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Procedimentos realizados para a coleta dos dados ^

4 A TRAJETÓRIA DA PESQUISA

4.4 Procedimentos realizados para a coleta dos dados ^

Em um primeiro momento, foi realizada uma análise documental, consultando os PCN-Ciências da Natureza, CBC- Ciências da Natureza, verificando as recomendações de tais documentos relativas aos conteúdos ministrados no ensino de Astronomia, em quais séries seriam abordados e a relação destes com o cotidiano dos alunos.

A seguir, a autorização para realizar esta pesquisa foi dada pelo Comitê de Ética na Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Uberlândia (sob número: 1.058.176). Com o posterior diálogo com a direção da escola, o projeto de pesquisa foi apresentado e também houve a coleta das assinaturas cabíveis. Na sequência, o projeto foi exposto aos demais professores das séries envolvidas e detalhada a participação dos alunos.

Na etapa seguinte, em parceria com os professores das turmas envolvidas, foi realizado o sorteio dos alunos participantes da pesquisa. Foram um total de 60 (sessenta) alunos envolvidos, sendo 20 (vinte) estudantes representantes de cada uma das séries. O docente da instituição exerceu um papel de relevante importância, sendo ele quem determinou, dentro de seu planejamento, o melhor momento da aplicação das etapas da pesquisa.

Assim que os nomes foram sorteados, os alunos foram chamados para se inteirarem a respeito da pesquisa e manifestaram sua intenção ou não em participar. Foi entregue aos interessados, o termo de assentimento do menor para assinatura. Nos casos de recusa na participação na pesquisa, por parte dos estudantes, estes foram substituídos por outro colega, também via sorteio.

Depois de estabelecidos os alunos participantes da pesquisa, junto com o apoio da direção da escola, foram marcadas reuniões com os pais dos envolvidos para apresentação do projeto, que foram conduzidas pela pesquisadora. Nesse momento, ocorreu também a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelo responsável do menor participante. Para que o comparecimento dos pais fosse efetivo, foram ofertados três horários de reuniões em dias diferentes. Em consulta com a direção, os horários foram estabelecidos em acordo com as necessidades da comunidade escolar.

Em outro momento, aconteceu o acompanhamento de algumas aulas, pelo pesquisador, com o intuito de permitir a relação entre sujeitos e pesquisador, para que, quando ocorresse a aplicação da proposta, a presença do pesquisador não influenciasse de modo considerável nos participantes e nos resultados. Esta estratégia está pautada em Vianna (2003,

p.10), quando afirma que: “para minimizar a influência do efeito do observado, seria a presença do mesmo em sala, várias vezes, mas sem coletar dados, a fim de que professores e alunos acostumem com sua presença e possam agir com naturalidade [...]”.

Como citam Lüdke e André (1986, p.26), “A observação direta permite que o observador chegue mais perto da “perspectiva dos sujeitos”, um importante alvo nas abordagens qualitativas”. Para as autoras, quanto mais perto o observador se encontra do sujeito, quanto mais participa de sua rotina, melhor pode compreender a visão de mundo por ele estabelecida.

A princípio, para a coleta dos dados, os alunos foram no contra turno, ou seja, em horário oposto ao de aulas, para que a pesquisa não interferisse no andamento das atividades escolares. Os alunos do 9° ano (Ensino fundamental II) e 3° ano (ensino Médio) participaram das etapas da pesquisa no turno da tarde, em horários previamente estabelecidos, atendendo e adequando-o à rotina de cada um deles. O mesmo foi feito com os estudantes do 5° ano (Ensino fundamental I), que participaram no turno da manhã, também acatando as necessidades de cada um.

A coleta dos dados ocorreu no segundo semestre de 2015, mais especificamente, nos meses de setembro a novembro, e foi dividida em 3 partes distintas e compreendidas do seguinte modo: na primeira delas, foi o momento da entrevista e a representação com a massa de modelar; na segunda parte, ocorreu os registros escritos13 14 por meio de desenhos e, por fim, na parte III, houve a utilização dos modelos físicos15, com simulações usando-os, de acordo com as situações indicadas.

Relativo ao primeiro momento, os alunos participantes foram entrevistados individualmente, em sala separada da sua, cujas questões foram pautadas em Vosniadou e Brewer (1994), Diakidoy; Vosniadou; Hawks, (1997). Eles propõem a realização de várias perguntas ligadas ao tema, mas de modo diversificado. Nessa primeira parte, à medida que os alunos foram explicando suas ideias, eles também foram utilizando massinha de modelar para representar o que estavam expressando. Tal proposta também é sugerida pelos autores citados. O instrumento de coleta destes dados está apresentado no apêndice A.

O segundo momento ocorreu em data posterior a das entrevistas individuais com todos os alunos e séries participantes. Este se deu de modo coletivo, porém contemplando os estudantes da mesma série, ou seja, foram agrupados os alunos do 5° ano, em outro momento,

13 Conforme Apêndice A 14 Conforme Apêndice B 15 Conforme Apêndice C

os do 9° ano e assim sucessivamente. Nessa etapa, foi solicitado que os alunos fizessem desenhos em respostas às questões apresentadas, mas que também estavam livres para complementar com escrita, caso os desenhos não expressassem a totalidade da ideia. Tais questões são mostradas no apêndice B.

Por fim, na terceira parte, os estudantes, individualmente, representaram suas ideias perante as questões propostas, manipulando os materiais que a eles foram entregues. Esta etapa foi dividida em duas situações, sendo uma delas ocorrida no pátio da escola, para que os alunos explicassem o fenômeno utilizando o céu real, assumindo uma posição topocêntrica, partindo do local onde se encontra na Terra, e outra na sala das entrevistas, com a manipulação de materiais, em que os estudantes iriam explicar o fenômeno em uma posição externa ao planeta, visto de fora. As questões levantadas estão no instrumento de coleta presente no apêndice C.

Os materiais utilizados na parte III foram por nós confeccionados, com o objetivo de analisar a forma como transitam os alunos, quando eles explicam suas ideias, partindo como observadores que se encontram em diferentes perspectivas, na superfície da Terra e fora dela. Na figura 7, apresentamos os materiais que foram empregados para a explicação do fenômeno, considerando uma perspectiva vista de fora da Terra.

Figura 7 - Materiais utilizados na representação do fenômeno dia/noite a partir de uma perspectiva vista de fora da Terra.

Já na figura 8, apresentamos o material utilizado para que o aluno representasse sua ideia partindo de uma visão topocêntrica, localizada na superfície da Terra. O material foi levado para o pátio da escola. Uma cadeira foi colocada no meio da armação, de modo que o estudante ficasse sentado com a cabeça embaixo da cúpula, a qual representa a abóboda celeste que o aluno estava vendo no momento da atividade. Ao mesmo tempo em que o discente ia explicando sobre os questionamentos feitos pela pesquisadora, ele ia com um pincel de quadro branco, marcando os pontos e a trajetória que o Sol e Lua descreviam no céu, para aquele local.

Suporte de madeira, para dar apoio à cúpula e permitir a visualização do aluno.

Figura 8 - Materiais utilizados na representação do fenômeno dia/noite a partir de uma perspectiva na superfície da Terra.

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Cúpula transparente de acrílico, representando a abóboda celeste.

Fonte - A autora.

Ressaltamos que todos os registros produzidos pelos alunos serviram de análise para esta pesquisa e que estes não foram identificados, resguardando suas identidades. As sessões de entrevistas, modelagem, desenho e utilização com os materiais foram gravadas, e os modelos por eles confeccionados, com a massinha de modelar, foram também fotografados, para posterior confrontação entre os dados. Esses procedimentos foram realizados mediante consentimento e autorização das partes, com o objetivo de analisar os aspectos qualitativos, tais como: as explicações dos alunos, a exposições de suas ideias, a articulação do pensamento e o envolvimento dos participantes nas etapas da pesquisa. Posteriormente à transcrição dos dados e apresentação dos resultados, as gravações foram eliminadas. Os cuidados e estratégias empregados para que a gravação ocorresse estão pautados nos estudos de Lüdke e André (1986), Carvalho (2006), sendo, desta forma um instrumento útil e válido

nesta pesquisa. Com os dados em mãos, delinearemos, a seguir, uma proposta de apresentação e análise destes.