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CAPÍTULO II – INVESTIGAÇÃO – AÇÃO PARTICIPATIVA COMO OPÇÃO

2. Procedimentos e Instrumentos

No decorrer do processo de investigação, foram utilizadas diversos

instrumentos e procedimentos que incluíram a observação, as conversas

informais, os debates com as equipas de investigação, os grupos de discussão

focalizada – focus group e instrumentos expressivos tais como jornais e

reportagens

2.1 Grupos de Discussão Focalizada

Se para Morgan (1998) o focus group, ou grupo de discussão focalizada,

não são mais do que entrevistas em grupo que permitem a recolha de dados,

para Galego & Gomes (2005), trata-se de um instrumento permite não só que se

crie um espaço de debate em torno de um assunto comum a todos os

intervenientes, como também permite que através desse mesmo espaço os

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participantes construam e reconstruam os seus posicionamentos em termos de

representação e de atuação futura. (Galego & Gomes, 2005, p.178)

Gibbs (1997) vai um pouco mais longe e defende que a técnica de focus

group é algo muito mais abrangente e deve basear-se nas atitudes dos

participantes, nos seus sentimentos, crenças, experiências e reações de uma

forma que não seria viável através de outras técnicas.

O grupo de discussão focalizada é, normalmente, composto por um conjunto

de 5 a 10 pessoas, sendo o investigador moderador principal, cujo papel será o

de facilitador da dinâmica do grupo (Esteves, 2008).

O papel do moderador/investigador é exigente e desafiador, pois para além

de promover o debate, e de “desafiar” os participantes, terá que possuir boas

capacidades interpessoais, nomeadamente, ser bom ouvinte e evitar formular

juizos de valor.

Para Gibbs (1997), estas qualidades irão promover a confiança dos sujeitos

participantes, aumentando assim as possibilidades de construir um conversas

abertas e interativas.

2.2 Diários e Notas de Campo

Reunir as informações de que necessitamos pode ser por si só bastante

difícil. Voltar a encontrá-las algum tempo depois pode ser ainda mais difícil, a

não ser que os nossos métodos de registo e de organização sejam coerentes

e sistemáticos, (Bell, 2010, p.64).

O diário de campo foi o instrumento utilizado para manter um registo

minucioso e detalhado de todo o processo de investigação, sobretudo, nas

sessões de focus group desenvolvidas com as equipas de investigação, tendo

sido operacionalizado através das notas de campo.

Para Hobson (cit in Esteves, 2008, p. 89), o diário representa o lado mais

pessoal do trabalho de campo, uma vez que inclui os sentimentos, as emoções e

as reações de tudo o que rodeia o investigador. Esta é, portanto, uma mais valia

que os investigadores conseguem analisar e refletir sobre os dados recolhidos,

permitindo assim a construção e reconstrução das suas perspetivas de melhoria.

No diário de campo constam as observações sobre os comportamentos,

gestos, expressões, conversas informais, reflexões e tem como objetivo principal

registar em tempo real, atitudes e outras ocorrências que se verifiquem no

contexto e que se revelem significativas para a investigação.

No que diz respeito às notas de campo, estas são registos importantes

dentro de um processo de investigação, sendo indispensáveis quando estamos

perante um processo de Investigação – Ação Participativa.

Para Esteves (2008, p. 88), as notas de campo não são mais do que um

registo do pedaço da vida que ali ocorre, procurando estabelecer ligações entre

os elementos que interagem nesse contexto.

As anotações do que ocorre ao longo das observações podem ser feitas no

momento em que decorre a ação ou posteriormente. Caso as anotações sejam

feitas posteriormente, é importante que se recorra a suportes técnicos,

designadamente, fotografia, vídeo ou gravação áudio, isto, por forma a assegurar

que as notas de campo e/ou diários sejam o mais fiéis possível ao momento de

observação.

2.3 Instrumentos Expressivos

Com o propósito de dinamizar a investigação, bem como desencadear ações

que levassem a várias formas de observação, à promoção de debates e à

reflexão das equipas de investigação, revelou-se oportuno que as equipas

interagissem com dois dos principais meios de comunicação com os quais

lidamos diariamente, nomeadamente, imprensa (escrita) e televisão.

Assim, e dado que o contexto de investigação assentava em “Jovens em

Notícia”, foram utilizadas duas versões da área noticiosa: os jornais e as

reportagens de telejornais

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2.3.1 – Jornais

O contacto dos jovens com os jornais, em formato papel, era uma etapa

indispensável e muito significativa neste projeto, daí a relevância em iniciar as

sessões de focus group com a intervenção da “imprensa escrita”.

Grande parte destes jovens afirmou, em algum momento, que não tinha ou

nunca desenvolveu o contacto com os jornais em formato de papel, sendo que,

ocasionalmente, para a realização de trabalhos de algumas disciplinas, já tinham

recorrido aos jornais online.

Ainda que não de uma forma exaustiva, proporcionar um momento de

contacto com jornais, com toda a sua estrutura, composição das notícias,

destaques das manchetes, estratégias para captação da atenção dos leitores, foi

um ponto fundamental para dar início às sessões de debate

2.3.2 - Reportagens

A relação que os jovens mantêm atualmente com a televisão é deveras

significativa, sobretudo dada a vasta oferta de programas que fazem parte das

grelhas de programação. No entanto, os telejornais são os programas televisivos

que, de acordo com as três equipas de investigação que fizeram parte deste

projeto, não fazem parte da sua lista de interesses.

Assim, dada a problemática do projeto de investigação, era importante que,

tal como aconteceu com os jornais, os jovens tivessem um contacto, ainda que

breve, com alguns trechos dos telejornais que diariamente “entram” nas nossas

casas.

Mais do que a preocupação em estabelecer contacto entre os jovens e as e

os telejornais, era fundamental que percebessem, analisassem e refletissem

sobre a forma como eram apresentadas pelos jornalistas as notícias em que os

Jovens estivessem representados, bem como a importância, ou não, que lhes era

atribuída, quer pelo próprio telejornal quer pela sociedade.

Desta forma, as reportagens foram um dos intrumentos que se revelaram

mais apropriados para levar até às equipas de investigação um pouco daquela

que tem sido a “realidade jornalistica em televisão”.

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