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4.3 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

4.3.2 Procedimentos de análise

A presente pesquisa se embasou nos aportes teóricos referentes à pesquisa qualitativa. Esse tipo de pesquisa, conforme argumenta Moreira (2002), envolve a utilização de dados qualitativos, ou seja, dados que não se encontram expressos na forma de números. Assim:

Dentro de um tal conceito amplo, os dados qualitativos incluem, além das informações expressas nas palavras oral e escrita, também informações expressas como pinturas fotografias, desenhos, filmes, videoteipes e até mesmos trilhas sonoras. Em termos

genéricos, a pesquisa qualitativa pode ser associada à coleta e análise de texto (falado e escrito) e à observação direta do comportamento (MOREIRA, 2002, p. 17).

Neste contexto, Lüdke e André (1986) argumentam que uma investigação qualitativa possui cinco características fundamentais: (1) sua fonte de dados é o ambiente natural e as inferências que o investigador atribui às informações analisadas; (2) a investigação qualitativa é de cunho descritivo, devendo considerar todos os aspectos que podem servir enquanto pista para a compreensão do objeto em estudo; (3) o interesse do investigador se encontra no processo em si; (4) o foco do pesquisador está no significado que é atribuído pelas pessoas; e (5) a análise dos dados ocorre de maneira indutiva, de modo que as hipóteses são confirmadas ou refutadas a partir das abstrações construídas.

Kerlinger (2003) afirma que o pesquisador precisa conhecer o contexto em que atua, de modo a definir com clareza os critérios que serão úteis no decorrer das análises. Isto se mostra válido, sobretudo no contexto de pesquisas em Educação.

Para Bogdan e Biklen (1994):

Os investigadores qualitativos em educação estão continuamente a questionar os sujeitos de investigação, com o objectivo de perceber “aquilo que eles experimentam, o modo como eles interpretam as suas experiências e o modo como eles próprios estruturam o mundo social em que vivem”. Os investigadores qualitativos estabelecem estratégias e procedimentos que lhes permitam tomar em consideração as experiências do ponto de vista do informador. O processo de condução de investigação qualitativa reflete uma espécie de diálogo entre os investigadores e os respectivos sujeitos, dado estes não serem abordados de forma neutra (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 51).

Com base nessas considerações, e de modo a inferir sobre os dados coletados, elegemos a Análise de Conteúdo enquanto metodologia de análise de dados. Apesar de se encontrar uma multiplicidade de técnicas e de autores que abordam a análise de conteúdo na literatura, elegemos a conceituação proposta por Laurence Bardin (2016), dada a gama de pesquisas em Modelagem que fazem uso dessa metodologia (BARBOSA, 1999; SILVA; KATO, 2012; SILVA; KLÜBER, 2012).

Bardin (2016) esclarece que a Análise de Conteúdo é:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens (BARDIN, 2016, p. 48).

A Análise de Conteúdo compreende três fases: a organização da análise; a descrição analítica; e o tratamento e interpretação inferencial dos resultados. De modo a contextualizar essas fases, apresentamos as ações empreendidas em nossa pesquisa.

A fase de organização da análise delimita o primeiro contato entre o pesquisador e os dados utilizados. Segundo Bardin (2016), esta fase pode ser identificada como sendo uma fase de organização, a partir do estabelecimento de um esquema de trabalho bem definido. Assim, cabe ao pesquisador escolher e preparar os documentos que compõem o corpus da pesquisa, formular objetivos e o quadro teórico.

No que se refere à nossa pesquisa, a organização da análise se deu a partir da transcrição dos áudios e vídeos coletados, bem como dos registros escritos, separando os documentos de acordo com a atividade de modelagem desenvolvida. Assim, para cada uma das três atividades foi elaborado um corpus distinto.

A partir da organização do material, inicia-se a fase de descrição analítica, na qual o pesquisador transforma os dados brutos em busca de compreender as características das mensagens. Bardin (2016) argumenta que, nesta fase, o pesquisador inicia os procedimentos de codificação do corpus da pesquisa, por meio da escolha de unidades de registro, as regras de enumeração e a escolha das unidades de contexto.

Quanto ao processo de unitarização, Bardin (2016, p. 134) define que a unidade de registro “é a unidade de significação codificada e correspondente ao segmento de conteúdo considerado como unidade de base”. Ainda, a unidade de contexto, segundo Bardin (2016, p. 137) “serve de unidade de compreensão para codificar a unidade de registro e corresponde ao segmento da mensagem, cujas dimensões (superiores às da unidade de registro) são ótimas para que se possa compreender a significação exata da unidade de registro”.

Em nossa pesquisa, as unidades de registro fazem alusão aos recursos semióticos empregados pelos alunos no desenvolvimento das atividades de modelagem, com base nos pressupostos elencados por Mavers (2004). A codificação dos recursos semióticos mobilizados se deu a partir dos recursos semióticos mobilizados ao longo das diferentes fases da atividade de modelagem, como mencionado por Almeida, Silva e Vertuan (2012).

Por fim, inicia-se a fase de tratamento e interpretação inferencial dos resultados que, segundo Bardin (2016, p. 44) é “a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores

(quantitativos ou não)”. Logo, por meio desta fase, o pesquisador realiza inferências acerca das causas ou antecedentes da mensagem, bem como os efeitos dessas.

Partindo desse princípio, a interpretação dos resultados de nossa pesquisa buscou identificar a atribuição de significado para objetos matemáticos que emergiram a partir da realização de atividades experimentais investigativas, desenvolvidas em contexto de Modelagem. Assim, no capítulo seguinte, trazemos a descrição e a análise de tais atividades.

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES

“Algumas vezes são os desvios que acabam se tornando as ideias mais frutíferas.” Roger Penrose (1931 – presente)

Neste capítulo apresentamos as análises, realizada a partir dos dados levantados ao longo das atividades desenvolvidas, as ações dos alunos no decorrer do ciclo de modelagem para situações-problema oriundas de atividades experimentais investigativas. Com base nos diferentes momentos de familiarização com a Modelagem Matemática, buscamos apresentar reflexões sobre nossa questão de pesquisa “Como atividades experimentais investigativas desenvolvidas em um contexto de aulas com Modelagem Matemática contribuem para a atribuição de significado para o objeto matemático por alunos dos anos finais do Ensino Fundamental?".

Ao todo foram desenvolvidas sete atividades (Atividades 1, Atividade 2, Atividade 3, Atividade 4, Atividade 5, Atividade 6 e Atividade 7)27 de modelagem, sendo: uma referente ao primeiro momento de familiarização, duas referentes ao segundo momentos de familiarização e quatro atividades de terceiro momento de familiarização. Todos os alunos participaram das atividades de primeiro e segundo momento, além de uma atividade de terceiro momento, de modo que cada aluno participou efetivamente do desenvolvimento de quatro atividades.

Dessas atividades, apresentamos a descrição e a análise de três delas, sendo representadas aqui como: Atividade 1 – Calorímetro; Atividade 3 – Canhão de vórtex; Atividade 628 – Plano inclinado.