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CAPÍTULO 2 A IMPORTÂNCIA DOS PROJECTOS NA IMPLEMENTAÇÃO

2. Metodologia de Projecto

2.1. Processo de Planificação e Desenvolvimento

Barbier faz a análise do processo de planificação, tendo por base quatro questões fulcrais que desenvolveremos de seguida.

(1) “O projecto de acção é produzido ou é susceptível de ser produzido, «a

partir de quê»?” (Barbier, 1996:143), ou seja, com que objectivos à partida, intenções

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65 Como defende Gingras (1977 apud Barbier, 1996), a identificação dos objectivos é o ponto fulcral da planificação e do desenvolvimento, pois sem estes objectivos a planificação seria “cega”. O acto de planificação, onde termina o acto de determinação de objectivos, é a fase em que nos deparamos com a maioria dos problemas e também das operações que dizem respeito ao segundo.

(2) “O projecto de acção é produzido ou é susceptível de ser produzido, «em

função de quê»?” (Barbier, 1996:165). Isto pode significar ter em consideração o

contexto, a situação, as limitações, as disponibilidades, entre outros.

No momento do planeamento, deve considerar-se: (1) o tempo em que deve ser desenvolvido (utilizando um cronograma); (2) a escolha das equipas de trabalho com competência para desenvolver o projecto; (3) a forma como o projecto deve ser avaliado, pois um dos factores de que depende a duração de um projecto é o número de elementos nele envolvidos, visto que, quanto maior for o número de elementos directamente envolvidos no projecto maior será o período de duração do mesmo.

Freitas (1997b) e Barbier (1996) consideram que também não deve ser esquecida a disponibilidade dos recursos, que podem ser de natureza diversa: (i) Recursos humanos – pessoas envolvidas a nível administrativo, técnico e educativo; (ii) Recursos materiais – equipamentos necessários; (iii) e, Recursos financeiros – próprios ou externos.

(3) Como desenvolver uma metodologia de projecto, no contexto educacional, dando relevo ao papel dos actores principais neste processo, os professores e os alunos, durante o desenvolvimento do projecto?

Barbier (1996:190) defende que “as relações sociais que se estabelecem no seio desta prática, apresentam todos os traços de uma variável-chave para a apreensão da sua lógica global(...)”.

No quadro seguinte, baseado em Hernández & Ventura (1998 apud Leite et al, 2001), serão apresentadas as etapas de operacionalização de um projecto, dando relevo tanto ao papel do professor como ao papel do aluno durante o desenvolvimento do mesmo.

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Quadro 5 – Etapas de operacionalização do projecto

Professor Aluno

Especificar o eixo condutor do trabalho (relacionado com PCE)

Escolher o tema

(identifica critérios e argumentos; elabora um índice individual)

Identificar e recolher os materiais necessários

(especificando os objectivos e conteúdos)

Planificar o desenvolvimento do tema (colabora no guião inicial da turma) Estudar e preparar o tema

(seleccionando a informação com critérios novos e de planificação de problemas)

Participar na pesquisa de informação (contacta com diferentes fontes) Envolver os elementos do grupo

(reforçando a consciência de aprender)

Fazer o tratamento da informação

(interpreta a realidade; ordena os dados e apresenta-os; coloca novas perguntas);

Analisar as etapas do índice (trabalha individualmente e/ou em grupo) Destacar o sentido funcional do projecto

(evidenciando o sentido de actualidade do tema para o grupo)

Elaborar um dossiê de sínteses (realiza o índice final de ordenação incorporando novos capítulos)

Manter uma atitude avaliativa (- o que aprenderam os alunos? - que dúvidas surgem?

- o que considera o aluno que aprendeu?)

Fazer a avaliação (aplica em situações simuladas os conteúdos estudados)

Recapitular o processo seguido

(confrontando com a programação feita e desenhando novas propostas educativas)

Novas perspectivas (propõe novas perguntas para outros temas)

Os mesmos autores defendem, ainda, que a interligação entre o papel destes dois intervenientes é fundamental, pois só assim é possível desenvolver um trabalho sequencial e internamente coerente. Os momentos de partilha de propostas de trabalho e de opiniões permitem chegar a consenso em termos de organização do trabalho, para que o produto final seja significativo a todos os interessados na concretização de um projecto comum.

No entanto, num projecto de estabelecimento, pode haver outros actores a intervir neste processo tais como “o director, os professores, o pessoal docente, o pessoal da administração e os funcionários do estabelecimento, os pais, os alunos, as colectividades locais e até, eventualmente, outros quaisquer parceiros locais, sempre que disponibilizem meios para o projecto” (Barbier, 1996:191). Também, no nosso sistema de ensino, está prevista a participação dos actores anteriormente enunciados, através do Decreto- Lei 115-A/98, que regula a Lei da Autonomia das escolas.

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67 (4) “O que produz o acto de planificação?” (Barbier, 1996:208)

Como resultado do processo de planificação temos o projecto propriamente dito, as suas transformações e o seu enunciado, podendo mesmo ser entendido Vilar (1993: 27)como:

uma forma diferente de encarar a realidade, não constituindo uma antecipação de acontecimentos e/ou resultados mais ou menos previsíveis e desejáveis mas, é tão só, o resultado de um conjunto de decisões articuladas e fundamentadas que permitirão concretizar um determinado curso de acção “iluminado” por certas hipóteses e/ou propósitos.

Como forma de gerir os projectos, nomeadamente o seu carácter iterativo e sucessivo, pode recorrer-se a vários estádios de elaboração, evocados por Barbier (1996: 213):

(i) O estudo da sua exequibilidade, a fim de testar a ideia subjacente ao projecto; (ii) O anteprojecto, enquanto primeira formulação dos fins a atingir, definindo os

grandes eixos da operação, bem como, a abordagem adequada e os meios a prever; (iii) O projecto propriamente dito, que será submetido a apreciação e que irá incluir: os pormenores das operações e os meios para avaliação dessa mesmas operações; a programação no tempo; a organização pedagógica e administrativa; as instalações e o lugar onde irá decorrer, bem como um conjunto de meios logísticos; uma estimativa dos custos e, eventualmente, dos financiamentos;

(iv) E, os adiamentos ao projecto, bem como, outros ajustamentos que vão tendo em conta os feeed-back durante a realização.

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