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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

PARTE I AVALIAÇÃO E PROGRESSÃO CONTINUADA

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Antes de definir uma escola para a realização da coleta de dados, considerei necessário entender como o regime de progressão continuada estava sendo desenvolvido no estado de São Paulo, nos termos da proposta pelo governo responsável. Foi realizado um levantamento de textos oficiais, com o intuito de agregar todos os documentos com informações a respeito dessa proposta, fornecidos por profissionais e instituições ligados ao governo estadual.

Depois de identificar os documentos, esse levantamento foi submetido à apreciação de diferentes profissionais ligados à temática (4), provenientes de universidades (2) e outros indicados pela Secretaria de Educação do Estado (2) para atuar como avaliadores dos documentos pesquisados,4 tendo em vista validar os documentos pesquisados e garantir uma fonte confiável para compreender a proposta.

Recebemos a resposta de dois apreciadores, de um dos indicados pela Secretaria de Educação do Estado e de outro proveniente de uma universidade, os quais indicaram documentos adicionais.5

Os documentos pesquisados, incluindo as considerações e sugestões dos apreciadores, encontram-se listados no quadro abaixo:

QUADRO 1 – REFERENTE AOS DOCUMENTOS PESQUISADOS

DOCUMENTO DATA

1 Comunicado SE – Diretrizes educacionais para o Estado de São Paulo, no período de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 1998.

Governo do Estado de São Paulo/ SEE, 22/03/95.

2 Resolução SE no 77/96 DOE 04/07/96, Seção I, p. 7

3 Deliberação CEE no 11/96 Aprovada em 11/12/96

4 Essa consulta foi feita através de carta. Ver em Anexo 1 o modelo da carta enviada.

5 Gostaria de agradecer à Profa. Dra. Sandra Z. L. de Sousa, docente da USP, e à CENP/SP pela atenção e sugestões

4 Indicação CEE no 12/96 Aprovada em 11/12/96

5 Parecer CEE no 315/97 DOE 03/07/97, Seção I, p. 10

6 Deliberação CEE no 09/97 Homologado por Res. SE 04/08/97 –

DOE 05/08/97, Seção I, p. 12-13 7 Indicação CEE no 08/97 Homologado por Res. SE 04/08/97 –

DOE 05/08/97, Seção I, p. 12-13 8 Indicação CEE no 13/97 DOE 30/09/97, Seção I, p. 11 9 Indicação CEE no 22/97 DOE 20/12/97, Seção I, p. 16

10 Deliberação CEE no 10/97 DOE 01/08/97, Seção I, p. 10

11 Indicação CEE no 09/97 DOE 01/08/97, Seção I, p. 10

12 Resolução SE no 04/98 DOE 17/01/98, Seção I, p. 6 13 Parecer CEE no 67/98 DOE 21/03/98, Seção I, p. 20-22

14 Instrução conjunta CENP-COGSP-CEI. DOE 13/02/98, Seção I

15 Parecer CEE no 425/98 Aprovado em 30/07/98. DOE

01/08/98, Seção I, p. 17-18 16 Relatório 1996 – Projeto Flexibilização Curricular do

Ensino

Governo do Estado de São Paulo/ SEE/ CENP, 1997

17 Projeto Flexibilização Curricular – Orientação Técnica Governo do Estado de São Paulo/ SEE/ CENP, 1997

18 Projeto Escola nas Férias Governo do Estado de São Paulo/ SEE, 1997

19 Diretrizes para avaliação e parâmetros para encaminhamento dos alunos das classes de aceleração

Governo do Estado de São Paulo/ SEE/FDE, 1997

20 Ensinar pra valer! Avaliação. Aprender pra valer! Classes de Aceleração

Governo do Estado de São Paulo/ SEE/FDE, 1998

21 Progressão Continuada. Escola de Cara Nova – Planejamento 1998

Governo do Estado de São Paulo/ SEE, 1998

22 Plugando a rede na rede – Planejamento 1999 Governo do Estado de São Paulo/ SEE, 1999

23 A organização do ensino na rede estadual – orientação para as escolas

Governo do Estado de São Paulo/ SEE, 2000

24 Escola Agora – aprendendo sempre Governo do Estado de São Paulo/ SEE; no 15 – dez/97; 16 – fev/98; 17 –

abr/98; 19 – out/98

25 Recuperação de Ciclo – Ciclo I SEE; obtido via internet http:// www.educacao.sp.gov.br/secretaria/or gaos/cenp/Recuperacao/p. 1-22.htm

26 Circuito Gestão – Formação Continuada e Gestores de Educação – textos de apoio e subsídios

Governo do Estado de São Paulo/ SEE/ CENP, 2000

Com todos os documentos apreciados, procurei elaborar o entendimento da proposta a partir dos textos oficiais. Verifiquei também a proposta de como as escolas deveriam se organizar em função dessa nova mudança e ainda foi dada uma atenção especial aos textos que revelavam como a avaliação da aprendizagem era entendida e deveria ser concretizada segundo essa proposta.

2.1 O percurso até a escola pesquisada

Em janeiro de 2000, comecei a minha visita a diferentes escolas na expectativa de conquistar um espaço para realizar o trabalho de campo. Fui às diretorias de ensino de Campinas para realizar o levantamento das escolas estaduais existentes na cidade. Obtive na coordenação do Curso de Pedagogia da Unicamp uma listagem das escolas lá cadastradas acreditando que isso facilitaria o contato para a realização da pesquisa.

No período em que estava consultando o material obtido na Unicamp, uma supervisora de ensino da rede estadual que participou das reuniões no grupo de pesquisa – LOED forneceu-me uma outra listagem com todas as unidades escolares de Campinas, já identificando o grau de ensino ministrado, se referente ao Ciclo I ou II ou ambos, além da localização atualizada dessas escolas.

Optei pelas unidades escolares pertencentes à Diretoria Regional de Ensino Leste, por abranger uma parte da cidade na qual eu tenho maior facilidade de acesso e locomoção (nesta região também fica localizada a Unicamp).

Visitei aproximadamente dezoito escolas estaduais, sendo que em apenas uma delas havia o Ciclo I e II; nesta fui muito bem recebida pela direção, esclareci os objetivos e a importância da pesquisa, mas não houve resposta sobre a possibilidade de realização do trabalho de campo. As demais eram escolas que atendiam apenas ao Ciclo I e nem sempre fui bem recebida.

Procurei sempre esclarecer os objetivos da pesquisa e apresentar algumas condições que eram necessárias para a realização do trabalho de campo:

• primeiramente ser da rede estadual, pois esta é a rede que efetivamente está comprometida com a progressão continuada, o que descarta, portanto, as escolas municipais;

• atender ao Ciclo I. A escolha do primeiro ciclo está relacionada, ainda, à afinidade da pesquisadora com esse grau de ensino, tanto em sua trajetória profissional quanto acadêmica; • ser possível a presença (livre) da pesquisadora na escola, e o acompanhamento das atividades

em sala de aula uma vez por semana em cada ano do Ciclo I, a participação nas reuniões de horário de trabalho pedagógico e em outros momentos coletivos na escola, durante todo o ano letivo de 2000. Para tanto, era importante existir na escola o trabalho de coordenação escolar.

Como se tratava de um trabalho que privilegiava a observação e não a intervenção na sala de aula, as portas das escolas pareciam aos poucos ir se fechando. O acompanhamento do trabalho de quatro profissionais diferentes foi um dificultador, pois era necessário conciliar a aceitação de todos para a realização da pesquisa. Entendendo que essa situação de entrada no ambiente escolar não é confortável tanto para o pesquisador como para o professor e profissionais da escola, pouco a pouco fui me decepcionando porque a recusa era constante e enorme a ansiedade de iniciar o trabalho.

Depois de muitos “nãos”, duas escolas não permitiram a realização do trabalho de campo nem o descartaram; na esperança de conquistá-las, procurei investir esforços ali antes de procurar outras escolas.

Em uma delas marquei horário para falar com a coordenadora após uma semana. Fui ansiosa para este encontro. Depois da espera, veio um momento agradável com uma pessoa cativante, possibilitando uma conversa estimuladora, convidou a direção a participar e entender os objetivos da pesquisa e como se realizaria o trabalho de campo. Apresentei as condições para viabilizar o trabalho de campo e fui questionada pela diretora sobre o período de permanência na escola. Ela discordava de alguns profissionais que, apesar do pouco tempo que destinavam à escola, aferiam resultados sobre a realidade escolar. Concordei e aproveitei para esclarecer que a minha permanência na escola se estenderia pelo ano letivo de 2000.

A coordenadora informou-me sobre um projeto de quatro anos de que a escola participava – Programa de Qualidade no Ensino (PQE) e, em seguida, prontificou-se a marcar um horário para que eu conversasse com a coordenadora do programa a fim de esclarecer possíveis dúvidas sobre o mesmo e sobre se esse fato poderia ocasionar problemas para a minha pesquisa.

Antes de retornar ao encontro marcado, fui à outra escola, só que a recepção não foi a mesma. A coordenadora me deixou esperando e não me atendeu no dia marcado. Insistentemente, retornei no outro dia e ela acabou me atendendo, deixando bem claro que dependeria da aceitação dos professores porque a coordenação e direção não poderiam interferir. Marcou um horário para

que eu me apresentasse às professoras durante uma reunião de HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo).

Estive lá no horário marcado para a realização do HTPC, como combinado, e antes de iniciar a reunião, ela cedeu um tempo para que eu me apresentasse ao grupo de professores e explicasse os objetivos e importância da pesquisa e discorrer sobre o trabalho de campo. Foi constrangedor porque somente um professor tentou me apoiar e pedia a colaboração dos colegas, mas todos ficaram calados. Terminando a apresentação, agradeci a todos e pedi a eles que respondessem à coordenadora sobre a viabilidade ou não da realização do trabalho na escola. Marquei com a coordenação um outro dia para obter a resposta, que não foi nem sim nem não. Tive, nesse momento, a oportunidade de falar com a diretora, que me conduziu de sala em sala, perguntando aos professores se aceitariam a minha presença na classe. Foi embaraçoso porque às vezes o professor parecia constrangido pelo pedido da diretora, e respondiam que sim; outros, mais firmes, respondiam que não. Como não foi possível verificar todas as salas de aula, a diretora pediu para que eu voltasse em outro período porque faltava ainda um professor do segundo e outro do quarto ano.

Nesse período, já havia iniciado as aulas e eu retornei à outra escola para me informar se o Projeto de Qualidade no Ensino alterava significativamente a organização da escola. Novamente fui bem recebida e, depois dos esclarecimentos com a coordenadora do PQE, conversei com a coordenadora da escola sobre a viabilidade e aceitação por parte das professoras ao meu trabalho de campo e ela tranqüilizou-me dizendo que isto não seria tão complicado.

Perguntou-me em que período – tarde ou manhã – eu preferia realizar a coleta de dados. Como para mim era indiferente, ela indicou o período da manhã e as professoras que ela recomendava, porque já as conhecia e sabia quais delas aceitariam a minha presença com maior facilidade. Esclareceu que o trabalho nas quartas séries era por área: uma professora para Português, História, Geografia e Educação Física e outra para a área de Matemática, Ciências e Educação Artística. Perguntou-me se eu acompanharia a turma ou a professora. Respondi que acompanharia a turma e, então, me indicou o 4o ano A. Deixou-me à vontade para vir à escola conversar com as professoras, comunicou-me que o primeiro HTPC seria realizado na semana seguinte e que eu poderia participar. Agradeci e respondi que iria analisar, juntamente com o meu orientador, se teria implicação para a pesquisa esse outro projeto existente na escola, entrando novamente em contato.

Depois de analisarmos as possibilidades e considerarmos que essa escola apresentava as condições adequadas com recursos físicos e humanos desejáveis (a escola foi uma das escolhidas

para participar de programas como o do PQE devido a essas características) e favoráveis à implantação do Regime de Progressão Continuada, chegamos à conclusão de que eu deveria arriscar o contato com os seus professores o mais rápido possível para iniciar a coleta de dados (já que as aulas haviam começado).

Conversei com a coordenadora da escola e estabelecemos como seriam as visitas: aconteceriam uma vez por semana, durando inicialmente meio período em cada sala de aula, antes do recreio e depois do recreio para não interferir na organização do horário escolar, em dias alternados sem prévio aviso do professor. A coordenadora concordou e solicitou-me um documento da Unicamp e do orientador para arquivar e constar na escola a minha participação; como já tinha em mãos esta carta entreguei-a à coordenadora, que a encaminhou para a direção, ficando combinado mesmo antes das professoras me conhecerem que eu realizaria o trabalho na escola.

Ressalto esse aspecto porque depois de percorrer várias escolas para realizar esse trabalho e, também, pela experiência nos trabalhos que realizei anteriormente, a atitude da coordenação foi interessante não por mostrar uma autonomia da mesma ou um autoritarismo ao qual os professores se submetem, mas pela convicção da coordenação, sustentada no trabalho que realizava já há alguns anos na mesma escola e também nos projetos ali desenvolvidos, de que as professoras, sempre que esclarecidas, participavam desses projetos. Como veremos no decorrer da pesquisa, esta atitude, embora presente especialmente nesta escola e que já me instigava, não foi construída sem muitos conflitos.

2.2 As informações coletadas na escola pesquisada

Como já foi exposto, a coleta de dados ocorreu durante todo o ano letivo de 2000 em uma escola estadual de Ensino Fundamental que atendia ao Ciclo I. Para apreender as manifestações do fenômeno estudado (Regime de Progressão Continuada), consideramos as seguintes fontes de informações:

• exame de documentos da escola: Plano da escola, Regimento da escola, Arquivo Histórico da escola.

• observações diretas em uma turma de cada ano escolar do Ciclo I (1o, 2o 3o e 4o). Vale lembrar que ao todo foram acompanhadas cinco professoras porque no 4o ano, como já foi dito, as diferentes disciplinas eram divididas entre duas professoras;

• observações diretas das reuniões HTPC na escola;

• observações diretas de outras reuniões: conselhos de classe, reuniões de pais e mestres, reuniões do PQE, encontros para atualização pessoal, planejamento escolar;

• observações diretas de atividade de reforço escolar;

• observações diretas de eventos, comemorações e situações escolares diversas: formatura do PROERD, formatura dos alunos do 4a ano, comemoração do Papai Noel, festa junina, semana do folclore, recreio;

• entrevistas com as professoras observadas; • entrevistas com a diretora e a coordenadora;

• entrevistas com todos os alunos das turmas observadas.

Vale ressaltar que os profissionais da escola, mesmo os que não participaram diretamente do trabalho de campo, foram informados da natureza e dos objetivos da pesquisa, mas não em seus detalhes, pois estes ainda poderiam ser (re)construídos no decorrer da pesquisa.

Dos documentos oficiais da escola, foram solicitadas cópias para o presente trabalho, disponibilizadas mediante a apresentação de uma solicitação assinada pelo orientador. Tendo em mãos esses documentos, pudemos entrar em contato com a história da escola como também conhecer um pouco mais a realidade em que ela está inserida e entender a sua proposta pedagógica, auxiliando o olhar sobre a mesma.

A diretora colocou à disposição os documentos que informavam sobre o funcionamento da escola, em termos administrativos e pedagógicos, listados no quadro abaixo:

QUADRO 2 – DOCUMENTOS DA ESCOLA

MATERIAIS DATA DA PRODUÇÃO

1 Plano da escola – Plano Gestão 2000 2000

2 Regimento escolar e Proposta escolar 1999

3 Arquivo histórico da escola –

4 Resultados da avaliação diagnóstica Outubro/1999 5 Resultados da 1a Avaliação Diagnóstica (somente para

6 Resultados da 2a Avaliação Diagnóstica Junho/2000

7 Resultados da 3a Avaliação Diagnóstica Novembro/2000

Através desses documentos, foi possível me aproximar da realidade da escola, dos sujeitos nela envolvidos e das metas de seus profissionais para o ano 2000. O conteúdo desses documentos foi descrito no trabalho de acordo com sua relevância para o esclarecimento da problemática. Aspectos relacionados à organização da escola, progressão continuada e avaliação foram ressaltados nessa descrição.

Depois de vencidas as dificuldades para me inserir no cotidiano escolar (embora seja sempre delicada essa situação e necessite de cuidados constantes durante todo o trabalho) e os alunos também mais acostumados com a minha presença na sala de aula, a observação direta possibilitou um acúmulo de informações sobre como, no dia-a-dia, efetiva-se o trabalho pedagógico do professor, sobre a relação estabelecida com os alunos e com o conhecimento e sobre as práticas avaliativas presentes no processo de aprendizagem.

A observação, segundo LUDKE e ANDRÉ (1986), pode tornar-se uma maneira rica de se compreender e verificar a ocorrência do fenômeno estudado, além de possibilitar ao pesquisador recorrer aos seus conhecimentos e experiências pessoais.

Durante todo o ano letivo6 minhas visitas em sala de aula ocorriam em dois dias da semana alternados, sem prévio conhecimento dos professores para se evitar uma “preparação” que não correspondesse à realidade, devido a minha presença. Permanecia em cada sala de aula a metade do período escolar, de modo que cada turma era observada uma vez por semana, alternava também os momentos de observação entre antes e depois do recreio. Em todas as visitas, sempre entrei e saí da sala juntamente com a professora e os alunos. Sentava-me no fundo da sala, utilizando cadeira e carteira dos alunos, e, aos poucos, as professoras passaram a conversar comigo enquanto os alunos faziam alguma atividade, comentando algumas dificuldades com eles ou com os pais.

O total de visitas e horas de observação em sala de aula pode ser conferido no quadro abaixo:

6 No mês de outubro de 2000 foi realizada apenas uma visita a cada turma. Vale ressaltar também que todas as outras

atividades, reuniões, eventos e comemorações, ocorridas a partir da segunda semana de outubro na escola, não foram acompanhadas devido a uma cirurgia à qual a pesquisadora foi submetida.

QUADRO 3 – TOTAL DE VISITAS/HORAS DE OBSERVAÇÃO – SALA DE AULA

ANOS TOTAL DE VISITAS TOTAL HORAS/AULAS

1O ANO 21 53

2O ANO 21 51

3O ANO 24 61

4O ANO 20 57

TOTAL GERAL 86 222

As reuniões de HTPC foram observadas seguindo a mesma sistemática: sentava-me juntamente com as professoras em círculo ou em grupo, de acordo com a proposta de trabalho da coordenadora para o dia, e fazia anotações sobre o ocorria nessas reuniões no caderno de campo. As reuniões ocorriam uma vez por semana e, dependendo dos assuntos a tratar, estendiam-se além das duas horas previstas nem sempre com aviso prévio, mas nunca ultrapassaram três horas. A presença nessas reuniões acabou auxiliando no estabelecimento de confiança e amenizando a relação da pesquisadora com as professoras porque elas percebiam a mesma conduta da sala de aula nessas reuniões.

Durante todo o ano, atendendo determinação do orientador, controlei-me para não intervir nas discussões. Mesmo quando as professoras solicitavam, eu procurava não manifestar opinião para não gerar eventual indisposição com o grupo, professores, coordenadora ou direção que sempre participavam das reuniões.

A minha presença sempre observando e anotando gerava um certo desconforto, mas também muita curiosidade entre todas. Mesmo as professoras que eu não acompanhava falavam: O que tanto você anota!? Qualquer dia vou pegar este caderno para ver o que você escreve!? Você não está anotando o que eu acabei de falar!? Ao final do ano, as falas mudavam, devido ao cansaço relativo às tarefas que as professoras estavam desenvolvendo, muitas vezes vindo em forma de desabafo: Anotou aí Regiane como os professores são massacrados?! Anota isso aí na sua pesquisa!

O total de visitas e horas7 de observação em HTPC pode ser conferido no quadro que segue:

7 Vale ressaltar que na grande maioria as horas observadas referidas na pesquisa são equivalentes a hora/aula,

QUADRO 4 – TOTAL DE VISITAS/HORAS DE OBSERVAÇÃO – HTPC – HORÁRIO TRABALHO PEDAGÓGICO COLETIVO

HORÁRIO TRABALHO

PEDAGÓGICO TOTAL DE VISITAS TOTAL DE HORAS/AULA

1o SEMESTRE 10 21

2o SEMESTRE 14 28

TOTAL 24 49

Também foram observados diferentes encontros e reuniões com os professores na escola durante todo o ano letivo: conselhos de classe, reuniões de pais e mestres, reuniões do PQE, encontros para atualização pessoal, planejamento escolar. Neles, sempre mantive o mesmo procedimento: anotar no caderno de campo as informações coletadas e procurar não intervir nas situações e trabalhos desenvolvidos; sentava-me ao fundo e não me pronunciava, nem para os professores, nem para os pais ou outros sujeitos que participavam desses encontros. Como foram vários estes momentos, optei por agrupá-los, sendo que o total de visitas e horas de observação em cada modalidade pode ser conferido no quadro abaixo:

QUADRO 5 – TOTAL DE VISITAS/HORAS DE OBSERVAÇÃO – REUNIÕES

TOTAL DE VISITAS TOTAL DE HORAS/AULAS

MODALIDADES DE REUNIÕES 1O SEMESTRE 2O SEMESTRE 1O SEMESTRE 2O SEMESTRE Reunião PQE 1 1 1 1 Reunião complementar HTPC 1 1 2 2 Conselho de Classe/Série 3 3 12 11

Atualização pessoal para o trabalho

1 – 4 –

Reuniões com pais 3 4 15 17

Avaliação e Planejamento

– 3 – 11

SUBTOTAL 9 12 34 42

TOTAL 21 76

Outra atividade que mereceu acompanhamento sistemático e observação foi o reforço de aprendizagem, organizado pela escola. No primeiro semestre, a escola tinha a opção de requerer

professoras do estado para atuar no reforço, mas a escola decidiu não realizar o reforço promovido pelo estado devido à existência do reforço do PQE, para não sobrecarregar os alunos e a escola. A DE concordou com esta substituição. O reforço do PQE ocorreu no período inverso ao qual o aluno estava matriculado/cursando.

No segundo semestre, houve modificação nessa decisão, pois a preocupação em relação à defasagem de aprendizagem dos alunos da escola motivou a tentativa de suprir de diversas maneiras tal problemática. A escola abraçou todas as formas de reforço e implementou o reforço

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