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Anexo 7: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

4.5. Processamento e análise dos dados

Objetivo 1

A partir dos estudos incluídos na revisão sistematizada foi realizada a análise do seu conteúdo, com sistematização por meio de preenchimento de matriz de extração contendo itens de caracterização geral (ano de publicação, autor (es), título; País). Os

71 resultados obtidos foram apresentados descritivamente, segundo características das intervenções avaliadas e das abordagens avaliativas empregadas.

As abordagens avaliativas foram descritas de acordo com os aspectos adaptados de Hartz et al. 179. Para isso analisaram-se o foco principal da avaliação (processo,

resultado ou ambos), assim como os métodos utilizados na análise da informação (qualitativo, quantitativo, ou combinação deles). Os aspectos das intervenções de AF avaliadas foram categorizados conforme as seguintes dimensões: objetivos da intervenção, tipo de intervenção e resultados principais.

A classificação das intervenções por tipo foi realizada de acordo com as categorias adaptadas do Community Guide (disponível em: www.ajpm-online.net) sobre abordagens comunitárias promissoras no incremento da AF: 1. abordagem informativa: campanhas comunitárias ou de comunicação de massa e divulgação de mensagens sobre AF e educação em saúde; 2. social e comportamental: intervenções com foco em mudanças comportamentais personalizadas (metas individualizadas de AF) e intervenções com foco no fortalecimento do apoio social à prática de AF (grupos de convivência, família); e 3. política e ambiental: políticas e ações de desenho urbano e regulamentação de áreas para a prática de AF e políticas e ações que favoreçam caminhadas, uso de bicicletas e transporte público. Por não serem excludentes entre si, as intervenções de PAF foram classificadas em mais de uma categoria.

Posteriormente, os dados descritos foram incorporados na matriz de análise do objetivo 3, como forma de testar a robustez da TM proposta para o PAC Recife.

Objetivo 2

Para fins da organização e análise do material produzido pelas entrevistas e grupos focais empregou-se a análise de conteúdo, modalidade temática, conforme Bardin 193. A

pré-análise levou em conta a qualidade do material produzido, como também a ordenação dos dados. Na análise da qualidade, observou-se se as informações

72 produzidas eram suficientes para a interpretação, ou seja, adequadas para a reflexão sobre aspectos importantes tendo em vista os objetivos do estudo 194.

Procedeu-se a interpretação, por meio da classificação das informações, a partir da leitura minuciosa e repetida do material transcrito, considerando as categorias conceituais pré-estabelecidas, presentes nos instrumentos de recolha de dados. Primeiramente, montou-se uma grade de análise contendo as respostas dos entrevistados, procurando identificar aproximações e divergências. Os trechos das entrevistas, submetidos a vários tipos de marcação, foram organizados em quadros temáticos 193.

Tal agrupamento possibilitou a análise de temas recorrentes que serviram de base na identificação de unidades de significação das categorias de análise, confirmação de categorias e definição dos incidentes relativos ao programa no período em questão (2002 a 2016).

A técnica utilizada na definição dos incidentes como críticos obedeceu à conceituação proposta por Flanagan 180, para o qual, o incidente para ser crítico precisa ter suas

consequências, em termos de mudanças nas atividades, além de ter características claramente definidas: incidentes que os sujeitos não julguem importantes ou para os quais há ausência de resposta ou mesmo respostas contraditórias sugerem um incidente vago, e, portanto não crítico. Nessa perspectiva, foram considerados incidentes críticos os fatos/situações citados de modo repetido pelos entrevistados como acontecimentos com influência negativa ou positiva na história do programa. A aplicação dessa técnica permitiu captar fatos/situações e comportamentos que podem ser parâmetros do sucesso ou insucesso de um programa, os denominados eventos relativos à sustentabilidade 159, 160, 180.

Os dados produzidos, por meio das entrevistas e revisão de documentos, permitiram a elaboração de um instrumento auxiliar na identificação e sistematização dos eventos relativos à sustentabilidade do PAC no período em estudo: a linha do tempo. O desenho da linha do tempo é útil na identificação dos principais eventos ao longo de um dado período, dos indivíduos/organizações e das dimensões do contexto envolvidas, como também os ‘pontos de virada’ relativos à história de uma intervenção 42.

73 Joly et al. 42, preconizam que a linha do tempo seja construída progressivamente durante

a investigação do caso, uma vez que a delimitação dos eventos, com características de incidentes críticos, necessários para explicar a manutenção dos programas e a produção dos seus resultados, não está dada a priori. Dessa forma, à medida que os dados foram sendo analisados, a linha do tempo foi sendo revista. Isso subsidiou a construção da linha do tempo final do programa contendo os eventos relativos à sustentabilidade, e os aspectos contextuais envolvidos. Apenas eventos tidos como incidentes críticos, que compreendem momentos de desestabilização no percurso do PAC, foram considerados na etapa de análise dados.

Os incidentes críticos foram analisados e interpretados de acordo com as categorias analíticas propostas por Pluye et al. 159, 160 e adaptadas por Felisberto et al. 158, que os

classificam por tipo de evento em: 1. implementação; 2. implementação e sustentabilidade; e 3. sustentabilidade (Quadro 3).

Além disso, os incidentes críticos foram especificados quanto ao fato de serem favoráveis ou desfavoráveis à sustentabilidade. Considerou-se como favorável o incidente crítico cujas consequências foram interpretadas como positivas em relação à continuidade do programa. Já os desfavoráveis foram interpretados como fatos/situações adversos à sua sustentabilidade 158.

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Quadro 3: Definição das categorias analíticas para análise da sustentabilidade.

Categorias Definição/critérios

Implementação

Investimento adequado de recursos investimento de recursos organizacionais (financeiros, humanos,

materiais/físicos) suficientes/adequados a realização das atividades; presença de defensores do programa, liderança, equipe com expertise, carga horária dos profissionais adequada às atividades.

Práticas e técnicas compatíveis com as da organização capacidade de transformar requisitos/discurso do programa em práticas concretas, compatibilidade com outras atividades organizacionais, compatibilidade de papéis e contribuições da equipe.

Implementação e sustentabilidade implantação de políticas de valorização do trabalhador, adoção

de incentivos (financeiros: Plano de Cargos, Carreiras e Salários, gratificações, contrato/acordo de gestão, produtividade e não financeiros), condições de trabalho, trabalho em rede compartilhado, estímulo à autonomia dos envolvidos, reconhecimento e satisfação profissional, promoção dos envolvidos, envolvimento da equipe na tomada de decisão. Incentivos aos profissionais do programa

Adaptação de atividades ao contexto local adequação das atividades às necessidades da

população/comunidade, da organização e ao contexto externo. Percepção pelos participantes de que o programa está produzindo os resultados iniciais desejados; adaptação a programas 'concorrentes'.

Alinhamento aos objetivos da organização programa entre as prioridades de gestão;

adequação/reorientação entre os objetivos do programa e os objetivos, valores e missão organizacionais; consenso a respeito dos valores do sistema.

Comunicação transparente entre os envolvidos com o programa instituição de canais formais e informais de comunicação (relatórios, e-mails, site, publicações, ouvidoria, colegiado permanente, entre outros); diálogo permanente com o controle social, compartilhamento periódico de informações e evidências sobre o programa.

Compartilhamento de valores compartilhamento de valores (símbolos, rituais, linguagem)

comuns entre os atores/organizações envolvidos.

Integração do programa com as regras/normas organizacionais regulamentação institucional do programa, inserção no modelo de atenção à saúde, menção em documentos oficiais e técnicos, inserção do programa no organograma institucional, nomeação oficial de equipe de coordenação, planejamento integrado entre o programa e a organização.

Sustentabilidade estabilização de recursos organizacionais (financeiros, humanos,

educação permanente, materiais/físicos) dedicados ao programa. Com renovação de recursos materiais/equipamentos (quando necessário).

Estabilização e/ou renovação de recursos

Riscos assumidos pela organização em prol dos programas exploração e adoção de atividades novas em nível organizacional para fins de apoio à continuidade do programa ('apostas'); com mescla de atividades novas e antigas, e criação, por parte da organização, de ambiente político interno favorável, com construção de confiança entre os envolvidos.

Adaptado de Pluye et al. 159, 160 e Felisberto et al. 158.

Objetivo 3

De modo a atender esse objetivo do estudo, a TM inicial do PAC (anexo 3) foi reconstruída com o auxílio da análise do material empírico advindo das entrevistas com os informantes-chave. Assim, foi possível o desenho da TM final do PAC.

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Para a ‘testagem’ da TM reformulada utilizaram-se as categorias preconizadas por Mayne 125: 1. pressuposto: eventos e condições que precisam acontecer para que os

nexos previstos nas cadeias de resultados funcionem; 2. risco: eventos e condições que poderiam colocar em risco os nexos; 3. explicações rivais: outros fatores explicativos que podem auxiliar na explicação da ocorrência dos resultados observados, além da influência da intervenção; e 4. fatores que influenciam: condições contextuais que podem inibir ou ativar os mecanismos na condução da mudança pretendida.

Nessa etapa, a estratégia de análise dos dados produzidos pelas entrevistas foi similar à utilizada no objetivo 2, a exceção de que sua leitura objetivou identificar/validar os pressupostos e riscos propostos na TM preliminar. Isso permitiu verificar a plausabilidade (lógica) da TM inicialmente proposta.

Para a testagem da TM foi elaborada matriz de análise contendo as categorias listadas acima. Nela, os incidentes críticos identificados, por meio do objetivo anterior, foram utilizados como subsídio à análise da contribuição, uma vez eles serem importantes na explicação sobre como uma intervenção produz seus efeitos em longo prazo de maneira

contínua 39, 42.

Com auxílio dessa mesma matriz, a TM foi testada quanto à sua robustez, tida como o grau em que o fator ou mecanismo é identificado como significativo colaborador numa ampla gama de fontes de dados e métodos de recolha de dados 41, 143. As evidências

recolhidas no presente estudo foram dispostas, na mencionada matriz, por tipo de meio de verificação (entrevistas, grupos focais, revisão de documentos, revisão da literatura), para fins de verificar se os pressupostos que sustentam a lógica do programa são realistas e não estão atuando como barreiras 39. Em outras palavras, tal análise foi

utilizada para aferir em que medida os componentes da TM foram apoiados (suportados) por essas mesmas evidências.

Os procedimentos de análise descritos permitiram reelaborar os pressupostos sobre os mecanismos do PAC que explicam seus resultados esperados. O que possibilitou testar a TM do programa, assim como analisar a influência de possíveis fatores explicativos externos.

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