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2.1. Os primórdios dos vídeos musicais

2.1.4. Produção e pós-produção audiovisual

Com a progressão do cinema há um aumento da sofisticação relativamente à tecnologia cinematográfica, máquinas de filmar, gravação do som e edição. Com o avanço da tecnologia o realizador automaticamente tem ao seu alcance ferramentas que antigamente eram impensáveis. Através do recurso a estas ferramentas, que permitem uma melhoria na produção, a escolha de técnicas e equipamento fica ao critério de quem realiza o vídeo. A evolução cinematográfica também permite que o próprio realizador arrisque e aposte em filmar vídeos com um grau de complexidade maior. (Piccirillo, 2011).

19 Relativamente às máquinas de filmar, desde a sua invenção até ao aos dias que se sucedem, permanecem quase idênticas, apenas variam na comodidade, simplicidade do equipamento e na novidade de acessórios (lentes, filtros, etc). Por este pressuposto, uma máquina com mais de 50 anos ainda é capaz de produzir resultados visuais com boa qualidade. (Salles, 2008)

Com o fim da era analógica e o início da digital, nasceram as máquinas digitais atuais. A primeira máquina de cinema digital foi a Origin, lançada em 2013 por uma empresa pouco conhecida, a Dalsa que possuía já características 4K em 35mm. Esta máquina tem um porte pesado, mas foi uma revolução para um nicho de realizadores, ainda na época embrionária da máquina digital. O mercado das máquinas digitais contínua em ascensão, relativamente à qualidade do material e características. Por enquanto, ainda não há nenhuma máquina que cubra todas as necessidades, cabe ao realizador escolher a que mais se adapta ao vídeo que pretende filmar (Lackey, 2016).

Figura 15 - Imagem da máquina Origin28

A era digital foi e continua a ser uma 'lufada de ar fresco' para o audiovisual, vários processos modernizados de produção e pós-produção surgiram espontaneamente, com o objetivo de tornar o vídeo num formato mais dinâmico e interativo, com o intuito de entreter o espectador (Faro, 2018).

28 Imagem da máquina Origin (visualizada 29/1/2018): https://www.cinema5d.com/origin-species-evolution-digital-cinema-

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No entanto, as técnicas de edição de vídeo não são por si só, a principal causa pela qual um vídeo fica com uma melhor qualidade nesta fase, mas sim as estratégias que cada realizador utiliza, como as escolhas em animações e efeitos. (Piccirillo, 2011)

Os efeitos especiais tiveram a sua primeira aparição em 1985 com o filme "Mary,

Queen of Scots"29.Antigamente, os efeitos especiais usados na pós-produção dos filmes

requeriam um trabalho redobrado, porém, neste momento, a facilidade em conseguir aplicá-los num vídeo não é comparável. A invenção do computador e dos programas aplicados na fase de pós-produção facilitaram o uso desta técnica cinematográfica. (Harness, 2016)

O Adobe Affter Effects é considerado o programa padrão dentro da indústria audiovisual, quando abordamos conceitos como motion grafic

e

efeitos especiais. Este programa de edição contém ferramentas que vão das mais simples até mais elaboradas, como por exmeplo composições 3D. (Pulse College, 2017)

Um bom exemplo do uso do After Effects em vídeos musicais é o do cantor Bruno Mars. O vídeo realizado por Jonathan Lia para a música "That's What I Like"30 (2017) foi inteiramente alterado através de efeitos especiais, efetuados na fase de pós-produção. Pequenos "rabiscos" desenhados acompanham todos os movimentos do cantor ao longo de todo o vídeo.

Figura 16 - Imagens do vídeo musical "That's What I Like", de Bruno Mars31

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Filme "Mary, Queen of Scots" (visualizado 25/1/2018): https://www.youtube.com/watch?v=XgDG_wc19aU

30 Vídeo Bruno Mars (visualizado 8/1/2018): https://www.youtube.com/watch?v=PMivT7MJ41M

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Imagens do vídeo musical "That's What I Like" (visualizado 29/1/2018): https://www.fuse.tv/2017/03/bruno-mars-thats- what-i-like-music-video; http://popdancelife.com/ep-4-pop-dance-video-bruno-mars-thats-what-i-like/

21 Ainda sobre os efeitos especiais, é fulcral mencionar o motion graphics. Segundo Las- Casas, esta presença gráfica em contexto audiovisual pode-se definir por uma manifestação entre a tipografia e o design gráfico no cinema através de desenhos, textos, elementos gráficos sobrepostos e estrategicamente incorporados à imagem da ação filmada (as cited in Oliveira, 2010).

Neste contexto, a presença de Motion Graphics em obras audiovisuais tornou-se um marco no cenário visual contemporâneo, com o objetivo principal em comunicar de forma efetiva, com expressividade e clareza, através da componente visual e da composição presente no vídeo (Krasner, 2008).

Para além do programa After Effects, a Adobe também disponibiliza o Adobe

Premier. Este programa permite editar qualquer tipo de vídeo, através de uma panóplia

de ferramentas de edição, comos filtros, corte de duração de vídeo, colagem de filmagens, melhoramento do áudio, entre outras funcionalidades. Este programa é muito utilizado na edição de produções profissionais, como filmes e vídeos musicais. (Adobe, 2018)

Quando se refere a alteração sentida nos vídeos com a implementação da era digital que sobrepôs a analógica, deve-se ressaltar a literacia técnica. Esta prática observa que a sociedade é praticamente "obrigada" a saber utilizar e dar uso as tecnologias atuais, moldando-se constantemente e de forma perspicaz aos constantes avanços. As pessoas aprendem por autorrecriação a compreender e manejar a tecnologia. A literacia técnica e digital não é saber apenas o básico, como escrever um texto e mandar para alguém por telemóvel/computador ou visualizar um vídeo, mas sim ter o vasto conhecimento sobre ferramentas digitais necessários para proceder a uma determinada tarefa e saber encontrar informações e soluções para partilhar com o outro, com a finalidade de ensinar algum conteúdo que este não possua o conhecimento suficiente para tal. (Dodig, 2014).

Um exemplo prático da literacia técnica presente no formato audiovisual remete para a facilidade de um aspirante a realizador. Nos dias correntes, ter acesso a informação de forma simples e extremamente acessível a programas de edição de vídeo. Para tal, basta ser autodidata, tentar descobrir as funcionalidades presentes em programas ou assistir a um conjunto vasto de tutoriais espalhados pelo mundo da internet, bem como recolher informação pertinente apresentada em leituras de livros. (Dodig, 2014)

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