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O processo de ensino da leitura de textos e da interpretação de dados matemáticos por meio dos textos que circulam no cotidiano dos estudantes

Há muitos desafios enfrentados pelas escolas e pelos educadores no que concerne à or- ganização do trabalho em sala de aula, em turmas de jovens e adultos. A própria condição desses homens e mulheres, que retornam aos bancos escolares para concluir uma etapa importante da vida social que ficou pendente, seus dilemas, suas demandas cotidianas, colo- cam, para si e para a escola, provocações importantes a serem consideradas. Dentre essas, a escolha do material, da metodologia, da didática a ser desenvolvida, para que as aulas não se tornem algo enfadonho e desestimulante para essas pessoas. Há um conjunto de proposições curriculares e de conteúdo a ser seguido, mas há, também, desejos, anseios e expectativas que precisam ser levados em conta para que o percurso formativo dessas pessoas seja, de fato, produtivo, significativo para suas vidas e faça as provocações e as mudanças necessárias para que o princípio constitucional da cidadania se efetive, concre- tamente.

O trabalho para o desenvolvimento da leitura, por exemplo, requer alguns critérios que poderão contribuir enormemente para o desenvolvimento de habilidades essenciais no pro- cesso de aprimoramento cognitivo do educando. Ao trabalhar com textos nos anos iniciais, por exemplo, um dos objetivos é possibilitar que o estudante desenvolva a habilidade de Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Trata-se de uma habilidade, extremamente, importante para o crescimento de qualquer leitor, mas, principalmente, para leitores jovens e adultos que, imersos em uma sociedade, essencialmente letrada, absorvem, diariamente, milhares de informações. E dependem dessas informações para dar direção às suas vidas, ao seu trabalho, para responder às demandas diárias que lhes são postas. A forma como se apropriam ou compreendem o que leem, define, em muito, os destinos de suas vidas. Por isso, esta é uma habilidade que deve ser desenvolvida pelos estudantes. Além disso, o texto, nas suas diferentes formas de apresentação, é o elemento básico para

o trabalho com as demais disciplinas. Por meio da habilidade de leitura, o indivíduo desenvolve outras habilidades, essenciais, como, por ex- emplo, a própria organização do pensamento, a capacidade de co- municar-se, de compreender o que lê e o que ouve, de se fazer entender, de expressar-se e transmitir sua opinião, seu ponto de vista diante das coisas e do mundo.

A mediação do professor, nesse processo, é indispensável, pois, muitas vezes incorremos no equívoco de achar que, por se tratar- em de adultos, os estudantes são autodidatas, capazes de desen- volver, sozinhos, as habilidades cognitivas e o professor ser apenas um facilitador desse processo. Apesar de os estudantes adultos trazer- em consigo, seu conhecimento de mundo, suas experiências de vida, – e que são características fundamentais para o desenrolar do processo de esco-

larização – isso não retira do professor o importante papel de ser mediador e provocador no desenvolvimento do conhecimento dos estudantes. Ao contrário, reforça a sua função na promoção de um ambiente que seja, efetivamente, dialógico, na construção coletiva e cooperativa do conhecimento.

O ensino da leitura deve passar, precipuamente, pelo esmiuçar do texto; pela construção e desconstrução do que está escrito ou do que foi dito. E até daquilo que não foi. A leitu- ra é sempre um embate e um debate entre quem produz o texto e aqueles que o leem, pois, ambos trazem consigo suas experiências, suas expectativas, suas intenções. Por isso, pode-se dizer que o texto tem múltiplas faces que precisam ser desvendadas, dando voz aos leitores, deixando-os buscarem, na sua leitura, a compreensão sobre o que leem. Há, portanto, intertextos nos textos lidos e esses, ao serem desvelados, ampliam, sobremaneira, a compreensão e o entendimento de quem os lê.

Cabe, então, ao professor, provocar a reflexão sobre as intencionalidades dos textos que cir- culam, seja no material didático, seja nos meios de comunicação, impressos ou não, sejam nas diferentes fontes textuais da sociedade. Nenhum texto é isento de intenções. Quando se es- creve ou se fala alguma coisa, há por trás uma ou várias finalidades. Não há neutralidade nessa

A mediação do professor, nesse processo, é indispensável, pois, muitas vezes incorremos no equívoco de achar que, por se tratarem de adultos, os estudantes são autodidatas,

capazes de desenvolver, sozinhos, as habilidades cognitivas e o professor

ser apenas um facilitador desse processo.

produção. Por isso, ao trabalhar com textos em sala de aula o professor precisa estar atento a essa questão, precisa levar os estudantes a desvelarem os possíveis sentidos por trás do que está sendo comunicado. Entretanto, esse “desvelar” não se dá de maneira homogênea, da mes- ma maneira por todos os estudantes, pois cada um lê e interpreta a partir de sua experiência, de vida e de leitura.

Para que os objetivos específicos de cada disciplina sejam alcançados não significa que seja necessário trabalhá-la desarticulada das demais. Mesmo que o objetivo seja desenvolver habilidades de Língua Portuguesa, é possível fazê-la de maneira articulada com outras áreas do conhecimento. Não são as disciplinas escolares que definem os conhecimentos. Ao con- trário, a organização dos conhecimentos construídos, em áreas e ou disciplinas, se dá pela necessidade de ordenar a complexidade dos dados e informações produzidas. No entanto, é perfeitamente possível e enriquecedor, tratar do desenvolvimento de determinada habili- dade ou conhecimento de maneira interdisciplinar.

Ao ensinar sobre a leitura de textos verbais, o professor pode trabalhar outras formas de textos, como, por exemplo, a leitura de gráficos e tabelas, habilidade importante de ser desen- volvida no campo dos conhecimentos matemáticos. Além disso, trata-se de um tipo de texto presente no cotidiano de todos os estudantes, independente de sua origem social, do local onde vivem – se na grande ou pequena cidade; se no centro ou na periferia – são gêneros textuais que perpassam suas rotinas de leitura e contato com a informação. Nesse sentido, ao trabalhar com esse tipo de textos o professor democratiza e enriquece o processo de ensino e de aprendizagem.

Retomando as características dos estudantes jovens e adultos, de se trabalhar a partir dos conhecimentos de mundo que eles trazem consigo, ou seja, a partir daqueles conhecimen- tos que estão para além da escola, sugere-se algumas atividades, cujos objetivos podem ser, dentre outros, o desenvolvimento das habilidades de Inferir o sentido de uma palavra ou expressão (Língua Portuguesa), Ler informações e dados apresentados em diferentes tipos gráficos (Matemática), bem como habilidades de outras disciplinas como Geografia, História, Ciências etc.

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