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2.4.1 INTRODUÇÃO

A Indústria da Construção, como já referido anteriormente, representa um papel fundamental na economia mundial, dada a enorme dimensão do sector. Este é um facto deveras importante, pois quando comparado o sector da IC como outros sectores de dimensões semelhantes, observa-se uma discrepância a nível do crescimento da produtividade. A IC pode-se dizer que é o sector que está mais atrasado no que diz respeito á produtividade.

Alguns dos fatores que são mais referenciados como os principais contribuintes para a existência desta discrepância entre a IC e os outros sectores, no que diz respeito ao crescimento da produtividade, são por exemplo:

• A falta de investimento na melhoria das técnicas e equipamentos de execução de obra; • A resistência em utilização de novas tecnologias de informação e comunicação; • Falta de mão-de-obra especializada.

a 𝐥𝐮𝐜𝐫𝐨 𝐥í𝐪𝐮𝐢𝐝𝐨 𝐈𝐧𝐯𝐞𝐬𝐭𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐓𝐨𝐭𝐚𝐥 + b 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐚𝐝𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐝𝐨 𝐡𝐨𝐦𝐞𝐧𝐬−𝐡𝐨𝐫𝐚𝐬 + c 𝐫𝐞𝐜𝐞𝐢𝐭𝐚 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐯𝐞𝐧𝐝𝐚𝐬 𝐧ú𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 + d 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐫𝐚𝐬 𝐧ú𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐟𝐨𝐫𝐧𝐞𝐜𝐞𝐝𝐨𝐫𝐞𝐬 (26) QPR = (27)

No entanto, estes não são os únicos fatores apontados, pois a partir do estudo realizado sobre este tema em particular, o Professor Paul Teicholz conclui que existem mais causas para além das já referidas, como: [12]

• A execução de produtos únicos, realizados por várias equipas em diferentes locais, condições e regulamentações;

• Um sistema que se baseia em equipas competitivas e não colaborativas;

• Um ambiente económico caracterizado por ciclos de grande crescimento ou grande decrescimento; • Um sector caracterizado por muitas empresas de menores dimensões, que, no entanto, executam

uma percentagem significativa do trabalho.

E ainda segundo o autor H. Kemble Stokes, a dificuldade existente na medição do real output da IC é também visto como um dos fatores que influência bastante o desenvolvimento da produtividade, pois a deficiente medição de outputs gera uma deficiente medição de produtividade, o que se traduz numa complicação quando é pretendido melhorar a produtividade do sector, visto que as decisões tomadas são baseadas em informação defeituosa. [13]

2.4.2 CARACTERIZAÇÃO DA PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO A produtividade segundo Souza, consiste na eficiência como se transformam entradas em saídas num processo produtivo. De acordo com esta definição, e como demonstrado pela figura 2.3, o estudo da produtividade no processo de produção de obras de construção, poderia ter diferentes abordagens para a sua realização. Assim, em função do tipo de entradas (recurso) a ser transformado, pode-se estudar a produtividade segundo os seguintes pontos de vista: físico (no caso de materiais, equipamentos ou mão-de-obra), financeiro (no caso dos custos), ou social (no caso do esforço da sociedade como um todo é encarado como recurso inicial). O estudo da produtividade da mão-de-obra é, portanto, uma análise de produtividade física de um dos recursos utilizados no processo produtivo, qual seja a mão- de-obra. [15]

Fig. 2.3 – Diferentes abrangências do estudo da produtividade. Souza [15]

A caracterização da produtividade na IC poderá ser observada em diferentes níveis, com o intuito de obter um resultado de produtividade mais fiável, a partir de outputs e/ou inputs mais concretos e com uma mais fácil determinação, dependendo do nível de pormenor pretendido. [15]

Portanto serão considerados os três seguintes níveis: • Produtividade de uma Tarefa;

• Produtividade de um Projeto;

17 A produtividade de uma tarefa consiste nas atividades de execução construtivas específicas, tais como a colocação de betão ou o assentamento de blocos. Os trabalhos de medições experimentais de produtividade que se realizam neste trabalho são todos concretizados neste nível específico.

A produtividade de um projeto é referente ao número necessário de tarefas para a concretização de uma dada obra.

No nível superior, a produtividade na IC é composta pelas medições de todos os projetos que envolvem este sector.

Dentro destes níveis, a Tarefa é o nível a mais importante, devido ao facto deste permitir uma maior liberdade de atuação, e portanto é possível atuar mais próximo da origem e da execução, melhorando a produtividade. Conforme se passa da tarefa para projeto, ou para indústria, vai se perdendo essa capacidade de atuar.

2.4.3 PRODUTIVIDADE DE UMA TAREFA

O conceito de produtividade e de rendimento são termos similares que geralmente se confundem. No entanto, no caso da produtividade de uma tarefa na construção é usualmente definida a partir do rendimento.

O rendimento, na construção, pode ser definido pelo rácio entre o que se produz (produto final) e todo o que é necessário consumir para se obter essa produção (mão-de-obra, materiais, energia, capital, etc.) No caso da mão de obra e dos equipamentos o rendimento é definido pela razão entre a quantidade de tarefa realizada e o tempo de trabalho total, como se observa na seguinte equação. [16]

Onde:

• R = Rendimento; • P = Produção;

• T = Tempo de trabalho .

No caso das tarefas, como a mão-de-obra é o componente central na construção a sua produtividade é mais usada, faz sentido que o cálculo da produtividade seja o quociente entre a produção (normalmente em m, m2 ou m3) e o tempo necessário (em horas), de acordo com a seguinte equação. [16]

Onde:

• Pr = Produtividade; • P = Produção;

• T = Tempo de trabalho .

O facto das tarefas de construção serem realizadas por equipas compostas por vários elementos, que por vezes contem pelo menos um oficial e um servente, significa que o tempo de trabalho despendido na realização da tarefa é um pouco mais complexo do que exposto na equação anterior.

R = 𝐏 𝐓 (28) Pr = 𝐏 𝐓 (29)

Na equação seguinte pode-se observar a decomposição da variável T, onde se soma o tempo despendido por oficiais (Tof) com o tempo despendido por serventes (Tser). [16]

2.4.4 PRODUTIVIDADE DE UM PROJETO

Um projeto ou obra, é definido por um conjunto de tarefas e processos produtivos todos juntos, de diferentes produtividades, e com mão-de-obra variável ao longo do período de construção. Estes factos fazem com que o cálculo da produtividade se torne mais complexo, e por consequência o seu resultado não seja um valor exato como se observou na produtividade da tarefa. [16]

O cálculo da produtividade (Pr) vai ser a razão entra a área construída (A), em m2/h, e o tempo de trabalho consumido (T), em h.

Contudo, este não é o único método de calculo da produtividade de um projeto, também se pode calcular através da diferença entre o valor dos recursos empregues e o valor do produto final. Onde VAB (Valor Acrescentado Bruto) corresponde à diferença entre Y (Valor dos recursos utilizados) e X (Valor do produto final). [16]

O estudo de produtividade realizado por uma empresa numa dada obra, consiste na comparação de valor obtidos em obras executadas anteriormente pela mesma empresa, e os valores obtidos na obra corrente. Desta forma a empresa ganha uma precessão da situação real em que se encontra a obra, por outras palavras, a empresa fica a saber se está a produzir o que é esperado. Este controlo pode também ser feito a partir das quantidades de materiais consumidos. Portanto esta avaliação é fundamental para o planeamento de uma obra, pois com os prazos curtos e penalizações grandes, permite um ajuste durante a fase de execução, de forma a concretizar tudo dentro do planeado, e assim deixando sempre os clientes satisfeitos. [16]

2.4.5 PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

A produtividade na IC é definida pela razão entre o valor total acrescentado bruto que se obteve no ano “x”, por o número de trabalhadores na IC nesse mesmo ano. [16]

T = Tof + Tserv (30) Pr = 𝐀 𝐓 (31) VAB = Y – X (32) Pax = 𝐕𝐀𝐁𝐗 𝐍º𝐱 (33)

19 Onde:

• Pax = Produtividade na Indústria da Construção no ano “x” – (€ / trabalhador); • VABx = Valor Total Acrescentado Bruto no ano “x” – (€);

• Nºx = Número de trabalhadores na IC no ano “x”.

Com a fórmula acima indicada, foi realizado o cálculo dos crescimentos de produtividade ao longo dos anos das diferentes indústrias. Podendo-se observar graficamente, na figura 2.4, os resultados da evolução do crescimento da produtividade na construção entre 2001 e 2014, e a comparação entre os diferentes sectores. [3]

Fig. 2.4 – Crescimento anual de Produtividade na construção civil [3]

Todos os valores produzidos por este método de calculo não representaram a eficiência de execução das empresas de construção, pois este método utiliza valores monetários das empresas, que, por sua vez, são valores dependentes da economia do país e não representativos dos sistemas de execução utilizados pelas empresas.

Portanto, quando se pretende realizar uma melhoria na produtividade, é fundamental entender as diferenças complexas que existe na análise entre os diferentes níveis da produtividade, de modo que as medidas tomadas realmente tenham o efeito desejado na produtividade.

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