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DIMENSÃO HOSPITALAR

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Demarcando o tipo de pesquisa

Este trabalho foi realizado por meio de um estudo de caso no HC/UFMG, de caráter descritivo – apoiado, como recomenda Bruyne e Schoutheete (1977, p.227), em conceitos e hipóteses, “guiados por um esquema teórico que serve de princípio diretor para a coleta dos dados” - e utilizando como estratégia a abordagem qualitativa, e teve como unidade de análise a estrutura organizacional e o grupo de trabalho de humanização, deste hospital.

A pesquisa foi descritiva, pois, como o próprio nome sugere, pretendeu-se descrever as principais características da estrutura organizacional e a constituição, atuação e resultados alcançados pelo GTH do hospital pesquisado, bem como verificar a compatibilidade existente entre ambos. E qualitativa, uma vez que se pretendeu caracterizar a realidade organizacional a par tir, principalmente, da percepção e compreensão dos entrevistados (MATTAR, 1999; VERGARA, 2000).

Optou-se pelo estudo de caso por ser um método que permite responder perguntas do tipo como e por que, possibilitando caracterizar um fenômeno contemporâneo a partir de seu contexto e utilizando-se de técnicas de coletas variadas, como neste caso: entrevistas, documentos e observação (YIN, 2001; BRUYNE e SCHOUTHEETE, 1977). Esta pesquisa teve como referência o Programa / Política Nacional de Humanização, que estabelece, dentre outras questões, diretrizes para revitalização da humanização da assistência hospitalar, respeitando as especificidades da instituição. Este fato, além de reforçar a identificação do método como favorável, evidencia a sua limitação, no que tange as restrições de se generalizar para outros casos a validade de suas conclusões (BRUYNE e SCHOUTHEETE, 1977).

A escolha do caso, feita de maneira intencional, partiu da premissa de que era imprescindível que o hospital escolhido participasse do PNHAH e possuísse o GTH constituído. A opção por Belo Horizonte se justificou pela representatividade desses dentro do Sistema de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais, servindo, inclusive, como referência para hospitais de outras cidades do interior do estado. Outro fator considerado foi a questão da acessibilidade, em função do tempo disponível para a realização da pesquisa e dos recursos financeiros disponíveis (VERGARA, 2000).

Também pesou, para a opção pelo hospital escolhido, o fato de ele desempenhar um papel fundamental na formação dos profissionais de saúde. As aulas práticas e os estágios do curso de medicina e outros da UFMG são realizados nesse hospital, além dele apresentar, também, Programa de Residência Médica. Dessa forma, entendia -se que tais condições contribuiriam para maior disseminação da filosofia do PNHAH.

Um fator que também pesou para a definição do HC/UFMG, sem riscos de comprometer a validade desta pesquisa, foi o fato de ele se enquadrar bem ao pré-requisito inicial deste projeto - ter um GTH atuante - com o detalhe de ter uma coordenadora exclusiva para dedicação ao mesmo; conhecer de antemão a complexidade desse hospital; e saber, pelas observações colhidas durante os Encontros de Capacitação dos Hospitais promovidos pela Secretaria do Estado de Minas Gerais, ser o HC / UFMG um hospital referência no que diz respeito aos avanços obtidos na condução do PNHAH.

3.2 A operacionalização da pesquisa

Após a escolha e definição do HC/UFMG como local para a realização da pesquisa, um ponto que merece destaque e que demandou tempo de negociação foi a obtenção de autorização para a sua realização. Por definição da Resolução n. 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, toda pesquisa realizada em hospitais tem que ter os projetos previamente submetidos à Comissão de Ética desse hospital. Sendo assim, o primeiro contato oficial com o HC / UFMG foi realizado no dia 28 de agosto de 2003 ( APÊNDICE A), sendo a autorização para a realização e início da pesquisa obtida somente em 23 de outubro (ANEXO B), depois de todo o trâmite interno no hospital, providenciado pela sua Diretoria de Ensino e Pesquisa. Essa demora inicial para autorização da pesquisa foi posteriormente compensada pela facilidade de acesso aos entrevistados, que, sabendo da autorização concedida pela Comissão de Ética, foram abertos e acessíveis para o agendamento das entrevistas.

Após a obtenção da autorização para a realização desta pesquisa, o primeiro contato foi com a Assessoria de Planejamento do Hospital a fim de se obterem as primeiras informações a respeito da estrutura organizacional do hospital, bem como para se ter a relação dos nomes de sua diretoria e gerentes. Um outro contato realizado inicialmente foi com a coordenadora

do GTH do HC/UFMG - denominado de Comissão de Humanização -, também para coletar as primeiras informações a respeito do mesmo e a relação dos seus componentes51

.

A partir desses primeiros contatos iniciou-se a pesquisa de campo propriamente dita, que foi realizada, no ambiente de trabalho dos entrevistados, no período entre 19/11/2003 a 22/01/2004.

As entrevistas foram realizadas com diretores, gerentes e membros do GTH, além de com outros funcionários da instituição: três assessores de planejamento; uma coordenadora de uma das unidades funcionais52 e o Responsável Técnico - RT - da Enfermagem. A escolha dos diretores e gerentes se justificou por serem as pessoas diretamente responsáveis pelos processos de tomada de decisões organizacional; os membros da Comissão de Humanização, pela responsabilidade na condução do Programa / Política Nacional de Humanização no hospital; os assessores de planejamento foram incluídos por ter sido identificado durante as entrevistas, que a Assessoria de Planejamento do HC / UFMG tem um papel-chave nos processos de organização e de tomada de decisões organizacional; a coordenadora da unidade funcional, pela dificuldade de agendar horário diretamente com a sua gerente e, finalmente, o RT, por compor o quadro geral da diretoria, representando um dos grupos hegemônic os, do HC/UFMG.

Ao todo, como pode ser melhor visualizado no TABELA 1, foram realizadas vinte e duas entrevistas, sendo quatro, com os diretores do hospital; três com assessores de planejamento; dez com gerentes das unidades funcionais; uma com uma coordenadora de unidade funcional; uma com o RT da Enfermagem e três com membros da Comissão de Humanização, sendo uma delas com a sua coordenadora. Dos entrevistados, todos têm mais de cinco anos de serviços prestados no hospital e, à exceção de um deles que iniciou o curso superior e parou, todos são profissionais de nível superior. Os entrevistados foram identificados nos relatos, utilizando-se a codificação de E1 a E22, sem especificação da categoria, a fim de se evitar a identificação dos mesmos.

51

A partir desse ponto, o termo Grupo de Trabalho de Humanização será utilizado nesta pesquisa toda vez que envolver uma referência genérica; e, o termo Comissão de Humanização quando se tratar especificamente da situação do HC/UFMG.

52

Denominação que se dá às unidades administrativas e/ou assistenciais encarregadas de operacionalizar as atividades do HC/UFMG.

TABELA 1

Quantitativo de Entrevistas Realizadas

ENTREVISTADOS POR CATEGORIA

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