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A pesquisa foi realizada com base nos resultados do PACEE obtidos por meio da TRN já adquiridos no momento intraoperatório correlacionados com a evolução da linguagem oral e audição. Essa etapa foi realizada pela orientadora do presente estudo e por uma fonoaudióloga do LEVA. Foram selecionados cinco eletrodos para pesquisar o limiar de estimulação elétrica (pTRN). O limiar corresponde à intensidade mínima de corrente elétrica capaz de induzir a geração de um potencial de ação. Os níveis de estimulação são expressos em unidades de corrente (UC), variando de zero a 255 e correspondem a um determinado nível real de corrente elétrica em micro-Ampères (µA) (GUEDES, 2007). O quadro 1 apresenta a correspondência aproximada entre os valores de corrente elétrica em µA e em nível de corrente.

Quadro 1 – Correspondência aproximada entre os valores de corrente elétrica em unidade de corrente

Nível de Corrente Elétrica (micro Ampères -

µA) Unidade de Corrente (UC)

25 µA 45 50 µA 79 100 µA 114 200 µA 148 300 µA 168 400 µA 182 500 µA 193 600 µA 202 700 µA 210 800 µA 216 900 µA 222 1000 µA 227 1250 µA 238 1500 µA 247 1750 µA 255 Fonte: Tanamati, (2006)

Os eletrodos selecionados para a pesquisa do limiar elétrico foram os eletrodos 22, 16, 11, 6 e 1. Estes eletrodos foram selecionados por estarem localizados em diferentes regiões da cóclea e fornecerem informações de diferentes locais, sendo possível encontrar respostas espaçadas da base até o ápice da cóclea. O eletrodo 22 é o mais basal e o eletrodo 1 é o mais apical (TANAMATI, 2006). Os limiares elétricos da TRN foram coletados pela acadêmica que realizou esta pesquisa após a cirurgia. Foi pesquisado o nível de resposta expresso em unidade de corrente (UC) em cada eletrodo bem como observado a presença ou ausência de resposta. No momento da análise dos dados, para efeitos de comparação, foi realizada uma média aritmética dos níveis de corrente dos cinco eletrodos pesquisados e no caso de ausência de limiar em algum eletrodo foi atribuído o valor máximo expresso no software de 255 UC.

Os parâmetros para obtenção do PACEE na TRN foram o intervalo entre pulso fixado em 500 µs e a frequência de estimulação foi de 80 Hz com séries de 25 µs de largura de pulso. O número de apresentações variou entre 100 e 200 pulsos por segundo para ganhos do amplificador em, respectivamente, 60 e 40 dB. A janela para a gravação foi de 50 até 150 µs de acordo com a otimização de cada eletrodo e o nível de corrente do ruído mascarador foi fixado em 10 unidades acima do nível de estimulação

Também foram coletados dados dos prontuários com relação ao gênero, idade, idade do diagnóstico, tempo de uso do AASI, etiologia, grau da perda auditiva e testes auditivos e linguísticos realizados na avaliação pré-cirúrgica.

A seguir serão explicados os procedimentos que foram aplicados antes e após um ano de uso do IC:

Ganho funcional: trata-se de um procedimento realizado em cabina acústica com o IC (ANEXO B). É uma audiometria realizada em campo livre, na qual o paciente, é posicionado de frente para caixa de som em posição a 0° azimute numa distância de um metro da caixa de som. O paciente é orientado a responder quando ouvir o estímulo, por menor intensidade que seja. Foi realizado nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, e o paciente deveria levantar a mão sempre que ouvisse o som. A intensidade do estímulo deve ser até o mínimo que o indivíduo ouve. O teste foi realizado por meio de audiometria lúdica nos pacientes menores, na qual o sujeito deveria encaixar peças quando ouvisse o estímulo. Já as crianças maiores, que tinham respostas consistentes e estavam acostumadas com o procedimento, foi realizado o método tradicional de levantar a mão quando ouvisse o estímulo. Algumas crianças, por serem muito novas, precisaram ficar com algum responsável dentro da cabina e os procedimentos eram realizados com o auxilio de outro examinador que ficava dentro da cabina, observando as respostas do paciente. Quando não houve resposta o limiar foi representado pelo nível de intensidade máxima de 120 dB NA.

Sons de Ling: se caracterizam por serem seis sons: /a/, /i/, /u/, /s/, /ʃ/ e /m/ que abrangem intensidades e frequências diferentes permitindo que a audição seja avaliada através dos sons da fala (LING, 1976). No momento da aplicação dos sons de Ling (ANEXO C), tomou-se o cuidado de cobrir os lábios com um anteparo para que o paciente não fizesse leitura orofacial quando a fonoaudióloga emitia os sons separadamente. Caso o paciente conseguisse ouvir, deveria levantar a mão ou encaixar peças no brinquedo utilizado no ganho funcional. Esta técnica variava dependendo da idade do paciente. Para os pacientes que já apresentavam detecção aos sons de Ling, foi orientado que realizassem a discriminação, repetindo os sons. Todos os sons foram apresentados em alto falantes numa intensidade de 60 dB NA fixo em cabina acústica que corresponde a 75 dB NPS em cabina acústica.

IT-MAIS: Trata-se de um questionário que avalia a percepção da fala (ANEXO D). Este questionário é composto de 10 perguntas, com respostas que variam de nunca, raramente, ocasionalmente, frequentemente e sempre. Cada resposta equivale a uma pontuação e ao final do questionário são contabilizados os pontos (CASTIQUINI, 1998). O questionário foi aplicado aos responsáveis em forma de entrevista, os quais deveriam relatar o comportamento

auditivo da criança sob as condições propostas no questionário. Por meio das respostas dos pais foram atribuídos pontos em cada questão. Este procedimento foi realizado no serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HU-UFSC no momento em que os pais esperavam ser atendidos.

MUSS: É um questionário que avalia a linguagem expressiva e receptiva da criança, o qual deve ser aplicado com os pais e/ou responsáveis (ANEXO E). O MUSS é composto de 10 perguntas, as quais as respostas podem ser nunca, raramente, ocasionalmente, frequentemente e sempre. Ao final do questionário são contabilizados os pontos conforme as respostas (NASCIMENTO, 1997). O MUSS foi aplicado em seguida ao IT-MAIS sob a forma de entrevista aos pais e/ou responsável. Os pais foram solicitados a relatar o comportamento da criança perante a cada situação proposta pelo questionário. A cada resposta foram atribuídos pontos e ao final do questionário foi possível chegar a um escore. Este procedimento também foi realizada no serviço de Otorrinolaringologia do HU-UFSC no momento em que os pais esperavam para serem atendidos.

Categorias de audição: É uma escala de percepção auditiva (ANEXO F), na qual o fonoaudiólogo classifica as habilidades auditivas apresentadas pela criança através de categorias. As categorias variam de 0 a 6 (GEERS, 1994 apud COSTA; BEVILACQUA, 2001).

Categorias de linguagem: É uma escala relacionada à emissão oral, na qual o fonoaudiólogo classifica a habilidade da criança em fazer o uso da linguagem oral também por meio de categorias (ANEXO G). As categorias variam de 1 a 5 (BEVILACQUA; DELGADO; MORET, 1996). As categorias de audição e linguagem foram atribuídas através do relato dos pais quando aplicado os questionários IT-MAIS e MUSS e mediante a observação das fonoaudiólogas a respeito do comportamento auditivo e linguístico observado nas sessões de avaliação. Nos casos de crianças que já apresentavam a habilidade de reconhecimento, foi aplicado uma adaptação do teste GASP (BEVILACQUA; TECH, 1996).

Também foi verificada a frequência de terapia fonoaudiológica dos pacientes. Para os indivíduos que realizaram terapia fonoaudiológica de duas a três vezes por semana, foi atribuída a frequência de “sempre”, já para os casos que não conseguiram realizar terapia fonoaudiológica duas vezes por semana, ou por problemas no funcionamento do IC, ou por algum outro motivo que dificultasse a ida ao atendimento, foi atribuída a frequência de “parcial”.

Para os procedimentos realizados em cabina acústica na presente pesquisa foram utilizados o audiômetro modelo AC30 da marca Interacoustic. O software Custom Sound EP

3.2 da Cochlear, instalado no computador do serviço, foi utilizado para a pesquisa dos limiares da TRN.

Durante os acompanhamentos pós-cirúrgicos, os responsáveis foram esclarecidos pelas fonoaudiólogas do serviço quanto a evolução linguística e auditiva dos sujeitos implantados. Também foram realizadas orientações para auxiliar na evolução terapêutica do paciente. Após a banca de defesa publica serão apresentados os resultados deste estudo para o LEVA e o Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

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