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Parte II – Intervenção pedagógica em Educação Pré-Escolar e 1º CEB: a criação

2. Metodologia

2.4. Processos e instrumentos de recolha de dados

O presente estudo contemplou processos de recolha e análise de dados diferenciados tendo em vista a responder aos objetivos delineados. A tabela 2 apresenta a relação entre esses objetivos e os métodos de recolha e análise de dados.

Tabela 2 - Relação entre os objetivos e os métodos de recolha e de análise Objetivo Dados Recolha Análise Caracterizar formas de

intervenção pedagógica que apoiam a participação das crianças num projeto de organização do espaço educativo; Formas de intervenção pedagógica (decisões e ações) - Observação participante com notas de campo - Diário de bordo - Registos áudio e vídeo

Análise de conteúdo

Caracterizar as formas e significados da participação das crianças num projeto de organização do espaço educativo Formas e significados da participação - Observação participante com notas de campo - Diário de bordo - Entrevistas às crianças - Análise de produtos realizados pelas crianças (desenhos, etc.)

- Registos áudio e vídeo

Análise de conteúdo

2.4.1. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

A observação é meio imprescindível nos processos educativos, e deve estar constantemente ativa e bem estruturada/fundamentada; além de que, como Folque (2012, cit. por Fonseca, 2014) enuncia, permite “a imersão da investigadora no contexto e no decorrer natural das atividades” (p.27). No nosso estudo, a recolha de dados foi conseguida com a observação participante durante a construção e as brincadeiras das crianças, no Cozilab.

A observação participante para ser válida e credível padece de organização e controlo, ou seja, de uma planificação do que pretendemos observar. Nesta linha, durante os períodos de observação, recorremos a uma observação participante, mobilizando registos diversificados, tais como as entrevistas a crianças, o diário de bordo, gravações de vídeo, áudio, fotográficas, bem como a análise de artefactos e das produções das crianças.

Durante a observação das crianças, servimo-nos das escalas de bem-estar emocional e implicação, disponíveis no Sistema de Acompanhamento da Criança (Portugal & Laevers, 2010).

O bem-estar emocional é considerado “um estado particular de sentimentos que pode ser reconhecido pela satisfação e prazer, enquanto uma pessoa está relaxada e expressa serenidade interior, sente a sua energia e vitalidade e está acessível e aberta ao que a rodeia” (Laevers & Moons, 1997, cit. por Portugal & Laevers, 2010, p.20). Este estado quando patenteado pelas crianças na escola revela se ação pedagógica e a estrutura as ajuda a imaginar/parecer que estão em casa (sendo elas próprias e sentirem as suas necessidades realizadas).

O nível de bem-estar é avaliado de acordo com 8 indicadores (Figura 1), que não têm a obrigatoriedade de estar presentes ao mesmo tempo ou estar no seu auge.

Este estado, também é avaliado em 5 níveis (Figura 2), que variam entre muito baixo (nível 1) e muito alto (nível 5), como podemos observar de seguida.

A implicação é definida por Laevers (1994. cit. Portugal & Laevers, 2010) enquanto “qualidade da atividade humana que pode ser reconhecida pela concentração e persistência, caraterizando-se por motivação, interesse e fascínio, abertura aos estímulos, satisfação e um intenso fluxo de energia” (p.25).

Um indicador que é determinado no desejo de explorar e ainda no nível de desenvolvimento. Podendo ser avaliada segundo os seguintes indicadores (Figura 3): concentração, energia, complexidade e criatividade, expressão facial e postura, persistência, precisão, tempo de reação, expressão verbal e satisfação.

O segundo indicador processual de qualidade, implicação, possibilita que os educadores observem e avaliem segundo a escala de pontos (Portugal & Laevers, 2010), que tal como o indicador anterior é avaliado por cinco níveis (Figura 4) entre muito baixo – ausência de atividade - (nível 1) e muito alto – atividade intensa e continuada - (nível 2).

Com estes instrumentos foi possível observar a implicação das crianças, durante as brincadeiras no Cozilab. Para avaliar os níveis de bem-estar emocional e de implicação, considerou-se os indicadores e níveis aferidos, nas figuras 2 e 4, nomeadamente: muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto.

Apesar do grupo de crianças ser grande, em conversa com a Educadora Cooperante, optámos por disponibilizar momentos do dia para que as crianças brincassem livremente no espaço mencionado. Nem sempre foi possível de observar mais do que 2 minutos, visto que as crianças pediam aos adultos presentes para que brincassem/interagissem com elas; com isto, optámos por avaliar as crianças individualmente, através da impressão que iam deixando em cada dia.

O diário de bordo, que inclui “não só notas de campo, mas também outro tipo de dados” que devem ser “convenientemente datados e referenciados”

(Máximo-Esteves, 2008, p.89), serviu como caderno que ajudou a refletir ao longo das intervenções; dado que os diários em investigação “são instrumentos metodológicos que os professores utilizam com mais frequência para registar os dados de observação” (p. 88).

No que se refere à entrevista, Gil (1999) considera que é uma das técnicas de recolha de dados utilizada em diversos campos, visto que permite tratar de problemas humanos, recolher dados e também estabelecer objetivos direcionados para a orientação e para o diagnóstico. No estudo em questão, permitiu perceber como é que as crianças perspetivavam o espaço exterior envolvente ao jardim de infância e ainda a importância atribuída ao projeto do espaço exterior.

Os registos de vídeo ajudaram-nos a analisar e refletir melhor, uma vez que “permite que o mesmo seja observado muitas vezes e é particularmente útil ao nível da microanálise” (Graue & Walsh, 2003, p. 136). A mesma vantagem, segundo o mesmo autor, é verificada no registo de áudio e no fotográfico.

No que respeita à análise de artefactos, tal como refere o mesmo autor, “é um aspeto crítico do processo de investigação” (p.151), que tal como outros dados têm de ser gerados, o que indica que é um processo criativo e ativo. As produções das crianças foram uma mais valia para apoiar a suas participações.