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CAPÍTULO 3. ESTADO DA ARTE

3.2. M ERCADO DOS S TANDARDS : O L ADO DA O FERTA

3.2.2. O Processo de Criação de Standards

Diferentes organismos de standardização têm diferentes processos de criação de standards, ou seja, têm diferentes passos para criar os seus standards.

Os autores Park et al. (2006) propõem uma composição genérica para os passos existentes no processo de criação de standards (ver Figura 12). Adicionalmente, estes mesmos autores chamam à atenção de que este processo não é simples, e que é fortemente iterativo.

Figura 12 – Processo genérico de criação de standards (adaptado de: Park et al. (2006))

O autor Heravi (2012) também analisou o processo de criação de standards de 6 organismos de standardização, nomeadamente da Organization for the Advancement of Structured Information Standards (OASIS), ISO, ETSI, CEN, IEEE e BSI. A Tabela 5 apresenta o resultado final deste estudo. Destes 6 organismos, é possível verificar que não existe nenhum processo de criação de standards igual. Este autor não propôs um modelo genérico para o processo de criação de standards – como aconteceu no trabalho de Park et al. (2006). Em vez disso, identificou os passos comuns. Com base nestes resultados, o autor identificou 5 passos em comum: (1) identificação das necessidades de um novo standard; (2) criação da comissão técnica; (3) especificação da versão provisória13 do standard;

(4) aprovação e publicação; e (5) manutenção.

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Tabela 5 – Resultado do estudo de Heravi (2012) acerca do processo de criação de standards de TI(fonte: Heravi (2012))

Passos diferentes foram obtidos entre os dois autores. Heravi (2012) não identificou o passo de avaliação do standard, e o passo feedback proposto por Park et al. (2006) é menos representativo do que a manutenção de Heravi (2012). Foi considerada oportuna a conjugação das duas abordagens (ver Figura 13).

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Figura 13 – Proposta de atividades do ciclo de vida de um standard de TI

O ciclo de vida de um standard pode durar mais de 4 anos, embora esteja dependente no número de iterações ocorridas em cada atividade. Isto porque, segundo Heravi (2012), a atividade de aprovação e publicação pode levar até 4 anos. A atividade de aprovação de um standard é a atividade mais política, social e legal do seu ciclo de vida, pois é aqui que ocorre o esforço de alcance de um determinado nível de consenso. No passo da manutenção, um standard pode ser: revisto, alterado, modificado, reafirmado ou retirado (Heravi, 2012). No caso particular da ISO, um standard é revisto pelo menos a cada 5 anos. A fase de manutenção determina, de acordo com Oud (2005), se um standard é “bom”, standard revisto regularmente, ou “mau”, standard que desaparece.

Um diferente processo de criação leva à existência de estados diferentes de um standard ao longo do seu ciclo de vida. A existência de estados uniformes entre estes organismos é preferível. Primeiro, porque é uma oportunidade para uniformizar esta área, segundo, porque permite a comparação entre os diferentes estados do ciclo de vida de um standard.

Em suma, o processo de criação de standards e os estados de um standard ao longo do seu ciclo de vida variam de organismo para organismo. Não existe uma unificação de atividades nem de estados. Isto dificulta a comparação entre standards de diferentes organismos.

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3.3. Mercado dos

Standards:

o Lado da Procura

Esta secção pretende identificar o momento no ciclo de vida do software em que as preocupações com a standardização surgem. Também se pretende identificar as relações entre as organizações de desenvolvimento de software e os organismos de standardização.

3.3.1. Projetos de Desenvolvimento de Software e a Standardização: Fases e Atores

Os standards têm de ser incorporados no ciclo de vida do software. Dado que existem standards para diferentes dimensões do software, o momento temporal em que 2 ou mais standards são adotados pode ser diferente. Segundo Sullivan (2011), as preocupações com a adoção de standards no desenvolvimento de software devem surgir na fase inicial, sob pena de aumento de: custos, tempo de desenvolvimento e vulnerabilidades. Isto significa que já nos estudos de viabilidade (pré-projecto) devem ser considerados os standards a adotar durante todo o ciclo de vida do software.

Jakobs (2005) identificou a relação entre os stakeholders no processo de definição de standards (ver Figura 14).

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Em relação aos atores envolvidos no processo de standardização de um projeto de desenvolvimento de software, a identificação destes atores depende dos standards adotados. Isto porque, segundo Cater-Steel et al. (2006), os standards de TI têm stakeholders14 diferentes, que

englobam desde pessoas de gestão ou operacionais a programadores.

Mais genericamente, os gestores de projeto devem estar comprometidos na decisão de adoção de standards. Este pré-requisito é visto por Konuralp (2007) como o ponto de partida para uma implementação bem-sucedida de um standard.

Uma vez identificados os standards a utilizar, o esforço para implementação dos mesmos deve ser considerado no planeamento do projeto, na respetiva fase do desenvolvimento. Mais uma vez, o gestor de projeto tem um papel central na adoção de standards, pois o planeamento do projeto é maioritariamente da responsabilidade deste stakeholder.

De acordo com Garcia (2005), uma organização deve criar um grupo de especialistas em diferentes standards para discutirem quais as práticas que mais se ajustam à organização, e mapearem essas práticas. Posteriormente, o grupo deve partilhar o entendimento de como responder aos múltiplos standards. Assim, o grupo é responsável por mapear e sintetizar os vários standards.

3.4. Modelos para a Adoção de

Standards

de TI

As organizações de desenvolvimento de software estão a adotar múltiplos standards para construir software de qualidade. Tendo em conta que este processo não é trivial, e é certamente mais complexo do que a adoção de um único standard, são necessários mecanismos para apoiar este processo, de modo a ser dada uma visão global dos standards e a guiar as equipas de desenvolvimento de software na sua adoção.

Embora exista um vasto conjunto de standards de TI disponíveis, a verdade é que nem todos têm o mesmo sucesso no que se refere ao número de adoções. Um conjunto mais restrito – chamado nesta dissertação de standards de TI “mais recorrentes” – existe, e corresponde aos standards mais referidos e adotados na teoria e na prática. Com base na literatura, os standards de TI “mais recorrentes” são identificados nesta secção.

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Um outro objetivo desta secção é identificar e sintetizar os contributos existentes na literatura, preocupados com a oferta, às organizações de desenvolvimento de software, de uma visão global dos standards de TI existentes, identificando diferenças significativas e decisivas na escolha dos standards a adotar.

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