• Nenhum resultado encontrado

A estrutura conceitual e analítica desenvolvida para esta dissertação contempla, além da matriz com os níveis de competências tecnológicas por função técnica, tabelas e gráficos que permitem verificar a influência dos processos de aprendizagem na acumulação destas competências. Estas tabelas e gráficos baseiam-se no modelo proposto por Figueiredo (2003), influenciado pelos conceitos de conversão da aprendizagem individual em organizacional, descritos na espiral de conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997).

Assim, os processos de aprendizagem classificados como aquisição do conhecimento externo, aquisição do conhecimento interno, socialização e codificação foram analisados com base em suas quatro características-chave: variedade, interação, intensidade e funcionamento. A variedade consiste em uma destas características-chave e foi analisada conforme o quadro a seguir.

Quadro 17: Análise da Variedade dos processos de aprendizagem. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Figueiredo (2003).

Para a elaboração desta escala de medição da característica-chave, foi considerada a quantidade de iniciativas de aprendizagem observadas no caso estudado. Além disso, em estudos anteriores relacionados ao tema, como aquele desenvolvido por Tacla (2002) e Figueiredo e Tacla (2003), a escala utilizada definia como “alta” variedade, um total de 10 ou mais iniciativas de aprendizagem. Uma vez que o caso estudado coincide com o surgimento de um segmento metroviário nacional, até então inexistente e que exigiu grande ênfase em aprendizagem, definiu-se uma escala onde uma quantidade de 10 iniciativas representa uma variedade considerada apenas como “moderada”, tornando-se “alta” apenas quando ultrapassa a marca de 20 iniciativas.

A análise da característica-chave dos processos de aprendizagem denominada Interação foi realizada conforme a estrutura analítica exposta no quadro seguinte.

Quadro 18: Análise da Interação dos processos de aprendizagem. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Figueiredo (2003).

Cada interação é dada pela relação direta entre os processos de aprendizagem identificados no capítulo de Análise de Resultados. Assim, com base na identificação destes processos, foram calculadas todas as interações possíveis e comparadas às interações existentes, possibilitando mensurar o grau de interação entre cada período analisado no estudo de caso. A forma de cálculo das interações e a escala exposta no quadro anterior consistem em uma alternativa em relação aos trabalhos anteriores para estudos desta natureza.

A análise da característica-chave dos processos de aprendizagem denominada Intensidade foi realizada conforme a estrutura analítica exposta no quadro a seguir.

Quadro 19: Análise da Intensidade dos processos de aprendizagem. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Figueiredo (2003).

Esta escala foi elaborada com base no estudo de competências tecnológicas desenvolvido por Tacla (2002) e Tacla e Figueiredo (2003), que propôs a análise desta característica-chave da seguinte forma: intensidade “baixa” para iniciativas de aprendizagem que raramente ocorriam; intensidade “intermitente” para iniciativas de aprendizagem realizadas de forma eventual; e intensidade “contínua” para iniciativas de aprendizagem que ocorriam de forma sistemática.

Para o estudo da característica-chave Funcionamento, nos processos de aprendizagem, foram considerados os dados coletados e relacionados ao período analisado na pesquisa. A partir da obtenção destes dados, os processos de aprendizagem foram classificados com base nos seguintes conceitos:

Funcionamento Moderado

Processos de aprendizagem pautados por um baixo ou médio grau de eficácia, gerando retrabalhos eventuais e evolução ao longo da curva de aprendizado.

Funcionamento Bom

Processos de aprendizagem de alta eficácia, sem necessidade de retrabalhos, que proporcionam curva de aprendizado mais acentuada.

Quadro 20: Análise do Funcionamento dos processos de aprendizagem. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Figueiredo (2003).

A escala elaborada para o estudo desta característica-chave levou em conta a eficácia das iniciativas de aprendizagem. Desta forma, o funcionamento de uma iniciativa de aprendizagem é considerado como “bom” quando apresenta resultados eficazes, sendo realizados por meio de uma sólida base de conhecimento e que dispensam a necessidade de retrabalhos. Para os casos onde a iniciativa teve de ser refeita, envolvendo tais retrabalhos para consolidação da aprendizagem, a característica Funcionamento foi classificada como “moderada”.

A análise das quatro características-chave, utilizando os critérios mencionados anteriormente, foi colocada em um quadro, conforme abaixo.

Quadro 21: Análise das quatro características-chave. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Figueiredo (2003).

Na coluna código, foram enumeradas todas as iniciativas de aprendizagem identificadas a partir dos dados coletados. Estas iniciativas foram descritas na coluna Iniciativas de Aprendizagem, identificando-se também o período de estudo a que se referem. Em seguida, foram classificadas na coluna Processos de Aprendizagem como: aquisição externa, aquisição interna, socialização e codificação.

Nas colunas Variedade, Funcionamento e Intensidade, foram descritas conforme os critérios anteriormente definidos, considerando cada período estudado. As colunas referentes à característica-chave Interação apresentam o código de cada iniciativa de aprendizagem identificada. Desta forma, foi feita uma análise de interação de cada par de iniciativas de aprendizagem, registrando-se “1” para casos em que se identificou forte interação e “0” para situações onde não se observou relação direta. Assim, foram elaborados dois quadros como este, sendo cada um referente a um dos períodos selecionados para análise.

O atendimento de cada nível de competência tecnológica foi mensurado em anos, representando o período de tempo em que o Metrô de SP levou para atingir cada nível em cada função técnica definida. Assim, a obtenção de determinado nível de competência foi caracterizada pelo desenvolvimento e implantação de inovações que atendiam aos quesitos estabelecidos na estrutura conceitual e analítica da dissertação. Esta análise foi demonstrada com base na estrutura exposta no quadro seguinte.

Quadro 22: Modelo para análise de acumulação de competências. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Figueiredo (2003).

O quadro a seguir apresenta o modelo gráfico, onde foram traçadas curvas que possibilitaram determinar a trajetória de acumulação de competências tecnológicas para cada função técnica, bem como as características dos processos de aprendizagem em cada período analisado.

Quadro 23: Gráfico para análise da acumulação de competências tecnológicas e processos de aprendizagem no Metrô de SP.

A definição deste procedimento de análise baseou-se nos estudos de Figueiredo (2003). Vale ressaltar, entretanto, que as definições referentes aos períodos analisados levaram em consideração dois momentos bastante distintos da história do Metrô de SP:

¾ Período de 1968 - 1974: refere-se ao período de pré-operação, que se inicia com a fundação do Metrô de SP e se caracteriza pela transferência tecnológica e por um intenso processo de aprendizagem em tecnologias até então inexistentes no país. O ano de 1974 marca o final deste período, com a implantação da Linha Azul e início da operação comercial do Metrô de SP.

¾ Período de 1975 – 2010: refere-se ao período de operação comercial do Metrô de SP, caracterizado pela sedimentação da base de conhecimento construída no período anterior, que possibilitou a introdução de uma série de inovações a partir da implantação da Linha Azul.

Em relação à abrangência do estudo de caso, foram coletados dados referentes à implantação e operação comercial das linhas Azul, Vermelha, Verde e Lilás, operadas diretamente pelo Metrô de SP. Vale destacar, na última década, a construção e início da operação da Linha Amarela, viabilizada através de uma PPP– Parceria Público-Privada. A concretização desta parceria ocorreu entre o Metrô de SP e o Consórcio Via Quatro, da empresa CCR. O consórcio é responsável pela compra de trens, sistema de comunicação de voz e dados, sistema de sinalização, bem como pela operação e manutenção do sistema (REVISTA ENGENHARIA, 2009). A implantação desta linha é de suma importância, tanto para o sistema de transporte da região quanto por suas inovações tecnológicas em termos de sistemas, estações e material rodante.

Contudo, como a escolha destes sistemas e a operação desta linha são de responsabilidade do Consórcio Via Quatro, a acumulação de competências tecnológicas e processos de aprendizagem referentes a esta linha não foram detalhados nesta dissertação.

O capitulo seguinte apresenta os resultados a partir das entrevistas e pesquisa bibliográfica e documental. Por conta da alta complexidade e variedade em relação às tecnologias empregadas no Metrô de SP ao longo de sua história, são destacadas apenas as inovações mais significativas e relacionadas aos processos de aprendizagem, de forma a responder à questão de pesquisa proposta nesta dissertação.