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3. Metodologia do trabalho

3.2. Procedimentos metodológicos

O método utilizado para a realização da análise temporal da pesquisa foi basicamente o quantitativo aplicado à Climatologia, ou seja, a série temporal de volumes de chuvas e o procedimento de análise foi o descritivo e relacional.

A partir daí, deu-se o tratamento estatístico através de alguns parâmetros como a média, o desvio padrão e o coeficiente de variação, a fim de encontrar valores ora que se aproximam ora que se afastam da normalidade pluviométrica para o período e indicar possível tendência na variação, ciclo e/ou recorrência na série temporal selecionada. Os desvios em relação à normal foram comparados a situações de anormalidade do sistema oceano-atmosfera.

Para a obtenção da normal (média) pluviométrica foi utilizada a expressão:

µ = ∑Xi/N

Onde ∑ é a soma dos valores, Xi é cada valor dos dados de pluviosidade (mensal, sazonal, anual) e N é o número de anos da série, conforme D’Hainaut (1997, p. 63) “a média aritmética duma amostra é o quociente da soma ou da soma dos dados [...] pelo número desses dados. A média aritmética é o índice global mais frequentemente utilizado”.

É importante a obtenção da média quando se deseja apontar a normal de chuva para o período de registro. Lucas (2009) a aplicou na análise dos eventos de chuvas persistentes para Belo Horizonte, no período de 1970-2005, e Gonçalves (1992) a aplicou ao estudo dos impactos pluviais e desorganização do espaço urbano de Salvador, onde encontrou valor médio em torno de 1921,6 mm anual para o período 1904-1989.

O desvio-padrão é uma das mais utilizadas medidas de variação de um grupo de dados. Tem a vantagem de permitir uma interpretação direta desta variação, pois ele é expresso na mesma unidade que a variável (Kg, mm, atm…). Sua formulação é assim enunciada:

σ = ∑(Xi-X)2 N

σ

– desvio padrão

Xi – corresponde a cada valor individual X – o valor médio

N – número de todos os valores

“Para fazer a avaliação da dispersão através de um índice que tenha a mesma dimensão que os dados, toma-se a raiz quadrada da variância que se chama desvio padrão” (D’HAINAUT, 1997, p. 86).

Assim, estabeleceu-se o desvio padrão da série temporal de chuvas para o período 1949-2008 e para outros recortes menores (mensal, sazonal, interanual e decadal) a fim de identificar desvios importantes em relação a normal estabelecida para o referido período.

Em seguida, para obter o grau de dispersão da variável analisada, utilizou-se o coeficiente de variação, expresso da seguinte forma:

Onde:

CV – coeficiente de variação DP – desvio padrão

X – o valor médio

Pimentel-Gomes (1985 apud CARVALHO et al 2003) organizou os coeficientes de variação em intervalos, da seguinte maneira: inferior a 10% (baixo); entre 10% e 20% (médio); entre 20% e 30% (alto); e maior que 30% (muito alto).

Na organização do material, os dados foram ordenados, criando um quadro funcional para análise e interpretação através da geração de gráficos, a fim de visualizar a variabilidade e tendências.

Assim, foi estabelecido o desvio padrão da série temporal de chuvas para o período 1949-2008 em sua dimensão mensal, sazonal, interanual e decadal, com vistas a identificar desvios importantes em relação à normal estabelecida. Em seguida, o grau de dispersão da variável analisada foi obtido a partir do coeficiente de variação.

Para a realização desses procedimentos estatísticos foi utilizada a ferramenta operacional computacional Excel 2007, que facilitou a organização e tabulação dos dados e a geração de diversos gráficos, para a interpretação dos resultados da pesquisa.

Análise espacial

A identificação da distribuição das chuvas em Salvador foi possível, a partir da disponibilidade do volume precipitado nos postos pluviométricos 19º BC, Aterro Canabrava, Aterro Centro, Base Naval, Ilha Amarela, IMA, INGÁ e Ondina.

Cabe ressaltar que o período de análise foi referente ao biênio 2008-2009, por razões já esclarecidas.

De posse dos referidos dados, seguiu-se sua organização e tabulação, obedecendo aos seguintes procedimentos:

Geração de banco de dados com auxílio do software Excel 2007, sendo organizados de forma a atender aos requisitos para análise, ou seja, distribuição mensal dos totais de chuvas dos postos supracitados.

A partir daí, foram utilizados alguns parâmetros estatísticos para visualizar a distribuição espacial e avaliar o grau de variabilidade das chuvas sobre a área em análise. Estes parâmetros foram o desvio-padrão e o coeficiente de variação.

A próxima etapa culminou na seleção da base municipal, para a espacialização dos dados de chuvas tabulados. Para tanto, utilizou-se a base georreferenciada organizada pela SEI (2006). Cada posto pluviométrico foi sendo inserido, a partir de suas coordenadas geográficas sobre o recorte espacial. O software Arcview 3.2 foi de suma importância na realização deste procedimento.

Em seguida, os valores de chuvas tabulados e organizados em ambiente Excel 2007 foram importados no ambiente Arcview 3.2, para promover a espacialização dos dados pontuais de chuvas dos postos pluviométricos e proceder à ligação entre os valores de precipitação e os pontos coordenados.

Em outra etapa, aplicou-se o método dos polígonos de Thiessen (ou das áreas de influência) com o uso da extensão create thiessen polygons v. 2.6 do Arcview 3.2, a fim de identificar a área de influência de cada posto pluviométrico e facilitar a interpolação e o auxílio a possíveis ajustes. (Figura 2)

O termo Thiessen deriva do meteorologista americano Alfred H. Thiessen e sua preocupação em encontrar solução para o preenchimento dos espaços vazios próximos às estações pluviométricas. (AMORIM et al, 2008)

O procedimento seguinte foi a interpolação dos dados de chuvas mensais, sazonais, anuais e interanual do biênio 2008-2009, referentes aos postos pluviométricos selecionados, a fim de gerar os mapas de isoietas. Para esta finalidade, fez-se uso do interpolador kriging, a partir do software Surfer 9.0.

O método de interpolação krigageng é amplamente utilizado na geração de mapas de isolinhas e é um recurso de fácil manuseio, desde que os dados estejam organizados de maneira adequada. (JORGE et al, 2007; SANTOS et al, 2007)

Como o procedimento se dá a partir da análise pontual das informações contidas no banco de dados dos postos pluviométricos e a quantidade de postos é bastante reduzida, priorizou-se a utilização do interpolador supracitado, a fim de que cada ponto tenha influência apenas em sua área, conforme os polígonos de Thiessen.

Os mapas gerados foram organizados em layout do ambiente Surfer 9.0, onde foi possível o acréscimo da formatação necessária a atender às exigências da Cartografia e à posterior análise das informações espacializadas.

Por fim, procedeu-se a um estudo analítico do caráter genético das chuvas vinculado à dinâmica da circulação atmosférica. Para tanto, recorreu-se a estudos anteriores que abordaram os sistemas meteorológicos atuantes sobre a região Nordeste e a sazonalidade das chuvas.

4. A DINÂMICA ATMOSFÉRICA REGIONAL E SEUS REFLEXOS NO REGIME