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4.2 Estudo exploratório

4.2.1 Procedimentos Utilizados

Motivada pelo objetivo de melhor definir e esclarecer questões relacionadas ao problema, campo, escolha dos participantes e avaliação dos instrumentos de busca, realizei um estudo exploratório, entre os meses de agosto e setembro de 2008, com dois jovens trabalhadores.

A entrada no campo, o contato inicial, foi realizada em uma instituição de ensino pública, situada em Florianópolis-SC, diretamente com a responsável pela direção. A referida escola oferece cursos de ensino fundamental e médio, sendo escolhida por uma opção pessoal, decorrente de uma prévia experiência, no ano de 2007, como voluntária do Projeto ABRH na Escola 10,nessa instituição, além da facilidade de

10 Tal projeto tinha por objetivo levar informações sobre o mercado de trabalho para jovens de escolas públicas, através de equipe multidisciplinar de voluntários.

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acesso.

Na ocasião, foi esclarecida a intenção do estudo e, apesar de algumas restrições, como não ter autorização para conversar com os alunos nas salas de aula, fui liberada a dialogar diretamente com os jovens antes do horário de aula e/ou de intervalo. Ressalte-se que a responsável pela instituição escolar autorizou meu acesso aos jovens ali matriculados. Deixou, porém, claro seu não envolvimento, em função de ser frequentemente solicitada por outros pesquisadores, além de alegar possíveis problemas com a Secretaria da Educação.

Iniciei então os contatos, seguindo as recomendações acima, conversando com vários jovens, normalmente, no pátio interno, abordando-os antes do horário de aula. O critério para a escolha dos sujeitos seguiu a definição etária regulamentadora do critério de juventude brasileira oficialmente autorizada para inserir-se no mercado de trabalho, ou seja, a partir dos 14 anos, na condição de jovem aprendiz e estar vivenciando sua primeira experiência profissional com o tempo mínimo de experiência de três meses.

Chegando ao campo estabeleci múltiplos contatos com os jovens ali matriculados, esclarecendo minha intenção da pesquisa. Foram necessárias diversas idas à escola para concretizar as duas entrevistas, em função da dificuldade de aceite, por parte dos jovens, além de outros questionamentos surgidos e que ainda compunham dúvidas, tais como: entrevistar jovens somente com vínculo formal ou não? E quando o jovem já tinha mais de uma experiência profissional, o que fazer? Bem antes dos contatos no campo elaborei roteiros de entrevista exploratória, semiestruturados, para a entrevista principal e dos recursos imagéticos, como também, providenciei a compra de uma máquina fotográfica digital, modelo Spider-man, posta à disposição dos sujeitos para a produção das fotografias das cenas de trabalho.

Num processo de constante avaliação/reavaliação e tendo confirmado os aceites de dois jovens, tive um primeiro e breve contato com os sujeitos esclarecendo, novamente, minhas intenções e entreguei o TCLE, para as devidas assinaturas, dos responsáveis legais e do próprio sujeito, ficando à disposição para outras informações através de contato pessoal e/ou telefônico. Ao agendar as datas das entrevistas, finalizei esse primeiro momento.

Com a confirmação e autorização dos responsáveis, via TCLE, foi realizada a primeira entrevista, na sede da própria escola, onde no período noturno dispõem de salas livres. A segunda entrevista aconteceu no campus da UFSC, nas proximidades do Hospital Universitário, por solicitação do próprio sujeito, já que o mesmo residia nas adjacências.

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Ambas tiveram, em média, uma duração de trinta minutos e gravadas em aparelho mp3 para posterior transcrição e análise.

No término de cada um desses momentos, foi entregue uma câmera fotográfica, convidando à produção de imagens, tendo eu esclarecido sobre os registros fotográficos e indicado à seguinte premissa: pensando no que é trabalho para você, registre algumas cenas. Foi solicitada uma média de seis fotos. João11, o primeiro sujeito, requereu a utilização da sua própria câmera fotográfica, como também o envio das mesmas, via internet e, nesta comunicação virtual, foi agendada nova data para conversarmos sobre as imagens produzidas. A máquina foi então entregue a Mário, o segundo sujeito, estabelecendo- se a mesma premissa citada e combinando um novo encontro, na própria escola, para devolução do equipamento fotográfico e posterior revelação. O prazo para a produção dos recursos imagéticos proposta aos sujeitos foi de uma semana.

João produziu quatro fotos do seu próprio local de trabalho. Na entrevista solicitei um comentário sucinto de todas e a escolha de uma foto que representasse a principal cena de trabalho para o mesmo, explorando o motivo da escolha. Mário, na primeira oportunidade, fez segundo ele, três fotos, porém teve algumas dificuldades no manuseio da câmera e quando desligou o equipamento acabou por apagá-las. Incentivado a realizar nova tentativa, solicitou minha presença no momento de realização dos registros, alegando não ter habilidades/conhecimentos no manuseio de câmeras fotográficas. Nessa ocasião registrou três cenas de trabalho, efetuando-as nas ruas próximas à UFSC, adjacências da sua residência. A análise dos recursos imagéticos desse sujeito não foi realizada, em virtude do mesmo não ter comparecido, nos horários agendados, por reiteradas vezes.

Seguindo os preceitos éticos as entrevistas foram gravadas conforme autorização do TCLE, transcritas na íntegra e devolvidas aos jovens para leitura e conhecimento/alterações nos momentos subsequentes, ou seja, na entrega do equipamento fotográfico para revelação e/ou na análise das fotos. A transcrição, do roteiro imagético foi entregue ao primeiro sujeito, via e-mail, a seu pedido. As imagens produzidas nessa etapa não foram divulgadas, ficando esse material somente aos cuidados do pesquisador.

Considerei a realização desse estudo exploratório relevante, atendendo as premissas de melhor definição da problematização, avaliação dos instrumentos e ainda, uma possibilidade além de ”lançar”

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pequenas cenas práticas de uma pesquisa de campo e suas vicissitudes. Ainda, apesar das dificuldades com o segundo sujeito, no procedimento complementar, julguei o uso da fotografia como um recurso de busca válido. Por isso, mantive a decisão pela sua continuidade com base na experiência com o primeiro sujeito, na qual o instrumento se apresentou como elemento facilitador na sua narrativa sobre os sentidos atribuídos ao trabalho, através das imagens. Para Zago (2003), dificuldades no campo de pesquisa, irão inevitavelmente ocorrer em menor ou maior grau.

Esse estudo exploratório, parte integrante do projeto de pesquisa, foi apresentado à banca de qualificação, recebendo contribuições que resultaram em alterações, em ambos os roteiros de entrevista, como também na consigna para a realização dos recursos imagéticos, sugestões de leituras, entre outros. Concluo esta descrição trazendo a caracterização dos sujeitos participantes desta fase.

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