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IV. Metodologia

3. Processo de recolha de dados

A primeira forma de atingir os objetivos inicialmente propostos é através do processo de recolha de dados. No presente estudo, o processo de recolha de dados foi efetuado recorrendo à realização de entrevistas semiestruturadas a quatro gestores de empresas a atuarem na área da gestão do desporto. Neste processo, foram seguidas as seguintes etapas:

Etapa 1: Estabelecimento do contacto com os gestores. Os gestores foram contactados via telefone, e-mail e mensagem. Nesse contacto inicial foram-lhes apresentados os esclarecimentos sobre o estudo, os procedimentos e instrumentos a serem utilizados.

Etapa 2: Marcação das entrevistas. Foi estabelecido um novo contacto com os gestores, via telefone, e-mail e mensagem, de forma a agendar as melhores datas e horários, para ambas as partes, para a realização das entrevistas. Neste contacto, foram ainda definidos os locais e as condições em que as entrevistas foram realizadas.

Etapa 3: Entrevista. A entrevista foi realizada com cada gestor individualmente, numa sala tranquila dos escritórios ou instalações das empresas dos respetivos entrevistados. Durante as entrevistas foi utilizado um guião pré-definido e a entrevistadora teve uma postura imparcial, intervindo apenas quando foi necessário esclarecer alguma resposta ou conduzir o entrevistado para o tema abordado. A todos os gestores foram feitas as mesmas questões, exatamente da mesma forma. As entrevistas foram gravadas em áudio, com recurso a um smartphone Xiaomi Redmi Pro e tiveram uma duração média de 60 minutos. Importa ainda realçar que, devido à indisponibilidade de um dos gestores, a sua entrevista foi enviada por e-mail e a resposta à mesma foi enviada pelo mesmo meio.

3.1. Entrevistas

De acordo com Marconi e Lakatos (2002), a entrevista é um encontro entre duas pessoas, de modo a que uma delas obtenha informações acerca de um determinado tema, mediante uma conversa de caráter profissional. Diz respeito a um procedimento utilizado na investigação social, para a recolha de dados ou

para auxiliar no diagnóstico ou tratamento de um problema social. De acordo com Queirós e Lacerda (2013), o principal objetivo de uma entrevista é informar, o que depende essencialmente das perguntas apresentadas ao entrevistado.

Relativamente à sua tipologia, de acordo com os mesmos autores, as entrevistas podem ser estruturadas, semiestruturadas ou não estruturadas. No presente estudo, optou-se pela realização de entrevistas semiestruturadas como técnica de recolha de dados pois, esta apresenta como vantagens a uniformidade das questões preestabelecidas, o que possibilita comparar os dados das respostas, e também a possibilidade de, no decorrer das entrevistas, ao perceber a necessidade de aprofundar determinada questão, procurar outras questões que permitam o aprofundamento referido.

Segundo Ribeiro (2016), o guião de uma entrevista é o complemento principal de uma entrevista semiestruturada. Para Manzini (2004), embora seja bastante flexível neste tipo de entrevistas, o guião caracteriza-se por um conjunto de perguntas previamente elaboradas, que podem ou não ser modificadas, e que servem de apoio ao investigador para poder conduzir a sua entrevista, de forma a atingir os objetivos estabelecidos.

No presente trabalho, foi elaborado um guião que está exposto no anexo I. Posteriormente, procedeu-se à realização de entrevistas a quatro gestores de referência que representam diferentes empresas que atuam em áreas como a organização de eventos desportivos e culturais, organização de provas

desportivas, gestão de instalações desportivas, organização de

formações/cursos nas áreas do desporto e da gestão do desporto, elaboração de candidaturas, projetos e serviços de consultoria na área da gestão do desporto.

As entrevistas dos gestores A, B e C foram realizadas nos escritórios e instalações das empresas dos respetivos entrevistados e tiveram uma duração média de 60 minutos; devido à indisponibilidade do gestor D, a sua entrevista teve que ser enviada por escrito, via e-mail. A transcrição das entrevistas é apresentada no anexo II.

3.1.1. Sistema de categorização

Segundo Moraes (1999), a categorização é um processo de agrupamento de dados, tendo em conta as partes comuns existentes entre eles. Classificam-se por semelhança ou analogia, de acordo com critérios previamente estabelecidos ou definidos durante o processo. As categorias representam o resultado de um esforço de síntese de uma comunicação, destacando neste processo os seus aspetos mais importantes, sendo esta umas das etapas mais criativas da análise do conteúdo.

Bardin (2008) afirma que, para que uma categorização seja considerada aceitável, deve possuir as seguintes características: exclusão mútua, homogeneidade, pertinência, objetividade e fidelidade e produtividade.

Para o presente trabalho, foi elaborado um guião de entrevista (Anexo 1) que se baseou na elaboração prévia de várias categorias e subcategorias. No quadro 12 apresentam-se as seis categorias estabelecidas:

Quadro 12: Sistema de categorização

Categorias Subcategorias

Percurso de vida dos entrevistados

- Percurso pessoal/escolar; - Percurso desportivo; - Percurso profissional.

Funções do gestor - Principais atividades; - Principais dificuldades.

Perfil de competências do gestor

- Competências profissionais; - Competências pessoais;

- Competências mais importantes.

Formação e experiência - Formação do gestor;

- Influência da experiência desportiva. Caracterização do perfil do gestor

Categoria A – Percurso de vida dos entrevistados

Esta categoria foi dividida em três subcategorias: percurso pessoal/escolar,

percurso desportivo e percurso profissional.

Na primeira pretendeu-se entender o percurso de vida dos entrevistados, mais precisamente a educação que receberam, as escolas/cursos que frequentaram e as pessoas com quem se relacionaram.

A segunda subcategoria foi elaborada com o intuito de compreender a ligação dos entrevistados com o desporto, se praticaram desporto de forma “profissional” ou apenas por lazer e se este influenciou as suas escolhas e a sua forma de estar e de ser, tanto na vida pessoal como profissional.

Na terceira subcategoria pretendeu-se identificar as atividades profissionais em que os gestores estiveram envolvidos ao longo da sua vida e a forma como ingressaram na empresa ou como surgiu a ideia/ oportunidade de criarem o negócio/empresa atual.

Categoria B – Funções do gestor

Procura-se nesta categoria perceber como é o dia-a-dia de cada gestor na sua empresa e que atividades desenvolve (primeira subcategoria) e com que tipo de dificuldades se confrontava (na segunda subcategoria).

Categoria C – Perfil de competências do gestor

O principal objetivo da presente categoria foi identificar, recorrendo à vasta experiência dos diferentes gestores, as competências profissionais e pessoais que os mesmos consideravam fundamentais e indispensáveis para que um gestor possa exercer as suas funções. Tendo em conta a necessidade de compreender de forma individual as duas tipologias de competências, procedeu-se à divisão da presente categoria em três subcategorias:

competências profissionais, competências pessoais e competências mais valorizadas.

Na primeira subcategoria pretendeu-se identificar as competências profissionais mais valorizadas para a profissão de um gestor.

Na segunda subcategoria pretendeu-se compreender se os diferentes gestores consideravam as competências/ características pessoais importantes no seu dia-a-dia profissional. Para além disso, pretendeu-se identificar as competências/ características mais valorizadas por cada um dos gestores. Na terceira subcategoria procurou-se fazer uma comparação entre as competências profissionais e as pessoais, tentando perceber se alguma das competências era mais valorizada do que outra.

Categoria D – Formação e experiência

A presente categoria foi dividida em duas subcategorias: formação dos

gestores e influência da experiência desportiva.

O principal objetivo da primeira subcategoria era compreender se os diferentes entrevistados consideravam importante um gestor desta área possuir uma formação base ligada ao desporto ou à gestão do desporto ou se, por outro lado, consideravam mais vantajosa uma formação fora destas áreas. Para além disso, pretendeu-se compreender se os entrevistados consideravam as experiências profissionais anteriores (dentro desta área e em áreas diferentes) importantes para o desempenho das funções de gestor.

Na segunda subcategoria procurou-se entender se os entrevistados consideravam que a experiência a nível desportivo influenciava um gestor, de forma positiva, no que diz respeito ao seu caráter, à sua forma de estar e de ser, aos valores que defendia, à sua forma de liderar; no fundo, à sua forma de ser gestor.

Categoria E – Caracterização do perfil do gestor ideal

O principal objetivo da presente categoria foi identificar as características que, para os diferentes entrevistados, descreviam um gestor ideal. Pretendeu-se compreender se os entrevistados incluíam nesta descrição características profissionais e/ ou características pessoais.

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