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CAPÍTULO 4: QUICK RESPONSE MANUFACTURING (QRM)

4.6 PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO

O processo de implementação do QRM, conforme proposto por Suri (1998), é constituído de quinze passos. Devido à importância da coleta e análise de informações, presente nos passos 6 e 8, a seção 4.7 trará um maior detalhamento das principais ferramentas de coleta e análise de dados utilizados dentro do contexto do QRM.

4.6.1 Passos para implementação

O QRM deve ser implementado via projetos, cada qual com seu objetivo, escopo, pessoal envolvido, dentre outros elementos. No entanto, todos os Projetos QRM devem necessariamente seguir 15 passos de implementação (SURI, 1998). São eles:

Passo 1- Consiga total comprometimento da alta gerência: as mudanças, muitas vezes radicais, devem ocorrer com o total apoio da alta gerência;

Passo 2- Reúna um comitê para dirigir o QRM e defina um “campeão QRM”: o comitê não realizará a implementação do projeto QRM e nem mesmo o gerenciará; o papel do comitê e do “campeão QRM” (o gerente mais sênior) é o de identificar a área para o projeto QRM, sendo capaz de eliminar os possíveis obstáculos que surjam para se estudar esta área;

Passo 3- Escolha um “produto” potencial e defina objetivos macro: o termo “produto” não se refere a um produto no sentido específico da palavra, mas uma família, um serviço, dentre outros, que formarão o foco do projeto QRM;

Passo 4- Reúna o time de planejamento: cabe ao comitê formar um time multifuncional que deve ser formado por pessoas de diferentes departamentos que tem substancial impacto no desempenho do “produto”. O papel do time de planejamento é estudar a oportunidade em detalhes e fornecer recomendações de implementações para a gerência;

Passo 5- Invista em exercícios de trabalho em grupo: o time de planejamento deve ser bem treinado em exercícios de trabalho em equipe, para que seu trabalho possa render bons resultados;

Passo 6- Obtenha medidas “grosseiras” da performance do lead time sistema: a primeira tarefa realmente focada no QRM do time de planejamento é obter medidas de

desempenho do lead time sistema. As ferramentas que devem ser utilizadas nesta etapa são o mapeamento do MCT e o gráfico de valor agregado (ambas serão vistas na seção 4.6.2);

Passo 7- Refine o escopo e os objetivos: quando o time de planejamento já tem uma idéia geral do desempenho do lead time, ele já está em condições de definir mais precisamente o escopo e os objetivos do projeto QRM. Este segmento é denominado por Suri (1998) de FTMS (Focused Target Market Segment);

Passo 8- Levante dados detalhados e realize a análise destes dados: esta etapa é fundamental e pode ser realizada por meio de entrevistas, acompanhamento da rotina do processo, fluxogramas do processo e da técnica tagging (a ser detalhada na seção 4.6.2);

Passo 9- Propostas de melhorias: neste passo o time de planejamento deve repensar como as coisas são feitas visando reduzir o lead time. Aqui é importante observar que nessa etapa são aplicados os princípios e ferramentas do QRM;

Passo 10- Apresente Recomendações: uma apresentação formal das recomendações feitas pelo time de planejamento deve ser feita para o comitê e para a alta gerência;

Passo 11- Crie o time de implementação: o time de implementação é formado pelas pessoas que efetivamente estão envolvidas na implementação do QRM, como por exemplo, os trabalhadores das células, dentre outros;

Passo 12- Forneça treinamento para o time de implementação: esse treinamento é feito por meio das recomendações estabelecidas na seção 4.6;

Passo 13- Implemente as recomendações: essa etapa é a colocação na prática de todas as etapas anteriores;

Passo 14- Revise e apresente o progresso da implementação: nesse passo a realização de feedabacks e recompensas dos esforços são medidas adequadas;

Passo 15- Repita o processo com outros projetos QRM: o processo é o mesmo para outros projetos QRM; é claro que conforme os resultados forem aparecendo, alguns passos se tornarão mais fáceis de serem cumpridos.

A seqüência de passos para a implementação do QRM, mostrados acima, estabelecem a lógica de execução dos seus Projetos, conforme mostra a figura 4.10.

FIGURA 4.10: Lógica de Execução dos Projetos QRM Fonte: AUTOR

A lógica de aplicação do projeto QRM é bem simples, como mostra a figura 4.10. O projeto é iniciado por uma oportunidade/problema de melhoria no sistema, em seguida é identificada a incidência do projeto. Esse momento é composto por duas etapas de decisões que determinam a necessidade das etapas 2, 3 e 4. Após esse processo decisório, o projeto é alocado para a etapa 3 ou 4 e finalmente é finalizada na seqüência das etapas 4 e 5.

4.6.2 Ferramentas de Coleta e Análise de dados

Nesta seção são focadas, de forma sucinta, as ferramentas de coleta e análise de dados que são fundamentais dentro de qualquer projeto QRM. As ferramentas podem ser utilizadas principalmente nos passos 6 e 8 (mostrados na seção 4.5). São elas:

Oportunidades/problemas

1º projeto QRM? Defina a área

Identifique uma família/segmento que atenda

as necessidades do projeto Identifique o FTMS Análise de dados Propostas Interesse Específico? s n n s

a) Mapeamento do MCT: é uma ferramenta que mostra um mapa interfuncional que fornece uma visão de como o trabalho ocorre. Isso fornece um meio fácil para todos entenderem o processo. Essa ferramenta deve fornecer também o lead time do processo e auxiliar comparações antes e após sugestões de melhorias;

b) Tagging: é uma técnica que envolve anexar uma etiqueta de identificação a cada etapa do processo, a fim de que esta etiqueta percorra todas as etapas. Ao longo do processo, dados são coletados sobre a duração de cada etapa, a quantidade de tempo em trânsito, os tempos que agregam e os que não agregam valor. Um ponto importante sobre o tagging é que os dados são utilizados para analisar o sistema como um todo e não uma pessoa ou departamento;

c) QRM Detetive: essa é uma técnica investigativa que busca por meio de perguntas- chave oportunidades de melhoria no sistema. As perguntas são feitas por uma pessoa que recebe a identificação de detetive QRM. O detetive QRM inicia seu processo investigativo com a pergunta “Por que este pedido de produção está esperando aqui?”. Após essa pergunta, o detetive QRM, conduz o processo com questões de senso comum (Exemplo: Quanto tempo? O que aconteceu?) para encontrar a causa raiz do longo lead time. As respostas obtidas oferecem oportunidades de avanços que podem ser melhor investigados por meio de outras técnicas e ferramentas do QRM;

d) Gráfico ou Diagrama de Valor Agregado: é um gráfico que divide o lead time total de um processo (em dias corridos, contando fins de semana e feriados) em tempos que agregam valor (referentes às atividades do processo que o cliente está disposto a pagar por elas) e outros tempos. Esse gráfico é de suma importância para o QRM, pois ajuda a identificar o que está acontecendo hoje na empresa e quais são as possibilidades de melhoria;

e) Melhoria Contínua (CI)/ Busca pela perfeição: a aplicação de programas CI no QRM é focada nas variáveis que direta ou indiretamente impactam o lead time. Este relacionamento é identificado, por exemplo, por meio da abordagem SD (FORRESTER, 1962) que têm exatamente como objetivo ajudar a captar as relações causais e feedbacks entre variáveis de um sistema. Exemplos de trabalhos que realizam estudos com este intuito são Godinho Filho e Uzsoy (2008a; 2008b);

f) Brainstorming: é um técnica utilizada na maioria das fases de implementação do QRM, uma vez que fornece possibilidades de melhoria e geração de idéias;

g) Ferramentas estatísticas simples: cálculos de médias, moda, mediana, desvio padrão, dentre outras ferramentas estatísticas são fundamentais para o QRM, pois auxiliam na análise do processo estudado;

h) Gerenciamento Visual focado na Redução de Lead Time: essa ferramenta permite a visualização do “Número QRM” em todas as estações de trabalho. Isso facilita a tomada de decisão e traz motivação aos funcionários que passam a acompanhar de forma gradual e crescente o resultado do que foi executado.

Suri (1998) ressalta que o QRM não é um conjunto fechado de ferramentas, uma vez que o aprimoramento e inovações são aceitos e desejáveis.