivem próximos às áreas extrativas minerais de massará e seixo.

Também foram pesquisados os locais onde essa atividade já foi extinta, devido ao esgotamento das reservas minerais ou em decorrência de proibições da Prefeitura Municipal de Teresina, em razão dos riscos da atividade para os trabalhadores. Esse levantamento de informações contribuiu para se detectar os impactos socioambientais e conflitos decorrentes do extrativismo de minerais usados na construção civil em Teresina.

O critério escolhido para a amostragem da pesquisa, ou seja, para a determinação da quantidade de questionários a serem aplicados nas áreas objeto de estudo, foi a ocorrência, em determinado momento da aplicação, da não variabilidade e/ou a ocorrência de respostas semelhantes. Por isso, julgou-se que o número de questionários aplicados refletia o pensamento comum da comunidade sobre o assunto que estava sendo abordado.

As pesquisas foram realizadas nos meses de maio e de junho de 2011, nos bairros São Joaquim e na Vila Carlos Feitosa, nas imediações das lagoas da Zona Norte de Teresina. Na Zona Sul, foram aplicados questionários nos bairros Santo Antônio e Bela Vista, e, na Zona Leste, no Bairro Piçarreira e na Vila Madre Teresa, sendo que nestes bairros e vilas a atividade encontrava-se extinta. Também foram aplicados questionários no bairro Santa Maria da Codipi, nos conjuntos Monte Verde, Residencial Francisca Trindade e Parque Brasil I, todos situados na Zona Norte de Teresina-PI, que evidenciavam as relações dos moradores com a atividade mineral ativa e seus respectivos conflitos e impactos socioambientais (Figura 22).

Imagem de satélite adaptada destaca a rede de drenagem Zona urbana de Teresina.

Banco de dados: Teresina (2011b). Imagem Quickbird, Teresina 2005. Organização: Bartira Araújo da S. Viana. Geoprocessamento: Carla Iamara de P. Vieira (2013).

Foram observados aspectos relacionados ao tempo de moradia no bairro; tempo de duração da atividade mineral e extinção da mesma; razões que influenciaram no estabelecimento de alguns moradores próximos às áreas extintas de extração mineral; os impactos socioambientais positivos e negativos; no processo de valorização ou desvalorização dos imóveis próximos às atividades. Por fim, buscou-se saber se existe algum tipo de representação comunitária que reivindica melhorias nas condições de vida da população dos bairros próximos às atividades de extração mineral já em extinção.

As questões que nortearam a pesquisa na área ativa foram baseadas no tempo de residência dos moradores: se já havia extração mineral quando o morador foi para aquele lugar; as razões que levaram os moradores a residir próximos aos locais de extração; quais os principais impactos socioambientais benéficos e os negativos relacionados à extração mineral no entorno do seu bairro; processo de valorização ou desvalorização dos imóveis, e, por fim, se há ou existiu algum tipo de organização das famílias do entorno para realizar alguma ação conjunta, objetivando a melhoria das condições ambientais da área, decorrente do processo de exploração mineral para a construção civil.

4.2.2 Coleta de amostras (campo)

Após os estudos iniciais, foram coletadas amostras de dois perfis estratigráficos com presença de diferentes camadas de massará característicos da região, sendo um perfil localizado na Zona Sul e outro na Zona Norte de Teresina. O perfil 1, localizado na Zona Sul da cidade, encontra-se à montante da foz do rio Poti com o Parnaíba, enquanto o perfil 2, localizado na Zona Norte, encontra-se à jusante da foz do rio Poti. Esses perfis foram devidamente georreferenciados com auxílio do GPS, sendo que o perfil da Zona Norte, Conjunto Monte Verde (bairro Santa Maria da Codipi), localiza-se nas coordenadas 04º 59’ 23,5”S e 42º 49’ 25,5”W, enquanto o perfil da Zona Sul, bairros Santo Antonio/Bela Vista, localiza-se nas coordenadas 05º 08’ 41,9”S e 42º 46’ 08,7”W.

Faz-se oportuno destacar que o arcabouço morfoestratigráfico foi utilizado como guia para a coleta de amostras para as análises, tomando-se, como base, as descontinuidades deposicionais encontradas ao longo do perfil, sendo que as amostras foram coletadas no mês de fevereiro de 2010, com auxílio do Geólogo da

CPRM/Teresina, Francisco Lages Correa Filho e do professor José Ferreira Mota Junior, que era professor de Pedologia e Geologia da UFPI. Dessa forma, foram identificadas 7 camadas diferentes no perfil da Zona Sul e 5 camadas no perfil da Zona Norte. Porém, somente foram coletadas 5 amostras em cada frente de lavra, pois duas camadas superiores do perfil dos bairros Bela Vista/Santo Antônio (Zona Sul), devido às dificuldades de acesso ao topo, e, por não representarem camadas de massará, não foram coletadas.