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PROCEDIMENTOS, TÉCNICA E RECURSOS DE OBSERVAÇÃO

4.4.1 Relação Sujeitos-Pesquisador

Pesquisar com o outro, tomando-o como parte desse processo, implica assumir que os sujeitos da pesquisa se expressam sobre o mundo a partir de seus

horizontes sociais, de onde advêm experiências, expectativas e desejos. Compreender o que os leva a se sentirem comprometidos com a pesquisa e dela participar, investindo seu tempo e seu desejo num momento específico de suas trajetórias pessoais, é uma questão relevante para explicitar o lugar desses sujeitos no processo. Se, por um lado, o pesquisador definiu o perfil dos sujeitos, escolheu a quem se dirigir, por outro lado, os sujeitos, ao aderirem à pesquisa, também escolheram o pesquisador como o outro com quem aceitam dialogar.

Em um estudo que implica a imersão na experiência do outro, buscando captá-la nos termos desse outro que se oferece como sujeito, mas também como objeto do olhar do pesquisador, a adesão constitui condição fundamental. Quando os sujeitos se sentem instigados pelas questões que movem a investigação e se sentem cúmplices do objeto construído pelo pesquisador, eles contribuem para levar a termo as intenções iniciais do trabalho.

Para configurar o perfil dos sujeitos, o pesquisador recorreu aos elementos fornecidos por esses sujeitos no primeiro dos dois momentos presenciais do curso, quando da autoapresentação de cada um deles; da ferramenta “perfil”, constitutiva da plataforma Moodle, e, à medida que se estreitavam as relações, no decorrer do curso, de conversas realizadas nos chats.

Para compreender como se configuravam as interações tutor-alunos e alunos-alunos, o pesquisador precisou adentrar os espaços virtuais da tela do computador, interagindo livremente no locus de investigação, a plataforma Moodle, através de interfaces amigáveis como chat, fórum, diário e wiki, e, sobretudo, através de e-mails, já que as interações realizadas nas interfaces acima citadas eram concomitantemente enviadas ao endereço eletrônico de cada um dos participantes, incluindo-se aí o pesquisador.

4.4.2 Observação Participativa

Uma das mais importantes fontes de informação em pesquisas qualitativas em educação, “a observação ocupa um lugar privilegiado nas novas abordagens de pesquisa educacional e possibilita um contato pessoal e estreito do

pesquisador com o fenômeno pesquisado” (LÜDKE; ANDRÉ, 2004, p. 26). Essas autoras salientam que as técnicas de observação são extremamente úteis para descobrir aspectos novos de um problema, propiciando

[...] também que o observador chegue mais perto da “perspectiva dos sujeitos”, um importante alvo nas abordagens qualitativas. Na medida em que o observador acompanha in loco as experiências diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas próprias ações. (LÜDKE; ANDRÉ, 2004, p. 26)

Nesta pesquisa, a observação foi fundamental para buscar, nas interações realizadas no AVA, a compreensão de como se dá cotidianamente o desenvolvimento do processo de leitura e escrita e de construção do conhecimento em EaD. Para isso se fizeram necessárias anotações cuidadosas e detalhadas cuja qualidade dependeu da maior ou menor habilidade do pesquisador.

As observações participativas nas interações nos chats e fóruns foram feitas sob a orientação de Gatti (2005) acerca da técnica de grupos focais. Para essa autora, a técnica de grupos focais em pesquisas acadêmicas, que foi originalmente aplicada em pesquisas mercadológicas,

permite compreender processos de construção da realidade por determinados grupos sociais, compreender praticas cotidianas, ações e reações a fatos e eventos, comportamentos e atitudes, constituindo-se uma técnica importante para o conhecimento das representações, percepções, crenças, hábitos, valores, restrições, preconceitos, linguagens e simbologias prevalentes no trato de uma dada questão por pessoas que partilham alguns traços em comum, relevantes para o estudo do problema visado. [...] permite também a compreensão de ideias partilhadas por pessoas no dia-a-dia e dos modos pelos quais os indivíduos são influenciados pelos outros (GATTI, 2005, p. 11).

Nos grupos focais os sujeitos falam, dividem opiniões, discutem, trazendo à tona os fatores críticos de determinada problemática, que dificilmente aparecem tanto nos questionários fechados como nas entrevistas individuais abertas. Enquanto situação peculiar de produção de linguagem, eles permitem o acesso aos sentidos que os sujeitos produzem para suas experiências a partir de sua própria ótica.

Neste trabalho, os grupos focais se constituíram dos momentos de interação nos chats e fóruns, nos quais se provocou o diálogo entre os sujeitos e

desses com seus conceitos sobre as temáticas em discussão, na perspectiva de propiciar não apenas a emergência de impressões, opiniões e sentimentos entre eles, como também o confronto entre diferentes concepções. Nesse sentido, a interação nesses ambientes amigáveis se configurou como uma situação peculiar de produção de linguagem, num contexto em que cada participante teve dos demais um excedente de visão que complementou e interferiu em suas próprias formas de (re)significar a realidade.

Nesse processo, ganha destaque a interação entre os participantes e o tutor, a quem cabe criar um ambiente propício para que diferentes percepções e pontos de vista venham à tona, sem que haja pressão alguma para que os alunos cheguem a um consenso ou estabeleçam algum plano conclusivo. Segundo Gatti (2005), é importante enfatizar que a busca dessa homogeneidade não deve implicar a busca de homogeneidade da percepção do problema. Se assim o fosse, o grupo focal perderia a sua riqueza fundamental: o contraste de diferentes perspectivas entre pessoas semelhantes. A esse respeito, vejamos aqui o que diz uma aluna sobre as atividades colaborativas e o planejamento estratégico do tutor com vistas a essas atividades.

AUTOR: A7

DISCIPLINA: TUTOR ON-LINE

Quando se trabalha colaborativamente pode-se produzir melhores resultados do que se os membros do grupo atuassem individualmente. Em um grupo pode ocorrer a complementação de capacidades, de conhecimentos e de esforços individuais, e a interação entre pessoas com entendimentos, pontos de vista e habilidades complementares. Colaborando, os membros do grupo têm retorno para identificar precocemente inconsistências e falhas em seu raciocínio e, juntos, podem buscar idéias, informações e referências para auxiliar na resolução dos problemas. O grupo também tem mais capacidade de gerar criativamente alternativas, levantar as vantagens e desvantagens de cada uma, selecionar as viáveis e tomar decisões.

motivação para os membros do grupo, pois seus trabalhos estão sendo observados, comentados e avaliados por pessoas de uma comunidade da qual ele faz parte, tornando, assim, o trabalho final muito mais rico em conteúdo e em idéias criativas. (ANEXO 7)

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