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2.3. PAINÉIS DE ALVENARIA PRÉFABRICADOS E PRÉ-

2.3.6. Processos pré-fabricados em alvenaria 29

A seguir apresentam-se algumas experiências internacionais e nacionais, que obtiveram sucesso, na área de pré-fabricação de painéis cerâmicos com intuito de justificar a pesquisa em desenvolvimento.

Em relação às experiências internacionais, destaca-se:

- Espanha: desde a década de 70 têm se observado a realização de pesquisas dedicadas ao desenvolvimento de painéis pré-fabricados protendidos (Figura 7), visando substituir a montagem separada das peças (primeiro as vigotas, depois lajotas). Um dos processos propostos consiste na ligação e solidarização de todas as peças, com exceção da camada de compressão. Além das nervuras longitudinais de concreto armado, fundem-se a peça também as nervuras transversais de concreto, que conferem rigidez transversal à placa (Sarrablo, 2001);

30 Figura 7 – Placa cerâmica pré-tensionada. Fonte: Sarrablo (2001).

Outro processo destacado por Sarrablo (2007), é o “tecido estrutural cerâmico” (Figura 8), que consiste na ligação de faixas paralelas semi-pré-fabricadas flexíveis de unidades cerâmicas combinadas com as armaduras que graças a sua flexibilidade inicial se dispõe arqueadas em obra, adaptando-se a qualquer curvatura da fôrma. As armaduras atuam também como colaboradores estruturais do conjunto. Este processo construtivo consiste em duas fases distintas: a fase semi-pré-fabricada flexível, correspondente a um tecido cerâmico que em seco se curva voluntariamente e, a fase rígida, in situ, referente à promoção da continuidade material e estrutural por meio das juntas armadas e da camada superior em concreto. Em outras palavras, o elemento semi-pré-fabricado Flex-brick é um tecido ou um trançado de barras de aço que confinam uma retícula de ladrilhos dispostos em paralelo, os quais possuem ranhuras laterais para a passagem e ligação do trançado;

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- Alemanha: A Empresa Alemã ARCave tem concentrado suas pesquisas no desenvolvimento de abóbodas cerâmicas mediante a ligação de placas pré-fabricadas para a execução de porões (Figura 9). Este processo pode ser visto, de modo simplificado, como uma variante curvada das placas cerâmicas protendidas comentadas anteriormente. As lajotas munidas de aletas inferiores possibilitam a formação de nervuras bidimensionais de concreto. Os painéis produzidos podem possuir várias dimensões, sem variar significativamente o sistema de produção, configurando-se em um sistema de fabricação com ajustes modulares, que possibilita uma flexibilidade formal e compositiva. Os vãos obtidos vão de 1,80 m a 9,00 m, com raios de curvatura de 0,90 m a 4,50 m (ARCave Die Absolute Weinlage, S.D.);

Figura 9 – Abóbodas pré-fabricadas ARCave. Fonte: ARCave Die Absolute Weinlage (S.D.).

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Outro processo recentemente desenvolvido na Alemanha é o Redbloc Ziegel Fertigteil (Figura 10): Este processo, de acordo com Redbloc Systems (S.D.), consiste basicamente em painéis estruturais compostos por unidades cerâmicas estruturais, especialmente desenvolvidas para este processo, unidas por um produto adesivo concebido pela própria empresa. Este processo construtivo foi desenvolvido para ser utilizado na execução de edificações térreas. Dentre as características relevantes dos painéis destaca-se a ausência de armaduras, de bordas de reforço e de ligações com a fundação, sendo os painéis posicionados sobre uma camada de argamassa depositada sobre o “radier”.

Figura 10 – Sistema construtivo Redbloc. Fonte: Redbloc Systems (S.D.).

- Estados Unidos: a empresa Vet-O-Vitz vem se dedicando há 30 anos ao desenvolvimento e aprimoramento de painéis pré-fabricados em alvenaria de unidades cerâmicas (Figura 11). Os painéis desenvolvidos por esta empresa são assentados de maneira convencional e destinados a desempenhar a função apenas de vedação. A sua fixação a estrutura ocorre por meio uma moldura metálica (Brick Org, S.D.);

Figura 11 – Painel e processo de fabricação. Fonte: Technical Notes 40 (2001).

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- Holanda: à empresa Sterk Bouw Elementen Ltda., visando à construção de habitações de interesse social vem produzindo painéis do tipo “sandwich” com aberturas e acabamentos incorporados (Figura 12), cujo objetivo consiste em transferir todas as ações construtivas para dentro do ambiente fabril (Parizotto Filho, 2004);

Figura 12 - Painéis “Sandwich” na fábrica e locação na obra. Fonte: Parizotto Filho (2004).

Em relação às experiências nacionais, destaca-se:

- Método de pré-fabricação desenvolvido por Joan Villà (Figura 13), para painéis de parede, piso e cobertura: Este processo consiste na disposição de duas fileiras de elementos cerâmicos com junta a prumo, solidarizados por uma nervura central de concreto armado. As unidades cerâmicas são posicionadas com os furos no sentido longitudinal do painel, visando à obtenção da melhor resistência à compressão dos painéis de parede. O baixo peso do painel, cerca de 80 kg, permite a montagem manual por mão de obra não especializada (Sayegh, 2004);

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- Processo construtivo Dominó (Figura 14): Segundo Barth et al. (2006), neste processo os painéis em alvenaria de unidades cerâmicas furadas com armadura de reforço e revestidos em argamassa podem ou não conter instalações elétricas, hidráulicas e esquadrias. O painel recebe armaduras de reforço estrutural em aço CA 50 com 6,3mm de diâmetro, fixadas em pontos previstos para facilitar a sua sustentação e manuseio. As ligações entre painéis são realizadas por meio de solda em insertes metálicos do tipo “cantoneira”;

Figura 14 - Vedações formadas por painéis pré-fabricados com alvenaria cerâmica. Fonte: Barth et al. (2006).

- Processo construtivo IPT, denominado comercialmente de “Jet Casa” (Figura 15): Com base em IPT (Referência Técnica 21A), este processo consiste na pré-fabricação de painéis de paredes e cobertura, com funções múltiplas de estruturação, compostos por unidades cerâmicas vazadas, concreto armado e argamassa, os quais são utilizados para a execução de habitações de interesse social. A ligação mecânica entre painéis é realizada por meio de soldas de barras e chapas de aço, especialmente posicionadas para esta finalidade, protegidas por argamassa e selante. A proteção final das juntas tanto externamente quanto internamente em ambientes molháveis, é realizada por meio de selantes flexíveis, de forma a evitar a infiltração de água; e,

35 Figura 15 - Painel com nervuras e bordas de concreto armado com juntas verticais preenchidas com argamassa. Fonte: IPT, Referência Técnica 21A.

- Processo construtivo GDA/LABSISCO/UFSC (Figura 16): Este processo, segundo Guimarães César et al. (2004), consiste na pré- fabricação de painéis estruturais de parede e de cobertura, constituídos por unidades cerâmicas vazadas, concreto armado, argamassa colante, argamassa de revestimento e elementos de fixação. Estes foram concebidos para atenderem as funções estruturais e de vedação. A ligação entre os painéis foi realizada através de chapas metálicas galvanizadas perfuradas com largura em torno de 100 mm posicionadas na borda superior dos mesmos e parafusos, juntamente com a argamassa de regularização, proporcionando além da ligação o travamento entre os componentes.

Figura 16 - Painéis de parede e de cobertura plano e curvo. Fonte: Guimarães César et al. (2004).

A classificação dos processos construtivos em relação ao tipo de ligação utilizada encontra-se apresentada na Tabela 1. Os dados apresentados nesta tabela demonstram que a maioria dos processos estruturais apresentados adotou o uso de ligações rígidas (soldas e juntas armadas e grauteadas), devido à confiabilidade inerente a este tipo de ligação.

36 Tabela 1 – Classificação dos processos construtivos apresentados com base no tipo de ligação utilizada.

Fonte: Autor.