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3. A RELAÇÃO UNIVERSAL DA PRODUÇÃO COM DISTRIBUIÇÃO, TROCA, E

3.2. PRODUÇÃO E CONSUMO (§§ 6 – 23)

3.2.1. §§ 6-8 – O princípio da negação:

A produção é também imediatamente consumo. Duplo consumo, subjetivo e objetivo (…) o próprio ato de produção é, em todos os seus momentos também um ato de consumo. (…) Essa identidade de produção e consumo vem a ser a mesma coisa que a proposição de Espinosa: determinatio est negatio. (MARX, Intro, 2011, p.622, 45).

Hegel costuma citar essa expressão extraída de uma carta de Espinosa86 para

esclarecer que qualquer entidade finita, no caso realmente existente, envolve uma negação. Nesse sentido, nenhuma das qualidades formais (determinações) desse objeto singular seriam reais em sentido absoluto, mas apenas negativamente87. O princípio da negatividade é

fundamental para o pensamento de Hegel, pois possibilita a vinculação entre os opostos. Assim, também para Marx, a partir da negação, produção e negação, os dois polos do circuito da produção, podem ser concebidos em sua identidade negativa. Se alternam e se repelem reciprocamente na medida em que compõem uma unidade. Nesse sentido, a produção é sempre um duplo consumo, consumo do objeto trabalhado, enquanto consumo da configuração (Gestalt) da matéria prima, como sua negação; e como consumo (negação) da energia vital e das capacidades do sujeito que trabalha. Da mesma maneira, o consumo também é produção.

O consumo também é imediatamente produção, (…) Por exemplo, na nutrição, que é uma forma de consumo, é claro que o ser humano produz seu próprio corpo. Mas isso vale para todo tipo consumo que, de um modo ou de outro, produz o ser humano sob qualquer aspecto. (MARX, Intro, 2011, p.622, 46)

Com base no princípio da negação é possível afirmar tanto que a produção é consumo, quanto que o consumo é produção. Segundo Marx, os economistas adotam uma posição dúbia quanto a isto: por um lado, aceitam que existam o “consumo produtivo” e a “produção consumptiva”, por outro lado, no entanto, permanecem entendendo a produção como absolutamente exterior ao consumo, percebendo esses momentos mistos como aspectos isolados, ora dentro do consumo, ora dentro da produção.

Por isso, o próprio ato de produção é, em todos os seus momentos, também um ato de consumo. Mas isso concedem os economistas. Chamam de consumo produtivo a produção enquanto imediatamente idêntica ao consumo, e o consumo enquanto imediatamente coincidente com a produção. (…) Mas essa determinação do consumo produtivo é formulada justamente para distinguir o consumo idêntico à produção do consumo propriamente dito, que é concebido antes como antítese

86 Espinosa, em carta à Jarig Jelles em 2 de junho de 1674, após, assim como Marx na primeira parte da “Introdução”, afirmar que algo só pode ser considerado uno, ou único, isto é, singular, na medida em que “se tenha concebido alguma outra que concorde com ela”, isto é, a partir de um universal obtido por comparação das determinações comuns, se refere ao problema da forma determinada e finita em que as coisas existentes são concebidas: “digo que não é algo positivo, mas uma negação. É manifesto que a matéria em sua integridade não pode ter figura e deve ser considerada indefinidade, a figura só existindo nos corpos finitos ou determinados. Com efeito quem diz que percebe uma figura indica somente que concebe uma coisa determinada e de que maneira ela o é. Esta determinação, portanto, não pertence ao ser da coisa, mas indica o seu não-ser. Portanto, a figura é apenas a determinação e a determinação é negação”. (ESPINOSA, 1983, p. 392-393).

87 Cf., por exemplo, HEGElL, Enzykl. 1995, § 91, p. 187, onde se lê: “A qualidade, enquanto determinidade essente, em contraposição à negação – nela contida mas diferente dela -, é realidade. (…) A base de toda a determinidade é a negação (“omnis determinatio est negatio”, como diz Espinosa).

destruidora da produção. (…) Produção consumptiva. Porém, diz a Economia, essa produção idêntica ao consumo é uma segunda produção, derivada da destruição do primeiro produto. (…) Portanto, essa produção consumptiva – muito embora seja uma unidade imediata de produção e consumo – é essencialmente distinta da produção propriamente dita. (MARX, Intro, 2011, p.622, 44-45).

Os economistas, portanto, acreditam que o consumo e produção possuem uma unidade imediata, mas essa unidade permanece, ora como momento interno da produção – ditinguindo-se do consumo, que apenas destrói; ora como momento interno do consumo concebido isoladamente, distinguindo-se também da produção que cria o produto para ser consumido. É evidente, que é necessário manter a diferença entre os conceitos de produção e distribuição: “A unidade imediata em que a produção coincide com o consumo e o consumo com a produção mantém a sua dualidade imediata” (MARX, Intro, 2011, p.622, 45). Salta aos olhos a incapacidade dos economistas entenderem a passagem da produção ao consumo como processo, como devir. Nesse sentido, eles os pensam como momentos isolados, mas curiosamente descobrem nesse isolamento que cada termo possui, em si mesmo, um momento interno que se assemelha ao outro. Ou seja, há um consumo de matéria prima e força de trabalho na produção, igualmente, há produção de energia, corpo, forma e etc. no momento do consumo, no entanto, ambos os momentos permanecem para os economistas relacionados exteriormente. Isso porque lhes falta não apenas o princípio da negação, mas também da mediação.

3.2.2. §§ 7-16 – O princípio da mediação e o princípio da finalidade

Logo, a produção é imediatamente consumo e o consumo é imediatamente produção. Cada um é imediatamente seu contrário. Mas tem lugar simultaneamente um movimento mediador entre ambos. A produção medeia o consumo, cujo material cria (schaft), consumo sem o qual faltaria-lhe o objeto. Mas o consumo também medeia a produção ao criar para os produtos o sujeito para o qual são produtos. (MARX, Intro, 2011, p.623, 45).

As mediações são as relações entre produção e consumo nas quais um conceito determina a realização ou o modo de realização do outro. A produção cria a matéria do consumo, na medida em que o consumo é a finalidade da produção. Ambos fazem parte da mesma cadeia causal, um realiza o outro. Marx, assim como Aristóteles e Hegel, entende as ideias de matéria e finalidade como categorias de mediação da realização de um ser, ou, o que é o mesmo, da passagem da sua existência apenas em potência para o que é em ato. As mediações necessárias para a realização de cada termo encontram-se fora dele, mais

exatamente em sua relação refletida com seu termo oposto, seu outro. A produção é – desde Aristóteles, como vimos – concebida sempre como uma ação orientada a um fim.

Somente no consumo o produto recebe o seu último acabamento (finish). Uma estrada de ferro não trafegada, que, portanto, não é usada, consumida, é uma estrada de ferro apenas dynamei, não efetivamente. Sem produção, nenhum consumo; mas, também, sem consumo, nenhuma produção, pois neste caso a produção seria sem finalidade (zwecklos). (…) logo, o produto, diferentemente do mero objeto natural

(Naturgegenstand), afirma-se, devém produto primeiramente no consumo. (…) Se é

claro que a produção oferece exteriormente o objeto do consumo, é igualmente claro que o consumo põe idealmente o objeto da produção como imagem interior, como carência (Bedürfnis), como impulso e como finalidade. Cria os objetos da produção em uma forma ainda subjetiva. Sem carência, nenhuma produção. Mas o consumo reproduz a carência (…). O consumo produz a produção duplamente: 1) na medida em que apenas no consumo o produto devém efetivamente produto. (…) 2) na medida em que o consumo cria a necessidade de nova produção, é assim o fundamento ideal internamente impulsor da produção, que é o seu pressuposto” (MARX, Intro, 2011, p.623, 46-47).

O mesmo movimento mediador opera por parte da produção:

A isso corresponde, do lado da produção, que ela 1) fornece ao consumo o material, o objeto. (…) 2) Mas não é somente o objeto que a produção cria para o consumo. Ela também dá ao consumo sua determinidade, seu caráter, seu acabamento (finish). (…) 3) A produção não apenas fornece à carência um material, mas também uma carência ao material (MARX, Intro, 2011, p.623-24, 47).

A produção, portanto, igualmente põe determinações essenciais no consumo que vão muito além de fornecer o objeto a ser consumido. A forma e as determinações do consumo são produzidas juntamente com o produto. Em outras palavras, a própria carência é, em sua determinidade específica, mediada finalisticamente pela produção.

Assim como o consumo deu ao produto seu acabamento como produto, a produção dá o acabamento do consumo. Uma vez que, o objeto não é um objeto em geral (überhaupt), mas um objeto determinado que deve ser consumido de um modo determinado, por sua vez mediado pela própria produção. Fome é fome, mas a fome que se sacia com carne cozida, comida com garfo e faca, é uma fome diversa da fome que devora carne crua com mão, unha e dente. Por essa razão, não é somente o objeto do consumo que é produzido pela produção, mas também o modo do consumo, não apenas objetiva, mas também subjetivamente. A produção cria portanto os consumidores (…). Logo, a produção produz o consumo, na medida em que 1) cria o material para o consumo; 2) determina o modo do consumo; 3) gera como necessidade no consumidor os produtos por ela própria postos primeiramente como objetos. Produz, assim, o objeto do consumo, o modo do consumo, e o impulso do consumo. (MARX, Intro, 2011, p.624, 47).

A forma do consumo é, ela mesma, fruto de uma forma de produção determinada na mesma medida em que carência subjetiva do consumidor é também produzida pela existência de tal objeto de consumo. As necessidades e carências também são resultados históricos da produção social. As carências e desejos tem, portanto, de ser produzidas, formadas, no espírito88 dos consumidores.

3.2.3. §§ 17-20 – A necessidade: três identidades entre produção e consumo

Recapitulando os resultados obtidos até aqui, Marx conclui que a relação entre consumo e produção aparece sob a forma de três identidades. Já observamos que a primeira (§ 18) é a identidade imediata, a segunda (§ 19) é a mediação, que aparece como finalidade, – nos falta observar a terceira:

Não só a produção é imediatamente consumo e o consumo imediatamente produção; nem tampouco a produção é apenas meio para o consumo e o consumo, finalidade para a produção, (…) cada um deles não apenas é imediatamente o outro, nem tampouco apenas o medeia, mas cada qual cria o outro à medida que se realiza. (…) o consumo, portanto, não é apenas um ato conclusivo pelo qual o produto devém produto, mas também o ato mediante o qual o produtor devém produtor. Por outro lado, a produção produz o consumo na medida em que cria o modo determinado do consumo e, depois o estímulo ao consumo, a própria capacidade de consumo como necessidade. Esta última identidade, indicada sob o terceiro tópico, é muitas vezes ilustrada na Economia na relação entre oferta e demanda, entre objetos e necessidades, entre necessidades socialmente criadas e naturais (MARX, Intro, 2011, p.625, 48).

Os economistas, segundo Marx, também reconhecem a identidade necessária entre produção e consumo. Se utilizam dessa identidade na discussão sobre “oferta e demanda” para embasar a harmonia da balança comercial, isto é, para, da identidade entre produção e consumo, supor a identidade entre o que é produzido em uma nação e o que é por ela consumido89. Mas mesmo constatando tal identidade, insistem em considerar a produção e o

consumo como esferas autônomas. Para Marx, ao contrário, as realizações dos dois polos da relação estão atreladas. A realização da produção supõe o consumo, e a do consumo supõe a produção. O consumo realiza a produção ao se realizar como seu fundamento, do mesmo modo que a produção também se põe como fundamento para o consumo. As três identidades são, portanto: 1) imediata, 2)mediada (por negação entre os polos no interior de uma totalidade) e 3) realização necessária recíproca. Como já indicado acima (em 3.1 – nota), para Hegel, há também três configurações do silogismo (ou da inferência) – o silogismo qualitativo

pela própria percepção do objeto. O objeto de arte – como qualquer outro produto – cria um público capaz de apreciar a arte e de sentir prazer com a beleza. A produção, por conseguinte, produz não somente um objeto para o sujeito, mas também um sujeito para o objeto” (MARX, Intro, 2011, p.624, 47). A Arte não encontra pronta e acabada aquela necessidade estética a qual supre, mas, pelo contrário, é produção que forma o “consumidor”. Isto é, a sensibilidade para a beleza só pode ser produzida no sujeito pela experiência estética. O consumo é, portanto, sempre mediado pela produção em sua forma.

89 Marx afirma ainda: “E isso aconteceu não só com socialistas beletristas, mas igualmente com economistas prosaicos como Say, por exemplo; na forma segundo a qual quando se considera um povo, sua produção é seu consumo. Ou também a humanidade in abstracto.” (MARX, Intro, 2011, p.625, 48).

(ou imediato, do entendimento), da reflexão (de totalidade) e da necessidade. Marx também partiu da ligação exterior entres os termos da produção e consumo, na qual eles eram apenas formalmente conectados. Num segundo momento, a partir dos princípios de negação e mediação, bem como com o auxílio da categoria de finalidade, pôde relacioná-los de modo orgânico. Sob essa terceira “identidade” Marx finalmente fundamenta a relação entre produção e consumo como uma inferência de necessidade90.

3.2.4. §§ 21-23 – Conclusões hegelianas. A produção como momento que se estende sobre a unidade mediada.

“Com isso, nada mais simples para um hegeliano do que pôr a produção e o consumo como idênticos”. (MARX, Intro, 2011, p.625, 48). Como vimos91, Marx se autodeclara

hegeliano (einen Hegelianer) não apenas nessa introdução, mas também em carta a Engels escrita na mesma época onde afirma que Hegel lhe deu uma grande ajuda no método de elaboração. Não devemos, portanto, nos surpreender com a semelhança entre o desenvolvimento lógico dos conceitos da produção e os passos da lógica subjetiva de Hegel. Sendo assim, é fácil para um hegeliano mostrar três diferentes relações de identidade entre a produção e o consumo. A partir dos conceitos relacionados por essas três identidades Marx pode entendê-los como momentos de um único ato.

Os economistas, tanto os ingleses quanto os franceses, exploram, isoladamente essas identidades (como consumo produtivo, na discussão da oferta e da procura e etc.), mas não conseguem compreender as diferentes identidades como expressões de sua relação como momentos de um todo. Isso ocorre porque permanecem no silogismo imediato do entendimento: entendem a identidade e a diferença como absolutamente diferentes, não sendo capazes de perceber a negatividade e mediação que envolve essas categorias no interior de um

90 O silogismo de necessidade é, segundo Hegel, aquele no qual “o universal mediatizante é posto também como a totalidade de suas particularizações, e como um particular singular, uma singularidade exclusiva, (…) de modo que um só e o mesmo universal está nessas determinações como apenas em formas da

diferença. (…) O silogismo foi tomado segundo as diferenças que em si contém; e o resultado geral do curso delas é que aí se produz o suspender-se dessas diferenças, e o do ser fora de si do conceito”. (HEGEL, Enzykl. 1995, §§ 191-192, pp. 235-326). Todas as inferências têm, assim, um significado também objetivo. No silogismo da necessidade percebe-se que tudo é um silogismo na medida em que é algo individual de uma espécie mediada pelo universal. No silogismo da necessidade o silogismo se torna objetivo.

todo, revelando, portanto, sua identidade. Por isso, param quando descobrem uma identidade ou uma diferença. E como, além disso, ainda adotam (como observado em 2.1), a metodologia de considerar primeiramente as relações mais simples de um indivíduo, acabam por perceber essa identidade na atividade de um indivíduo, ou considerar a sociedade inteira como um único sujeito. De todo modo, escapa-lhes a especificidade do processo de produção social.

Considerar a sociedade como um único sujeito é, além disso, considerá-la falsamente, especulativamente. No caso de um sujeito, produção e consumo aparecem como momentos de um ato. O importante aqui é apenas destacar que, se produção e consumo são considerados como atividades de um sujeito ou de muitos indivíduos, ambos aparecem em todo caso como momentos de um processo no qual a produção é o ponto de partida efetivo, e, por isso, também o momento que se estende (übergreifende Moment). O próprio consumo, como carência vital, como necessidade, é um momento interno da atividade produtiva. Mas esta última é o ponto de partida da realização e, por essa razão, também seu momento predominante, o ato em que todo o processo transcorre novamente. O indivíduo produz um objeto e retorna a si ao consumi-lo, mas como indivíduo produtivo e que se autorreproduz. O consumo parece, assim, como momento da produção. (MARX, Intro, 2011, p.624-25, 48-49).

Assim como é incorreto considerar a produção e o consumo como obra de um indivíduo, também o é transformar a sociedade em um único sujeito a fim de refletir aquelas relações simples que apareciam na imagem do Robinson Crusoé. Mas de todo modo, permanece a verdade não aceita pelos economistas de que consumo e produção não são duas esferas autônomas, mas um processo dominado por apenas um desses polos, a saber, pelo polo da produção. A produção tem a capacidade de se estender abarcando (übergreifen) o consumo, determinando-o na medida em que o integra a si mesmo. A produção não é apenas produção do produto, mas autoprodução do sujeito por meio de sua atividade e, portanto, o consumo é um momento interno da produção. Da oposição reflexiva entre consumo e produção, a produção estende-se sobre o consumo, o domina e o determina, transformando-o em momento de si, integrando-o a si mesmo, deixando de ser apenas um mero oposto de uma relação, para tornar-se uma totalidade, um processo. Esta totalidade é, no entanto, ainda falsa e “especulativa”, pois considera conceitualmente produção e consumo apenas como uma ação do Robinson Crusoé, isolado em sua ilha. Para pensar a produçao em uma totalidade efetiva, isto é, em uma sociedade, é necessário que entre em cena os conceitos ligados à distribuição.

Na sociedade, no entanto, a relação do produtor com o produto, tão logo este esteja acabado, é uma relação exterior, e o retorno do objeto ao sujeito depende de suas relações com os outros indivíduos. Não se apodera dele imediatamente. Tampouco a imediata apropriação do produto é a finalidade do produtor quando produz em sociedade. Entre o produtor e os produtos se interpõe a distribuição, que determina, por meio de leis sociais, sua cota no mundo dos produtos, interpondo-se, assim, entre a produção e o consumo. (MARX, Intro, 2011, p.626, 49).

consumo, o produtor não consome imediatamente seu produto. A autosubsistência individual não é a finalidade para a qual se produz, mas sim a circulação social. A forma da distribuição dos produtos do trabalho media também a produção e o consumo. Essa conclusão leva Marx a investigar agora as relações entre produção e distribuição. Respondendo ainda a questão tal como posta pela dissociação forçada dos momentos na economia política clássica: “A distribuição se coloca, então, como esfera autônoma, ao lado da e fora da produção?” (MARX, Intro, 2011, p.626, 49).