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Procedimentos e instrumentos para construção dos dados na escola

CAPÍTULO 4 METODOLOGIA

4.3 Etapa III Marco metodológico da pesquisa

4.3.1 Contextualizando os locais da pesquisa

4.3.1.1 Procedimentos e instrumentos para construção dos dados na escola

Nossa primeira visita à escola, nessa etapa, da pesquisa ocorreu em 10 de agosto de 2011, após o encontro ser pré-agendado com o diretor que nos recebeu gentilmente e pediu aos professores que colaborassem com a disponibilidade de tempo, informações e compromisso com o nosso estudo. Após conversa informal e esclarecimentos sobre o estudo, entregamos a cópia de um texto versando sobre os objetivos da pesquisa.

Nesse mesmo dia, nos reunimos com os cinco (05) professores que atuavam com classes de Educação Integral/Integrada e adotamos os mesmos procedimentos cumpridos com o diretor, acrescentando a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme roteiro consta no Apêndice A.

Logo em seguida, um dos professores pediu que lêssemos de forma coletiva os objetivos da pesquisa e se colocou à disposição em nome do grupo, afirmando que seria um momento de partilha das experiências e que se sentia à vontade e feliz em participar do estudo, uma vez já ter sido sujeito da pesquisa solicitada pela SECAD/MEC, mencionada em páginas anteriores. Corrobora Bauer e Gaskell (2008): “há vezes em que a familiaridade anterior é uma vantagem” (p. 82), uma vez que as pessoas aproveitam a oportunidade para falar sobre suas angústias e/ou fragilidades, e discutem o papel de ensinar de modo que o conhecimento implícito possa ser elaborado.

Em diálogo com esses professores, propusemos ler parte do documento base, já mencionado, que apresenta os dados qualitativos da Região Centro-Oeste com os registros das falas dos sujeitos entrevistados. A

proposta foi aceita, e, na sequência, realizamos um grupo focal, (APÊNDICE B), composto por cinco (05) docentes, sendo três do gênero masculino e dois (02) do gênero feminino.

O objetivo do referido documento foi compreender e apreender no sentido referido por Voltolini (2011, p. 33), que indica “muito mais uma operação ativa, de ir lá e pegar algo no campo do Outro, do que receber passivamente [...]”, os diferentes significados do mal-estar dos docentes ao lidar com a política pública da Educação Integral/Integrada nas referidas escolas lócus deste estudo.

Em 2010, organizamos encontros específicos com o intuito de dar oportunidade a esses professores envolvidos com as classes de Educação Integral/Integrada para falar sobre as dificuldades encontradas no cotidiano de suas escolas.

Bauer e Gaskell (2008) sugerem que as discussões no grupo focal podem ser retiradas de recursos como “um assunto” provocador de ideias, utilizado como uma estratégia de fazer fluir sua imaginação. Caracterizam o grupo focal como:

Um debate aberto e acessível a todos: os assuntos em questão são de interesse comum; o debate se fundamenta em uma discussão racional, uma troca de pontos de vista, ideias e experiências, embora expressas emocionalmente e sem lógicas (BAUER e GASKELL, 2008, p. 79).

Acrescentam ainda que o grupo focal, composto por pessoas discutindo um determinado assunto em um mesmo local, é mais do que a soma das partes. Ocorrem processos de intuições criativas no contexto da reflexão que por vezes não são percebidos na interação da entrevista individual.

Assim, com o grupo organizado e os objetivos esclarecidos, cada docente apresentou-se, como sugerem Bauer e Gaskell (2008), “para começar o processo, o moderador pede a cada participante que se apresente dizendo o nome” (p. 79), em seguida foram confrontando seus próprios pontos de vista e opiniões. Ouvimos todas as considerações feitas pelos professores, mas procuramos não fazer juízos de valor a respeito das discussões. Este momento foi registrado em forma de gravação, posteriormente degravado e elaborado

um texto do qual foram retirados excertos constituindo-se em fonte riquíssima de informações para esta tese.

Vale ressaltar que este instrumento serviu de base para organizarmos o roteiro do segundo dispositivo de construção de dados, a entrevista semiestruturada, conforme o roteiro consta no Apêndice C.

No dia 23 de novembro de 2011, fizemos uma segunda visita à escola, novamente pré-agendada com o diretor, que mais uma vez nos acolheu, falou das experiências educativas desenvolvidas na instituição deixando-nos à vontade para conversar com os professores. Em diálogo com o diretor, apresentamos a demanda da aplicação de mais um instrumento de pesquisa: a entrevista semiestruturada.

Com vistas a atender aos objetivos propostos neste estudo, bem como articular as informações com os referenciais teóricos estudados, utilizamos a entrevista individual de caráter semiestruturada, assim caracterizada por não ter um roteiro fechado. Segundo Flick (2009), “a entrevista individual serve para documentar o processo de abordagem de um campo, as experiências e os problemas no contato com o campo ou com os entrevistados, e a aplicação dos métodos” (p. 269). Esse instrumento possibilita ao pesquisador registrar, de forma fiel, as informações prestadas pelos entrevistados permitindo, ainda, a construção de maior quantidade possível de informações úteis para a pesquisa, num clima de partilha e negociações de realidades.

Bauer e Gaskell (2008) acrescentam:

Toda pesquisa com entrevistas é um processo social, uma interação ou um empreendimento cooperativo, em que as palavras são o meio principal de troca. Não é apenas um processo de informação de mão única passando de um (o entrevistado) para outro (o entrevistador). Ao contrário, ela é uma interação, uma troca de ideias e de significados, em que várias realidades e percepções são exploradas e desenvolvidas. Quando nós lidamos com sentidos sobre o mundo e sobre os acontecimentos, existem diferentes realidades possíveis, dependendo da situação e da natureza da interação (p. 74).

Destacamos que, antes de utilizar a entrevista semiestruturada, elaboramos o roteiro que foi lido e analisado pela orientadora e pela pesquisadora, com o intuito de verificar se o dispositivo atenderia aos objetivos

da pesquisa. Esse roteiro foi apresentado e apreciado pelo diretor da referida escola.

Assim, com a permissão do diretor, nos reunimos com os cinco (05) professores que atuam nas classes de Educação Integral/Integrada e esclarecemos o objetivo da nossa segunda visita e da intencionalidade da aplicação do segundo instrumento. Diante das suas concordâncias, entregamos individualmente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme o roteiro consta no Apêndice A.

Ao iniciar a entrevista, foi combinado com cada docente entrevistado que, se houvesse necessidade de maiores explicações sobre alguma questão, poderia ser solicitada a palavra quantas vezes fossem necessárias. Ressaltamos que algumas vezes retomamos as questões para dirimir as dúvidas surgidas.

As entrevistas foram realizadas na sala do diretor, com duração de aproximadamente uma hora (1h) com cada professor. Nesse processo, convidamos a exporem de maneira tranquila suas ideias, concepções, angústias, desafios, expectativas, implicações da política pública de Educação Integral/Integrada que estava sendo desenvolvida no cotidiano daquela instituição.

Esse instrumento nos levou a melhor compreender o fenômeno estudado, sob diferentes perspectivas, seja de ordem política, pessoal e institucional. Acompanhamos de perto os questionamentos, as opiniões e as análises dos professores a respeito do projeto educativo gestado na sua escola. Cada docente que chegava para ser entrevistado sinalizava, na sua fala, indícios dos limites e possibilidades desta política pública, apontando que neste contexto, talvez devesse ser considerada não somente a sua implantação/apropriação, mas, inegavelmente as suas repercussões no cotidiano da escola pública. Tornou-se um momento privilegiado de “escuta”, onde os docentes reconheciam a relevância da proposta como expunham também os entraves para sua implementação.

4.3.1.2 Contextualizando a escola e os instrumentos de construção dos