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Procedimentos Metodológicos: construindo um modelo de análise

Avaliando a Experiência do COP de Fortaleza

4.1 Procedimentos Metodológicos: construindo um modelo de análise

A presente pesquisa objetiva avaliar os limites e as potencialidades do Conselho do Orçamento Participativo de Fortaleza-COP, especialmente no que se refere à efetivação da participação popular, tendo como horizonte de tempo o período 2005/2008, correspondente ao primeiro mandato da Prefeita Luizianne Lins. Trata-se, portanto, de uma

avaliação “ex-post-facto”, posto que, conforme os ensinamentos de Holanda (2006), foi

realizada após a implantação do programa.

Quanto à abordagem, optou-se pela pesquisa qualitativa, na medida em que esta permite compreender de forma mais direta a reação dos entrevistados frente aos problemas colocados, bem como revela suas opções de modo mais consistente. Combina os métodos qualitativos e quantitativos para reafirmar e validar as descobertas pelo emprego de técnicas diferenciadas (DUFFY, 1987).

Godoy (1995) aponta a existência de, pelo menos, três diferentes possibilidades oferecidas pela abordagem qualitativa: a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia. Pelas características da investigação em tela, a pesquisa se enquadra no estudo de caso na medida em que se trata de uma análise em profundidade sobre o como e o porquê determinados fenômenos acontecem e que só faz sentido visto dentro de um contexto específico (GODOY, 1995).

Sendo assim, a metodologia utilizada se ampara em três etapas: (1) Sistematização e análise crítica da bibliografia e da documentação de referência; (2) Pesquisa de campo; (3) Análise e tratamento do material empírico e documental.

1ª Etapa: Sistematização/Análise Crítica da Bibliografia e da Documentação de Referência

O objetivo da primeira etapa da pesquisa é recolher dados e informações para uma abordagem do tema estudado. A pesquisa bibliográfica sobre orçamento participativo já foi explorada nos capítulos anteriores e está registrada nas referências bibliográficas. A documentação de referência sobre o OP de Fortaleza bem como os dados e informações correlatos encontram-se sintetizados na tabela 5.

Tabela 5 – Síntese da Documentação de Referência

Documentação de Referência Dados / Informações

 Caderno de Formação do OP.

 Regimento do Orçamento Participativo da

Cidade de Fortaleza.

 Atas das Reuniões.

 Caderno de Propostas do OP 2008.

 Concepção e funcionamento do OP.

 Normas e procedimentos que regulamentam

o COP.

 Processo de negociação e argumentação das

demandas.

 Acompanhamento das demandas (descrição,

SER, bairro e pontuação).

 Relatórios.  Análise da participação, quantidade de assembleias, delegados, conselheiros e demandas.

 Legislação Específica

 Lei 10.257 de 10 de julho de 2001.

Estabelece as diretrizes gerais da Política Urbana.

 Constituição da República Federativa do

Brasil/1988.

 Instrumentos da política urbana. Gestão da

cidade.

 Fundamentos legais dos processos

participativos e instrumentos orçamentários.

No processo de construção e de análise de dados, busca-se apoio no trabalho de Alves (2009) que, fundamentado no delineamento proposto por FUCKS et al (2004), apresenta a utilização de atas de reuniões como recurso metodológico para o levantamento de aspectos importantes sobre os Conselhos Gestores do Paraná. A análise das atas das

reuniões ordinárias do COP de Fortaleza é de grande importância para a compreensão da dinâmica de funcionamento deste Conselho, notadamente quanto ao aspecto da argumentação e negociação, fatores que impactam a qualidade da participação. No que se refere à dinâmica de funcionamento e ao processo decisório, busca-se o auxilio de Milani (2005) em seus questionamentos sobre o processo de participação: Quem participa? Que desigualdades subsistem na participação? Como se dá o processo de constituição do interesse coletivo no âmbito dos dispositivos de participação?

2ª Etapa: Pesquisa de Campo

A pesquisa de campo se estrutura basicamente em duas atividades: observação direta e entrevistas/questionários.

A observação direta foi utilizada nas reuniões do COP e no ambiente de aplicação dos questionários. Nesta etapa buscou-se atentar para os ensinamentos de Oliveira (1994) sobre a importância do olhar, do ouvir e do escrever para a apreensão dos fenômenos sociais. Segundo o autor, esses atos cognitivos assumem um significado especial quando o pesquisador adentra o campo de pesquisa, pois o olhar do pesquisador é construído em função da teoria; o ouvir está associado à escuta do sujeito; o escrever compreende a dimensão do conhecimento, a elaboração do pensamento, isto é, o refúgio consigo mesmo. Para evitar perda do material observado, foi criado um “caderno de

campo” para as observações de caráter informativo.

Como instrumento de coleta, foi utilizado um questionário com 18 questões fechadas, 09 semi-abertas e 04 abertas, as quais foram gravadas e transcritas para efeito de análise (ver anexos). Quanto às entrevistas, foram utilizadas duas modalidades: a estruturada aberta e a semi-estruturada, conforme sinopse apresentada na tabela 6. Os resultados serão apresentados com tratamento estatístico em forma de gráficos, tabelas e textos explicativos.

Tabela 6 – Sinopse para as Entrevistas e Questionários

Modalidade Qt. Público Alvo Objetivos e Resultados Esperados

Entrevista

estruturada aberta

01 Coordenador do OP Objetivo: Conhecer a perspectiva de

participação da sociedade civil através do COP pelo autor da iniciativa (Poder Executivo). Resultados: Avaliar o comportamento e a atitude do executivo municipal no que diz respeito à democracia participativa como complementar da democracia representativa.

Entrevista semi- estruturada

15 Conselheiros Objetivo: Verificar quem participa, como

participa e qual seu poder de deliberação. Resultados: Traçar um perfil dos conselheiros, identificando o poder de deliberação interna e suas expectativas quanto ao OP.

3ª Etapa: Análise e Tratamento do Material Empírico e Documental

A análise e o tratamento do material empírico serão apresentados detalhadamente na segunda parte deste capítulo. Ressalta-se, aqui, o universo de representatividade do COP cuja relação está exposta na tabela 7.

Tabela 7 – Universo de Representatividade do COP – 2008

Regional Conselheiros Segmentos

Sociais Outros Conselheiros Conselheiros

I 14

12

Comdica 01

II 06 Trabalho e renda 01

III 08 Assistência Social 01

IV 11 Habitação 01

V 20 Saúde 01

VI 15 Governo 04

A estratificação da amostra envolve as Regiões Administrativas de Fortaleza com percentuais diferenciados (Regiões I, II, III, IV com 10% e V, VI com 20%), considerando a dimensão e a população dessas regiões. A proposta inicial contemplava, ainda, a representatividade de dois conselheiros dos segmentos sociais e dois conselheiros de outros Conselhos que têm assento no COP, a saber: Saúde, Habitação, Assistência

Social, Trabalho e Renda, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – COMDICA.

Infelizmente, não foi possível contemplar os dois conselheiros de outros conselhos, pois eles não sabiam que tinham assento no COP, razão pela qual estavam alheios ao fato. Perguntado aos conselheiros territoriais sobre a participação desses conselheiros, obteve-se como resposta que eles são convidados, mas se não vêm é porque não há interesse. Diante desse impasse, foi adicionado mais um componente dos segmentos sociais e outro do Orçamento Participativo da Criança e do Adolescente – OPCA. Desse modo, a amostra ficou constituída como segue na tabela 8

Tabela 8 – Demonstrativo da Amostra

Regional Conselhos Territoriais Percentuais Resultado

I 14 10% 01 II 06 10% 01 III 08 10% 01 IV 11 10% 01 V 20 20% 04 VI 15 20% 03 Segmentos Sociais 12 - 03 OPCA 12 - 01 Outros Conselhos 05 - - Total - - 15

A escolha dos entrevistados foi a adesão ao convite formulado, com o deslocamento do pesquisador, objetivando preservar o conforto do entrevistado e o locus propício para olhar e ouvir, estabelecendo como critério, conselheiros eleitos de diferentes regiões e segmentos sociais com assento no COP, há mais de dois anos, até o ano de 2008.

Esse arcabouço metodológico concebeu quatro matrizes para subsidiar a avaliação do COP Fortaleza na dimensão da participação, considerando o público alvo (conselheiros e setor público), conforme descrito na tabela 9.

Tabela 9 – Avaliação da Participação no COP