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2. IMPULSIVIDADE: CONCEITUAÇÃO, ABORDAGENS E MEDIDAS

4.3. Procedimentos de coleta e análise dos dados

4.3.1. Procedimentos de coleta de dados

Podem-se distinguir duas fases na coleta de dados conforme o objetivo específico do estudo. Para atender ao objetivo específico (c), foi realizada a aplicação da versão brasileira BIS-11 juntamente com o questionário sociodemográfico e de saúde em uma amostra de conveniência. Os participantes foram informados quanto aos objetivos e ao caráter voluntário da pesquisa. No primeiro momento da testagem, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), iniciou-se a aplicação do questionário de autorrelato de forma individual ou coletiva, considerando-se as situações nas quais os participantes estavam reunidos para atividades didáticas. Em um segundo momento, 6 meses após a primeira aplicação, uma subamostra composta por 150 participantes foi submetida novamente à BIS-11.

Para atender ao objetivo específico (d), a coleta de dados foi baseada no protocolo de avaliação neuropsicológica. Os participantes do grupo clínico foram recrutados no Núcleo de Transtornos Afetivos do Hospital das Clínicas da UFMG. Já os participantes do grupo não clínico foram recrutados na rede social da pesquisadora. Todos os participantes foram convidados a participar do estudo e, após a assinatura do TCLE, foi iniciada a avaliação neuropsicológica com duração total média de 2 horas e 40 minutos. Em um segundo momento, todos os participantes tiveram uma entrevista de devolução dos resultados e receberam um relatório final com os mesmos.

4.3.2. Procedimentos de análise dos dados

A primeira etapa para a análise dos dados foi a limpeza do banco de dados e a verificação dos pressupostos de normalidade, linearidade, casos omissos e casos extremos nas variáveis das medidas psicológicas, de saúde e sociodemográficas. Inicialmente, a amostra foi descrita por suas

características demográficas e de saúde. As análises estatísticas foram realizadas no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) - versão 19, adotando-se o nível de significância de 5%.

No estudo das propriedades psicométricas da BIS-11 (objetivo d), investigou-se a dimensionalidade da versão adaptada para o contexto brasileiro, consistência interna dos fatores, a confiabilidade teste-reteste e a validade de critério. Além disso, foi analisada a influência de variáveis de saúde e sociodemográficas sobre os escores da BIS-11 a fim de levantar evidências sobre os aspectos que devem ser considerados na construção de normas de interpretação do instrumento. Inicialmente, com o objetivo de checar se a distribuição dos fatores da BIS-11 coincidia com a estrutura original apresentada no estudo de validação do instrumento (Patton, Stanford & Barratt, 1995), optou-se pelo uso da técnica da análise fatorial exploratória (AFE) em uma amostra composta por 150 sujeitos. O teste de esfericidade de Bartlett e a medida de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foram obtidos no intuito de analisar a viabilidade das respostas aos itens e a adequação da amostra para implementar a AFE. Em seguida, foi realizada a AFE com rotação oblíqua (Promax). A rotação oblíqua é adequada para a investigação das variáveis latentes para os quais se espera a obtenção de dimensões correlacionáveis (Mingoti, 2007; Patton et al., 1995). De acordo com Costello e Osborne (2005), as dimensões psicológicas, em sua grande maioria, apresentam algum nível de covariância. A decisão sobre o número de fatores foi feita com base nos seguintes critérios (Mingoti, 2007; Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005): (a) análise da proporção da variância total relacionada ao autovalor de cada fator obtido, sendo que permaneceram aqueles com maiores proporções da variância total, (b) identificação do número de fatores com autovalores iguais ou maiores que 1, (c) análise do gráfico Scree Plot, no qual a identificação do momento anterior ao ponto de salto é um indicativo do número de fatores adequados para explicar a variância total e (d) interpretação teórica dos fatores obtidos. Em seguida, foi realizada uma análise fatorial confirmatória com base nas respostas de uma segunda amostra de participantes aos itens da escala no intuito de testar o ajuste dos modelos bidimensional e tridimensional conforme propostas existentes na literatura sobre a estrutura interna da BIS-11 (Vasconcelos, Malloy-Diniz & Corrêa, 2012). Para verificar e comparar os ajustes dos modelos, foram utilizados três tipos de medidas de ajuste geral, a saber, medidas de ajuste absoluto, incremental e parcimonioso (Byrne, 2008; Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005). Dentre as principais medidas de ajuste absoluto, pode-se citar a razão do qui-quadrado sobre o grau de liberdade, o índice de qualidade do ajuste (GFI) e a raiz quadrada da média dos quadrados dos erros de aproximação (RMSEA). Já as medidas incrementais de ajuste são o índice de ajuste não- normalizado (NNFI), o índice de ajuste normalizado (NFI) e o índice de qualidade de ajuste calibrado (AGFI). Finalmente, pretende-se utilizar o índice de ajuste de parcimônia (PGFI) (Byrne,

2008). Os fatores resultantes foram utilizados nas análises posteriores como as medidas de autorrelato da BIS-11. Ademais, foi investigada a confiabilidade da escala por meio da consistência interna, correlação item-total e teste-reteste. Para tal, foram calculados o coeficiente alfa de Cronbach, correlação item-total e medida de repetitividade de Bland-Altman, respectivamente. Finalmente, no intuito de identificar os efeitos de variáveis de saúde e sociodemográficas (variáveis independentes) sobre os escores parciais da BIS-11 (variáveis dependentes), foram realizadas análise de regressão simples e múltipla.

Para atingir o objetivo (d), as estatísticas descritas a seguir foram utilizadas. Primeiramente, foram calculadas estatísticas descritivas (média, desvio-padrão, amplitude e frequências) para caracterizar o perfil de saúde e sociodemográfico e o desempenho dos participantes nos testes psicológicos. A seguir, análises preliminares dos escores dos testes neuropsicológicos foram realizadas. Análises fatoriais exploratórias dos escores obtidos nos testes neuropsicológicos CCPT II a fim de reduzi-los a um conjunto menor de variáveis latentes que meçam aspectos similares da impulsividade de forma mais consistente de acordo com propostas na literatura (Egeland & Kowalik-Gran, 2010a, 2010b).

Ademais, o desempenho dos sujeitos no Iowa Gambling Task foi avaliado por meio do cálculo dos escores total e parciais (Bakos, 2008; Brand, Recknor, Grabenhorst & Bechara, 2007): a) escore total derivado da diferença na frequência de escolhas nas pilhas vantajosas e desvantajosas [(C+D) - (A+B)]. Esse escore considera a diferença na frequência de escolhas nas pilhas vantajosas e desvantajosas. Além disso, o mesmo cálculo foi realizado separando-se as 100 escolhas dos indivíduos em 5 blocos de aprendizagem. O aprendizado pode ser avaliado pelo aumento do número de escolhas vantajosas pelo examinando ao longo da tarefa.

Finalmente, uma análise fatorial exploratória foi realizada para identificar a organização interna dos escores dos testes neuropsicológicos e escores da BIS-11. O teste de esfericidade de Bartlett e a medida de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foram obtidos no intuito de analisar a viabilidade das respostas aos itens. Em seguida, foi realizada a AFE com rotação oblíqua (Promax) adequada para a investigação das variáveis latentes para os quais se espera a obtenção de dimensões correlacionáveis (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005).

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