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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.9. Processo de reciclagem do RCD

O RCD (Resíduos de construção e demolição), após o processo de triagem na área de transbordo, conforme ABNT – NBR 15.112, devidamente licenciada pelo órgão ambiental competente em cada localidade, é separado por classes e encaminhado para a reciclagem. Aqueles que não possuem tecnologia adequada para a reciclagem são encaminhados a locais seguros, conforme a legislação ambiental, Resolução CONAMA 307, 348 e SMA n.º 41 (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo). A classificação do RCD está disposta no Quadro VI.

Quadro VI. Classes em que deve ser enquadrado o RCD após a triagem.

Classe Integrantes Destinação

A

Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como componentes cerâmicos, argamassa, concreto e outros, inclusive solos.

Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados à áreas de aterro de resíduos da construção civil, onde deverão ser dispostos de modo a permitir sua posterior reciclagem ou a futura utilização, para outros fins, da área aterrada.

B

Resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel e papelão, metais, vidros, madeiras e outros.

Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados às áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

C

Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis para a reciclagem, recuperação, tais como os restos de produtos fabricados com gesso.

Deverão ser armazenados, transportados e receber destinação adequada, em conformidade com as normas técnicas específicas.

D

Resíduos perigosos oriundos da construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros, como o amianto, ou aqueles efetiva ou potencialmente contaminados, oriundos de obras em clínicas radiológicas, instalações industriais e outras.

Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e receber destinação adequada, em conformidade com a legislação e as normas técnicas específicas.

Fonte: PINTO et al., 2005, p. 39.

A reciclagem do RCD classe A, objeto deste estudo de caso, que teve sua origem nas novas construções, nas demolições ou gerado na perda da indústria da construção civil, após passarem por um processo de triagem na área de transbordo, é processado em uma usina de reciclagem implantada conforme orientação da NBR 15114.

A triagem dos resíduos em classes é fundamental, segundo PINTO et al., (2005), para a sua gestão adequada, razão pela qual devem ser incentivadas; considera que a reciclagem total dos resíduos de construção deveria ser o desejável.

O RCD classe A é conduzido à usina de reciclagem para ser processado e passa por processo de britagem secundária e por britadores do tipo mandíbula, de impacto ou de moinho. Após a trituração, são transportados por uma correia que passa por um separador magnético e por uma separação manual para retirada de materiais não convenientes para o processo dos agregados a serem constituídos. Após esta separação em peneiras, é selecionado em agregados de variados tipos de granulometria, conforme o britador utilizado.

PINTO et al., (2005) afirmam que a reutilização ou reciclagem dos resíduos é a alternativa mais favorável, após sua adequada triagem. O resultado dificilmente poderá ser alcançado de forma integral em um primeiro momento, devendo, assim, ser fruto de um processo de avanços gradativos, que incluam a implantação de aterros de resíduos da construção civil para a adequada destinação da parcela dos resíduos classe A, cuja reutilização ou reciclagem não seja imediatamente possível ou viável. As principais etapas e equipamentos que fazem parte do processo de reciclagem constam da Tabela 15.

Tabela 15:Processo de reciclagem do RCD.

ETAPAS EQUIPAMENTOS

Planejamento do perfil granulométrico. Computador, escritório e instrumentos. Recepção dos caminhões e medição quanto ao peso

ou volume

Balança (para produção em torno de 100 t/hora) e instrumentos.

Caminhão é orientado quanto ao local de descarga. -

Material despejado é inspecionado e são retirados

os inservíveis de grande porte e os contaminados. Ferramentas e pá mecânica. Material é enviado à linha de separação secundária,

onde sofre nova limpeza.

Pá mecânica, correia trasnportadora e alimentador vibratório.

Material vai para pilha e estocagem. Correia transportadora.

Material é britado e classificado. Grelha vibratória, correia transportadora, britador e peneira vibratória.

Produto vai para pilhas de estocagem Correia trasnportadora

EQUIPAMENTOS COMPLEMENTARES

Britagem, transporte e classificação. Sistema pulverizador de controle de partículas. Operação de equipamentos rodantes. Oficina, lubrificação e tanque de combustível.

OPERAÇÕES SECUNDÁRIAS

Movimentação de estoque. Caminhão basculante.

Frete. Caminhão basculante.

A Figura 32ilustra um processo de reciclagem do RCD, que trata-se de uma usina do tipo móvel. Após a demolição, o resíduo viaja até a usina onde é realizado o processo de reciclagem; na maioria dos casos os resíduos passam pela área de transbordo e triagem para seguirem até o processo de reciclagem. O processo na área de transbordo e triagem é importante para a separação de materiais indesejáveis ao processo de reciclagem.

Figura 32. Sistema de reciclagem do RCD (METSO)

Segundo LIMA (1999), os equipamentos mais adequados na reciclagem são os britadores do tipo impactos, mandíbulas e os moinhos do tipo martelo. Nos britadores de impactos o resíduo é britado em uma câmara de impacto - como pode ser visto na Figura 33 pelo choque com martelos maciços fixados a um rotor e pelo choque com as placas fixas.

Figura 33. Britador de impacto, Fonte: LUZ (2002).

Britagem e Peneiramento

Lima (1999) explica que há variação no porte destes britadores, podendo ser usados na britagem primária ou secundária; é um dos equipamentos mais utilizados nas usinas de reciclagem pelas vantagens que apresenta:

● Robustez, podendo britar peças de concreto, vigas armadas ou de madeira;

● Alta redução das dimensões das peças britadas, com geração de boa porcentagem de finos, muitas vezes dispensando a rebritagem;

● Geração de grãos de forma cúbica, com boas características mecânicas, o que se explica pela ruptura por impacto, que faz com que as partículas se partam nas linhas naturais de ruptura, produzindo, assim, materiais mais íntegros;

● Baixa emissão de ruído.

Os britadores de mandíbulas, conforme as Figuras 33A até 33C, também muito utilizados na reciclagem, rompem as partículas por compressão (esmagamento). O ator diz que esses britadores são mais utilizados na britagem primária, pois não reduzem muitos os diâmetros dos grãos. Em geral, o material é rebritado por um britador (moinhos de martelos, britador de mandíbulas de menor porte). Apresentam como desvantagem:

● Alta porcentagem de material graúdo, não sendo utilizado como único equipamento de britagem ou em reciclado onde o material necessite de rebritagem;

● Geração de grãos lamelares, com tendência à baixa qualidade;

● Dificuldade de britagem de peças armadas;

● Alta emissão de ruído;

Como vantagem tem baixa manutenção e é ideal para uso em mineradoras na britagem de rochas.

Figura 33A. Britador de mandíbulas, Fonte: LUZ (2002).

Figura 33C. Câmara de impacto da usina de reciclagem de Vinhedo.

Os britadores de moinho, ainda segundo o autor, são usados como britador secundário. Apresenta boca de entrada de materiais pequena e produz alta porcentagem de materiais miúdos. É utilizado, geralmente, em conjunto com britadores de mandíbulas.

O sistema de ruptura é semelhante ao do britador de impacto e, em geral, apresenta grelha de saída reduzida para impedir que os grãos graúdos saiam da câmara de impacto; esta grelha poderá ser removida para produção de material mais graúdo como o rachão, por exemplo.

Uma usina de reciclagem pode produzir diferentes tipos de materiais. Os materiais mostrados na Figura 34são osproduzidospela usina de Piracicaba-SP: o agregado miúdo (a), diâmetro abaixo da peneira de número 4 (4,8 mm) e abica corrida (b), diâmetro abaixo da peneira # 3/8” (19 mm); estes agregados são objetos deste estudo de caso.

Figura 34. Diferentes tipos de agregados produzidos em uma usina de reciclagem.

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