• Nenhum resultado encontrado

Procedimentos metodológicos na reconstituição do universo dos sócios

Capítulo III: O tecido comercial do concelho a partir dos livros de registos

3.2 Procedimentos metodológicos na reconstituição do universo dos sócios

A reconstituição do movimento de sócios apresentou-se uma operação mais complexa do que à partida esperávamos. A dispersão dos livros de registo de sócios justifica parcialmente esta situação. De facto, no período em análise confrontamo-nos com a existência de duas fontes: os livros de registo de sócios, que abrangem todo o período em estudo (1940-69); e os livros do registo das quotizações, com informações dos anos entre 1940 e 1959.

Por sua vez, a exploração e o cruzamento esperado com outras fontes, concretamente a quotização, evidenciou que o número de sócios efetivos ou registado como tal não correspondia ao universo total dos arrolados no pagamento das quotas. Após uma análise dos Estatutos do Grémio, e com base no artigo 3.º que define que este “representa todos os elementos que o

constituem, quer estejam ou não nele inscritos”152, fomos assim levados a criar uma distinção

entre os sócios efetivos e os “não inscritos”. Os primeiros, os sócios efetivos, correspondem àqueles que satisfazem os requisitos estatutários adstritos a essa categoria e que se encontram registados nos respetivos livros – registo aliás confirmado pela ata da reunião de aprovação dos sócios (Atas da Direção). Os “não inscritos” são aqueles que não se encontram recenseados como sócios efetivos na documentação a que tivemos acesso, mas que figuram exclusivamente nos livros de registo do pagamento das quotas.

Vale a pena esclarecer que optamos por criar esta distinção uma vez concluído que se tratavam de facto de indivíduos ou firmas não arroladas na demais documentação consultada, como se depreende da análise dos procedimentos metodológicos seguidos na exploração e tratamento documental que apresentamos em seguida.

Figura I – Folha de livro de registo de sócios

Fonte: ACIG, Livro de registo de sócios do GCCG

Os livros de registo dos sócios, cinco no total (apenas dois titulados), fornecem um grande leque de informação. Os dois primeiros livros dizem respeito aos sócios efetivos, entre

1939 e 1974, e aos sócios auxiliares, entre 1940 e 1956153. Os restantes livros não estão

titulados, sendo designados apenas pelos períodos que abrangem: 1948-70; 1950-56; e 1968- 70.

A informação presente nos vários livros sofre apenas uma alteração: se nos dois primeiros livros, de efetivos e de auxiliares, estão presentes os números e nomes dos sócios, a morada (rua/lugar e freguesia), a data de entrada e de saída (quando existe) e observações; os restantes livros apresentam um novo campo, sobre o ramo de comércio praticado pelos associados.

Inicialmente, foi criado um livro de dados em formato Excel, com cinco folhas distintas, que reproduziam a informação de cada um dos livros de registos. Durante esse processo

153Por despacho de 16 de Fevereiro de 1946, do Subsecretário de Estado das Corporações, é retirada "a aprovação ao disposto nos

surgiram entradas, nos diferentes volumes, cuja informação se repetia: na grande maioria dos casos os dados de identificação, número, nome, morada, era semelhante. Todavia, nalguns casos o ramo de atividade, e por vezes, também as datas de entrada e de saída diferiam. Da análise crítica da fonte, concluímos que era necessário uniformizar os dados levantados, criando e trabalhando a partir de duas folhas de dados: uma relativa aos efetivos e outra aos auxiliares (tornando também muito mais simples e eficaz o tratamento da informação). No momento da fusão das diferentes folhas num ficheiro único, foi decidido eliminar as entradas repetidas e devidamente verificadas, e unificar aquelas em que apenas o ramo de atividade diferia, criando um novo campo relativo ao sócio afeto a mais do que um ramo do comércio (96). Daí que o universo dos sócios (4817) não corresponda ao total dos ramos de atividade (4919). Em relação às datas de entrada e de saída, uma vez que estas eram, regra geral, muito próximas, foram adotadas as datas extremas. Nos casos em que as datas diferiam de forma acentuada, foi criada

uma nota no campoobservações. Foram ainda acrescentados novos campos às folhas base de

dados, resultante do tratamento da informação, nomeadamente, o contexto geográfico em que se inserem os sócios (rural/urbano); a informação sobre o pagamento das quotas anuais (proveniente dos livros de quotização), e foram também agrupados os ramos de comércio por sectores.

Por seu turno, os livros de quotização, existem, de forma regular, entre 1940 e 1959154.

Não existem livros dos anos posteriores entre a documentação disponibilizada pela ACIG. Estes registos sofrem alterações significativas no período em estudo. No entanto, mantém-se uniforme a norma de classificação dos sócios em contexto urbano ou rural, a qual surge logo a partir de 1941.

Sintetizemos então a informação disponível nos livros e volumes consultados:

 entre 1940 e 1950/51 a informação presente nos livros engloba o número de sócio, nome, morada (rua/lugar e freguesia), data de entrada, joia (se a tinha pago ou não), quotas (escalão, valor pago por trimestres e total anual) e observações;

 entre 1951 e 1955 é feita uma divisão por escalões, passando a constar o valor

em débito ao invés dos valores pagos, diminuindo também os campos presentes (conservam-se o número de sócio, nome, freguesia, valores mensais, valor em débito e observações);

 entre 1956 e 1959, persiste a divisão por escalões, porém a estrutura sofre alterações, constando apenas o número de sócio, nome, total dos meses pagos, escalão e valor total pago.

Figura II – Folha de cobrança urbana

Fonte: ACIG,Folhas de cobrança urbana, 1958

A informação retirada desta fonte foi depois utilizada para complementar as bases de dados dos registos dos sócios. Através do cruzamento intensivo as duas bases de dados – sócios e quotas – foi possível apurar as informações das quotas para uma parte dos sócios do Grémio.