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III. ANÁLISE DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE ADOTADA PELA IURD

III.11 O fiel que procura o compensador da IURD

O perfil sócio-econômico do fiel da IURD não apresenta grandes distorções com relação ao do católico. Em dados mencionados nesse trabalho em capítulos anteriores, vimos que 48% dos fiéis iurdianos possuem o ensino fundamental incompleto, porém com nível de escolaridade superior se comparados a outros grupos pentecostais; no aspecto econômico, a classificação obtida apontava que 67,7% dos evangélicos recebem mensalmente uma remuneração de até dois salários mínimos. Logo, é certo que o fiel da IURD sofre privações, porém essa é a situação da maior parte dos brasileiros. Além disso, segundo pesquisa de Campos,207 64,5% dos iurdianos declararam ser proprietários da casa onde

residiam. Dessa forma, concluímos que o fiel da IURD é pertencente à classe média-baixa.

Na mesma pesquisa,208 ao questionar os motivos que levaram às pessoas a abandonarem a IURD, 29% alegaram que perderam o emprego, 23% doença e morte na família e 23% que vida piorou em todos os aspectos. Dessa forma, fica evidente a relação utilitarista do fiel com a IURD.

Traçar um perfil do retrato do indivíduo que busca a igreja Universal, argumentando que a pobreza e a baixa escolaridade representam a causa principal da expansão da IURD, é desconsiderar a realidade existente. Assim, os números citados apontam para um grupo de indivíduos que busca ascensão social e que não representa a camada social mais baixa do país.

Podemos afirmar que a expansão da Teologia da Prosperidade se dá por sua forte capacidade de adaptação aos valores da modernidade, como o anseio de

207 CAMPOS, L., “Teatro, templo e mercado...”, op. cit., p. 175. 208 Idem, p. 176.

consumo, a valorização excessiva dos bens materiais, a pressão social para o sucesso material e o aumento do individualismo. Todas essas características encaixam-se no perfil do fiel que procura a IURD.

Concluímos assim, que o fiel da IURD, representa um indivíduo inconformado com a sua qualidade de vida e busca na Teologia da Prosperidade, através da ação dos especialistas religiosos iurdianos, compensadores específicos como solução para os seus problemas do cotidiano.

CONCLUSÃO

Abordamos ao longo deste trabalho as significativas mudanças no quadro religioso brasileiro que vem ocorrendo nas últimas décadas graças à rápida expansão do número de evangélicos pentecostais. Apresentamos o histórico da Igreja Universal e sua prática religiosa, dedicando uma atenção especial à Teologia da Prosperidade.

Discutimos a Teoria da Escolha racional, considerando como seu principal representante Rodney Stark, por seu pioneirismo em aplicar essa Teoria na análise de fenômenos religiosos.

Nossa intenção foi lançar uma nova perspectiva na análise da expansão e do sucesso da IURD, considerando os principais fatores que levam o indivíduo a escolher essa dentre tantas opções existentes no mercado religioso brasileiro.

O despertar do interesse pelo tema se deu principalmente em função de as igrejas neopentecostais representarem um grande fenômeno de crescimento, sendo que a principal característica implantada por essas igrejas foi a prática da Teologia da Prosperidade. O discurso religioso dos pastores passou a incentivar a posse de bens materiais e um corpo livre de doenças como um direito do cristão.

A justificativa da prosperidade é legitimada pela interpretação bíblica na qual o sacrifício de Cristo teria libertado a humanidade dos pecados. Dessa forma, todas as riquezas do mundo estão à disposição dos indivíduos, bastando ao fiel conhecer os seus direitos, realizar uma confissão positiva e pagar o dízimo para que a graça aconteça.

Em apenas 30 anos de existência a Igreja Universal, através da pregação da Teologia da Prosperidade, registrou um boom no número de fiéis e templos e adquiriu um império no setor midiático.

Para interpretar esse quadro instigante, procuramos criar um entendimento da Teologia da Prosperidade praticada pela IURD sob a ótica da Teoria da Escolha Racional. Consciente de que os apontamentos que apresentamos nesse trabalho resultam de um olhar fragmentado da realidade que, no entanto, pode contribuir para o estudo do tema.

A Teoria da Escolha Racional desenvolveu um método de análise baseado na razão e pressupõe que os indivíduos buscam maximizar suas realização, evitando custos e buscando recompensas. Através de um sistema lógico de proposições é construída uma cadeia teórica que contribui na análise do objeto.

Além disso, A Teoria da Escolha Racional recebeu contribuições da Economia, com isso ampliou o método de pesquisa, facilitando a interpretação da realidade pelo pesquisador.

Em nosso trabalho, pudemos interpretar o campo religioso brasileiro a partir de uma perspectiva de um mercado plural, caracterizado pela competição entre as organizações religiosas. Nesse sentido, concluímos que uma igreja que procura oferecer bens religiosos que se adequam aos anseios do mercado religioso tende a obter melhores resultados de afiliação do que as concorrentes.

Analisamos a importância dos meios de comunicação na propaganda dos produtos fornecidos pelos especialistas religiosos e a importância do marketing na construção do valor do dos bens religiosos.

Além disso, contribuímos para a análise da função utilitária desempenhada pelos objetos fornecidos pelos especialistas religiosos e a importância mágica que é construída inclusive com a participação do fiel no culto da IURD.

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Outros artigos em publicação eletrônica

MACEDO, Edir. “A política de Deus no trabalho”, art. disp. em

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