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CAPÍTULO 2 A IMPORTÂNCIA DOS PROJECTOS NA IMPLEMENTAÇÃO

1. Noção de Projecto

1.1. Projecto Educativo de Escola

Não faz sentido construir projectos sem pensar noutras questões mais abrangentes como inovação, mudança, reforma e evolução. A inovação educativa é um processo que questiona, a todo o momento, o passado e o presente, exigindo o comprometimento dos agentes escolares, da comunidade e do sistema, para que a mudança aconteça e os alunos se formem para uma sociedade que corresponda aos seus anseios. A sociedade e o equilíbrio que deve comportar não pode ser o da estagnação, mas o que permite alterações constantes em ordem ao benefício do indivíduo e da comunidade a que pertence. A escola, como um dos mais importantes microorganismos da sociedade, tem de saber inovar e criar para que os educandos assimilem o espírito de mudança. Por outro lado, gerir uma escola de forma eficaz, exige uma acção coerente, coordenada e solidária de todos os membros da comunidade educativa.

O princípio da liberdade de ensino é referido por Costa (1991) como estando estreitamente relacionado com o direito de participação e o direito de identificação com a própria escola. Isto significa que as escolas deverão adoptar modelos educativos, expressos em projectos educativos próprios, de acordo com a pluralidade e a diversidade das comunidades educativas que as compõem. Esta questão passa por um sistema de ensino descentralizado e por uma escola (comunidade educativa) com um grau de autonomia suficiente para definir e implementar o seu próprio projecto educativo.

17 D.L. nº 43/89, de 2 de Fevereiro. 18 D.L. nº 6/2001, de 18 de Janeiro.

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No entanto, “a elaboração de um projecto educativo não representa um problema ou uma solução técnica mas uma tentativa de implicação de uma comunidade educativa...”(Pacheco, 2001:91).

Várias acepções de PEE podem ser revistas por diferentes autores, definido por Costa (1991), como sendo um “documento de carácter pedagógico que, elaborado com a participação da comunidade educativa, estabelece a identidade própria de cada escola através da adequação do quadro legal em vigor à sua situação concreta”, refere ainda que este instrumento pedagógico “apresenta o modelo geral de organização e os objectivos pretendidos pela instituição e, enquanto instrumento de gestão, é ponto de referência orientador na coerência e unidade da acção educativa”. Também Pacheco considera que:

Se a noção de projecto supõe uma maneira de pensar a educação relativamente às intenções e uma negociação, então o projecto educativo não é mais do que a definição das opções de formação por parte da escola – observáveis nas intenções e nas práticas de dinamização do plano global de formação – entendida como uma comunidade integrada num território educativo. Pacheco (2001:90)

O projecto educativo de uma escola torna-se, assim, importante, dentro de uma estratégia inovadora, permitindo que esta não só envolva todos os agentes que lhe são inerentes, mas também implique a participação de toda a comunidade onde está inserida.

Por um lado, é um instrumento decisivo quando define a educação pretendida, as actuações dos vários intervenientes no processo, a responsabilidade da comunidade e a posição da escola, ao integrar-se no processo de inovação, permite repensar constantemente situações, princípios e orientações numa perspectiva de mudança e de renovação, de aumento de qualidade e eficácia. Por outro, é um documento de planificação da acção educativa a longo prazo, distinguindo-se dos documentos de planificação operatória que estão destinados a concretizá-lo relativamente a períodos mais curtos, tais como, o plano anual de actividades e o regulamento interno da escola.

Assim, partindo do diagnóstico da situação de uma escola, através da análise do contexto: i) caracterização da escola e do meio onde se insere, caracterização da comunidade escolar, enquadramento legal da instituição e notas de identidade, por um lado; ii) motivações, expectativas e experiências dos actores, por outro; o projecto educativo de escola faz a «definição de escola», isto é, afirma as opções da

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57 escola/comunidade educativa quanto ao seu ideal de educação a seguir, as metas e finalidades a perseguir, as políticas a desenvolver, respeitando as posições e o papel de cada um dos intervenientes, numa procura constante de obter o consenso generalizado.

A este respeito, Roldão (1999a: 29) acrescenta que se entendermos a escola como uma instituição curricular, o projecto educativo de cada escola é também um projecto curricular, onde se definem opções quanto às aprendizagens consideradas por cada uma como prioritárias (dentro das balizas do currículo nacional) e quanto aos modos que considere mais adequados para o conseguir com sucesso.

Uma vez elaborado e aprovado, torna-se necessário divulgá-lo junto de toda a comunidade educativa procurando que todos o assumam e participem na sua correcta aplicação. A sua elaboração visa, assim, permitir que as actividades educativas sejam conhecidas por todos os intervenientes para dar coerência à acção educativa, permitindo a definição de estratégias de acção e de metodologias educativas concertadas.

Um outro aspecto, de não menos importância, diz respeito à avaliação do projecto educativo de escola que deve ser periódica e ao longo do ano lectivo – avaliação formativa, permitindo aferir o nível de consecução dos objectivos e regular/adaptar os processos de gestão. A avaliação global do projecto, no final do mesmo, prende-se com a avaliação sumativa. Em face destas avaliações procede-se à execução do relatório final, tendo em vista uma eventual reformulação e actualização, revisão do projecto, dando lugar a novos planos anuais de actividades.

Enquadramento Legal

O projecto educativo está estabelecido na lei através do Decreto-Lei n.º 43/89, de 3 de Fevereiro, onde surge ligado à noção de autonomia nas escolas. No seu preâmbulo é atribuída à escola a competência para a elaboração do referido projecto numa perspectiva de desenvolvimento da autonomia:

A autonomia da escola concretiza-se na elaboração de um projecto educativo próprio, constituído e executado de forma participada, dentro de princípios de responsabilização dos vários intervenientes na vida escolar e de adequação a características e recursos da escola e às solicitações e apoios da comunidade em que se insere.

O articulado deste decreto, artigo 2º, pontos 1 e 2 refere ainda:

1 - Entende-se por autonomia da escola a capacidade de elaboração e realização de um projecto educativo em benefício dos alunos e com a participação de todos os intervenientes no processo educativo; 2 - O projecto educativo traduz-se, designadamente, na formulação

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de prioridades de desenvolvimento pedagógico, em planos anuais de actividades educativas e na elaboração de regulamentos internos para os principais sectores e serviços escolares.

De acordo com o exposto, a escola deve estabelecer relações com as organizações e instituições locais, favorecendo a interacção entre todos os actores envolvidos.

No decreto-lei 115-A/98, de 4 de Maio, o projecto educativo de escola é entendido, no seu artigo 3º, nº2, alínea a como:

o documento que consagra a orientação educativa da escola, elaborado e aprovado pelos seus órgãos de administração e gestão para um horizonte de três anos, no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as estratégias segundo os quais a escola se propõe cumprir a sua função educativa .

Pode definir-se como um projecto global que expressa a vontade colectiva, ou seja, a vontade da comunidade educativa e reflecte as grandes linhas, os grandes objectivos, as grandes intenções e orientações a seguir para intervir positivamente numa dada realidade, os modos de operacionalização dessas intenções e as estratégias a seguir.

O decreto-lei n.º 6/2001, de 18 de Janeiro, é refere explicitamente, o projecto educativo, apenas em três artigos.

Quanto à organização e gestão do currículo: “O reconhecimento da autonomia de escola no sentido da definição de um projecto de desenvolvimento do currículo adequado ao seu contexto e integrado no respectivo projecto educativo” (artigo 3º, alínea g). No que diz respeito às actividades de enriquecimento do currículo “as escolas no desenvolvimento do seu projecto educativo (...)” (artigo 9º); e ainda, relativamente à diversificação das ofertas curriculares “compete às escolas, no desenvolvimento do seu projecto educativo (...)” (artigo 11º, nº 2). É, ainda, salientada a importância deste para a organização e gestão do currículo do ensino básico e para o processo de desenvolvimento do currículo nacional.

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